segunda-feira, 29 de junho de 2015

Et tu, Der Spiegel?!?

"For the past five years, politicians within the euro zone, under German Chancellor Angela Merkel's unofficial leadership, have shirked painful decisions that might have helped to solve the debt crisis in Greece. The consequence has been that the problems have been protracted rather than solved."

Fonte: Christian Rickens, editorial no Der Spiegel

3 comentários:

  1. Rita, o que me chateia particularmente é que o debate está de tal maneira polarizado que é uma conversa de surdos - e enquanto as pessoas não perceberam que TODOS os intervenientes cometeram erros e alguns graves, que a culpa é DE TODOS, isto não vai sair daqui.

    Por estranho que possa parecer, a pessoa mais sensata no meio disto tem sido a Angela Merkel, que tem tentado dar uma no cravo e outra na ferradura. No entanto - e olhando para o panorama alemão - ela não se quer expôr excessivamente a atanques vindos da sua direita, nomeadamente do CSU bávaro e do Ministro das Finanças.

    Como alguém escreveu hoje (peço desculpa, não sei a fonte de cabeça), conseguiram transformar um pequeno problema orçamental (dívida de +/- 100% do PIB e défice de 7%, na altura em que a inflação valia 2% e o crescimento estava em outros 2%) numa quebra de 25% do PIB, uma dívida que já vai acima dos 180% e um défice que continua, muito por culpa dos juros. É absolutamente insano! Tivessem eles há 5 anos atrás feito um haircut (a privados) em vez de andarem com resgates e programas e já tinha ido tudo ao sítio.

    Pelo outro lado, temos um Governo Grego que toca os extremos (direita e esquerda), que - para variar - prometeu o que depois não pode cumprir mas com a agravante de uma falta gritante de pragmatismo aliado a um (very refreshing) idealismo de cumprir o programa eleitoral.

    Après nous le déluge, pensará a mente colectiva do Syriza e a tecnocracia de Bruxelas. Estão bem uns para os outros.

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    1. Discordo completamente. Angela Merkel é a razão desta loucura se prolongar. Basta pensar que ela fez manutenção da crise até ganhar as eleições na Alemanha. Ela coloca o seu bem-estar político à frente do bem-estar da UE. Até Helmut Khol se distanciou dela politicamente e ele foi o seu mentor. http://time.com/3474479/angela-merkel-helmut-kohl-biography/

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    2. A Angela Merkel pode ter mais importância e ser mais decisiva, mas está longe de ser quem está mais extremada contra a Grécia. Basta ver países como Finlândia (suspeito que Holanda também) e os pequenos países mais pobres como Eslováquia, Lituânia e Estónia.

      O que a Rita Carreira parece ignorar é a estratégia grega que torna impossível qualquer confiança. Repare que até há pouco tempo as coisas começaram a aliviar (tal como medidas do BCE que chegaram a ter efeitos na Grécia), mas de repente esta estratégia populista de Tsipras dá nisto.

      Não acho que haja propostas concretas de radicalismo, mas a maior parte da estratégia mediática grega só pode ser propositada para um Grexit apontando a UE como culpada. Ora a dívida alemã pós-guerra (como se fosse a mesma coisa vir de uma guerra), a chantagem "saimos nós, vai o Euro atrás", os discursos pífios em propostas concretas com discurso agreste nos media ao mesmo tempo que querem pedir um plano de assistência, agora um referendo marcado com 1 semana de antecedência em que aniquila as hipóteses de extensão com Syriza no governo.

      Isto só pode ser propositado para um Grexit. É uma estratégia que já se desconfiava desde o início em que o jogo seria colocar o ónus do outro lado (e será que o Eurogrupo também não quererá o mesmo?).

      Se podia ser diferente a abordagem da UE, acho que sim. Mas parece-me que ia dar ao mesmo, tendo em conta que não iam mudar radicalmente as políticas do euro (aqui é política, pode-se concordar, discordar, mas os outros 18 também têm direito às suas democracias).

      Estou com o LA-C neste ponto. O EUA querem resolver este assunto? Façam a assistência financeira directamente (e quiçá partilhem o dólar). É irónico ver grande parte da esquerda portuguesa a aplaudir o discurso dos EUA em assuntos de outros estados. (nota: acho legítimo, mas é irónico ver diversas pessoas que contestam essas atitudes, estarem radiantes quando a motivação dos EUA é puramente geo-estratégica)

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