terça-feira, 22 de novembro de 2016

Maioria da minoria

A esquerda, para desculpar a religião islâmica dos ataques terroristas, costuma dizer que a grande maioria dos muçulmanos não é terrorista. A direita, claro, não pode negar esta afirmação, mas contrapõe: todos os atentados terroristas têm autoria dos muçulmanos.
Agora, com a eleição do Trump, é costume a direita dizer que é absurdo dizer que a maioria dos que votaram em Trump são supremacistas brancos, racistas, misóginos e xenófobos. Evidentemente que têm razão. Mas pode-se sempre contrapor que todos os supremacistas brancos, racistas e xenófobos votaram em Trump.
E, já agora, acrescente-se. Face ao que já se conhece de algumas nomeações que Trump fez, não dá sequer para argumentar que esses supremacistas brancos, racistas, misóginos e xenófobos votaram enganados. Para já, têm todas as razões para celebrar.

PS Desconte-se o exagero de "todos" quer num caso quer no outro.

8 comentários:

  1. Há uma pequena diferença entre "votar em" e "cometer actos terroristas".

    E há outra pequena diferença entre cometer actos terroristas com o acolhimento e apoio de organizações islâmicas, e dar o apoio a um candidato que nada pode fazer contra isso - excepto dizer que não quer esse apoio, e o Trump disse-o.

    Jorge Coelho

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    1. Trump disse que repudiava condicionalmente: "if that would make you feel better, I would certainly repudiate. I don’t know anything about him." Isto a propósito de David Duke, do KKK.
      http://www.newyorker.com/news/news-desk/donald-trump-and-the-ku-klux-klan-a-history

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    2. Ok, mas ele não disse apenas isso:

      No, Donald Trump did not refuse to reject the endorsement. From Politico.com:
      Donald Trump says he isn’t interested in the endorsement of David Duke, the anti-Semitic former Ku Klux Klan leader who praised the GOP presidential hopeful earlier this week on his radio show.
      “I don’t need his endorsement; I certainly wouldn’t want his endorsement,” Trump said during an interview with Bloomberg’s Mark Halperin and John Heilemann. He added: “I don’t need anyone’s endorsement.”

      Asked whether he would repudiate the endorsement, Trump said “Sure, I would if that would make you feel better.”

      From Washington Post:

      ABC NEWS: “So, are you prepared right now to make a clear and unequivocal statement renouncing the support of all white supremacists?”

      TRUMP: “Of course, I am. I mean, there’s nobody that’s done so much for equality as I have. You take a look at Palm Beach, Florida, I built the Mar-a-Lago Club, totally open to everybody; a club that frankly set a new standard in clubs and a new standard in Palm Beach and I’ve gotten great credit for it. That is totally open to everybody. So, of course, I am.”

      From CNN:
      “David Duke is a bad person, who I disavowed on numerous occasions over the years,” Trump said on MSNBC’s “Morning Joe.”
      “I disavowed him. I disavowed the KKK,” Trump added. “Do you want me to do it again for the 12th time? I disavowed him in the past, I disavow him now.”

      http://slatestarcodex.com/2016/11/16/you-are-still-crying-wolf/

      Jorge Coelho

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    3. Parece-me que na analogia da Rita Carreira, o equivalente a "cometer actos terroristas" não é "votar em [Trump]", é "ser racista" - a ideia parece-me ser "Nem todos os [votantes de Trump/muçulmanos] são [terroristas/racistas], mas quase todos os [terroristas/racistas brancos] são [muçulmanos/votantes de Trump]".

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    4. Explica lá onde é que eu fiz essa analogia. Eu mencionei que o Trump usou uma cláusula condicional e não absoluta. Onde é que eu fiz uma analogia para actos de terrorismo, já que sabes tanto acerca do que eu digo?

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    5. O Miguel enganou-se no autor do post. Estava a explicar (correctamente) a analogia que eu fiz e que o Jorge não percebeu.

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    6. "O Miguel enganou-se no autor do post."

      Exatamente - só agora, quando fui ao Facebook e vi o mesmo post no mural do LA-C é que percebi a confusão.

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  2. Certo, "ser racista" está para "votar em Trump", assim como "ser terrorista" está para "ser muçulmano". Confusão minha.

    Mas isso parece-me ser a parte menos importante desta conversa.
    O essencial é que ele se demarcou desses apoios que teve.
    A campanha da Hillary quis, e conseguiu, colar a imagem dele à de um novo Hitler e há muita gente com muita dificuldade em ultrapassar essa imagem. Mas não me parece que haja algo de verdade nisso.

    A ver vamos.

    Jorge Coelho

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