segunda-feira, 21 de março de 2016

A idiota

Catarina Martins anunciou ao mundo o tamanho da sua ignorância: diz que a economia portuguesa crescer através de exportações é "uma treta". Diz que não existe um país que sobreviva das exportações; os países sobrevivem do mercado interno:
"O que não existe é um país que viva das exportações. É preciso ter mercado interno, porque as exportações têm volatilidade. Nós devemos ter posições internacionais, mas um país para ter economia tem de ter mercado interno."

~ Catarina Martins

A cultura geral parece não ser o forte da senhora e, recebendo um salário pago pelos contribuintes portugueses, não se sente na obrigação de se educar e preparar para o cargo que tem. Ignora que a Alemanha é um país que mantém o seu nível de vida através de exportações e é fortemente criticada por não ter um mercado interno mais forte. Também desconhece que a Noruega se tornou rica exportando petróleo do Mar do Norte. O caso da Noruega é paradigmático, pois para lidar com a volatilidade do mercado externo de petróleo poupou dinheiro durante décadas num fundo de investimento, não gastou tudo o que recebeu; agora não é subserviente dos interesses de ninguém, a não ser dos próprios.

A Irlanda, o país que mais cresce na UE, também apostou fortemente nas exportações, tendo uma balança comercial excedentária. O país tem 4,8 milhões de pessoas, menos de metade da população portuguesa, e exportou €9.559 milhões em Janeiro de 2016; Portugal, no mesmo mês, exportou €3.731 milhões, apenas 39%. Como curiosidade, os irlandeses importaram €4.578 milhões vs. €4.375,16 milhões importados por Portugal. Mas vejamos a descrição que a Trading Econonomics dá da economia irlandesa:

Exports remain the primary engine for Ireland's growth. The country is one of the biggest exporters of pharmaceuticals in the world (28 percent of total exports). Others include: organic chemicals (21 percent), data processing equipment and software (12 percent) and food (8 percent). The European Union accounts for 60 percent of total exports. Main export partners are: United States (23 percent), United Kingdom (16 percent), Belgium (14 percent), Germany (7 percent), France (5 percent) and Switzerland (4 percent).

fonte: Trading Economics

E claro, mesmo em Portugal temos um bom exemplo: a indústria do calçado recusou-se a praticar uma política de salários baixos, mas apostou fortemente nas exportações de produtos com mais valia, em vez de se focar no mercado nacional. É um caso de sucesso em Portugal e refuta a ideia de que exportações estão associadas a salários baixos.

Percebem por que razão Portugal não cresce? É porque idiotas como Catarina Martins não só têm assento no Parlamento, como são líderes de um partido.

39 comentários:

  1. E podias acrescentar o Japão, já agora, juntamente com a Alemanha o símbolo de uma economia exportadora.

    A Catarina só não explica como surge um mercado interno forte. Deve achar que é por meio do orçamento.

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    1. Até a Argentina vive à custa das exportações. O "regime Kirchner" não teria ido a lado nenhum sem elas. Exemplos não faltam...

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    2. Tens razão! Esquecia-me da carne de vaca - a caminho de inglaterra para ser transformada em bifes!

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  2. Esperar que gente dessa laia tenha saber, conhecimentos e, sobretudo, verdade, é o mesmo que esperar que uma galinha cante como um rouxinol: uma impossibilidade física.

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  3. Portanto, segundo a senhora, uma empresa que tenha essa opção deve apostar no mercado interno de 10 milhões pessoas (preterindo e.g. o mercado europeu de 500 milhões) porque o mercado interno é menos volátil. É isso? Faz sentido, até porque o mercado interno não tem sido nada volátil.

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  4. Por agora apenas li, e sem surpresa nenhuma,os insultos a Catarina Martins que, como é bom de ver, é uma das inimigas de estimação de certos gabinetes de propaganda. De facto, também sabemos ser um país pequenino.

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    1. Isidro, não é ser pequenino. É nós pagarmos impostos para estas pessoas nos servirem e elas demonstram ser ignorantes, servir-nos mal, e atirar-nos areia para os olhos. Aceitar este comportamento não é sermos pequeninos; é sermos estúpidos. Ser pequenino seria insultá-la gratuitamente. Ela é que nos insultou primeiro ao vender-nos uma ideia falsa e demonstrar desconhecer os factos.

