terça-feira, 30 de junho de 2015

Arranjem um quarto!

O que mais me incomoda na novela greco-alemã não é a novela em si; são os participantes. Decide-se algo que afecta toda a União Europeia (e até o resto do mundo), mas os participantes mais activos na discussão são a Alemanha e a Grécia. Que estes dois façam mais barulho do que o resto dos outros todos juntos é obra, só por si. O resto dos países age como se não tivesse interesses a defender no caso.

Se eu fosse Deus--não sou, sou apenas uma deusa de pouco mais de metro e meio--, mandaria a Alemanha e a Grécia para o canto do Parlamento Europeu e mandava-os estar calados. Seria género uma média olímpica: tira-se o mais forte e o mais fraco e fica-se com o resto dos países a tomar decisões. Olé!?! Será por causa disso que o edifício sede do Parlamento Europeu é redondo? Não dá para meter ninguém no canto. E, ainda por cima, o Parlamento Europeu, que é a entidade com mais representatividade democrática na UE, é a que tem menos voz e poder nesta história toda. Heil Troika!

Brincadeiras à parte, o Der Spiegel publicou umas contas onde se calcula as perdas máximas potenciais para a Alemanha, se a Grécia for ao ar. Depois fizeram uns bonecos; o mais giro é este aqui de baixo. No máximo, as perdas cumulativas estimadas serão de €84,5 mil milhões só para a Alemanha e prolongar-se-ão até depois de 2050. É óbvio que a Grécia não irá a lado nenhum.

Como se diz nos EUA, Grécia e Alemanha arranjem um quarto; já estamos fartos de tanto PDA (public display of affection).

Matemática dos mercados

Ontem, a fortuna das 400 pessoas mais ricas do mundo desceu $70 mil milhões por causa da turbulência da Grécia e da China. A Grécia precisa de €1,6 mil milhões para sobreviver a esta crise, ou seja, precisa de 2,5% da flutuação que os 400 mais ricos sofreram ontem.

Crowdfunding para a Grécia

De Londres, com amor, um projecto de crowdfunding para angariar fundos para a Grécia:

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Loucura

Não faço ideia quanto nos custaria sair do euro, nem sei avaliar quanto nos custa continuar. Sempre desconfiei dos alargamentos. Nunca fui um entusiasta da moeda única. Para mim, a “Europa” devia ser apenas uma zona de comércio livre, como defendem os ingleses. Sem políticas comuns, sem nenhuma burocracia. Agora, que o euro treme por todos os lados com o abanão da Grécia, alguns génios defendem como solução mais integração: aprofundamento da união bancária, união orçamental e, cereja em cima do bolo, um estado federal. É preciso não saber nada de história para sonhar sequer com um Estado federal europeu.

Referende-se: um Cenário Idílico (II)

Parece que Vital Moreira, tal como eu, está de esperanças.

Et tu, Der Spiegel?!?

"For the past five years, politicians within the euro zone, under German Chancellor Angela Merkel's unofficial leadership, have shirked painful decisions that might have helped to solve the debt crisis in Greece. The consequence has been that the problems have been protracted rather than solved."

Fonte: Christian Rickens, editorial no Der Spiegel

Tragicomédia greco-alemã...

"With a Greek exit from the euro zone suddenly a real possibility yet again, investors woke up Monday morning looking for a place to hide. [...] Investors piled into debt from the U.S. and German governments as the traditional safe haven assets of financial markets proved their worth again."

Fonte: Bloomberg

Coitadinha da Alemanha, toda a gente quer comprar a sua dívida...

O fim da irreversibilidade do euro

Independentemente do curso dos acontecimentos na Grécia, a actual crise já pôs fim à crença da irreversibilidade do euro. Se houvesse dúvidas em relação a isso, as declarações de François Hollande e de outros líderes europeus, comentando o significado do referendo de 5 de julho na Grécia, dissiparam-nas.
A irreversibilidade do euro tem sido apontada como uma condição necessária para a credibilidade da União Económica e Monetária. No entanto, como todos sabemos desde o início da sua criação, a zona do euro tem muitas falhas no seu modelo de governação. A zona do euro não foi desenhada para acolher as chamadas economias periféricas, tendo a sua participação surpreendido os mentores do euro. Esta surpresa explica, em parte, a inexistência de instrumentos de política económica que permitam acomodar choques que afectem os Estados-membros da zona euro assimetricamente, bem como impedir a acumulação de desequilíbrios como aqueles que estiveram na origem da actual crise.
As soluções para as falhas no modelo de governação da zona do euro estão identificadas: aprofundamento da integração, isto é, uma maior centralização das políticas na União Europeia e no eurogrupo. De facto, as propostas consideradas essenciais à sobrevivência do euro – veja-se, por exemplo, a recente carta dirigida à Comissão Europeia por um conjunto de personalidades de vários países, em que se incluía Vítor Bento – vão no sentido de concluir a união bancária e de se avançar a breve trecho para uma união fiscal, orçamental e política.
O recrudescimento dos movimentos nacionalistas por toda a Europa não augura sucesso para uma estratégia que coarte a soberania dos países e que implique maior partilha de riscos. Apesar da defesa que o governo português e de outros países têm feito da via de maior integração para a resolução da crise do euro, os países do norte da Europa não vêem com bons olhos esses projectos, antecipando os custos que daí poderão advir no futuro para os seus contribuintes.
Como referi no meu post anterior, é verosímil que muitos representantes dos países do norte da Europa estejam dispostos a suportar os custos da saída da Grécia da zona do euro, esperando que a reversibilidade da participação na UEM funcione como instrumento disciplinador das políticas dos Estados-membros. 
Depois desta crise, a UEM não será a mesma. Sendo a participação no euro reversível, os países voltarão a discutir as vantagens e desvantagens de participarem na moeda única. Os mercados também farão essa avaliação.

E telefonar ao Tsipras, não?

Obama telefona a Merkel: é preciso evitar que a Grécia saia da zona euro


E telefonar ao Tsipras a dizer que os EUA emprestam à Grécia o dinheiro necessário para pagar o empréstimo do FMI que vence amanhã, não seria uma excelente forma de demonstrar solidariedade? Put your money where your mouth is.

Referende-se: um Cenário Idílico

Este referendo é a oportunidade que os gregos têm de corrigir a escolha que fizeram em Janeiro. Podem votar a favor do acordo massivamente. Se o fizerem, o governo grego terá de se demitir e convocar eleições. Nessas eleições podem eleger uns tipos responsáveis. Se assim acontecer, podem ganhar a opinião pública europeia e a Europa não terá alternativa que não a de apoiar o novo governo grego e de ser mais realista e flexível.

domingo, 28 de junho de 2015

Preciso de uma cunha!

A Vera, que infelizmente não pode escrever no nosso blogue, mas de quem eu gosto muito e tem um sentido de humor fenomenal, partilhou no Facebook esta notícia sobre a Autoridade Tributária (AT). Alguém, no Fisco, decidiu que não era suficiente penhorar as gambas e o bacalhau de uma refeição fornecida por um restaurante, que deve ao Ministério das Finanças, a uma empresa. A AT na sua sapiência decidiu penhorar também o empregado de mesa que serviu a refeição. Eu cogito que a refeição foi servida em Fevereiro, logo quero acreditar que, por esta altura, já virou merda. É óbvio que só o empregado que forneceu a refeição é que se aproveita, logo isto foi um excelente serviço da AT. E é também uma maravilha surrealista!

