quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje




“Good resolutions are useless attempts to interfere with scientific laws. Their origin is pure vanity. Their result is absolutely nil.” —Oscar Wilde, The Picture of Dorian Gray

Fez um ano que o Luís me convidou para escrever para a Destreza. Lembro-me perfeitamente onde estava. Tinha aterrado em Lisboa vinda de um natal passado em Londres. Fiquei muito contente com o convite, foi como chegar a casa duas vezes. A Destreza tinha a minha cara e enchia-me as medidas. Dias depois surge o convite do Expresso para o qual me comprometi em escrever todas as semanas e por vezes duas vezes por semana, para o online e para o papel. E como tenho a mania da perfeição, sabia que escrever não ia ser uma tarefa feita em cima do joelho. Semana após semana tinha ideias, quer para o Expresso, quer para a Destreza, mas não tinha tempo. Mas passado um ano a falta de tempo que é (e foi) real não é desculpa.

Acabo de ler uma mensagem do Luís: “Menina, tens de escrever para a Destreza. 1 vez por mês, não é quase nada. Que seja essa a tua resolução de ano novo”. Mas a verdade é que as resoluções de ano novo raramente funcionam. No fundo, não são mais do que uma oficialização da procrastinação. Deixar para amanhã o que se poderia já fazer hoje.

A procrastinação é uma mal que afeta todos, em maior ou menor grau, e para o qual já aplicamos estratégias de combate. Estabelecer prazos, oferecermo-nos alguma gratificação como prémio por acabar uma tarefa ou impor alguma penalidade. Os economistas acreditam em incentivos, pelo que sistemas de bónus são muitas vezes implementados para combater a procrastinação e aumentar a produtividade no local de trabalho. Outro exemplo da aplicação de incentivos é o website/aplicação Stickk, que permite estabelecer um objetivo que deverá ser alcançado num prazo determinado. Por forma a potenciar o sucesso é preciso estabelecer uma quantia em dinheiro que será doada a uma instituição que não se gosta caso o objetivo não seja cumprido. Esta aplicação ajuda, mas tanto mais quanto tornamos público o nosso objetivo. Ou seja, partilha-lo com amigos e colegas que monitorizam o nosso desempenho.

Enquanto os economistas pensam em incentivos, os psicólogos focam-se mais nas emoções. E ao que parece existe outra via para combater a procrastinação: melhorar a nossa disposição e humor. No fundo, estar feliz. Considere-se, por exemplo, uma experiência* que usou estudantes universitários que tinham de se preparar para um exame. A estes foram facultadas distrações e foram induzidos diferentes estados de espírito por via de leituras diversas. A um grupo de estudantes foram dadas velas de aromaterapia e foi-lhes dito que estas criam bem-estar e melhoram a disposição.

Os resultados mostraram que quem mais procrastinou foi 1) quem estava com mais mau humor; 2) a quem foi dito que as velas tinham poder de melhorar a disposição; 3) quem mais teve acesso a distrações.

A todos os destrezianos deixo então aqui a minha palavra. Escreverei para a destreza com regularidade. Começo já hoje porque amanhã pode ser tarde de mais. Vou oferecer as velas aromáticas que estão no meu gabinete aos meus colegas. E já agora, um ano muito feliz a todos. Mantenham-se de bom humor e continuem a fazer da Destreza um blogue que me enche as medidas.

* Do Emotions Help or Hurt Decision Making? A Hedgefoxian Perspective; Kathleen D. Vohs, Roy F. Baumeister, George Loewenstein. Editors, 2007.

Decência e tempo 'coisificado'

"A liberdade e a democracia são uma espécie de oxigénio, que serve para respirar num tempo tão complexo como o nosso. Mas é preciso mais, é preciso construir. E temo que isso não seja possível com a polarização do debate, com a falta de respeito por um sentimento tão simples e elegante como é a decência."

[...]

"O tempo ‘coisificado’ não me apetecia."

~ João Lobo Antunes, em entrevista à Revista E, 24/12/2015

Esta última frase é capaz de ser a minha frase preferida do ano. Nunca tive uma frase preferida do ano, mas quando a li, achei que era uma, talvez por hoje ser o último dia do ano. Não sei...

Memória de um 31 de Dezembro


Há dias lembrei um meu Natal diferente. Hoje posso lembrar um 31 de Dezembro igualmente diferente – e, sobretudo, de desilusão. Curiosamente, ocorreu um ano depois: foi em 1968.

Coisas

"Não são as coisas que parecem mais certas e simples
que se revelam, em conclusão, as mais obscuras e difíceis?
Não é a própria vida, na sua naturalidade,
que é misteriosa -- e não as suas complicações?"

~ Pier Paolo Pasolini, "Teorema"

Frases famosas 46

Vem aí um novo ano e vamos poder mudar tudo! Feliz Ano Novo a todos!!

46. Farto da rotina, o Lopes saltou os degraus da escada à velocidade de vinte e cinco quilómetros por hora.

Casamento por conveniência

Enquanto me distraía com o "piropo", quase que nem me apercebia que as potagens das auto-estradas vão ser aumentadas. Mas não temam, só serão aumentadas em 0,2%, o que não é muito. O que são €0,05 em alguns trechos? Não dá para comprar nada. 

Pois é, quem faz múltiplas viagens não paga só €0,05. Mas já há solução! Os pobres não precisam de andar na auto-estrada, basta casarem-se com alguém que trabalhe na CP e andam de comboio de graça. 

O governo de Esquerda é genial!



Tormentas...

Esta força que tenho
É uma coisa hedionda,
Que nasce, que brota,
Não há quem a esconda,
Quem a afogue e mate,
Quem a condene à sombra.
Para algures, longe de mim,
Leve-a uma pomba...

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Act accordingly!

"It is the great joy of my life, and Michelle's life: Our daughters." —President ObamaWatch as the President answers questions from White House interns—including one where he shares his advice on family and parenting: go.wh.gov/POTUSadvice

Posted by The White House on Wednesday, December 30, 2015

A minha passarinha

Hoje aconteceu uma coisa insólita: entrou um pássaro dentro de minha casa. Não estou a brincar, aconteceu realmente. Até fiz um vídeo. Quer dizer, não sei se era um pássaro, até poderia ser uma pássara. E depois, se alguém dissesse, "Olha a passarinha da Rita" não seria um piropo malicioso punível pela nova lei, seria a realidade nua e crua: a Rita, realmente, tinha uma passarinha...

Is it a bird, is it a plane?

A video posted by Rita (@stellathepug) on

Eu não acredito

Houve em 2011, um caso que se deu no Porto, que me perturbou muito. Tratava-se de uma mulher grávida que foi ao psiquiatra e foi violada. Foi a tribunal, deram-se como provados os factos e o médico foi absolvido. Podem ler os detalhes aqui. Mais tarde, a sentença foi modificada e o médico perdeu a licença. Senti um asco profundo que um tribunal português tivesse produzido esta aberração em 2011, especialmente com justificações como o que diz o texto a que fiz ligação acima:
O colectivo de juizes considera que o «empurrão» sofrido pela vítima por acção física do arguido não constitui «um acto de violência que atente gravemente contra a liberdade da vontade da ofendida» e, por isso, «impõe-se a absolvição do arguido, na medida em que a matéria de facto provada não preenche os elementos objectivos do tipo do crime de violação».

Fonte: In Verbis

Ele não a agrediu sexualmente com força suficiente, logo não era violação. Disse-se isto a uma mulher grávida! Com a recente criminalização do assédio sexual verbal, surje na sociedade portuguesa uma certa segurança, que eu acho falsa. Pede-se aos portugueses que acreditem que agora temos mais uma forma de lutar contra quem nos agride. Eu não acredito, chamem-me cínica. Estou a imaginar vítimas a ser chamadas a tribunal para testemunharem no julgamento dos casos, e os juízes a concluírem que a agressão não tinha sido verbalmente violenta demais, se calhar até quem ofendeu riu-se, numa clara indicação que estava a brincar. A intenção não devia ser má.

Há apenas uma lei nova--essa é a novidade. Nós já tinhamos protecções na lei, mas esta apenas introduz a especificidade do tipo de ofensa. Os juízes e polícias, que a irão aplicar, não me parece terem adquirido nenhuma sensibilidade maior ao problema da vítima do que tinham há um mês atrás antes da lei existir, tal como os juízes que absolveram o psiquiatra inicialmente não demonstraram nenhuma. Nesse caso, houve apenas um juiz que discordou.

Quando eu tinha 15 anos, em 1987, estava à espera de uma amiga minha do outro lado da rua da Pastelaria Briosa, em Coimbra. A minha mãe dizia-me que era feio as meninas irem para os cafés sozinhas e eu fiquei na rua. A minha amiga não apareceu e quando desisti de esperar e me fui embora, um homem seguiu-me. Começou a abraçar-me, a falar-me ao ouvido, queria levar-me para algures. Disse-lhe que estava enganado, eu não fazia isso, mas ele não desistiu e por uns 15 minutos andou em meu redor a assediar-me. Finalmente, virei-me para ele e dei-lhe uma bofetada. Ele deu-me outra. Apareceu um polícia e perguntou o que se passava, eu expliquei. O homem disse que eu o tinha esbofeteado do nada.

E ali, na Rua Adelino Veiga, fiquei a chorar à frente de um polícia, do meu agressor, e transeuntes, até que o polícia nos mandou dispersar. Fui para casa a chorar. Agora dizem-me que o homem não fez nada de mal, que a lei lhe permitia fazer-me o que me fez, que era legal na altura. Eu não acredito que fosse legal. Acredito que não houvesse vontade de aplicar a lei da altura e o polícia não se quisesse chatear.