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    2. «Catarina Martins afirmou que a ideia de uma economia exportadora para resolver o problema da liberalização do mercado na União Europeia foi um plano que "era uma treta".»
      - É verdade.
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      "Do ponto de vista desta ideia de economia exportadora que iria resolver o problema da liberalização do mercado dentro da União Europeia (UE), a única coisa que há a dizer é que o plano era uma treta. Agora temos que resolver e essa resolução exige passos complicados e exige, do ponto de vista europeu, abrir debates complicados e ter coragem para o fazer"
      - É verdade.
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      "O que não existe é um país que viva das exportações. É preciso ter mercado interno, porque as exportações têm volatilidade. Nós devemos ter posições internacionais, mas um país para ter economia tem de ter mercado interno"
      - É verdade.
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      "nunca iria resultar acabar com o mercado interno para os produtores, achando que depois íamos exportar para a Rússia, porque a grande distribuição tem poder para os esmagar. Foi um plano que nunca foi bom."
      - É verdade.
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      «Em relação às dificuldades que os produtores do setor primário estão a enfrentar, Catarina Martins considera que "está-nos a explodir o que foi feito"»
      - É verdade.
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      "Foi feita uma liberalização completa de setores, acreditando que vinha aí uma economia exportadora e de baixos salários, que iria resolver todos os problemas. Depois ficámos com uma série de explorações no leite, nos suinicultores, em vários setores que são explorações pequenas e familiares, sem capacidade de impor os seus custos à grande distribuição que esmaga todas as margens e possibilidades de sobrevivência"
      - É verdade.
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    3. Catarina Martins tem razão. Primeiro porque não podem existir exportações sem consumo noutro país. Se algum vive de exportações outro não viverá muito tempo, como é o nosso caso. Depois a Irlanda não serve de exemplo. É em grande parte um parqueamento fiscal de multinacionais americanas. A Noruega são meia dúzia de pessoas e um poço de petróleo. E ainda há muitos exemplos de sentido contrário. Por exemplo, as dificuldades do Brasil, da Venezuela, de Angola,... devem-se também à insuficiência do seu mercado interno e a estarem muito dependente de exportações. As quebras de cotações das commodities que exportam, como agora acontece, deixam a economia em fanicos.

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    4. A Irlanda não serve de exemplo porquê? A Irlanda é um bom exemplo, basta olhar para o valor das suas exportações. Imagine-se que Portugal tinha o mesmo valor de exportações per capita--será que não cresceria muito mais?

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    5. E dever-se-ia realçar que Portugal entrou na bancarrota porque o consumo doméstico de produtos portugueses não foi suficiente para gerar impostos para financiar os gastos públicos e estes foram financiados por dívida pública. Se a política de crescimento via consumo doméstico não funcionou quando o país tinha uma taxa de desemprego mais baixa e salários reais a um nível mais alto, porque razão irá funcionar quando temos mais desempregados, mais pessoas que dependem do estado para sobreviver, e salários reais mais baixos? É que a sobrevivência do estado social depende da força do sector privado, pois é este que paga impostos para suportar o estado social.

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    6. A Irlanda não serve de exemplo porque não faz jogo limpo. Faz dumping fiscal sobre os outros países europeus, tal como a Holanda e o Luxemburgo. Com as calças do meu pai também eu sou um homem. Evidentemente, ninguém está contra exportações, como também diz Catarina. O que ela diz, e bem, é que a redução do consumo interno tornou a economia mais vulnerável, até porque os bens de primeira necessidade, onde a quebra de procura é mais sensível, são tendencialmente de produção local. OS artigos de luxo importados, os Porches os Mercedes e os BMWs, até aumentaram as vendas.

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    7. "Dumping fiscal"? Ou seja, quem não tem um IRC de tipo francês está a violar alguma regra não escrita!

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    8. "(...)Catarina Martins que, como é bom de ver, é uma das inimigas de estimação de certos gabinetes de propaganda".

      Incluido o tenebroso gabinete de propaganda pelo qual a Rita dá aqui a cara! Há que desmascará-lo! Já!

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    9. Este comentário foi removido pelo autor.

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    10. "Incluido o tenebroso gabinete de propaganda pelo qual a Rita dá aqui a cara! Há que desmascará-lo! Já!"
      - Isso é com os doutrinadores.

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    11. "Portugal entrou na bancarrota porque o consumo doméstico de produtos portugueses não foi suficiente para gerar impostos para financiar os gastos públicos "

      Não senhora. Portugal teve orçamentos mais ou menos equilibrados até chegar à crise financeira global. Perdeu capacidade de se financiar, como vários outros, porque as cavalgaduras do BCE tiveram compreensão lenta e não souberam aprender com a experiência dos EUA. Quando se descobriram em rodriguinhos já era tarde. Inês jaz morta, entregue a comunas do Oriente e especuladores de onde calha, muito mais endividada, perdendo até os bancos, com os seus entretidos em conversas de expiação para esconder a amargura.