Quando eu li isto, decidi-me imediatamente: quero imigrar para Portugal e quero ir trabalhar para a Autoridade Tributária para poder penhorar empregados de mesa giros. Por isso, meus amigos, preciso de uma cunha urgentemente. É que eu, em Portugal, não sou reconhecida pelo meu talento, logo tem de ser à base de cunha. No entanto, garanto-vos que eu sei penhorar empregados de mesa, logo sou muito qualificada para este trabalho. E, apesar de eu não saber fazer contas de cabeça -- preciso de papel e lápis --, sei programar em SAS, R, Stata, GRETL, e VBA para Excel. Também sei um bocadinho de SQL, mas não sou proficiente, mas eu aprendo rapidamente--em menos de três meses, estou treinada em qualquer coisa.

Obrigada pela vossa ajuda...

sábado, 27 de junho de 2015

Referende-se

Como defensor do uso alargado do referendo, só posso ficar contente com a decisão do governo grego de pôr o futuro da Grécia nas mãos dos gregos. Com um governo que recusa as provações mas que diz que não tem mandato para sair do Euro, recorrer à democracia directa é, provavelmente, a única saída. Deverá ser claro para todos o que está em jogo: os gregos serão confrontados com a decisão de suportar as provações associadas a um novo empréstimo ou de sair do Euro.

O principal problema do referendo grego será mesmo a gestão financeira e bancária desta semana. Mas espero que não se volte atrás. Grande parte do actual impasse teria sido evitado se a UE não tivesse impedido o referendo há uns anos. Veremos como vai reagir a este anúncio.

PS Espero que o governo português esteja a negociar com muito empenho o apoio do BCE à banca. Os próximos tempos serão arriscadíssimos.
PPS Quero ver quem torna a gozar com os cofres cheios da ministra das finanças.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Espera

Espero o tempo que não passa,
Num dia que não corre,
Em frente a uma vidraça,
Enquanto a luz morre.

Aqui, sem o estar;
Assim, sem o sentir;
Espero por ti até chegar
O dia em que hás-de vir.

Morta ou viva na América?

Estará a poesia morta ou viva na América? Boa noite para vós...

Do not go gentle into that good night
Dylan Thomas, 1914 - 1953

Do not go gentle into that good night,
Old age should burn and rave at close of day;
Rage, rage against the dying of the light.

Though wise men at their end know dark is right,
Because their words had forked no lightning they
Do not go gentle into that good night.

Good men, the last wave by, crying how bright
Their frail deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage against the dying of the light.

Wild men who caught and sang the sun in flight,
And learn, too late, they grieved it on its way,
Do not go gentle into that good night.

Grave men, near death, who see with blinding sight
Blind eyes could blaze like meteors and be gay,
Rage, rage against the dying of the light.

And you, my father, there on the sad height,
Curse, bless, me now with your fierce tears, I pray.
Do not go gentle into that good night.
Rage, rage against the dying of the light.

Espectadora muito feliz...

Recebi mesmo agora a Wine Spectator. Olhem, viva o Porto!


Tragédia grega: preparem o dinheiro para as pipocas

Na segunda-feira, o Tom Keene publicou uma opinião na Bloomberg onde argumentava que a "recessão" que a Grécia está a sofrer por causa da crise da dívida soberana é mais grave do que foi a Grande Depressão nos EUA. É muito difícil medir com exactidão ambas as crises porque, nos anos 30, a recolha de dados não era tão boa como agora; por outro lado, os dados relativos à Grécia são um "bocadinho esotéricos", com muitas camadas de incerteza, tal qual uma baklava numérica.

Tendo em conta estas dificuldades, o Tom apresenta o gráfico abaixo, onde a linha branca representa a evolução do PIB grego e as bolas representam momentos críticos no PIB americano durante a Grande Depressão. Presumindo que ambos os PIBs eram iguais no início da crise, corresponde a 1929 para os EUA e a 2007 para a Grécia, ilustrado no gráfico pelo círculo azul situado mais à esquerda, podemos ver que a linha branca tem caído muito mais do que os círculos. O círculo vermelho indica o pior ponto dos EUA, que foi 1933, a partir do qual as coisas começaram a melhorar. Ou seja, ao fim de quatro anos maus, os EUA começaram a melhorar; a Grécia já vai no oitavo ano mau e sinais de melhoria nem em sonhos se encontram.

A comparison of Greece 2007 with the U.S. 1929 (semi-log): The white series is inflation-adjusted Greek GDP. Overlaid are moments within America's Great Depression 1929-1941. The pivot-point comparing Greece to 1930s America is the left blue circle.

São significativos dois pontos:

  1. A semana passada toda a gente nos queria vender a ideia que Junho 22, segunda-feira, seria o dia D. Tudo se decidiria nesse dia. Hoje é sexta-feira, 26, e nada ainda foi decidido, mas parece que o dia D vai ser amanhã, que é Sábado--faz sentido, pois Sábado até tem um "d". Quantos dias D é que já houve nesta crise? Qual a credibilidade de anunciar mais dias D?
  2. O artigo do Tom Keene ilustra uma atitude diferente da europeia relativamente à Grécia: a maneira como ele enquadra a tragédia grega, comparando-a a um dos episódios que causaram mais sofrimento nos EUA, indica uma atitude de maior compaixão do que a que se vê nos media europeus.
Não há qualquer indicação que este fim-de-semana seja o fim da tragédia grega, é apenas um intervalo até um outro dia D. Quando eu penso na Grécia, a comparação que me ocorre é a de um tóxico-dependente: se o dono de uma farmácia fechar um tóxico-dependente na farmácia sozinho e o tóxico-dependente causar estragos, de quem é a culpa?

Os gays podem beijar-se?

O Supremo Tribunal de Justiça americano diz que os gays se podem casar. Viva, viva! Agora, será que se podem beijar? Nos comentários a este vídeo no YouTube podem ver a resposta...

Ordens de razão na negociação entre a troica e a Grécia

O impasse nas negociações entre a troica e a Grécia tem gerado uma enorme perplexidade. Os custos elevados gerados pela incerteza em relação ao desfecho das negociações parecem só poder ser justificados por uma qualquer forma de irracionalidade. 
E se, de facto, nenhuma das partes estiver interessada em alcançar um acordo?    
Para as democracias ocidentais, com governos suportados por partidos que defendem a existência de uma economia de mercado, e que acreditam que o seu aperfeiçoamento deve ser procurado por pequenos passos, é irracional correr os riscos que o Governo grego está a correr. No entanto, quem detém o poder na Grécia são partidos de extrema esquerda e de extrema direita, que abominam as bases em que assentam as sociedades ocidentais e que, de forma mais ou menos dissimulada, desejam a subversão da ordem das coisas. Ou seja, a disrupção da economia e da sociedade grega, que resultará da saída do euro, não tem para o governo grego os custos que os defensores das democracias ocidentais lhe atribuem.
Do lado das instituições europeias podem também existir razões para manter o actual impasse. No momento em que se discute a alteração das regras europeias para melhorar a governação do euro, a saída da Grécia pode ser vista pelos países do norte da Europa como a melhor solução para disciplinar os países membros da União Económica e Monetária, evitando assim o aprofundamento da integração.
Ou seja, talvez ambas as partes pretendam o mesmo resultado, mas ambas pretendem que o ónus dessa decisão seja suportado pela outra parte. 

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Procura-se esfregona...

Há uma emigrante portuguesa em Los Angeles, CA, que não consegue encontrar uma esfregona e um balde. Juro-vos que é verdade! Diz ela no Dinheiro Vivo:
3. Baldes com espremedor e esfregona. Está na minha lista de coisas a trazer quando for de férias a Portugal, porque aqui não existe. Há grande variedade de esponjas descartáveis, mas o conceito de um espremedor num balde quase deixou um empregado da Lowe"s a dar gargalhadas na minha cara. Fui a uma dezena de lojas e supermercados e nem sinal.