Nada me diz, hoje em dia, que haja vontade de aplicar esta lei, assim como não houve vontade de aplicar a lei no caso da mulher grávida violada, na primeira vez que o caso se deu em tribunal. Nada mudou, apenas se pede às vítimas que acreditem que sim. E eu não acredito, até porque a lei é má. A lei devia ter contemplado claramente que quem assistisse ao crime e não fizesse nada fosse acusado de cumplicidade no mesmo. Uma lei desse tipo surtiria muito mais efeito em modificar o comportamento da sociedade.

Resposta a uma pergunta

Perguntei há pouco, a uma juíza do Supremo Tribunal de Justiça, o que perguntei nos comentários a um post da Rita. Transcrevo a pergunta e a resposta, com gralhas e tudo para não correr o risco de mudar nada.
Pergunta: Se alguém estivesse na paragem do autocarro e do outro lado da estrada alguém se pusesse aos berros com bocas ordinárias, não havia enquadramento legal para isto?
Resposta: se houvesse insultos podia ser crime de injúria. mas as frases "comia-te toda" e apreciações do corpo de forma ordinária não são insultos. na nossa cultura até são considerados elogios embora ditos de uma forma ordinária e feia. por outro lado, houve sempre um silêncio enorme em relação a isto e se não fizermos um tipo legal de crime novo, que tenha em conta a ofensa à liberdade e autodeterminação sexual, as mulheres não se vão lembrar de apresentar queixa por injuria e nenhum juiz consideraria estes dichotes incluídos no crime de injúria por até serem vistos como elogios ou piropos. recordo-me que uma vez, há quase 20 anos, disse a uma colega de trabalho, professora universitária prestes a doutorar-se, que quando tinha 14 anos um homem me tinha dito na rua "ia-te pela frente e ia-te por trás" e que me tinha sentido muito mal com isso. ela respondeu, não sintas isso Clara, só significa que és lindíssima!
Detesto recorrer a argumentos de autoridade, mas quando é uma juíza do STJ a dizer isto, no mínimo têm de reconhecer que não era nada óbvio que a lei actual enquadrasse situações destas.

Aviso: adem nus!

Como é evidente, não há nenhuma lei que proíba que alguém chegue ao pé de uma pessoa que usa saias, levante a saia, e lhe baixe as cuecas. Como tal, enquanto o Parlamento não aprovar uma lei que proíba esse acto, é perfeitamente legal fazê-lo. Mas têm razão, mesmo sem saias, é perfeitamente legal desapertar as calças de alguém e baixar-lhes as cuecas. A solução é andarmos todos nus...

Não eram pedreiros

Como o LA-C bem indicou, esta lei do piropo malicioso irrita-me. Há muitas razões pela qual me irrita, a principal é que numa semana, o governo português decide assumir dívidas em meu nome e dos outros contribuintes, num valor superior a €200 per capita com o Banif, e na semana a seguir o Parlamento português acha por bem discutir o piropo malicioso para me proteger. Não discutem o enquadramento legal da corrupção e troca de favores que anualmente custa aos contribuintes milhares de euros, nem me parece que tenham planos para o fazer. O piropo malicioso é mais importante.

Acontece que o piropo malicioso já estava contemplado na lei. Basta ler a Constituição da República Portuguesa para se saber que nós, portugueses, temos o direito à dignidade humana. Se há portugueses que acham que assediar sexualmente contribui para a dignidade humana de alguém, então há desconhecimento da lei; não há falta de lei. No Código Penal português já havia leis que contemplam o crime. Se a Polícia e a Justiça portuguesas preferem não aplicar a lei existente, não estou a ver como é que produzir uma lei nova irá resolver o caso e devolver às vítimas a sua dignidade humana. Talvez alguém na Comunicação Social queira perguntar o porquê disto aos nossos queridos deputados parlamentares.

Já fui assediada sexualmente por muitas pessoas, tanto em Portugal, como nos EUA. Como dizia a minha mãe, há 30 anos: as coisas são assim, já eram assim no tempo dela, e não mudarão tão cedo. No meu caso, eram todos homens, mas também há mulheres que assediam. A maior parte das pessoas que me assediaram eram conhecidos meus ou tínhamos amigos em comum. Nunca fui assediada por um pedreiro.

No outro dia, à guisa de comédia, contei-vos o meu último caso de assédio. Aposto que muitos leitores pensaram que eu inventei; mas foi tudo verdadeiro. Um homem, com o qual eu tenho amigos em comum, contactou-me no Facebook. Eu excitava-o e ele masturbava-se a pensar em mim. Vocês sabem que eu falo abertamente de sexo, gosto de poesia erótica, às vezes escrevo uns poemas muito maus, que têm alguma carga sexual. Há quem ache que isso indica que eu sou uma mulher fácil, ou talvez tenha um apetite sexual voraz e leve para a cama tudo o que se mexa. Não é verdade. Gosto de bom sexo e não tenho vergonha disso, é só. Já agora será que alguém gosta de mau sexo? Acho que todos preferímos bom sexo. Nos dias de hoje, as pessoas já deviam ter noção que ler ou ouvir uma mulher falar abertamente de sexo não indica que essa mulher tenha pouca fibra moral. O que vocês pensam acerca de uma mulher que assume a sua identidade sexual reflecte os vossos preconceitos; não reflecte o que a mulher é.

Aconteceu que o meu último caso de assédio se deu antes desta lei absurda, mas, como vos disse, já havia enquadramento legal para tratar do caso. E houve vários crimes, chegando a pessoa a ameaçar a minha reputação só porque eu não colaborava com os seus avanços. Porque é que não fiz queixa? Em primeiro, porque achei que a pessoa estava a ser estúpida e não tinha noção das consequências do que estava a fazer. Em segundo porque estava tudo documentado e, se ele prosseguisse com as ameaças que fez, eu teria como o denunciar e provar o meu caso. Em terceiro, como já vos disse eu não posso fazer queixas via Internet porque o meu cartão de cidadão não funciona, logo teria de arranjar outra forma. Em quarto, a Justiça portuguesa é uma bela merda e isto ir-me-ia dar umas dores de cabeça e custar dinheiro, que eu prefiro não usar para sustentar um sistema mau.

Já agora, o Parlamento tem planos para continuar a produzir leis redundantes? É que hoje em dia eu só ouço o som de dinheiro, que o país não tem, a cair num poço sem fundo.

Pedreiros em extinção

Aqui, o Zé Carlos e a Rita estão muito preocupados com o facto de os trolhas deixarem de ter direito de dizer às adolescentes que passam que as querem lamber todas, que lhes querem ir ao cu, ou outros galanteios similares.
Mas não se preocupem, meus caros co-autores. É uma vítima que não existe, ou melhor, que vai deixar de existir. Na verdade, esta é uma profissão em extinção. Como podem ver nas imagens abaixo, rapidamente serão substituídas por máquinas. Então o robot de assentar tijolos parece que trabalha 20 vezes mais depressa que um homem. Segundo esta notícia, é capaz de fazer uma casa em dois dias.
Claro que podemos sempre pôr as máquinas a pedir beijinhos às meninas que passeiam. Mas não é a mesma coisa.


I want to break free...

Diz o piropo!


Jogos de poupanças

Como estamos próximo do final de 2015 e muita gente faz resoluções para o novo ano, gostaria de deixar aqui uns joguinhos de poupanças que talvez ajudem alguém a poupar uns trocos ou a poupar para as compras do próximo Natal ou para umas férias, por exemplo. Têm de arranjar um mealheiro e vontade de não desistir.

Nos EUA, este tipo de jogos são comuns. É normal aconselharem as pessoas a ter guardado em dinheiro o equivalente a seis meses de despesas e estes jogos podem servir como ponto de partida. Como em Portugal há um estado social (muito) mais generoso, talvez três meses seja um bom objectivo. Mas não se sintam mal se não conseguirem ter tanto, o importante é progredir e, pouco a pouco, ficamos sempre melhor do que quando começámos.

Se vêem que não conseguem continuar com um jogo, mudem para outro que não requeira tanto esforço. Vou começar pelo mais ambicioso e terminar com o menos exigente. O menos exigente seria bom para treinarem os vossos filhotes a poupar. Logicamente, também podem inventar um outro. O objectivo é apenas chegar ao final de 2016 e dizer que se poupou qualquer coisa.

  • O jogo mais exigente que vos proponho é todas as semanas pouparem o número de euros que corresponde ao número da semana. Se começarem no primeiro dia do ano, que é uma sexta-feira, terão 53 sextas-feiras em 2016. Então €1 no dia 1/1, €2 no dia 8/1, €3 no dia 15/1, etc. Na última sexta-feira do ano terão acumulado €1.431. Notem que à medida que o ano progride, este jogo torna-se mais exigente. Dezembro requer que se poupe o equivalente às semanas 49-53, ou seja, um total de €255.
  • Um jogo mais moderado é todas as semanas meterem de lado €10, o que vos dará um total de €530 no final do ano. Alternativamente podem colocar €5 e acumular €265.
  • Se todos os meses colocarem no mealheiro €1 na primeira semana do mês, €2 na segunda, etc. acumularão €145. Este jogo seria bom para treinar os vossos filhotes.
Há outras ideias que são engraçadas, como meter de lado 1% do vosso salário todos os meses, chegar ao final do dia e despejar todos os trocos no mealheiro, ou despejar todo o dinheiro que ficou na carteira para o mealheiro uma vez por semana. Podem encontrar mais ideias na Internet, especialmente em páginas americanas, como aqui.