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    12. É isso mesmo! Défices sempre abaixo de 3%, e sem artfícios, não foi? E uma das maiores dívidas públicas e privadas do mundo aconteceram totalmente por acaso... ou então foi culpa dos malvados alemães que nos obrigaram a comprar carros topo de gama!

      Esta gente...

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  5. Atenção, a Catarina não está só. Pelas mesmas razões, parece-me que também devem ser censurados os seus companheiros, e especialmente os que têm formação específica para compreenderem esses fenómenos, como é o caso do Louçã. A meu ver este ainda merece levar mais porrada do que a cara-laroca da Catarina que não tem culpa de ter sido escolhida para fazer de líder de um Partido que aspira a ser poder.

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  6. Cara Rita I Carreira,
    Parabéns pelo artigo! Com uma ou outra nuance, é verdade que somos "governados" por ignorantes e, acrescento, oportunistas que negam a realidade a favor dos seus interesses. Não é por mero acaso que se chega à bancarrota.

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  7. Rita, tu tens toda a razão no que diz respeito a Portugal, desde que não se generalize (que é o costume neste assunto). Portugal é um país pequeno a médio e faz todo o sentido que baseie a sua economia na exportação (e nesta inclui-se o turismo por parte de estrangeiros que, não sendo propriamente "exportado", tem um efeito idêntico).

    Mas Portugal não está isolado economicamente e, pior, está enfiado numa união monetária. Como tal faz menos sentido analisar o caso de Portugal de forma isolada e aí é que (muuuuuuito indirectamente) o BE pode ter alguma razão: se nós temos de exportar - mais ainda como requisito por parte dos nossos credores - então outros países, com economias superavitárias, têm de importar. A nossa balança comercial com, por exemplo, a Alemanha dever-nos-ia ser favorável. E o problema está aqui mesmo.

    (Já agora, acho a Irlanda um mau exemplo: a Irlanda é uma economia de serviços, muito alicerçada em dois pontos, um perfeitamente legítimo e outro discutível. O primeiro é falarem inglês "nativamente" e, portanto, serem conjuntamente com o Reino Unido, o ponto de entrada privilegiado para o mercado europeu em termos de língua franca; o segundo é o diferenciamento fiscal).

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    1. A Irlanda é um bom exemplo por duas razões: (1) refuta a ideia avançada por Catarina Martins de que apenas países com mercado interno forte crescem; e (2) quando entrou na UE era tão pobrezinha como Portugal e delineou uma estratégia de crescimento baseada em exportações. A nossa também é baseada em exportações: nós exportamos lucros e mão-de-obra qualificada e retemos os custos.

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    2. Rita, a estratégia da Irlanda não é baseada em exportação de bens, é baseada em outsourcing (bem, insourcing no caso deles) de produtos. Mas não é replicável nem é comparável (é um pouco a Finlândia 2.0 do Sócrates). Nós teremos mais semelhanças com o Benelux (apesar de não estarmos no centro da Europa) ou mesmo a Itália.

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    3. Não percebeste o que eu disse. Eu não disse exportem exactamente o que a Irlanda exporta. A Irlanda neste momento está no processo de diversificar o seu leque de exportações, mas começou num lado e foi ajustando a estratégia ao seu percurso. Ora Portugal não tem estratégia, nem tem percurso. Cada governo chega e decide fazer uma coisa completamente diferente. Parecemos os putos que vão para a universidade e estão sempre a mudar de curso--não é suficiente estar na universidade, também tem de se investir tempo para acabar um curso que tenha procura no mercado de trabalho.

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  8. As exportações irlandesas têm bastante a ver com empresas americanas que ali situam fábricas e outras estruturas, atraídas sobretudo por isenções de impostos um pouco escabrosas.

    Veja-se a Apple: http://www.businessinsider.com/apple-avoiding-taxes-in-ireland-2013-5.
    Ou mesmo a indústria farmacêutica: http://www.newstalk.com/reader/47.301/61412/0/

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    1. Rainha, viva, minha andorinha de pelo curto (um tipo para ler uma blogada escrita por V.Ex.a tem de se ater ao movimento dos astros...ou é no equinócio ou no solstício)
      Sim Rainha, é verdade, tudo isso e muito mais. Mas ainda assim consta que há, por lá, gente a trabalhar e, lá para o fim, mercadorias produzidas que vencem dinheiro!! Patranhas escabrosas, talvez!! Consta que derivam daquele grande mito, em que o dinheiro nasce nas árvores e não nos bancos centrais!!