Vocês sabem que eu já vivi em muitos sítios nos EUA (Oklahoma, Arkansas, Tennessee, e Texas) --e é lógico que visitei muitos outros sítios também-- e sempre, mesmo quando eu andava no meio do nada, era possível encontrar uma esfregona com um balde de esfregona--chama-se mop e mop bucket with wringer. Reparem que, se tem nome, é evidência forte que a coisa existe em algum sítio. É vendida de certeza no Walmart; se vocês gostam de algo um bocado mais giro, vão ao Target. Mas o Lowe's também tem e o Home Depot. Sinceramente, não percebo o problema desta rapariga. Ela até sabe que a Internet existe...

Sabem de que é que eu tenho saudades? Couves, bom peixe, enchidos portugueses, queijo de cabra fresco, requeijão, pastelaria portuguesa, cafés e esplanadas à beira-mar, o meu Oceano Atlântico, e livros em português nas livrarias.

Objectifiquem-se os homens

No Sábado passado, fui ao Kafe Leopold, em Georgetown, com um dos meus melhores amigos, o I., que é gay. À saída, estávamos parados numa luz vermelha, no cruzamento da 33rd St. NW e M St. NW, à espera de virar à esquerda, quando o I. me diz "That guy has such cute legs. He should be wearing shorter shorts." Eu olho na direcção que ele aponta, mas vejo um homem alto de calções, com umas pernas fininhas--não fiquei impressionada. O I. corrige-me: "Not that one. You probably can't see the one I am talking about." Lá olho outra vez com mais cuidado, tentando encontrar o fulaninho por detrás de um poste e do homem de pernas fininhas.

Quando a luz fica verde e nós avançamos, vejo as pernas do rapaz em toda a sua "glória". Era um moço, que vestia uns calções até meio da perna de comprimento, e tinha as pernas bem feitas, mas depiladas. Eu disse ao I., horrorizada, "He shaves his legs!". Isso para mim é o beijo da morte.

Entretanto, o meu adorado I. já estava a baixar o vidro da janela e a assobiar ao moço. Eu digo " He's going to think that I'm the one whistling at him.", quer dizer, eu ia fazer figura de parva porque era óbvio, pela sua aparência e pela forma como se movimentava, que o moço não jogava na minha equipa. O I. responde-me: "Rita, we need to objectify men. People do that to women all the time."

OK, pronto, está bem... O rapaz que se considere objectificado. Eu antes já tinha tentado objectificar homens ao comer um Croque Monsieur e beber um Hugo; mas, claramente, fiquei muito aquém do meu potencial...

Georgetown, M St.

Cadys Alley, onde fica o Kafe Leopold

O meu Hugo

A minha sobremesa: estava muito boa, mas, de aprência, parecia muito melhor no expositor do que no meu prato.

A insuficiência das palavras...

Há coisas para as quais as palavras são insuficientes. Hoje foi dada a sentença de morte a Dzhokhar Tsarnaev, que ajudou o irmão mais velho a planear e a implementar o atentado de Boston. Eu sou contra a pena de morte. Acho que o estado não tem o direito de tirar a vida de ninguém, mesmo sabendo da culpabilidade da pessoa como é este o caso.

Tsarnaev dirigiu-se às vítimas e à sua família e pediu desculpa. As suas palavras foram e são insuficientes para apaziguar o sofrimento das vítimas. Uma das vítimas, uma senhora de Houston, Rebekah Gregory, que perdeu uma perna no atentado, também se dirigiu a ele e disse-lhe:

"While your intention was to destroy America, what you and your brother [have] done has unified us. We are Boston Strong. We are America strong. So how’s that for your victim impact statement?"
Achei as palavras dela insuficientes também. E achei-as cruéis. Ele foi condenado à morte, não era preciso reduzir as palavras que ele disse ao nada. Na terra do "olho por olho", toda a gente acaba cega. O que ele fez não tem desculpa, mas isso não nos dá o direito de lhe negar o arrependimento que ele diz sentir. Não seria mais nobre ouvir e aceitar as palavras que tentam exprimir o que ele sente? Ele não era obrigado a dizê-las, mas escolheu fazê-lo.

Este fim-de-semana, conversei com um amigo meu sobre o caso e ele deu-me a versão menos conhecida da história do irmão mais velho, Tamerlan. A Masha Gessen, uma jornalista russa, escreveu um livro onde explora alguns destes tópicos. Aqui estão excertos de uma entrevista dela disponível na página da NPR:

On the Tsarnaev family immigrating right after Sept. 11 They were used to being suspect; they were used to always being outsiders and ... always having to prove that they were not criminals. The other thing that was happening at the same time was that Russia and the United States were entering into a new alliance against so-called international Islamic terrorism. And the reason why I say "so-called" was because for Russia this was actually a great opportunity to squash any criticism of the wars it has been waging in Chechnya and Dagestan, which now got reframed as "wars against Islamic terrorism."

On Tamerlan's immigration experience

He was 16, which is a horrible age to immigrate. And it was also a very difficult moment for the family because he was their firstborn who they believed was destined for greatness. But he was too old to really go to high school and get into a good college, so how were they going to make sure that he got the "greatness" that he deserved? The whole family and some friends were mobilized to figure this out.

They decided that he was going to become a boxing star — that he was going to become a boxer and join the U.S. Olympic team. One of the weird tragedies of this story is that this wasn't an unrealistic dream. It wasn't crazy. He was that talented. Immediately after he started boxing, he started winning amateur competitions. He may very well have been on his way to the U.S. Olympic team.

He didn't make it, apparently, because right around the time that he would've qualified, the amateur competitive circuit changed its rules to disqualify non-U.S. citizens. So he had permanent residence, but not U.S. citizenship, and he could no longer compete.

O irmão Tsarnaev mais velho, Tamerlan, poderia ter participado na equipa olímpica americana de boxe, mas os EUA mudaram as regras e só cidadãos americanos podiam entrar numa equipa olímpica. No caso dele, nunca poderia tornar-se cidadão americano pois essa opção foi vedada ao tipo de refugiado que ele era. Aliás, segundo me disse o meu amigo, Tamerlan nem sequer poderia sair e entrar nos EUA à vontade, como um residente permanente normal--era necessário pedir autorização às autoridades.

Foram tratados como se fossem perigosos antes de se tornarem perigosos, tudo porque quando jovens se tornaram refugiados nos EUA, pois nasceram no sítio errado e na altura errada. O destino deles foi determinado pela sorte: por muito esforçados que fossem, nunca deixariam de ser suspeitos. Porque é que nos surpreende que a realidade tenha confirmado a expectativa?

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Siri has a dirty mind...

Today, I asked Siri to play one of my favorite albums: Cendre, by Fennesz and Sakamoto. I told her "Play Fennesz and Sakamoto". She thought I was asking for "Fitness and suck him". Maybe that's the new Katy Perry band or something--who knows what goes on within Siri's dirty mind, I mean algorithm?



Or maybe Siri thought that, since it is hump day (Wednesday), we should all have fun tonight and search for "fitness and suck him" between the sheets, rather than in the iPhone. So here's the soundtrack for tonight's adventure, folks:

terça-feira, 23 de junho de 2015

O acordo que unifica a língua

Esta merda é extraordinária. Lê-se e não se acredita. Numa reunião da CPLP a acta final foi escrita simultaneamente em duas grafias diferentes. Isto porque Angola e Moçambique se recusaram a assinar uma "Ata". O Acordo Ortográfica que ia unificar a língua portuguesa deu nisto. Brilhante resultado.