Governo poupa 25 milhões de euros com renegociação da PPP do Siresp

Muitos parabéns Fernando Alexandre (e equipa). Os teus amigos têm muito orgulho em serem teus amigos.
O processo de renegociação da Parceria Público-Privada (PPP) do Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (Siresp) deu o passo final este mês com a aprovação da minuta do aditamento ao contrato Siresp, que data de 2006. A medida foi aprovada por resolução do Conselho de Ministro de 23 de Dezembro e resultará numa poupança para o Estado de 25 milhões de euros. 
O Governo fechou a 8 de Abril deste ano um pré-acordo com a Galilei (ex-SLN), mais de  um ano depois do início das negociações. (...) “Os temas acordados e vertidos na minuta de alteração ao Contrato Siresp contemplam, essencialmente, a redução da Taxa Interna de Rentabilidade Accionista (...) A renegociação desta PPP, liderado pelo anterior Governo de coligação, resultou ainda num "aumento dos níveis de serviço" em termos de disponibilidade e cobertura, "exigíveis à operadora" - a PT.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

E tu, Peppone?

Toda a Europa (nomeadamente a Alemanha e a Itália, onde foi mais relevante) assistiu também ao fim de qualquer rasto de democracia-cristã ainda existente. Adriano Moreira comentou isso mesmo numa entrevista recente à RTP. Infelizmente, o novo conselheiro de Estado não elucidou se a responsabilidade por essa extinção em massa terá cabido também a Paulo Portas ou se terá havido por esse mundo fora outros peritos em cambalhotas ideológicas.
Mas há uma coisa que preciso de saber. Dom Camilo está inocente?

Substituição na equipa azul: sai Burke, entra Robespierre

Como explicou nesta casa o meu honrado e sábio companheiro André Lamas Leite, "a direita portuguesa tem agora uma janela de oportunidade para se repensar e para decidir se pretende manter-se na deriva neoliberal cujos resultados estão à vista, ou se regressa à matriz democrata-cristã e até social-democrata, entendida esta como mais próxima do ideário nórdico."
Fico feliz quando me explicam as coisas assim, sem mas nem meios mas. Se quer voltar a ser merecedora de respeito e honorabilidade, a direita portuguesa tem de pensar em voltar aos únicos trilhos moralmente decentes, sejam os da social-democracia nórdica ou, Deus lhes valha, o da extinta democracia-cristã. Presume-se assim que a infâmia cairá sobre as vidas desta gente, tenham eles o ensejo de persistir nessa enorme imbecilidade que é ser de direita sem ter uma matriz de esquerda.

Verdade e falsidade

"In his intimate journals Vollard tells us that Degas feigned deafness to escape disputations and harangues concerning things that he considered false and distasteful. If the speaker or subject changed, his hearing immediately improved. We must marvel at his wisdom since he must have only surmised what we know definitely today: that the constant repetition of falsehood is more convincing than the demonstration of truth."

~ Mark Rothko, "The Artist's Reality"

Pssst...

Querido Parlamento português,
Importam-se de fazer um decreto a dizer aos maridos que é ilegal matar as esposas? É que, de acordo com o Correio da Manhã, que me dizem ser um jornal péssimo e até faz fotogalerias das vítimas, já houve muitas esposas que morreram este ano vítimas de abuso doméstico.

Se calhar, o abuso é ilegal, mas a morte por abuso não é. De qualquer das formas, já nem dá para contar pelos dedos das mãos e dos pés o número de mulheres mortas. Ilegalizem isto, se faz favor, a ver se resolvemos tudo a bem. Eu tenho uma sugestão: talvez ajudasse obrigar os conjuges a gravar na aliança "Proibido matar o meu parceiro", já que prometer amar para o resto da vida não surte efeito.

Obrigada!
Rita do Texas

P.S. Nem todas as vítimas eram casadas com os agressores? Também há vítimas homens e crianças? Ah, mas isso são detalhes... Ilegalizem a morte por violência doméstica e já dá para tudo!

Um dos nossos gurus...

António Santos, português na Irlanda, é talvez o guru português de social media (podem encontrá-lo no Facebook, no Twitter, e no Linked In). Em Setembro deste ano, deu uma entrevista acerca de inclusão digital ao Irish Tech News. Em Portugal, dado o envelhecimento da população e até a forma como o governo tenta administrar serviços básicos através de plataformas online (por exemplo, recibos de renda, entrega de impostos, etc.), é essencial ter um bom entendimento do tema. Um excerto da entrevista:
What is a digital inclusion manager and what do they do?
I collaborate on cross sector projects in the private and public sectors related to digital inclusion, social media and business intelligence. I am focussed on the analytics, so I use data to help our customers create sustainable and measurement digital experiences. The team also helps our customers engage with clients, potential clients and build communities. Digital inclusion goes beyond accessibility for people with disabilities and is designed at engaging the widest possible cross section of society in life online.

What is neurodiversity?
Neurodiversity is a positive way of addressing the fact that many people’s brains are wired differently. Whilst the term originated in the Autism community it has since been adopted by people with other neurological differences such as Dyslexia, Dyspraxia, Attention Deficit Disorders and Dyscalculia. Neurodiversity celebrates the positive aspects of people’s differences recognising that whilst neurodiverse people may struggle in some areas they often have great strengths and talents that need to be recognised and nurtured.

Fonte: Irish Tech News

Rothko at Tate Modern (2008-2009)

Não é sobre nada; mas sobre tudo...

Um tutorial acerca da obra de Mark Rothko e do seu significado. A parte acerca da comissão para o restaurante do Edifício Seagram é muito engraçada: pintar quadros que, quando colocados no espaço, evocam opressão e reduzem a pessoa à sua insignificância para um restaurante onde os mais ricos do mundo iriam comer é genial. Era um plano brilhante, mas Rothko desistiu dele...

Portas entreabertas ou o sorridente “pai tirano”

A não ser “irrevogável”, a não recandidatura de Paulo Portas à liderança do CDS-PP importa o desaparecimento, ao menos de uma forma mais activa, de um dos mais hábeis políticos portugueses do pós-25 de Abril. Para o bem e para o mal.
Formado na grande escola do jornalismo político, abjurando tudo o que fosse o exercício efectivo da política, é no mínimo irónico que seja um dos líderes com mais tempo de condução de um partido. Ainda na sombra de Manuel Monteiro, Portas acabou por se transformar no ventríloquo que, reunidas as condições, cortou os fios ao boneco que criara e deixou cair o pano, aparecendo vitorioso, qual Rasputin.
Perito em “cambalhotas ideológicas”, foi o responsável pelo fim de qualquer rasto de democracia-cristã ainda existente no CDS e afirmou de vez um PP neoliberal, mais descomprometido com a sua matriz ideológica inicial de Amaro da Costa ou de Freitas do Amaral. Dir-se-ia, em linguagem freudiana, que a Portas se deve “a morte do pai” e a emancipação do filho: feito à sua imagem e semelhança. Portas foi (quase) totalmente o partido e vice-versa. Orador muito dotado, forte no contacto popular, incomparável nos “sound bytes” e na comunicação social – não conhecesse ele o meio como as suas mãos –, preparado, estudioso: tudo características que o tornaram um adversário político temível.
Como sempre, a História encarregar-se-á de o definir, mas creio que a direita portuguesa tem agora uma janela de oportunidade para se repensar e para decidir se pretende manter-se na deriva neoliberal cujos resultados estão à vista, ou se regressa à matriz democrata-cristã e até social-democrata, entendida esta como mais próxima do ideário nórdico. Bem vistas as coisas, há mais pontos de convergência entre ambas do que à primeira vista se pode considerar.
Paulo Portas não sairá totalmente de cena. É ainda demasiado cedo para saber se almeja a Presidência da República. Um “zoon politikon” como ele não sai nunca de cena, excepto com a morte. Antevejo que permanecerá atento e vigilante, mas julgo que terá a inteligência suficiente para não regressar à liderança do PP. É exacto que tal não seria a primeira vez na vida de Portas e do seu partido, mas se já foi iludida a regra “there’s no second chance to cause a good first impression”, a “terceira hipótese” parece mesmo, mesmo irrevogável. Desta feita à séria.
Portas é daqueles políticos a que se não permanece indiferente, desde logo porque a sua “elasticidade política”, ou mesmo “contorcionismo”, não são habituais, tal como não o é o populismo indisfarçável misturado com a postura de Estado de um líder supostamente messiânico.
Confesso que, do prisma pessoal, não sentirei a sua falta enquanto governante, mas temos de convir que a política portuguesa perde o seu laboratório itinerante de mortais encarpados. Reduzi-lo ao “Paulinho das feiras” é uma caricatura pueril, tal como ao “destruidor implacável” de documentos pouco antes de deixar de ser Ministro. Dono de uma enorme ambição, aquilo que me parece hoje mais saliente é aferir se o líder agora de saída alguma vez teve uma real visão para o país. Para o partido, ou seja, para si e a sua “longa manus”, é indiscutível que sim. Mas talvez seja demasiado pedir algo de similar hoje em dia a qualquer político…
A luta interna já havia começado e é bem provável que espectáculos pouco edificantes se sucedam nos próximos dias. Portas não fecha a porta, mesmo de saída. Tudo fica sempre entreaberto. Como um prudente ancião com alguns tiques de “pai tirano” a quem se afivela uma “persona” de simpático.