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  9. Bah, toda a gente sabe que a solução para ter uma casa rica é aumentar a mulher-a-dias. Tu tens é mentalidade de pobre, ao contrário da Catarina....

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    1. Eztaiz a confundire alhos with bugalhos.
      Independentemente de xer a katy a dezer ké nexexário haber uma enquenomia de mercade interne, num ker dejer que não xeja mêmo nexexário que haba.
      Bamoz a ber: Oje acordos de cótas e chubxequentemente os xubexídeos para a ingricultura, as peskas, o quemércio e a industria, estamos a pagalos porque descuramos a noxa capaxidade de xeplorar exas áreas e perferimos ir plo caminho más fáxil. Intão?! A moça tem munta rajão. Para comexarmos a xair deste impaxe, temos de rebitalijar a predussão interna, cumpetir em cólidade e preços com o que impretamos de forma a que o cunçemidore nacional sabintue a cumprar predutos naxionales, redujindo-xe a impretação e mantendo-xe a xeprotaxão. Ou xeja, como diz a Katy: reforxando a incónemia entrena. Ê cá que xo xei fajer contas de merxeeiro; ó xeja, de xomar e deminuir, num prexebo adonde é que está a dúbida. Xe na minha horta ê cultivar as cobitas, as alfaxes, as batatitas, os grêlos e tal, e xe na capoêra criar as pitas e uns coelhitos e um bejêrro por ano amaiz uns pinrus, escujo dir ó hiper gastar gajoja e guito. Axim, xempre me xobra algum para no Berão ir ca Maria e os meninos, de férias prá Caparica. É u num é?!

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  10. Lê-se cada coisa extraordinária por essa internet a fora. Aqui no destreza - nos comentários, claro, senão não punha cá os pés - que há níveis de impostos escabrosos - por serem baixos!!! Ou dumping fiscal na Irlanda - é mesmo não ter ideia do que é dumping. Dumping fiscal faz Portugal, que em 40 anos de democracia nunca conseguiu cobrar impostos suficientes para pagar as suas despesas.
    Mas eu não gosto que digam mal da Catarina Martins, Rita. Não se faz. A Catarina Martins é um símbolo e temos que ter muito cuidado no ataque aos símbolos. A Catarina Martins é um símbolo da portugalidade política, um tipo de gente que acha que a dívida privada do país é muito mais grave que a dívida pública e, simultaneamente, que o que é preciso para resolver os nossos problemas é dinamizar o mercado interno.

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  11. A deturpação feita neste artigo, em relação às palavras de Catarina Martins, disponíveis o texto para que remete, serve para explicitar a "Falácia do Espantalho" ['Homem de Palha', 'Aunt Sally' ou 'Straw man', etc.]. Enfim...

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    1. Isidro, as palavras dela não foram deturpadas. Eu citei a senhora ipsis verbis. Agora, ela deturpa a história ao dizer que uma estratégia baseada nas exportações leva a salários baixos e foi a causa dos problemas de Portugal. E não percebo muito bem como é que os produtores exportarem acaba com o mercado interno português. Será que isso não gera salários e lucros que servem para fortalecer o mercado interno?

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    2. penso que a Catarina está contra (e bem na minha opinião) políticas de promoção das exportações baseadas em salários baixos e precariedade laboral.

      Esse exemplo que deu da indústria do calçado não ser baseada em salários baixos veio de onde? Quais os dados em que se baseia? É que empiricamente nunca vi ninguém que trabalhasse no calçado e que fosse bem pago e tenho ideia que a zona de Guimarães tem das remunerações medias mais baixas em Portugal, além de ser das regiões com maior taxa de emigração. Se o calçado fosse um sucesso e um modelo a seguir seria de esperar o contrário não?

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    3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    4. O Isidoro não sabe ler; ele só sabre tresler. E parece ser bom nisso.

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    5. O mesmo é dizer que eu também não sei ler... Bem apanhado!

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    6. Rui, a indústria do calçado tem uma estratégia que aposta em exportar caro, em vez de basear a sua competitividade em salários baixos. Ver, por exemplo, esta notícia do Público de 4/12/2013:
      https://www.publico.pt/economia/noticia/industria-do-calcado-quer-vender-ainda-mais-caro-e-recusa-salarios-baixos-1615030

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    7. "Tiro ao Alvo22 de março de 2016 às 20:20
      O Isidoro não sabe ler; ele só sabre tresler. E parece ser bom nisso.

      Luís Aguiar-Conraria22 de março de 2016 às 20:30
      Chama-se Isidro.

      Obrigado, Luís.

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