O mais interessante disto é que quem é a favor do AO (tipicamente com o argumento de que é necessário unificar a língua) vai achar que isto é totalmente irrelevante. É normal que assim seja, quando uma política tem um dado objectivo, o que interessa é a bondade desse objectivo e não se esse objectivo é atingido ou não.

"Fala inglês?"

Estou no aeroporto Ronald Reagan, em Washington, DC; cheguei aqui de metro. Imaginem que os americanos têm aeroportos na cidade e os portugueses querem fechar o de Lisboa. Um amigo meu, que vive em Nova Iorque, viaja por todo o mundo, e trabalha em "venture capital", uma vez disse-me que a Grécia nunca conseguiria atrair investimento internacional porque Atenas era servida por um aeroporto que ficava demasiado longe da cidade. Aqui está uma foto do aeroporto do Presidente Reagan--é pequenino mas aconchegante. 


Mas o que me interessa verdadeiramente é a comida. Eu adoro comer... Como as companhias aéreas já não nos alimentam, eu parei num bar para o brunch. Decidi-me por uma coisa tipicamente americana--waffles com bacon e ovos. O empregado de mesa perguntou-me como é que eu queria os ovos. Eu disse "over-easy", mas ele desaprovou e achou que eu não sabia inglês. Para lhe fazer a vontade, eu disse-lhe "over-medium", apesar de elequerer  que eu comesse ovos mexidos. Como a consistência não é o forte da casa, veio um "over-easy" e outro "well done".  


O empregado é de Marrocos. Veio para cá aos 26 anos, ele já deve ser cinquentão. Eu disse-lhe que vim aos 25. Ele diz-me que eu ainda tenho 25. Viva a América. Há sempre alguém que nos eleva o ego, depois de nos dizer que não falamos bem inglês. 

segunda-feira, 22 de junho de 2015

O Especialista em Teoria dos Jogos

Ignacio Palacios-Huerta, professor de economia na London School of Economics, é um reputadíssimo especialista em Teoria dos Jogos. Num dos seus artigos científicos mais engraçados, Palacios-Huerta viu a marcação do penalti como um jogo não-cooperativo em que simultaneamente o marcador tem de decidir se atira para a esquerda ou para a direita e o guarda-redes tem de decidir se se atira para a esquerda ou para a direita (esqueçam a hipótese de a bola ir para o centro). 

Usando dados reais sobre marcação de penaltis, testou um modelo matemático adequado a este tipo de jogo. Para tal recolheu dados para todos os penáltis marcados entre 1995 e 2000 (quase 1500) nos principais campeonatos europeus (Itália, Inglaterra e Espanha) e estudou-os.

Se o avançado seguir a estratégia óptima, atirará mais vezes a bola para o seu lado mais forte, mas também algumas vezes para o seu lado mais fraco (se atirasse sempre para o mesmo lado, facilitava a tarefa de adivinhação do guarda-redes). A solução óptima é tal que, no momento do remate, as probabilidades de golo são iguais quer chute para o seu lado mais forte ou mais fraco. Ao guarda-redes aplica-se um raciocínio semelhante. Mais, as escolhas dos jogadores devem parecer puramente aleatórias para não serem previsíveis.

A que conclusões chegou Palacio-Huerta? Escrevi sobre o assunto num artigo passado. Os jogadores de elite, como Figo ou Zidane, são estrategas exímios. E, mesmo que não saibam  Teoria dos Jogos, a verdade é que se comportam como soubessem. “Os marcadores de penaltis escolhem o lado para onde atiram a bola de forma que a probabilidade de marcar golo é praticamente igual, quer chutem para a esquerda ou para a direita. A probabilidade de um guarda-redes defender o chuto é também igual, quer se atire para a esquerda ou para a direita. Finalmente, não vale a pena tentar prever se o remate vai ser enviado para um lado ou para o outro, ou para que lado mergulha o guarda-redes. Tal como o previsto, essas decisões são, regra geral, imprevisíveis.”


Que conclusões tirar? Possivelmente, poucas pessoas terão estudado tanto Teoria dos Jogos e estratégias óptimas para a marcação de penaltis como o Professor Palacios-Huerta. Por outro lado, muito provavelmente, poucas pessoas terão estudado tão pouco Teoria dos Jogos como Jardel ou Ronaldo. Mas, no momento de marcar o penalti pela nossa equipa, quem é que preferimos? O Cristiano Ronaldo ou Palacios-Huerta, professor de economia, especialista em estratégia do penalti?

domingo, 21 de junho de 2015

Mount Vernon, VA

Tal como vos prometi, aqui vão umas fotos da propriedade do George Washington. Aproveitei para fazer alguns comentários e observações relativamente às fotos.

    
A propriedade

A ligação da casa principal à cozinha, com o rio Potomac à distância.

A cozinha

Outra vista da cozinha

A despensa da cozinha

Outra das salas da cozinha

Se estivermos de frente para a casa principal, do lado direito da propriedade, fica o sanitário que está um bocado escondido. Os turistas da foto vão a caminho de lá. Naquela altura, um sanitário exterior à casa chamava-se um "Necessary". (O NAJ já me tentou educar e dizer que o pessoal "in" chama à sanita uma retrete, mas eu não quero ser "in", quero ser muito "out", logo prefiro chamar à "out house" um sanitário, if you get my drift. Mas podem usar "latrina", "privada"...)

Então, como eu dizia, este "era" o sanitário do George Washington. Não é o original, mas foi reconstruído à semelhança do original e, de acordo com o texto explicativo, demonstra mais uma vez o interesse do Presidente por arquitectura. O local ainda cheira um bocadinho mal, o que nos relembra que somos todos iguais e o nosso título é deveras irrelevante, pois até os presidentes americanos fazem merda mal cheirosa. Pensem nisso na próxima vez que atacarem a retrete, digo sanita...

O interior do sanitário era assim: this is how and where shit got done!

O lado direito do quintal da quinta

O lado esquerdo do quintal da quinta. Dá para ver um bocadinho do rio Potomac mesmo à esquerda do telhado grande que aparece na foto.

Vandalizaram a Vagina de Anish Kapoor


E mesmo o padre eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo   (O que será?  Chico Buarque)

Sinais dos tempos

Antes as tarefas estavam bem definidas. As lides domésticas eram femininas. Em casa, os homens encarregavam-se de tudo o que tinha a ver com canalizações, electricidade e outras tarefas másculas. Até no jardim, os homens tratavam das árvores e as mulheres das flores.

Hoje em dia, a gaja nem pregar um botão sabe, quanto mais remendar ou cerzir umas calças. É um gajo que tem de fazer isso tudo. Mas, quando se trata de mudar móveis de casa de banho, ajustar a canalização ou, simplesmente, pendurar um espelho, a gaja continua tão ignorante como antes. E, claro, gajo que é gajo faz isso tudo

É um novo equilíbrio, um gajo faz tudo. A gaja reivindica direitos iguais.

Vamos visitar o George...