Frases famosas 23

23. Madeleine de La Rochefoucauld não sabia o que fazer com as máximas do seu celebrado primo. Pareciam-lhe umas decentes, outras menos. 

A geringonça

No meu jantar do dia de Natal, em casa da minha chefe, aprendi uma palavra nova: doohickey Esta palavra surgiu em referência a uma maquineta que servia para fazer molhos para saladas: metia-se azeite, vinagre, outros condimentos, e apertava-se uma mola que activava um mecanismo que mexia o molho. A maquineta também tinha algumas receitas inscritas no seu corpo. Doohickey fez muito sucesso junto das senhoras e causou muitos risos. 

Não cheguei a perceber se aquilo era suficientemente rápido para emulsionar a mistura. Confesso que no que diz respeito a artifactos para a cozinha, sou uma tradicionalista--não gosto muito destas coisas de plástico e prefiro usar métodos tradicionais: mete-se azeite, vinagre, e condimentos num copo de vidro, mexe-se com uma vara de arame fina e já está. A Bimby nunca entraria em minha casa. 

Mas achei doohickey uma palavra muito engraçada, se bem que eu, com a minha falta de memória habitual, me esteja sempre a esquecer dela--é "doo-qualquer coisa"... Uma tradução adequada para português seria "geringonça". Aqui está a geringonça em questão:


E aqui está a definição retirada do Dictionary.com:




segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Finalmente, a paz...

Caros homens,
Não tentem enviar-me piropos via Facebook Messenger porque é ilegal. Não me digam que sou só sexo e vocês batem 10 punhetas ao dia a pensar em mim. Não me acusem de ser uma pessoa tão cruel e falsa porque não correspondo a tão generosos avanços. E escusam de enviar fotografias das vossas erecções para a minha caixa de mensagens--ou será que isso ainda é legal? [Valha-me S. Rita, que eu vejo-me aflita! A lei portuguesa é muito complicada...]

Assinado,
Rita do Texas

O ano do cocó...

Finalmente, está quase a chegar o ano do cocó, 2016. Uma das terapias mais promissoras é o transplante de matéria fecal, ou seja, retirar cocó de uma pessoa saudável e dá-lo a uma pessoa que não é saudável. Imaginem que isto já era feito na China, pelo menos no século IV. (Agora faz sentido aquela cena no filme "O Último Imperador", do Bertolucci, na qual o médico da corte cheira o cocó da criança. Estava a ver se a caca era boa...) O objectivo é utilizar colónias de bactérias de pessoas saudáveis para ajudar a criar uma colónia de bactérias de melhor qualidade em pessoas menos saudáveis.

Quando estamos no ventre das nossas mães, não temos nenhumas bactérias no nosso tracto gastro-intestinal, mas assim que nascemos somos colonizados. A colónia que recebemos depende das bactérias que estão presentes no nosso nascimento: as da nossa mãe e de outras pessoas em nosso redor. São essas bactérias que permitem que nós retiremos nutrientes da comida que digerimos. Algumas bactérias são mais eficientes, do que outras. Se não tivessemos a nossa colónia, quase tudo o que comíamos voltaria a sair.

Há bactérias que podem contribuir para a obesidade e outras para termos um peso saudável sem que para isso tenhamos de fazer grande esforço físico ou restrições alimentares. A bactéria clostridium difficile é resistente a antibióticos, mas é susceptível de ser tratada com uma terapia de transplante de matéria fecal. Ou seja, "a merda da saúde" terá outro significado em 2016...

Os virtuosos

Em pouco mais de um mês de governo PS, já é claro que Portugal comete os erros do costume. António Costa permitiu que o custo do Banif fosse financiado com dívida, tendo pouca, ou nenhuma, consideração pelo custo total para os contribuintes actuais e futuros. Continua com intenções de resgatar a TAP para que regresse o estado, aumentando ainda mais a dívida pública.

A folga nas taxas de juro, permitida pela intervenção do BCE no mercado de dívida soberana, está a ser usada, não para consolidar dívida pública e diminuir os custos da sua manutenção no futuro, permitindo um alívio nos impostos, mas sim para se maximizar o endividamento do estado durante um período de taxas de juro baixas--esta foi a receita para a desgraça do governo Sócrates. Mário Centeno, como outros Ministros das Finanças anteriores, cala e consente.

A depreciação do euro está a ser desperdiçada. O sector privado já encolhe. Nas redes sociais, os empresários já se queixam da voracidade com que o estado os persegue. As escolas privadas, onde os empregados estrangeiros de algumas empresas a actuar em Portugal colocam os seus filhos, já estão a perder alunos, indicando que essas empresas estão a reduzir a sua presença em Portugal e a minimizar a sua exposição a uma governação que parece ser desastrosa para o sector privado.

O ano de 2016 irá provavelmente ser o fundo dos preços de petróleo. A extração de petróleo e gás natural dos depósitos de xisto não é, dada a tecnologia actual, rentável com petróleo a $35/barril; precisa pelo menos de $50/barril. Em algumas partes dos EUA, os produtores de petróleo/gás natural já venderam produto a preços negativos, pagando a alguém para o levar porque não têm onde o guardar. Os traders aconselham os barcos que transportam petróleo a irem mais devagar porque não há capacidade de armazenamento.

Este ano, o el Niño está a produzir um inverno anormalmente quente, logo os produtores de gás natural não irão conseguir escoar produto a bons preços e irão reduzir ainda mais o número de poços, reduzindo a produção de gás e petróleo nos EUA a médio prazo. Como diz um amigo meu na indústria: "não há melhor remédio para preços baixos do que preços baixos." (O mesmo é verdade para preços altos.) Nada disto dura para sempre.

Que faz Portugal perante esta baixa histórica nos preços de energia? É simples: o preço da gasolina é agora 2/3 impostos. O estado usa a baixa de preço das commodities para se financiar, mas não diminui a despesa, compromete-se ainda mais, numa altura em que devia estar a poupar para quando não pudesse cobrar tantos impostos e a passar parte das poupanças às famílias e às empresas para estimular a economia.

O pano de fundo disto tudo é uma situação demográfica catastrófica: somos o terceiro país mais envelhecido do mundo, mas comportamo-nos como se fossemos um país jovem. Continuamos a seguir políticas que nos garantem a pobreza, como se isso fosse um sinal de virtude.

Frases famosas 52

52. Ilustre-se em episódios, todos breves, o uso, e o abuso, e o desuso, da frase com que Rabelais para sempre cerrou os olhos, para sempre, sim, pois que ainda que a alma sobreviva, a alma não tem olhos, que é esta.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Pessoas educadas

"I think we can be more specific. It seems to me that educated people should know something about the 13-billion-year prehistory of our species and the basic laws governing the physical and living world, including our bodies and brains. They should grasp the timeline of human history from the dawn of agriculture to the present. They should be exposed to the diversity of human cultures, and the major systems of belief and value with which they have made sense of their lives. They should know about the formative events in human history, including the blunders we can hope not to repeat. They should understand the principles behind democratic governance and the rule of law. They should know how to appreciate works of fiction and art as sources of aesthetic pleasure and as impetuses to reflect on the human condition.

On top of this knowledge, a liberal education should make certain habits of rationality second nature. Educated people should be able to express complex ideas in clear writing and speech. They should appreciate that objective knowledge is a precious commodity, and know how to distinguish vetted fact from superstition, rumor, and unexamined conventional wisdom. They should know how to reason logically and statistically, avoiding the fallacies and biases to which the untutored human mind is vulnerable. They should think causally rather than magically, and know what it takes to distinguish causation from correlation and coincidence. They should be acutely aware of human fallibility, most notably their own, and appreciate that people who disagree with them are not stupid or evil. Accordingly, they should appreciate the value of trying to change minds by persuasion rather than intimidation or demagoguery."

~ Steven Pinker

sábado, 26 de dezembro de 2015

Sincretismo poético

E como ficou chato ser de esquerda
Agora verei a perda.
(António Costa Drummond de Andrade)

Pedro, não morras!

Quando me mudei para Houston, cheguei a uma casa cheia de caixas porque as minhas coisas já tinham chegado. O senhor que trabalhava para a minha senhoria, ao ver-me numa casa tão grande, com tanta coisa, perguntou-me quantas famílias iam cá viver; respondi que era só uma. Ele olhou para mim como se eu fosse estranha... Depois perguntou-me se queria ajuda para limpar a casa e arrumar as caixas. Disse que estava bem e ele pediu à esposa para me ajudar.

Nos fins-de-semana, lá vinha ela com a filha. Eu arrumava coisas, ela desfazia as caixas e arrumava-as na garagem. Ela é quatro anos mais velha do que eu, nasceu em El Salvador, não fala inglês, tem o sexto ano de escolaridade, mas nota-se que não é uma pessoa de muita cultura. Por exemplo, nem sequer sabia, ou se lembrava, que havia um país chamado Espanha e era por isso que a sua língua nativa era espanhol. A bem dizer, já nem escreve muito bem espanhol. Muitas vezes, quando ela me manda mensagens eu tenho de as ler em voz alta para perceber o som do que escreve porque ela dá muitos erros ortográficos.

