sexta-feira, 26 de junho de 2015

Ordens de razão na negociação entre a troica e a Grécia

O impasse nas negociações entre a troica e a Grécia tem gerado uma enorme perplexidade. Os custos elevados gerados pela incerteza em relação ao desfecho das negociações parecem só poder ser justificados por uma qualquer forma de irracionalidade. 
E se, de facto, nenhuma das partes estiver interessada em alcançar um acordo?    
Para as democracias ocidentais, com governos suportados por partidos que defendem a existência de uma economia de mercado, e que acreditam que o seu aperfeiçoamento deve ser procurado por pequenos passos, é irracional correr os riscos que o Governo grego está a correr. No entanto, quem detém o poder na Grécia são partidos de extrema esquerda e de extrema direita, que abominam as bases em que assentam as sociedades ocidentais e que, de forma mais ou menos dissimulada, desejam a subversão da ordem das coisas. Ou seja, a disrupção da economia e da sociedade grega, que resultará da saída do euro, não tem para o governo grego os custos que os defensores das democracias ocidentais lhe atribuem.
Do lado das instituições europeias podem também existir razões para manter o actual impasse. No momento em que se discute a alteração das regras europeias para melhorar a governação do euro, a saída da Grécia pode ser vista pelos países do norte da Europa como a melhor solução para disciplinar os países membros da União Económica e Monetária, evitando assim o aprofundamento da integração.
Ou seja, talvez ambas as partes pretendam o mesmo resultado, mas ambas pretendem que o ónus dessa decisão seja suportado pela outra parte. 

5 comentários:

  1. "quem detém o poder na Grécia são partidos de extrema esquerda e de extrema direita, que abominam as bases em que assentam as sociedades ocidentais e que, de forma mais ou menos dissimulada, desejam a subversão da ordem das coisas." Deve ser por não usarem gravata!!!
    Há que a todo o custo evitar "o aprofundamento da integração." O que seria de todos nós se nos obrigassem a deixar a gravata em casa! Agora que nenhuma das partes envolvidas deseje ser conotada com o falhanço das negociações, parece-me demasiado óbvio. Só nos resta identificar qual das duas partes estará menos interessado num acordo e aí todos os n/ preconceitos vêm ao de cima: claro que nunca serão os defensores da economia de mercado, nem que seja com pequenos passos....coelho!

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  2. mas tem alguma dúvida que os partidos da coligação na Grécia são anti-sistema?

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  3. Tenho sim senhor, embora conviesse dizer o que entende por ser anti-sistema. São aqueles que pedem indemnizações de guerra aos alemães? ou aqueles que estão dia sim dia não a caminho de Bruxelas para aturar o Junker e o Donald, ou de Berlim para aturar o Schaeuble e a Merkel? Pelo menos escapam ao PPC e à Maria Luis a maioria das vezes...;-)

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  4. Fernando Alexandre, não vale a pena perder tempo com pessoas como o Machado - eles não querem ver e, alem disso, gostam de nadar contra a corrente. São uma minoria, mas existem e temos que os respeitar.

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    1. Muito lhe agradeço, quem quer que seja, a condescendência de me deixar existir e até, imagine-se, respeitar. Não perca comigo + nenhum do seu precioso tempo! Se o ridículo matasse...

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