Hoje fui com um amigo meu a Mount Vernon, que era a residência de George Washington, o primeiro presidente dos EUA. É um local muito aprazível, situado na margem do rio Potomac. Apesar de eu não ter tido oportunidade de estar lá durante muito tempo, acertei mesmo na hora, pois quando estava a sair apareceu um rapaz vestido com farda da época a tocar flauta. Foi muito especial e, felizmente, eu tive a presença de espírito de fazer um vídeo da propriedade e da entrada do flautista. Aqui está para vocês verem como foi engraçado:

Como mencionei acima, o local da propriedade é verdadeiramente deslumbrante e a vegetação é muito agradável. Depois mostro-vos algumas das fotos que eu tirei.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Da utilidade dos actos falhados

Segundo Freud, existe um “acto falhado” quando dizemos ou fazemos coisas que tentámos recalcar, ou seja, que tentámos empurrar para o inconsciente, mas que, às vezes, inopinadamente, emergem. É uma expressão involuntária de sinceridade. Freud dá um exemplo. Um empregado ia brindar ao seu chefe, que não era muito popular, era aquilo a que se pode chamar um sacana. O empregado levantou-se, elevou o copo solenemente e disse: «Convido-vos a arrotarem pelo nosso chefe».
É, por vezes, cómico assistir aos actos falhados dos nossos políticos, as tais expressões involuntárias de sinceridade. Passos Coelho, na Assembleia da República, riu-se a bandeiras despregadas de Paulo Portas quando um deputado comunista gozava com “o partido dos contribuintes”; recentemente, chamou várias vezes ao CDS/PP “o partido da oposição” e elevou Dias Loureiro a modelo a seguir para quem quiser singrar na vida, etc. António Costa, perante uma plateia de chineses, elogiou os progressos de Portugal desde 2011 e saudou, com entusiasmo, a vitória do Syriza nas eleições gregas em Janeiro.
Para saber o que lhes vai realmente na cabeça, é útil estarmos atentos aos actos falhados dos políticos. Nesses momentos, aproximamo-nos mais da verdade.

Morte anunciada

“Se Esparta e Roma pereceram, qual é o Estado que pode esperar durar sempre?"

Jean-Jacques Rousseau, in “O contrato social”

Uma espécie em vias de extinção

“É assim que se faz um erudito; não a estudar isto e aquilo, mas tudo. A erudição é um desperdício de tempo. Supõe a digressão, a distracção. (…) Ao contrário do especialista, o erudito não nos quer convencer: quer passar o tempo connosco, discorrer, perder-se, deambular, não ir a lado nenhum, como em qualquer conversa.”

Rui Ramos, in Prefácio de “As vidas dos outros” de Pedro Mexia.

O que podemos aprender com os psicopatas?

Este é o título apelativo de um livro de Kevin Dutton, professor de psicologia da prestigiada universidade de Oxford. Segundo Dutton, os psicopatas podem não ser violentos e uma dose adequada de psicopatia pode até ser bastante saudável. É como a diferença entre apanhar cancro na pele por exposição excessiva aos raios solares ou ficar apenas saudavelmente bronzeado. Parece que grande parte dos líderes empresariais, políticos de sucesso (Kennedy e Clinton seriam os dois presidentes dos EUA com maiores índices de psicopatia), cirurgiões, académicos (os que arranjam mais financiamentos em bolsas e projectos), advogados, jornalistas apresentam elevados índices de psicopatia. Em suma, os homens (as mulheres pelos vistos não são afectadas por esta “perturbação”) habituados a lidar com o poder são, regra geral, charmosos, manipuladores e, sobretudo, implacáveis, extremamente focados, imunes ao medo, atreitos a correr grandes riscos e sem um pingo de remorsos.
Foram eles, esses grandes psicopatas, especialistas em contornar regras, a assumir riscos e a procurar emoções fortes que puseram a economia mundial à beira do precipício e são eles, sem surpresa, os primeiros a erguer-se (e até, por vezes, a aproveitar-se) dos destroços que eles próprios provocaram.
As teorias do professor Dutton são interessantes, têm alguma lógica, mas provocam arrepios.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Olá de Washington, DC!

O Lincoln Memorial e o Washington Monument, vistos da Arlington Bridge, sobre o rio Potomac. Vamos divertir-nos...

O

O espírito de 2013

Tendo sido concluído com sucesso o programa de ajustamento e estando a economia portuguesa, desde 2013, numa trajectória de recuperação, a discussão dos programas eleitorais dos partidos da coligação e do PS têm-se centrado no futuro da economia portuguesa, em particular nas projecções de crescimento económico. De facto, o grande desafio de Portugal é reencontrar, mais de 15 anos depois, uma rota de crescimento sustentado.
No entanto, a vinda de Albert Jaeger, o representante do FMI em Portugal, à Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, fez-me recordar as dificuldades que tivemos de enfrentar durante o processo de ajustamento e o espírito que se vivia nessa altura. 
No Ministério da Administração Interna, onde ocupei as funções de Secretário de Estado entre abril de 2013 e abril de 2015, eu tinha a responsabilidade de acompanhar a execução orçamental. Durante aquele período, a minha principal tarefa era comunicar aos serviços do ministério o montante de redução de despesa e procurar as melhores formas de alcançar os objectivos orçamentais, sem colocar em causa os resultados operacionais. Este processo implicou, para além dos cortes salariais, dos aumentos significativos das taxas de desconto para os subsistemas de saúde das forças de segurança, da extinção de vários serviços, uma análise criteriosa das principais componentes da despesa, com o objectivo de renegociar os contratos de fornecimentos de bens e serviços. As renegociações das rendas de imóveis, de contratos de serviços de saúde, de comunicações, de limpeza, entre outros, do contrato da PPP SIRESP, resultaram em poupanças anuais para o Estado de muitas dezenas de milhões de euros. 
As reuniões, para as quais partíamos determinados a defender o Estado, procurando as famigeradas poupanças, eram quase sempre muito duras e desgastantes. Este era também um período em que as críticas ao Governo vinham de praticamente todas os sectores da sociedade – de facto, embora com diferenças, todos sentiram os efeitos da crise. Foi neste ambiente que um colega do Governo, com uma voz angustiada, me disse:

“Fernando, quando isto acabar ninguém vai gostar de nós.”

Embora não diminuindo o empenho no cumprimento da nossa missão, este desabafo descrevia a dificuldade da tarefa que tínhamos em mãos e o espírito que se vivia entre muitos membros do Governo em 2013. 

Regresso ao passado

Lembram-se quando a tecnologia de ponta era assim? Adivinhem onde é...

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Falar ou não, eis a questão...

Nos EUA, os miúdos e os adultos são ensinados a estar calados se não têm nada de bom para dizer. Se alguém só diz mal, leva logo com "If you have nothing good to say, then say nothing." A correcção é feita à frente de toda a gente, que é para o ofensor aprender que "o silêncio é de ouro; a palavra é de prata". (Nós também recebemos a mesma lição em Portugal, mas não é de uma forma tão directa e pessoal.) Aqui está um excerto do filme "Bambi":

Às vezes, o "silêncio" ou a recusa de criticar frusta-me um bocado em situações profissionais porque pede-se o feedback a alguém e eles não oferecem muitas críticas. Quando começo a trabalhar com alguém, tento pô-los à vontade para que me digam se realmente o trabalho precisa de ser melhorado. Uma das coisas que o treino do mestrado e do doutoramento nos dá é a construção de uma barreira emocional para podermos lidar com as críticas. Mas isto também significa que, por vezes, o ambiente académico embriaga-nos um bocado, e nós somos muito prestáveis a criticar a torto e a direito.

No entanto, criticar eficazmente é uma arte e, muitas vezes, nota-se que as pessoas não sabem criticar e estão mais interessadas em fazer críticas pessoais. É evidente quando alguém prefere atacar a pessoa e não tem qualquer interesse em criticar construtivamente o trabalho e melhorar a sua qualidade. Também é evidente quando isso é feito por maldade, apesar de haver quem o faça sem intenção, pois nem todos nós possuímos um bom filtro social.