Resoluções suav3s para 2016

be blessed, yo!

http://kaysuav3.tumblr.com/post/135847667200/stuff-we-should-leave-in-2015

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Frases famosas 41

Uma pequena ajuda para estes dias de rabanadas:

Um Natal diferente

Quem tem muitos anos de vida tem memórias de muitos Natais. De quando se era criança e se aguardava o momento de, pela manhã do dia 25, ir à chaminé ver o sapatinho que lá se tinha posto na véspera (eu testemunho: fi-lo, e até fui por vezes generosamente compensado…), e depois, de muitos outros em que, havendo diferenças, se repetiam – e repetem – umas quase formalidades, no fundo rituais que é difícil romper, ainda que possam mudar. Quem não se lembra das resmas de cartões de boas festas a enviar pelos correios, hoje substituídos por mensagens de e-mail ou sms?

Feliz Natal!

Antes de haver o PAN, já o Alfred visitava o Pai Natal. Aqui está o primeiro Natal do Alfred, em 2005, com quase nove meses. Este cão era um grande reguila...





quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Umas facas dão sempre jeito

Especialmente quando são feitas pela ICEL, em Portugal, para a Williams-Sonoma. É uma das prendas de Natal que vou oferecer este ano.

O porquê das cores? É simples: vermelho para carne vermelha, amarelo para aves e porco, e verde para legumes e fruta. 


Produtividade, risco sistémico, etc.

"O Banif tem uma rede de 150 balcões, que servem 400 mil clientes. Possui uma carteira de cerca de 6000 milhões de euros em depósitos e 5500 milhões de euros em créditos.* A instituição é especialmente relevante nas regiões autónomas da Madeira e Açores, nas quais conta com quotas de mercado muito elevadas.

Fonte: Público, 21/12/2015

Na sexta-feira, havia seis entidades interessadas no Banif. Diz o Observador que, no Sábado, o Santander e o Popular foram ambos convidados para apresentar propostas. O Santander Totta é convidado a apresentar uma proposta no Sábado, no Domingo o governo decide que o Banif será vendido ao Santander, e Terça-feira, já há balcões Banif com os nomes trocados no exterior para indicar que esses balcões são agora do Santander Totta. Em Portugal, as coisas não funcionam assim tão eficientemente. Será que foi milagre de Natal? Ou talvez um surto de produtividade devido ao elevado consumo de fatias de bolo rei? Ou será que estão a reinar connosco?

Uma linha de justificação, que ouço nas redes sociais, para a intervenção centra-se em dizer que o Banif, cujos depósitos e créditos eram de 2,5% do mercado português, representava risco sistémico para o sistema financeiro do país. Isto não me parece ser verdade, até porque a solução encontrada apresenta maior risco sistémico. Como é que vender o Banif ao Santander Totta mitiga o risco sistémico do sistema financeiro, dado que o Santander Totta é o segundo maior banco privado a operar em Portugal, detendo agora 14,5% do mercado português? Que procedimentos foram adoptados pelo Banco de Portugal e o governo português para minimizar o risco sistémico do Santander Totta? E porquê vender a uma entidade espanhola? Dada a forte integração do sistema financeiro de Portugal e Espanha, parece-me que seria muito mais cauteloso, do ponto de vista de gestão de risco, não integrar ainda mais os dois sistemas financeiros.

O artigo do Observador indica que o Banif começou a perder depósitos após as eleições legislativas devido à incerteza causada pelas acções de António Costa. As perdas de depósitos avultaram-se após a notícia incorrecta da TVI, tendo nessa semana saído €900 milhões. Dado que o Banco de Portugal apresentou uma solução que diz que em princípio custará €2.255 milhões de euros, concluo que as perdas em depósitos do Banif numa semana sob a governação Costa representam 40% do custo anunciado. Se formos a considerar as perdas de depósitos desde Outubro, cujos números ainda não vi, especulo que essa proporção exceda 50%. Este ano a maior parte do risco enfrentado pelo Banif ocorreu, então, durante o último trimestre do ano, que coincide com o período de grande incerteza governativa gerada por António Costa. Esta asserção foi confirmada pelo ex-Presidente executivo do Banif.

Ontem à noite, Jorge Tomé, ex-Presidente do Banif, deu indicação de que o banco se encontrava em situação relativamente estável, e obteve lucros de €6,2 milhões até ao terceiro trimestre deste ano. Acha Jorge Tomé que solução encontrada é "estranha", pedindo uma auditoria independente externa. Como é parte interessada, não podemos apenas acreditar no que diz.

Todos nós queríamos ver uma explicação independente e isenta dos factos e dos porquês das decisões tomadas, mas quando a justificação do actual governo nem sequer concorda com a justificação da Comissão Europeia, julgo que podemos ter a certeza que bastou um mês para o governo Costa vergonhosamente nos aldrabar. Mas isso já é costume: seria completamente anormal sermos governados por alguém que não aldrabasse.

Adenda:
* Convém mencionar que, num banco, os depósitos recebidos pertencem ao lado do passivo e os créditos concedidos ao lado do activo. Como há incerteza acerca do pagamento ao banco do crédito concedido, pois nem todos os empréstimos serão pagos, há uma certa flexibilidade na valorização destes activos, pois se se assume que o risco de não pagamento é grande, então os activos não valem tanto. Um dos argumentos de Jorge Tomé é que, na intervenção do Banif, a valorização destes activos está feita de forma a dar uma imagem pior do banco e poder justificar perdas muito superiores às que se verificariam se não houvesse intervenção.

Reportagem 10

Como não tenho nenhuma história sobre o pai natal, vai um polícia sinaleiro com votos de boas festas:

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Realidade

Onze anos de rendimento mínimo garantido

Mais de onze anos de Rendimento Mínimo Garantido. Mais de ano e meio de subsídio de desemprego. Um pouco menos de metade do orçamento para a Saúde. Metade do custo total do TGV. Oitenta e dois por cento do custo total do novo aeroporto de Lisboa. É isto que custará, aos contribuintes, a salvação de um banco insular. As vestes rasgadas com o plano da "obra faraónica" do TGV, bem encharcadinhas, davam para dar nas ventas de muita cara de pau que agora defende esta coisa de salvar bancos a todo o custo.

O que acho mais impressionante neste processo todo não é a decisão do PC em votar contra, mas a certeza do PC de que o PSD nunca deixaria de votar a favor, se fosse preciso para garantir esta solução. É que, há dois meses, o PSD garantia que nunca daria apoio a nenhuma iniciativa de um possível governo PS: "Ó senhor deputado, se chegar a haver um Governo PS ..., quem tem de o apoiar são aqueles que andaram a negociar acordos bilaterais ...", disse Montenegro, acrescentando "é sobre si e o seu partido, sobre o PCP, sobre o PEV, sobre o PAN que recai a responsabilidade de sustentar politicamente o Governo, todo o seu posicionamento, mesmo em matéria europeia".

Reparem bem: a grande linha orientadora do Programa para a oposição a este Governo foi deixada cair passado dois meses. Dois meses. Eu sei que o PSD fez de dar o dito por não dito desporto em toda a governação, mas, caramba, na oposição é sempre mais fácil manter uma aldrabice. E, na verdade, é fácil imaginar milhares de medidas que, se precisassem da provação do PSD, seriam chumbadas. Estou a pensar, basicamente, em tudo o que não sejam orçamentos retificativos para salvação de bancos. O PC, numa jogada política tão fácil, mas tão esclarecedora, denuncia o bluff e o PSD mostra a mão, uma mão de banqueiros que não ganham ao poker mas ficam sempre com o pote. 

Recalibração

Apaguem o sol,
Oprime-me a luz do dia.
Quero chuva, trovoada, vento.
Uma tormenta que me dê alento.
Já não suporto o azul,
Fonte de tanta alegria.
Sorrir já nem sequer tento,
Morreu-me a vontade desse momento.

Quanto terminei de escrever isto, olhei para o meu telefone e apareceu uma notificação do LA-C. Só apareceram as primeiras letras e dizia "Quero voltar a verte.Beij..." Achei aquilo tão estranho, que pensei estar a alucinar.

Abri o telefone e li a mensagem "Quero volta a verte.Beijinhos da Laura." Era a Lauríssima que irá ser, um dia, Primeira-Ministra de Portugal e depois Presidente da República. Ri e chorei aos soluços. A última vez que estive com a Laura, recebi instruções muito precisas, como atesta a nota abaixo:

E hoje eu não sabia, mas tinha saudades da Laura porque a Laura, como as outras crianças de Portugal, representam o melhor que Portugal tem. E nestes últimos dias, tenho sentido falta disso. A Laura meteu-me na ordem e voltou a lembrar-me do que era esperado de mim...

O socorrista

Sempre que foi preciso, Passos Coelho deu auxílios preciosos a primeiros-ministros socialistas metidos em sarilhos.

Às vezes mais vale citar

"Ainda bem que tenho o PCP para defender os meus interesses."
MOITA DE DEUS, Rodrigo [2015], 31 da Armada. 22/Dez, Post 3.

Ockham ou o catano

Passos avisou (e eu concordei): se o Governo precisar dos votos do PSD, Costa deve demitir-se.
Corolário: se o Governo se safar com os votos do PSD, Passos deve demitir-se.

Afinal, banifam-se

Onde é que andam os ultra-neo-liberais quando precisamos mesmo deles?

Costa vs. Britney

Oops, I did it again!

