sábado, 12 de dezembro de 2015

Antes de escrever sobre os “rankings”…

Já antes de Nuno Crato ser ministro não o apreciava pelas suas opiniões sobre educação. Quando foi anunciado o seu nome para o elenco de Passos Coelho (recordo-me bem, estava na Universidade do Minho numa das sessões de um seminário sobre avaliação) não augurei nada de bom para a educação em Portugal. Continuo a pensar que Nuno Crato patrocinou medidas que prejudicaram uma evolução positiva do que estava a ser implementado, o que não quer dizer que tudo o que existia fosse excelente.

No entanto, há um sector para o qual Nuno Crato até poderá ter contribuído positivamente: na indiscutível melhoria que se verificou na organização e difusão de dados estatísticos, fruto da criação da Direcção-geral de Estatísticas da Educação e Ciência, que passou a facultar informação relevante para um trabalho mais consistente dos investigadores. A análise dos “rankings” agora divulgados pode assim ser diferente do que era quando começaram a ser conhecidos.

Mas sobre esse tema, peço mais um dia ou dois para emitir opinião.

6 comentários:

  1. Cândido, muito obrigado. Finalmente, tenho alguma coisa de bom a dizer sobre Crato.

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  2. Cândido, quando eu escrevi o meu "rant" pensei "Era bom era saber a opinião do Cândido, que é de educação. Ainda bem que a deu.

    Eu não conheço a obra de Nuno Crato aprofundamente, por isso digo que não tenho opinião formada. Mas acho que usar dados estatíticos para melhorar o ensino é o futuro: pouparia dinheiro ao estado, ao mesmo tempo que melhoraria a experiência dos alunos e dos professores, desde que os dados fossem bem usados, claro.

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  3. Uma pergunta à procura de resposta:

    Por que é no ensino secundário o privado vence e no superior acontece exactamente o contrário, salvo a Católica para confirmar a regra?

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. A respeito da questão que o Rui Fonseca coloca, eu em tempos tentei dar-lhe uma resposta; como nessa resposta até dei um exemplos dos EUA, até gostaria de saber o que os membros residentes ou ex-residentes nos EUA deste blogue acham:

    «Uma primeira explicação poderá residir no facto do ensino superior público selecionar os seus alunos (o que o torna qualitativamente diferente do básico e secundário, abertos a todos).

    No entanto, há outro factor que talvez possa contar - seria útil, quando se fala de "ensino privado", distinguir entre duas coisas diferentes: escolas privadas que, direta ou indiretamente, pertencem a pessoas, e que em principio têm por fim o lucro; e escolas privadas que pertencem a instituições, e que provavelmente visam outros fins que não o lucro (o exemplo mais típico será o das escolas ligadas à Igreja, mas talvez haja mais casos).

    Tal como o Rui nota, a Católica é uma exeção à regra da má imagem das universidades privadas, e tal não parece ser uma raridade portuguesa: p.ex., pelo que costumo ler em sites norte-americanos a "hierarquia do prestigio" das universidades norte-americanas parece-me ser, essencialmente, em primeiro lugar as universidades privadas "sem dono" (Harvard, Yale, etc., que estão organizadas sob a forma de fundações perpétuas, sendo a sua direção escolhida por um misto de representantes dos professores, dos antigos alunos e/ou de "figuras de prestígio" cooptadas ...); em segundo lugar, as universidades públicas (com as "state universities" talvez melhor vistas que os "community colleges"); e, em último, sendo frequentemente apontadas como "fábricas de diplomas", as chamadas "for-profits", as universidades privadas "como dono".

    Seria interessante se alguém pegasse nos tais rankings e fizesse um estudo tripartido, distinguindo a classificação do ensino privado "com" e "sem dono".»

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    1. Miguel e Rui, boas perguntas. Eu não tenho informação suficiente para responder completamente, mas posso dizer que as universidades americanas têm um sistema de legado: os filhos dos alumni têm alguma preferência de admissão, logo há um efeito de hereditariedade do benefício de lá ter estudado. Outra coisa é que nos EUA é muito focado o networking, porque para fazer qualquer coisa são precisas cartas de referência. Isso implica que o prestígio de quem passa as cartas é passado a quem as recebe, o que reenforça a persistência do prestígio da universidade.

      As Community Colleges estão abaixo das State Universities porque as primeiras são entidades de ensino e as segundas também têm responsabilidades de investigação. Grande parte do ranking das universidades vem da parte da investigação porque isso é que valoriza o corpo docente da universidade.

      Há uma grande diferença entre Portugal e os EUA: em Portugal, as universidades públicas foram fundadas antes das universidades privadas; nos EUA, Harvard foi a primeira universidade a ser fundada em 1636. Yale foi fundada em 1701, Princeton em 1746, Columbia em 1754, etc. As públicas, muitas das quais derivam das land grant universities, foram fundadas através do Morrill Acts de 1862 e 1890 (leis de Morrill). Por exemplo, a Cornell é privada, mas também é land grant e foi fundada em 1865. As land-grant universities tinham responsabilidades que em Portugal corresponderiam a institutos, pois o propósito dessas universidades era apoiar a agricultura e as engenharias/indústria, ou seja, o seu ensino era essencialmente aplicado à economia da época.

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