Isto a propósito de um dos blogues portugueses a que nós fazemos ligação aqui no DdD. Eu abri esse blogue ao calhas porque não conhecia e, em um minuto ou dois de visita, encontrei logo comentários maliciosos. E fiquei triste...

Segredo do sucesso

Como me dizia um VP com o qual trabalhei, muitos negócios são feitos no campo de golfe. Se vocês querem singrar no mundo de negócios dos EUA, é muito fácil: basta serem bons a jogar golfe e o vosso patrão gostar de vos levar para o campo de golfe para lhe fazer companhia. Depois é só saber fazer conversa, o que decerto aprenderam quando viveram na fraternidade da vossa universidade. Tendo estas características, sobressaem da competição e ser-vos-ão oferecidas oportunidades para mostrarem o que valem.
"JPMorgan’s Jimmy Lee was remembered as a tough competitor, a favorite golfing partner and a “force of nature.”
Lee, widely credited as the architect of the modern-day syndicated loan market and one of Wall Street’s formidable dealmakers, died Wednesday morning at age 62."

Fonte: Bloomberg

Meio da semana...

Primeiramente, hoje é dia de ter prazer por Portugal: não se esqueçam de acasalar. O Ministério das Finanças agradece...

Esta semana tem sido cansativa por estas bandas. Já há alguns dias, a novela mediática tem sido o estranho caso de Rachel Dolezal, uma mulher branca (loira!) que se tem passado por africana-americana, chegando a ser a presidente do capítulo da NAACP (National Association for the Advancement of Colored People) em Spokane, Washington. Sigam o link para ver as fotos dela antes e agora. No decorrer do escândalo em redor da sua identidade racial, ela demitiu-se esta semana.

No domingo, dois jovens, de 13 e 16 anos, foram atacados por tubarões na Carolina do Norte e cada um perdeu um braço. Também houve um tubarão que atacou um menino de 10 anos na costa da Flórida.

Depois houve a tempestade tropical Bill, que não foi muito má em Houston, mas causou estragos em alguns sítios e ainda irá causar, pois ainda se vai prolongar por alguns dias com bastante chuva. O centro do Bill entrou em terra na ilha de Matagorda, TX, ontem às 11:45 da manhã. Na segunda-feira, havia muita incerteza acerca do que Bill iria trazer, pois a pressão atmosférica da tempestade em certas alturas aproximou-se à de um furacão fraco, mas nunca chegou a atingir ou ultrapassar a barreira.

Como o solo ainda estava muito saturado de água, a preocupação maior não era de danos causados por vento, mas sim por inundações. Na segunda-feira, eu recebi uma email da cidade com instruções acerca do que fazer em caso de emergência. Muitas lojas e escritórios fecharam ontem todo o dia ou mais cedo do que o habitual. A recolha de lixo foi cancelada e pediu-se às pessoas para não colocarem lixo na rua para assim não haver o risco de o sistema de escoamento de águas das ruas se entupir.

Para me preparar para o Bill, na Segunda-feira, fui ao Bernie's Burger Bus jantar um hambúrguer. Escolhi "The Mascot", com carne de bisonte, rúcula, e queijo de cabra. É um hambúrguer muito fotogénico como podem verificar. A acompanhar, um Cabernet Sauvignon. Amanhã começa mais outra aventura. Estejam atentos...

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Malandra da crise


O Expresso errou

Todos nós temos o cromossoma X; alguns de nós têm o Y. Quem tem o cromossoma Y é homem. Então, todos os homens têm um cromossoma X e um Y. O Expresso decidiu ser criativo e reinventou a genética. Diz o Expresso:
Quatro décadas de democracia: 31 mulheres ministras e 467 homens

Ao longo de 41 anos, 25 governos e 15 primeiros-ministros diferentes, foram nomeados para funções governativas 1609 homens e 127 mulheres: 92,7% com cromossoma Y e 7,3% com cromossoma X. É assim Portugal.

Errado--Portugal não é assim! Em Portugal, 100% dos ministros têm e sempre tiveram o cromossoma X; 92,7% têm ou tiveram o Y. As probabilidades do Expresso referem-se a 92,7% dos ministros terem o par de cromossomas XY; e 7,3% terem o par XX.

Vemo-nos gregos com geografia...

Diz a EasyJet que Portugal é uma ilha grega chamada Kefalonia. Eu não sei quando a vós, mas qualquer companhia aérea que confunde Portugal com a Grécia não terá o meu patrocínio. Saber geografia é o mínimo que se exige a uma companhia aérea...

FAQ U*, caros governantes...

Uma das coisas que me irrita é má gestão de informação. Neste negócio da TAP seria da prever que as pessoas iriam ter muitas perguntas acerca dos detalhes do contrato, a oposição iria ter uma posição antagonista à do governo, os comentadores teriam de arranjar coisas para comentar, etc.

Parece-me que a estratégia mais lógica para o governo tornar o negócio público seria o de preparar uma lista exaustiva de perguntas e respostas e facilitá-la a todos. E agendava uma conferência de imprensa onde os jornalistas poderiam fazer ainda mais perguntas acerca do negócio. Depois, em vez de se andar a especular o que é e o que não é, todos poderiam ter discussões mais iluminadas e que realmente avançariam o país.

Em vez disso, vive-se em Portugal o circo mediático do costume porque nada em Portugal pode ser feito com calma e cabeça fria. Tem sempre de haver as peripécias mediáticas e metade do povo tem de andar a recitar "Eles a mim não enganam!", como se isso resolvesse alguma coisa a alguém.

Ah, e a Associação Peço a Palavra já entregou uma declaração no Supremo Tribunal Administrativo para travar a privatização. Se esta associação quer a palavra, eu dou-lhes várias das minhas, pois eu sou muito generosa: "Aproveitem e entreguem também um papel ao estado português a dizer que, a partir de hoje, pagam os impostos de Rita Carreira. Obrigada!" As minhas palavras até são educadas, bem-pontuadas, e tudo!

O Mário Amorim Lopes, n'O Insurgente, teve a ideia de criar uma FAQ sobre a TAP, que publicou em 12 de Junho. Mas digam lá porque é que no nosso governo não há uma alma sequer que tenha tido esta ideia antes deste circo todo? É que nunca há!

* Frequently asked questions, urgentemente

Eu é que sou TAPada!

Ontem disseram-me que eu até escrevia umas coisas giras, mas ultimamente só escrevo seca por causa da TAP. Hoje, acordei e, para além de apanhar um susto porque o som do meu iPhone estava super-baixo e aquilo não queria tocar mais alto, tinha uma mensagem a dizer que era óbvio que os novos donos da TAP vão financiar os €344 milhões que seria usados para capitalizar a companhia com a venda de aviões.

E confesso que me senti estúpida porque eu já comprei três casas diferentes e, quando os bancos exigiram ter acesso a toda a minha informação financeira antes de eu finalizar os contratos, eu dei todas as vezes. Que estupidez que eu fiz! Eu podia ter perfeitamente vendido as portas, as janelas, o fogão, a unidade de ar-condicionado, etc. para pagar as casas. Eu devia ter dito isso aos bancos antes de assinar os contratos. Aposto que as portas da rua, de tão grossas que são, devem valer um bom dinheiro.

Realmente, deve ser muito fácil vender a frota de aviões da TAP sem que ninguém se aperceba, especialmente aqueles pilotos queridos que lá trabalham, e depois usar esse dinheiro para financiar o negócio e o dinheiro aparecer como activo sem contrapartida da perda dos aviões na contabilidade da empresa. É elementar, meus caros. Que TAPada que eu sou...