Yeah yeah yeah yeah yeah
Yeah yeah yeah yeah yeah yeah

I think I did it again
I made you believe we're more than just friends that I was your friend
Oh baby
It might seem like a crush I rushed
But it doesn't mean that I'm not serious
'Cause to lose all my senses
That is just so typically me
Oh baby, baby

Que se lixe o centro

O orçamento rectificativo passou com os votos favoráveis do PS, dos deputados madeirenses do PSD e com a abstenção do PSD. Votaram contra o CDS, o Bloco de esquerda e o PCP. O bloco central dos interesses falou mais alto. Não nos enganemos. No essencial, PS e PSD estão de acordo. A sua única preocupação é não ficarem mal na fotografia, passando as culpas de uns para os outros e tentando sacudir a água do capote. Dizem que é em nome do interesse nacional que serão enterrados mais uns milhares de milhões de euros num pequeno banco. Por que motivo é esta a solução que melhor defende os portugueses? Isso eles não explicam. Os portugueses, coitados, com certeza não conseguiriam perceber a complexidade do que está em jogo. Isto é uma total falta de respeito pelo povo, que é obrigado a comer e a calar em nome dos superiores interesses do país, conforme os interpretam os génios que nos pastoreiam. Se é isto o centro, que se lixe o centro.

Retaliação à TVI

O Banif perdeu €900 milhões em depósitos no seguimento da notícia da TVI, que depois foi retraída. Cá entre nós, se eu vivesse aí, não só nunca mais ligaria a TVI, como faria como os americanos: desatava a escrever a todas as empresas que compram publicidade na TVI a informá-los de que ia boicotar os produtos e serviços. E boicotava!

As empresas só existem enquanto os consumidores deixarem.

Valha-nos Jesus Cristo, “que não percebia nada de finanças”

Tinha programado para hoje no Observador um artigo de Natal. O BANIF intrometeu-se, pelo que não pude explicar como eu, ateu esquerdista, vejo Jesus Cristo. Deixo-vos um poema, do meu pai, Cristóvão de Aguiar. Condensa em poucas palavras aquilo que eu teria para dizer em muitas:

Rasguem-se as cortinas do sacrário,
Onde ficou Jesus aprisionado,
Tal como há dois mil anos no Calvário
Pregado num madeiro, ensanguentado...

Era Sua palavra pão sagrado
E o gentio que escutava o Visionário
De tal arte ficou maravilhado
Que O elegeu seu revolucionário...

Depois, o tirano, opressor do povo,
Julgando apagar esse Sol novo
Mandou matar o vate desordeiro...

Crucificaram-no então no Calvário:
– Está agora a ferros num sacrário,
Não vá Ele tornar-se guerrilheiro...
— In Cristóvão de Aguiar, Relação de Bordo I (1964-1988), Campo das Letras

Aos cristãos, desejo um Santo Natal. Aos não crentes e crentes de outras divindades, desejo umas boas festas com os vossos. Aos que nada ligam a esta estação, que consigam desfrutar da paz e harmonia características desta época. Aos que deploram a paz e a harmonia, aguentem com estoicismo: o novo ano está já ao virar da esquina.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Fantasia: Não ao Orçamento Rectificativo

Acho que com a idade estou a ficar revolucionária. Hoje tive muitas fantasias de ir para frente da Assembleia da República com uns cartazes a dizer coisas como:
  • "Agora só falta o orgasmo!"
  • "Há proxenetas que tratam melhor as suas prostitutas!"
  • "Não custa nada ter vergonha"
  • "Esta laranjinha é amarga"
  • "Não precisamos de rosas com picos"
  • "Costa Concórdia a Passos de afundar Portugal"
  • "Tão inimigos que eles eram..."
  • "Que Passos tão esmerado a massajar o Costa"
  • "A todos um Natal infeliz"
  • "Os porcos têm pocilgas mais limpas"
  • "Ladrão que rouba ladrão tem Centeno para o perdão"
  • "Que estranha forma de dívida!"
  • "Até o Passos tropeçou e acidentalmente entrou..."

Da próxima vez que for a Portugal, devia ir "Sem Fantasia", mas não consigo. Até é provável que me prendam no aeroporto. Tenho de começar a ir passar as férias às Ilhas Turcas e Caicos--é o único outro sítio onde me apetece ir...

Uma história macabra

O médicos são muito mal pagos em Portugal. É revoltante que haja dinheiro para salvar bancos mediante circunstâncias duvidosas, administrações negligentes, manter um governador do Banco de Portugal que, não tendo grandes responsabilidades, é completamente incompetente nas poucas que tem, mas ganha ao nível de, ou melhor do que, o Presidente da Reserva Federal, ter políticos que violam a lei e viajam em classe executiva à custa dos contribuintes, etc.

Mas para manter um jovem de 29 anos vivo não dá porque é fim-de-semana e os médicos sendo mal pagos, preferem não trabalhar. Esta história é completamente incompatível com um país que se diz civilizado. Mas é pior. Não basta terem adiado a operação, estando cientes do risco a que sujeitavam a pessoa, como nem se dignaram a informar a família da morte do jovem. Entretanto, aproveitaram o tempo para tratar de fazer os preparativos para recolher os órgãos do rapaz. Isto é macabro! Alguém devia ser despedido.

Só asinhas de perú...

Em Portugal, à mesa durante a consoada, na qual se serve um bom perú recheado, complementado por um vinho seco fresquinho, ouve-se a seguinte conversa a respeito do Banif:

Contribuintes: Vocês fizeram merda outra vez. E daquela muito mal-cheirosa... Pior do que diarreia causada por campylobacter, quando até sai sangue!
Políticos: Nós?!? Não, é impossível; nós nem temos intestinos. Somos uns seres puros, angélicos, e alados -- com umas asas brancas e gloriosas, mais alvas do que as da águia do Benfica. Até só comemos asinhas de perú...

Cavaco Silva dixit

"Observando a zona euro, verificamos que a governação ideológica pode durar algum tempo, faz os seus estragos na economia, deixa faturas por pagar, mas acaba sempre por ser derrotada pela realidade"

Aníbal Cavaco Silva, 22/12/2015

Fonte: Citado no Expresso

Especialistas na renúncia

Com razão, a Rita faz uma série de perguntas que merecem ser esclarecidas. Os contribuintes são chamados a pagar mais uma conta astronómica por causa dos desvarios da banca. Uma vez mais, a intelligentsia diz-nos que esta é a melhor solução para o "interesse nacional". Ouvimos, calamos, resmungamos e pagamos. Como sempre.
A fome da verdade ainda nos aflige. Não somos menos curiosos ou criativos do que a maioria dos europeus. Mas tornámo-nos especialistas na renúncia. Entre nós Cassandra redobraria o choro por ser sua sina prever o futuro, e não apenas um rouxinol, como desejava.

Esclareçam-nos

Já que agora somos éramos todos donos do Banif, mostrem-nos a situação financeira do banco em vários pontos no tempo:
  1. quando o governo Passos Coelho tomou posse,
  2. antes das eleições legislativas,
  3. na véspera da notícia da TVI, e
  4. no dia em que o BCE decidiu fechar a torneira.
Só com essa informação é que poderemos realmente apreciar se o governo Passos Coelho foi negligente. Merecemos números duros, em vez de opiniões a chutar a culpa para os outros e admissões de castidade.

Para além disso, alguém do governo Costa deveria explicar aos contribuintes o seguinte: no dia 16 de Dezembro, o BCE informou o governo que iria fechar a torneira ao Banif no dia 21 de Dezembro. Logo, subentende-se que no dia 16, o governo Costa sabia com certeza absoluta que teria de intervir no Banif e que isso teria um custo avultado. A 18 de Dezembro, António Costa comprometeu-se a desfazer o negócio da TAP a qualquer custo. Como é que o Primeiro Ministro sabendo que estava prestes a anunciar um desastre financeiro para os contribuintes, se compromete a prosseguir uma linha de acção com a TAP que custará ainda mais dinheiro para os contribuintes?

O bezerro de ouro

"O nosso deus é grande e o dinheiro o seu profeta. Para atender aos sacrifícios que exige, devastamos a natureza inteira. Gabamo-nos de ter conquistado a matéria e é a matéria que faz de nós seus escravos."

Okakura kakuzo

Nasceu uma criança entre nós

Hannah Arendt em "A condição humana" relembra-nos que a fé e a esperança são duas características essenciais da existência humana, que a antiguidade ignorou por completo, desconsiderando a fé como virtude muito rara e pouco importante, e considerando a esperança como um dos males da ilusão contidos na caixa de Pandora. Esta fé e esta esperança no mundo talvez nunca tenham sido expressas de modo tão sucinto e glorioso como nas breves palavras com as quais os Evangelhos anunciaram a “boa nova”: “Nasceu uma criança entre nós.” 

Frases famosas 4


4. É sempre assim.

Ainda sobre o papel das finanças públicas na crise

Há umas semanas, escrevi sobre a "visão de consenso" proposta por vários economistas bem conhecidos, que identifica como causa da paragem súbita do financiamento à economia portuguesa (e à grega) o comportamento das finanças públicas nos anos anteriores, contrariamente aos casos irlandês e espanhol. Na altura coloquei um ponto de interrogação à frente de "visão de consenso" por não me parecer que todos a vejam dessa forma.

Agora foi Simon Wren-Lewis, professor de economia na Universidade de Oxford e um dos conselheiros económicos do novo líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, a avançar a possibilidade de a crise portuguesa ter sido o resultado de políticas insuficientemente restritivas (ou demasiado expansionistas) nos primeiros anos deste século. Pelo menos, escreve Wren-Lewis, a política orçamental seguida entre 2001 e 2007 terá agravado a situação. Pelo contrário, acrescenta ainda Wren-Lewis, a Alemanha deveria ter seguido políticas menos restritivas (ou mais expansionistas), para aliviar o esforço de países como Portugal.

