quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O faroeste

Ontem, um homem armado entrou numa pizzaria em Washington, D.C., porque durante a campanha eleitoral alguém decidiu começar um rumor falso -- o pizzagate -- de que o restaurante estava envolvido numa operação de tráfico sexual de crianças, em que Hillary Clinton estava envolvida. O homem decidiu tomar a justiça pelas próprias mãos e apareceu no restaurante com uma espingarda e ameaçou quem lá estava. Eu sei que isto de homens desatarem aos tiros nos EUA se tornou uma ocorrência normal e, mesmo assim, em termos de violência já houve muito mais do que há agora. A única diferença é que agora há muito mais ênfase mediático e maior visibilidade e parece que estamos a voltar ao faroeste.

Tenho vários amigos aqui que acham que os EUA têm regulação a mais, que é preciso repelir legislação que incomoda as empresas, que é esse o entrave ao crescimento. Na Segunda-feira, uma armazém em Oakland, na Califórnia, ardeu e cerca de 36 pessoas morreram. O armazém estava a ser usado como residência, gabinetes para artistas, e sala de concertos. O edifício operava em condição ilegal, violando várias leis de segurança. Ainda por cima, a Califórnia é um sítio que é conhecido por ser bastante regulado. Não sei até que ponto uma administração Trump irá ser sábia em termos de que leis repelir e de como fiscalizar as que estão em vigor.

Até agora, quando havia estes incidentes, ou catástrofes naturais, e várias pessoas morriam, era esperado o Presidente fazer um discurso a acalmar os ânimos, assegurar que o governo estava a tentar melhorar a situação. Barack Obama é bom a fazer isso; George W. Bush não era. Os americanos têm uma visão do Presidente como uma figura que os lidera em tempos de desgraça, alguém que os inspira. Quando falta a fonte de inspiração, nota-se que as pessoas ficam mais desorientadas e cínicas. É apenas uma questão de tempo até haver uma tragédia nacional que necessite que Trump inspire o pessoal e, por mais voltas que eu dê à cabeça, não estou a ver como é que ele irá conseguir preencher esse papel. Presidência por Twitter e Facebook Live é progresso tecnológico, mas não acho que resulte.

1 comentário:

  1. 100% de acordo na figura apaziguadora que um Presidente deva ter. Obama era eximio nisso. Só pecou foi por ter estado calado quando os manifestantes anti-trump andaram (e andam) a semear o caos...

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