Palavras de solidão

Há umas semanas, estava eu no Starbucks rodeada de livros. Tenho sempre alguns comigo como se fossem amigos com os quais dou passeios. Um deles era "A Razão do Azul" do Eduardo Prado Coelho, do qual já vos falei várias vezes. Um americano de meia idade, que viu os meus amigos livros, perguntou-me o que eu lia. Hesitei na resposta porque senti, de antemão, o peso da insuficiência das minhas palavras para descrever o que eu lia. Abri uma página, tentei traduzir algumas frases; ele gostou do que eu li. Começámos a conversar e talvez tenha durado uma hora, não sei muito bem. Às vezes, o tempo parece-me uma ilusão.

Lembro-me que algures na conversa se falou de solidão e eu disse que há muitas pessoas que estão sós, mesmo quando acompanhadas. Há pessoas que dormem numa cama com alguém, mas que não partilham a cama; partilham a solidão. Essa imagem nunca é tão forte do que quando eu leio o poema "To you again" de Mary Szybist.

A primeira vez que encontrei este poema tive de comprar o livro e trago-o sempre comigo: é a beleza de livros digitais e smartphones. A minha solidão é partilhada com palavras.

To you again

Again this morning my eyes woke up too close
to your eyes,

their almost green orbs
too heavy-lidded to really look back.

To wake up next to you
is ordinary. I do not even need to look at you

to see you.
But I do look. So when you come to me

in your opulent sadness, I see
you do not want me

to unbutton you
so I cannot do the one thing

I can do.
Now it is almost one a.m. I am still at my desk

and you are upstairs at your desk a staircase
away from me. Already it is years

of you a staircase
away from me. To be near you

and not near you
is ordinary.

You
are ordinary.

Still, how many afternoons have I spent
peeling blue paint from

our porch steps, peering above
hedgerows, the few parked cars for the first

glimpse of you. How many hours under
the overgrown, pink Camillas, thinking

the color was wrong for you, thinking
you'd appear

after my next
blink.

Soon you'll come down the stairs
to tell me something. And I'll say,

okay. Okay. I'll say it
like that, say it just like

that, I'll go on being
your never-enough.

It's not the best in you
I long for. It's when you're noteless,

numb at the ends of my fingers, all is
all. I say it is.

sábado, 13 de junho de 2015

Argumento parvo

Será que alguém se importa de dizer aos ilustres senhores do PS que comparar os €10 milhões que revertem para o estado no negócio da TAP com contratações do mercado de futebol é um dos argumentos mais estúpidos que poderiam ser usados? É que quem comprou vai pagar €354 milhões, não vai pagar apenas €10 milhões.

Se esse agumento é considerado válido para apontar defeitos ao negócio, então tenham consciência de que estão a demonstrar que são completamente incompetentes para analisar o problema. Se querem governar Portugal, arranjem gente mais criativa, mas daquela que é criativa no sentido de gerar crescimento para o país. Estamos fartos da criatividade que gera dívida e intervenções do FMI.

Adenda:
Ah, sim, têm razão os mais atentos! Esqueci-me de menctionar que €354 milhões é por 61% da empresa; logo, usando essa métrica, o estado português avaliou a TAP em €580 milhões (354/0.61). Não me recordo de nenhuma contratação de futebol que valesse esse valor.

Risco moral no negócio da TAP

Só em 2014, as greves da TAP foram responsáveis por perdas estimadas em €30 milhões. Se o negócio da TAP for aprovado, há a real possibilidade que, caso os trabalhadores não gostem da nova administração, mais greves se seguirão porque assim, ao acumular perdas, pode-se chegar ao limite pelo qual a companhia reverte para o estado português.

O governo tenciona alocar 5% do capital da empresa aos sindicatos. Não sei se 5%, por si só, é suficiente para incentivar os sindicatos a portarem-se bem. Mas eu acho que seria bom que houvesse uma cláusula associada aos 5% pela qual os sindicatos assumem a responsabilidade de todas as perdas provenientes de greves--não sei se isso é legalmente possível, mas a Constituição da República Portuguesa tem mecanismos para lidar com impossibilidades constitucionais.

Para além disso, acho que o estado português deveria ter um plano para desmantelar a empresa caso este negócio falhe. Têm de haver consequências reais conhecidas antecipadamente, pelas quais todas as partes interessadas sofrem perdas em caso de falhanço. No caso de a TAP voltar a falhar, então, antes do falhanço, que se usem todas as ferramentas ao dispôr do estado para proteger o erário público e evitar o falhanço.

Os incentivos do estado, trabalhadores, e gerência da TAP têm de estar todos alinhados. Os contribuintes portugueses têm de ser protegidos de risco moral.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Dificuldades de compreensão...

Eu confesso que ainda não percebi esta coisa da privatização da TAP.

Dizia ontem o Observador: "Estado liberta-se da dívida da TAP, garante Pires de Lima"

Diz hoje o Económico: "Estado pode desfazer negócio da TAP se tiver de pagar dívida bancária"

Se eu compreendi bem o segundo artigo, se houver bronca, tudo irá ser desfeito, e o estado português é chamado outra vez para arcar com as consequências. Então não percebo a garantia que Pires de Lima deu--como é que ele garante que não vai haver bronca?

Ainda por cima o segundo artigo fala em "complexos mecanismos". Quando eu ouço "complexos mecanismos", recordo-me da crise da dívida subprime: eram uns mecanismos tão complexos que eram tão seguros, até a complexidade dar em bronca.

Exercícios de escrita recreativa

Escolha cinco palavras aleatoriamente. Escreva uma frase utilizando as cinco.
(Contencioso. Badalhoca. Misantropo. Pinotes. Impressão,)

Diz-se misantropo, mas tenho impressão que anda aos pinotes com a badalhoca do contencioso.

O nariz da UE

Para quê reformar quando se pode chantagear? Alexis Tsipras, Primeiro Ministro grego, vai a um fórum económico na Rússia, em 18 de Junho. Desde que tomou posse, será a segunda vez que ele se reúne com Vladimir Putin.

“Nowadays the role of geopolitics is more important than before,” Kotzias said. “Our world is in the midst of a conflict between its current needs and the future demands.”

The EU “needs to learn to see beyond the end of its nose, as we say in Greece,” he said. “To manage our future not as a momentary action, nor as a shareholders’ meeting that thinks with an horizon of quarterly earnings.”

~ Comentários de Elias Kotzias, Ministro dos Negócios Estrangeiros grego, na Universidade de Oxford na quarta-feira.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Prejuízos acumulados, prejuízos potenciais e negócios demasiado bons para serem credíveis

De acordo com o Sindicato dos Pilotos, a última greve da TAP provocou prejuízos na ordem dos 30 milhões de euros. Quer isto dizer que, no mínimo, se essa greve não tivesse existido o encaixe com a venda da TAP seria de 40 milhões de euros e não 10 milhões. 

Mas, com toda a certeza, este poder de força demonstrado pelo sindicato, quer nesta quer em outras greves anteriores, custou bem mais do que isso. Afinal de contas, quem é que quer uma empresa com um sindicato gerido por uns malucos capazes de, a qualquer momento, causar prejuízos de dezenas de milhões de euros?

A esta capacidade que o sindicato tem de provocar dezenas de milhões de euros de prejuízo, há que adicionar os 500 milhões de euros de capitais próprios negativos da TAP.

Confesso que não consigo perceber como é que alguém está disposto a entregar 10 milhões de euros ao Estado para pegar naquilo. Se, de facto, isto for verdade e não houver entrelinhas não anunciadas então foi um excelente negócio.