Afar, este mês

Público vs. Expresso

"Quando Bruxelas anunciou que a brincadeira estava para acabar (este fim-de-semana), bastou uma notícia especulativa na TVI para que mil milhões de euros desaparecessem do balanço e a salvação do Banif passasse a ser feita à custa dos impostos."

Fonte: Público, nota editorial, 21/12/2015

"O Banco Central Europeu (BCE) comunicou na quarta-feira às autoridades portuguesas que ia retirar o estatuto de contraparte ao Banif esta segunda-feira, decisão que ditou a venda do Banif ao grupo espanhol Santander."

Fonte: Expresso, 21/12/2015

Caros editores do Público, não percebi o vosso editorial. O Expresso diz que a decisão do BCE foi comunicada às autoridades na quarta-feira passada, após a notícia da TVI, que já tem mais de uma semana. O vosso editorial diz-nos que a decisão do BCE precede a notícia da TVI. Quem é que está a mentir? Esclareçam-nos, por favor.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Num mar

Navego sem rumo num mar infinito;
Não vejo porto, nem bonança.
Apenas cumpro o meu destino
Sem nenhuma fé ou esperança.

The plot thickens...

"O Banco Central Europeu (BCE) comunicou na quarta-feira às autoridades portuguesas que ia retirar o estatuto de contraparte ao Banif esta segunda-feira, decisão que ditou a venda do Banif ao grupo espanhol Santander.

Ao perder o estatuto de contraparte, o banco deixa de ter acesso a financiamento europeu, situação que já tinha ocorrido em julho de 2014 ao BES e que acelerou a queda deste banco.

No domingo à noite, o Banco de Portugal anunciou a resolução do Banif, através da qual o Santander fica com um conjunto de ativos e passivos do banco, desembolsando para isso 150 milhões de euros. Como tal, o BCE acabou por não avançar com a retirada do estatuto de contraparte, na medida em que o Banif deixou de existir com a medida de resolução anunciada."

Fonte: Expresso

Não deixa de ser curioso que o BCE tenha fechado a torneira ao Banif menos de um mês depois da tomada de posse do actual governo português, aquele governo que nos disse que havia alternativa à austeridade. E coincidentemente marca a resolução do Banif para o fim-de-semana em que a Espanha está a meio de um processo eleitoral complexo, influenciado pelos malabarismos políticos de António Costa.

Os governos populistas só existem enquanto o BCE deixar. E o BCE parece não estar muito interessado em subsidiar jogadas políticas e estratégias eleitorais populistas.

Um dos melhores no Tumblr

O Tumblr designou o José Lourenço, um artista visual e fotógrafo, que trabalha em Lisboa, como um dos melhores artistas naquela rede social, em 2015. O trabalho dele também pode ser seguido no Instagram.

Let's draw...! ✏️ . #jose_organizedneatly #thingsorganizedneatly

A photo posted by José Lourenço (@joselourenco) on

Adeus, Pai Natal!

Hoje está a ser um dia em grande, no qual se aprendeu muita coisa!

O nosso ilustre Primeiro-Ministro é uma pessoa muito trabalhadora, que até faz conferências de imprensa à meia-noite. Isto na semana do Natal e depois da saga para ele formar governo, faz-me suspeitar que o plano é roubar o emprego ao Pai Natal. Obviamente, o primeiro argumento será: "Qual é o país ridículo que precisa de um Pai Natal à meia-noite do dia 24, quando pode ter um Primeiro Ministro à meia-noite do dia 21?" Ah, a propósito do 21, Winter is no longer coming--it is here!

O Banif realmente foi ao ar, apesar da TVI ter pedido desculpa porque a notícia não era bem assim. Agora, parece que era mais para o assim do que para o assado, logo importam-se de pedir desculpa pela desculpa? E depois publiquem também um critério para nós sabermos distinguir quando devemos confiar na TVI de quando nos estão a amaciar o pêlo.

Eis que Mário Centeno volta a dar o dito pelo não dito. Não bastava nós, economistas, fazermos uns estudos que não tinham qualquer aplicabilidade ao mundo real, agora fomos informados que a meta do défice orçamental que iria ser cumprida com muito sacrifício porque este era um governo responsável, terá de ser violada porque os dois governos anteriores foram muito irresponsáveis. A culpa é sempre dos outros, uma teoria inovadora. Se o Banif tivesse sido vendido no dia 1 de Janeiro de 2016, a culpa teria sido de quem? (Eu já vos tinha dito que dava jeito ao PS violar a meta do défice. "Fool me once, shame on you; fool me twice, shame on me...")

Mas há mais! Os Sindicatos Bancários afectos à UGT estão felizes porque, imaginem!, esta solução permite salvar os empregos dos trabalhadores do Banif, pois o Santander tem preocupações sociais -- é um banco altruísta; afinal, há bancos altruístas, isto não era um oxímoro. Este banco altruísta supostamente quer que os trabalhadores, que trabalharam mal, pois o banco foi ao ar, continuem a trabalhar no mesmo conforto.

Já perceberam que o sistema não muda; só mudam os protagonistas? E agora, se calhar, até vamos ficar sem Pai Natal. Adeus, Pai Natal!

Bombeiros e pirómanos

Devido à crise internacional, começada em 2007 nos EUA, levantaram-se muitas vozes a clamar por mais regulação do sistema financeiro. E as autoridades foram ao encontro dessas reivindicações. Os bancos foram submetidos a vários testes de stress, obrigados a operações de “desalavancagem financeira”, etc. Entretanto, o Estado atirou milhares de milhões de euros em operações de salvamento da banca. Sempre com os aplausos do “comentariado”, convém recordar. Foi assim com o BPN em 2008, com o BES em 2014. À medida que se ia descobrindo o tamanho dos buracos, esses aplausos foram-se transformando em apupos e vaias. Afinal, não há “salvações grátis” para o contribuinte.
Há perguntas que poucos fazem. Ter aumentado a regulação financeira após 2009 foi bom ou mau? Será que o problema era, de facto, a falta de normas restritivas ou seria antes o seu excesso? Será que favorecer a complexidade em detrimento da simplicidade é o melhor caminho? Apertar os nós da rede de um sistema altamente complexo como o financeiro – o mais complexo que o homem alguma vez inventou - não tornará as rupturas ainda mais explosivas e catastróficas?
Da regulação espera-se que reduza o impacto dessas explosões impossíveis de prever. Não é uma regulação mais pormenorizada do sistema que resolverá o problema. É fundamental acabar com o sentimento reinante de impunidade resultante da falta de punição dos gestores e accionistas incompetentes e gananciosos. A justiça deve ser implacável e expedita. De uma coisa podemos estar certos: gente gananciosa e sem escrúpulos haverá sempre no sistema financeiro. Afinal de contas, é lá que está o dinheiro. Não há nada mais dissuasor de práticas fraudulentas do que o encarceramento exemplar dos maus banqueiros. Não é isso que se tem visto em em Portugal, onde a quadrilha do BPN continua à solta.
Parece-me que as medidas tomadas nos últimos anos, no sentido de uma maior regulação, acentuaram, pelo menos, um efeito perverso. Uma pessoa lê e ouve as notícias e fica com a sensação de que os principais culpados da actual situação do Banif são, sobretudo, o anterior governo e o governador do banco de Portugal. Mariana Mortágua acusou Passos Coelho e Paulo Portas de um  "acto criminoso" – e diz que mediu bem as palavras.
Nesta narrativa, os gestores e accionistas que, por incompetência, ganância, aldrabices, ilegalidades, etc., levaram os bancos à bancarrota passam para segundo plano – aliás, os accionistas, coitados, às tantas até são umas pobres vítimas. Isto é o mesmo que acusar de “criminosos” os bombeiros, que, afinal, não conseguiram controlar o incêndio tão bem como se pretendia. Eis aonde nos levou, para já, uma regulação mais pormenorizada do sistema financeiro: fala-se mais dos bombeiros do que dos pirómanos. Os pirómanos, como é evidente, agradecem.

Da urgência da "fraternidade" - "Rouge" (1994)

Genebra, 1992. O último filme da trilogia das cores do realizador polaco Krzysztof Kieślowski e que, na verdade, foi a sua última produção (o cineasta morreria em 1996) é, na sequência do revisitar das três cores da bandeira francesa, às quais se associa o ideal também tríptico da Revolução de 1789, o que se exprime sobre a “fraternidade”.

Os laços humanos nesta sociedade pós-moderna são o mote para uma intensa trama psicológica em que a proximidade física e existencial entre pessoas, objectos e animais é, “malgré tout”, exaltada. Tal como o é o destino, essa “faída” entrelaçada e em que as histórias pessoais dos personagens se entrecruzam numa fotografia irrepreensível, com uma Irène Jacob deslumbrante em emoções e em capacidade quase camaleónica de se fundir nos espaços mais iluminados ou mais soturnos.

“Rouge” é uma reflexão pungente sobre a solidão, o “voyeurismo”, o conceito de verdade, as relações que perduram para a vida mesmo quando uma das partes decide não mais com ela prosseguir. Em todo este ciclo de Kieślowski somos nós que nos encontramos connosco mesmos, nas grandezas e fraquezas humanas. Nesta última parte, é a Amizade e não o Amor que nos salva de uma vida indigna, porque infeliz. 

E no desastre do ferry, em que os protagonistas de “Azul”, “Branco” e “Vermelho” se salvam, é a humanidade que vai condensada nesse mesmo salvamento, como que pretendendo mostrar a actualidade da liberdade, igualdade e fraternidade, o que não deixa de ser particularmente hodierno depois dos atentados em Paris e da esperada escalada da extrema-direita.

Mais de 20 anos depois, a mensagem do cineasta permanece actualíssima. Não podia ser de outro modo: a mole humana é a mesma, a solidariedade permanece, ainda que em tímidos acessos de quase loucura, a igualdade está por construir e a liberdade, essa, permanece como uma útil construção social.

O ciclo do realizador polaco devia integrar qualquer licenciatura. Aprende-se mais nele e com ele que em muitos manuais e “powerpoints”. E com as maravilhosas bandas sonoras de cada um dos filmes que o integram.

O fim de uma estratégia ruinosa

A gestão ruinosa do sector bancário ocupa um lugar central na explicação da crise que afecta a economia portuguesa desde 2001. A estratégia de desenvolvimento do país das últimas décadas assentou na adesão ao euro, que garantiria o acesso aos mercados financeiros internacionais. O crédito que chegaria por essa via financiaria o investimento que transformaria a estrutura da economia portuguesa. O crédito chegou a rodos. A transformação estrutural, pelo menos a que se esperava, não. 

O nosso sistema financeiro foi um eficaz intermediário na concessão de crédito às famílias, às empresas e ao Estado. Aquela eficácia permitiu que entre meados dos anos 90 e o início da crise financeira internacional - um período em que o crescimento do endividamento batia recordes em todo o mundo - a economia portuguesa tivesse uma das maiores taxas de crescimento do endividamento. Esse feito, de que todos beneficiámos numa determinada fase, levou-nos a considerar o nosso sector bancário como um dos melhores do mundo.

Mas se os bancos foram bem-sucedidos no seu papel de intermediação – canalizando as poupanças do exterior para a economia portuguesa – falharam rotundamente na afectação do crédito. O crédito foi direccionado na sua quase totalidade para os sectores não transaccionáveis, com a construção e o imobiliário à cabeça. Muito endividamento a financiar investimentos de baixo retorno conduziu à estagnação da economia portuguesa. Se os erros dos anos 90 podem ser compreendidos ou justificados, a persistência no erro até à intervenção da troika é mais difícil de explicar.

E só se consegue explicar pelas relações imbricadas entre o poder político, o sistema bancário e os grandes beneficiários do crédito. Estas relações têm a sua origem nas privatizações e na utilização que o Estado fez do maior banco do sistema: a Caixa Geral de Depósitos.
   
A falência do sistema bancário representa a falência da estratégia de desenvolvimento seguida pela economia portuguesa nas últimas décadas. Para sairmos deste buraco temos de perceber o que falhou.

Cortes e dádivas

Os cortes nos salários e nas pensões, ou o aumento da TSU, têm sido muito discutidos na sociedade portuguesa. Os anúncios de dádivas aos bancos são anunciados como factos consumados. Esperam-se explicações concretas sobre o destino (isto é, os beneficiários) de mais 2 mil milhões de euros - agora para o Banif.

Frases famosas 7


7. Disse o Almirante Nelson, devo todo o meu sucesso a estar sempre quinze minutos à frente do meu tempo. 

Em que ficamos?

A supervisão do Banif cabia o Banco de Portugal ou ao governo? Segundo o que leio na comunicação social acerca do discurso de Augusto Santos Silva no jantar de Natal da Federação Distrital do Porto do Partido Socialista (PS), subentendo que a falha de supervisão pertence ao antepenúltimo governo. Nesse caso, gostaria de saber porque é que os contribuintes portugueses têm de suportar o custo de um Banco de Portugal que não tem responsabilidade nenhuma quando um banco vai ao ar.

E a Caixa Geral de Depósitos também está sob a supervisão do governo? Já há compradores prospectivos no caso de ser vendida? Vai haver escândalos antes para o preço ser mais barato?

Little Earthquakes

"Oh these little earthquakes
Here we go again
These little earthquakes
Doesn't take much to rip us into pieces

[...]

Give me life, give me pain
Give me myself again..."

~ Tori Amos, Little Earthquakes

domingo, 20 de dezembro de 2015

Boas festas

A última vez que passei o Natal em Portugal foi em 1998. Tive o bom senso de, enquanto a minha mãe estava viva, lhe ter pedido algumas das receitas que ela fazia. Enquanto os nossos pais estão vivos, o amanhã parece ser muito certo, mas há sempre um amanhã que não é. Como a minha mãe tinha uma doença cardíaca, desde que eu me conheço, ela dizia-me sempre que o amanhã dela não era certo. Agradeço ao sistema de saúde português que a manteve viva até aos 64 anos e, nessa altura, eu já tinha a certeza da incerteza do seu amanhã. Mas isto não é para ser um post triste, pelo contrário.

Ontem, tive o prazer de receber cá em casa um casal de amigos para jantar. Ele é português e ela é brasileira. Como é meu costume, fiz as broínhas de natal que a minha mãe costumava fazer. São excelentes e é uma forma de eu partilhar Portugal com os outros. Por exemplo, costumo oferecer a cada um dos colegas de trabalho com quem mantenho mais contacto profissional um saquinho com uma ou duas broínhas pelo Natal, em vez de lhes dar apenas um cartão de Boas Festas. Ou então levo um tabuleiro cheio de broínhas para a cozinha comum do escritório. Uma vez, cheguei a enviá-las pelo correio aos meus amigos nos EUA; certificando-me antes de que estaríam em casa para as receber assim que chegassem.

Agora é a vossa vez: não posso receber-vos em minha casa, nem enviar-vos um pequeno pacote, por questões logísticas, mas posso dar-vos parte das tradições de Natal da minha casa. Aqui está a receita da minha mãe, que partilho convosco com muito carinho e votos de Boas Festas -- ou Feliz Natal, como preferirem...

Broínhas de Natal

Ingredientes
(em parênteses, estão as quantidades para 2/3 da receita, que eu costumo fazer)

  • 800 gr (533 gr) de batata
  • 200 gr (133 gr) de abóbora
  • 400 gr (267 gr) de açucar
  • Canela em pó a gosto
  • Erva doce a gosto
  • 3 (2) ovos inteiros
  • 500 gr (333 gr) de farinha de trigo com fermento, e mais alguma de reserva
  • 2 (1 1/3) colheres de chá de fermento em pó
  • Nozes a gosto: pinhões e nozes; podem também usar noz pecan (típica americana). Cortem as nozes em pedacinhos.
  • Frutas cristalizadas a gosto: cortem em pedacinhos. Uma alternativa mais saudável, é usar frutas desidratadas, que levam menos acucar no seu processamento.
  • Passas e sultanas, arandos secos (se tiverem), etc.

~ ~ ~

Notas:
  1. Nos EUA não vendem erva doce em pó e eu tive de usar um substituto. Eu tenho um moínho, como os de pimenta, onde moo estrela-de-anis, que é muito fragrante por ser uma moagem na hora. Se compram erva doce em pó, aqueçam por uns segundos no microondas ou sobre uma frigideira para libertar a sua fragrância, tendo o cuidado de não queimar.
  2. Misturar a farinha de trigo juntamente com o fermento antecipadamente e peneirar para minimizar grumos e assegurar que o fermento está bem distribuído.

Preparação:

Cozam a batata e a abóbora em água suficiente ou a vapor. Assim que estiver cozido, escorram e coloquem num prato destapado para o excesso de água evaporar. Enquanto ainda quente, passem pelo passe-vite ou esmaguem para uma taça de barro ou vidro. Juntem o açucar e mexam bem. O calor da batata e da abóbora derreterão o ácucar.

Adicionem agora a canela e a erva-doce para aproveitar o calor e tornar as especiarias mais fragrantes. Estando esta mistura morna, é altura de adicionar os ovos inteiros e bater bem. Junta-se a farinha com o fermento ao preparado de cima e incorpora-se; depois junta-se as frutas e nozes, distribuindo bem pela massa.

Liguem o forno para pré-aquecer em temperatura média-alta. Preparem os tabuleiros de metal onde irão cozer as broínhas, forrando o seu fundo com uma camada fina de farinha.

Regressando à massa, nesta altura testa-se a sua consistência. A massa tem de estar seca o suficiente que se consiga tender. Se não estiver, tem de se adicionar farinha aos poucos, peneirando-a e misturando-a com cuidado. Não é ideal deixar que a massa fique muito dura, pois isso também irá produzir broínhas que são muito densas.

Retira-se colheradas da massa (eu uso um servidor de bolas de gelado para medir, para ter mais consistência no tamanho), que se colocam numa tigela pequena –uma malga de barro é o ideal–onde se colocou alguma farinha. Tende-se a massa em broínhas redondas ou ovais, como preferirem, que se colocam sobre os tabuleiros forrados de farinha, deixando alguns espaço entre elas para que possam crescer à vontade sem se deformarem umas às outras. Notem que as broínhas ficam cobertas de farinha.

Leva-se o tabuleiro ao forno e coze-se por 20-30 minutos: coze-se por 20 minutos e verifica-se o seu progresso na cozedura, que dependerá do vosso forno, do material de que são feitos os tabuleiros, e do tamanho das broínhas. Se ainda não conseguirem inserir um palito numa broínha e ele sair seco, precisarão de cozer mais tempo. Vai-se acompanhanhando com regularidade até chegar ao ponto. O ideal é o forno ter uma janela de vidro para que não seja preciso abrir com frequência. Depois de cozidas, retiram as broínhas do tabuleiro e podem usar um pincel para retirar o excesso de farinha da parte de baixo. Colocar num prato de servir e desfrutar acompanhadas por café ou chá.