Tal como disse na entrada anterior, parece demasiado bom para ser verdade. Quer isso dizer que nos próximos dias ou nas próximas semanas deveremos começar a saber de detalhes que ajudem a explicar este negócio. Para já, como é descrito, é demasiado bom para ser verdade. Se as minhas suspeitas não estiverem correctas, então parabéns.

Haverá mesmo quem TAP o buraco?

Eu já ficava feliz se alguém se dispusesse a ficar com a TAP de borla. A ser verdade que ainda pagam alguma coisa por ela, parece-me excelente.

Aliás, parece-me tão excelente que quase roça o inacreditável. Só quando toda a poeira assentar é que acreditarei.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Devorar

Devorem-se hoje à noite. Multipliquem-se por Portugal...


Fonte: "Beautiful Chaos" de Robert M. Drake

Portugal é mesmo dos pequenitos

Para mim pode ser um Irish coffee, se faz favor. E carreguem no whiskey!

Antes:

Depois:

Imagens: aqui e aqui.

Dear Angie,

How's that meeting with President Obama working out for you?

"Chancellor Angela Merkel’s government may be satisfied with Greece committing to at least one economic reform sought by creditors to open the door to bailout funds, according to two people familiar with Germany’s position.

While the Germans still insist on a package of steps that includes higher taxes, state asset sales and less generous retirement benefits, they may settle for a clear commitment by the Greek government to a measure up front to unlock aid, said the people, who asked not to be identified discussing the government’s negotiating stance."

Source: Bloomberg

Realidade que morde

Teixeira dos Santos foi hoje, finalmente, condecorado pelo Presidente da República; mas antes já havia sido "condecorado" pelo Financial Times no contexto de um grupo de 19 países europeus:

terça-feira, 9 de junho de 2015

Jogos existenciais

Diz o Eduardo Prado Coelho n'A Razão do Azul:

Digo eu no meu Moleskine pequenino:

Oh Canada...

"On the back of a cartoon coaster
In the blue TV screen light
I drew a map of Canada
Oh Canada"

~ Joni Mitchell, "A Case of You" *

No dia 1 de Julho, que é "Canada Day" ou dia do Canadá, o Canadá vai deixar de cobrar impostos em produtos de higiene femininos. Como nós, mulheres, temos de usar estes produtos e não temos grande escolha, mas os homens não precisam deles, cobrar impostos a tampões e pensos higiénicos afecta apenas as mulheres, ou seja, é um imposto sexista.

Isto de ter o período já tem inconvenientes suficientes como, por exemplo, ir na rua e, de repente, sentir uma dor tão grande na barriga que, por uns segundos, até suspendemos a respiração para ver se aquilo passa mais depressa. Noutras alturas, no meu caso, ficava com dores de cabeça maciças, daquelas que se vai para a cama a chorar para ver se aquilo passa com o sono. E isto é só uma amostra, há mulheres que, às vezes, nem conseguem sair da cama. Para mim, a melhor coisa de envelhecer é que já não dói tanto, como nos primeiros 25 anos.

Para gerir o nosso período, lá compramos nós os tampões e os pensos, que até são um bocado caros. As marcas fazem uma publicidade gira, metem umas flores nas embalagens, que é para nós mulheres ficarmos felizes de termos o período. Eu não fico feliz de ter de comprar aquilo. O meu primeiro período apareceu em Junho de 1984, acho que foi no dia de Sto. António. Eu pedi ajuda à minha mãe e ela explicou-me o que fazer. E eu pensei "É isto? Agora a minha vida vai ser isto? Que grande seca..." E desejei que a menopausa se apressasse. Hoje já tenho pena que a menopausa esteja próxima, mas não por causa do período, tenho é pena das minhas curvas. A minha curvatura agrada-me muito e tenho pena de ter os dias contados.

No Texas, há um movimento que pretende fazer eliminar o imposto de vendas nos produtos higiénicos femininos, mas não vai ter grande tracção com os políticos do Texas. Ontem na rádio, no programa Texas Standard, estavam a falar sobre isso: as Texanas podem esperar sentadas--numa cadeira ou na sela de um cavalo, caso vivam em Fort Worth. Como convencer políticos texanos é um caso perdido, as mulheres decidiram fazer pressão junto das companhias que comercializam tampões e pensos: se estes produtos forem vendidos conjuntamente com comprimidos para atenuar a tensão pré-menstrual, ficarão isentos de imposto porque, no Texas, os medicamentos não estão sujeitos a imposto.

Achei que esta ideia era gira: reconheceu-se a limitação do sistema e tenta-se encontrar a solução desejada por outro caminho.

* Sempre que eu ouço falar no Canadá, lembro-me desta parte de "A Case of You". "Oh Canada" é o hino nacional canadiano.

Inventar o futuro

Em 1985, o Economist pediu a um conjunto de sábios para imaginarem o mundo em 2010. Não passou pela cabeça de ninguém a queda do muro de Berlim, a implosão da União Soviética ou a invenção do telemóvel, entre muitas outras coisas que se vieram a revelar decisivas.

Em parte, esta incapacidade de prever o futuro tem a ver com uma coisa muito simples: o futuro é dos inventores e as invenções não são formuláveis em leis científicas.  

À atenção do próximo governo (para promover Portugal no estrangeiro)

"A cultura portuguesa noutras sociedades é conhecida por vários motivos que a fazem diferenciar de outras culturas."
(in Ensaios Escritos. Covilhã: UBI. 2015)

À atenção do próximo governo (para potenciar o desenvolvimento)

"A cultura é considerada um factor de desenvolvimento socioeconómico pois vemos como cultura tudo aquilo que é criado pelo Homem.
A nível socioeconómico a cultura contribui muito para o desenvolvimento de uma sociedade e de um país pois serve muitas vezes de atracção para outros países pois cada sociedade tem uma maneira de cultura diferente."
(in Trabalhos Escritos. Covilhã: UBI. 2015)

segunda-feira, 8 de junho de 2015

À atenção do próximo governo (para reerguer as classes médias)

"A sociedade de consumo é uma sociedade baseada no consumo massivo de bens e serviços, ou seja, é uma sociedade consumista, derivado disto, os bens necessitaram de um aumento de preço, para justificar a sua procura. Com este aumento drástico de bens e serviços, na classe média, que era basicamente constituída pela sociedade consumista, houve uma ascensão sócio-económica da própria classe média, passando assim a classe média a ter mais posses."
(in Exames Escritos. Covilhã: UBI. 2015)

Outra dissertação de mestrado...

Os bloggers estrangeiros já estão a falar da nossa genialidade. Qual o multiplicador de crescimento gerado por mudar o Museu dos Coches de um palácio do século XVIII para um edifício de arquitectura moderna? Inquiring minds want to know...
Malcolm Millais, author of the explosive Exploding the Myths of Modern Architecture (2009) sends sad news from Portugal. Lisbon’s delightful and elegant Coach Museum, long the nation’s most popular museum, had been housed in a perfectly lovely building of impeccable royal lineage. It has now been relocated into a typical abomination of modern architecture, designed specifically to fly in the face of all that is Portugal.

[...]

A raspberry to Lisbon for planning to move its beloved coach museum, the Museu Nacional dos Coches, from its graceful home at a 1787 royal palace to what looks like a parking garage. One mustn’t blame the pathetic architect, Paulo Mendes da Rocha (a Pritzker Prize winner, naturally). He is a hired gun.

~ David Brussat

Se calhar faz parte do programa de apoio à construção civil.