terça-feira, 22 de março de 2016

Morra voluntariamente e salve outro

"Troca de informações, uma malha cada vez mais fina no cerco de acesso aos explosivos, a vigilância dos suspeitos. Essa cooperação tem vindo a funcionar. Por cada atentado que ocorre há dezenas que não ocorreram".

~ Primeiro-Ministro António Costa

Como fazer segurança em Portugal: juntem-se os indivíduos indesejáveis, os que estão deprimidos e querem suicidar-se, os que têm doenças terminais e querem uma morte com dignidade, etc., e informe-se os terroristas de que Portugal tem vítimas disponíveis para um atentado, pois por cada atentado que ocorre, muitos outros não ocorrem: é esse o trade-off. E coopere-se mais com os outros países a trocar informação porque isto funciona! Não percebo bem este raciocínio porque os ataques parece-me que estão a ocorrer com mais frequência: dois em Paris, agora um em Bruxelas, ou seja, não está a funcionar.

O nosso Primeiro-Ministro diz que não houve mudanças no nível de segurança, apesar de há menos de uma semana se ter realizado um forum em Bruxelas, o German Marshall Fund's Brussels Forum, onde o terrorismo foi o tópico principal. Nesse fórum foi dito que as células de terrorismo na Europa estão mais activas, melhor coordenadas, e bastante infiltradas na região, e foi dado um aviso de que haveria mais atentados, especialmente depois de Salah Abdeslam, que se supõe ser uma das pessoas que planeou o ataque de Paris, ter sido detido e ter dito que havia planos de mais ataques em Bruxelas. Nos trabalhos do fórum concluiu-se também que não era suficiente tentar identificar ameaças; tem de se tentar controlar os recursos financeiros que apoiam as células terroristas, e as condições de vida dos jovens que seguem a via do terrorismo. Se os jovens se integrarem mais na sociedade e tiverem emprego e boas oportunidades de vida, então não serão tão tentados em tornar-se terroristas.

Ao ouvir as palavras de António Costa e a sua atitude "business as usual", com que ele já nos tinha agraciado durante as inundações em Lisboa, pergunto-me se ele se deu ao trabalho de contactar os responsáveis da segurança para ser informado de estado actual de ameaças e dos esforços que existem para as controlar em Portugal. Já estive em muitos aeroportos em vários países e sempre achei que chegar a Lisboa é um grande descanso, especialmente comparado com os EUA. Depois dos ataques de 11/9/2001, numa viagem que fiz, fui revistada três vezes em aeroportos americanos, duas vezes no mesmo aeroporto: o de Chicago. Suponho que a cor do meu cabelo e o meu passaporte português faziam-me um alvo fácil; o meu marido, que é ruivo e americano, nem uma. Nessa altura, para entrar em Portugal, bastava mostrar o passaporte e ninguém se dava ao trabalho de recolher o meu nome e número de passaporte. Nem sequer faziam perguntas. Nos EUA, antes de eu entrar no país, mesmo com passaporte americano, perguntam-me coisas como onde fui, o que fui fazer, onde estive, que passaportes usei (porque eu uso os dois), etc.

Portugal tem a grande vantagem de ser periférico e os outros países não nos acharem grande coisa. Parece-me que é apenas isso que nos livra de atentados terroristas.

5 comentários:

  1. As palavras do PM sobre esta matéria são totalmente perceptíveis lado a lado com as do PR sobre o mesmo assunto. Existiu um período, de que não divulgo as datas, sobre o qual era real termos entre nós parte da elite da criminalidade mundial. Se, entre ela, havia ou não, gente dos núcleos terroristas, não sei, não tentei saber e desconheço se alguém, verdadeiramente, sabia. O que sei é que, em Portugal, há quem saiba fazer algumas coisas e fazem-nas sabendo proteger-se da publicidade.

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  2. "Portugal tem a grande vantagem de ser periférico e os outros países não nos acharem grande coisa. Parece-me que é apenas isso que nos livra de atentados terroristas."
    Obviamente, pelo menos quanto à frequência.
    Relativamente a "Se os jovens se integrarem mais na sociedade e tiverem emprego e boas oportunidades de vida, então não serão tão tentados em tornar-se terroristas. " é o discurso do politicamente correcto do multiculturalismo que todos sabem não funcionar neste caso mas insistem. Tem-se verificado que muitos muçulmanos não se querem integrar, querem é integrar. Segundo os líderes europeus, do politicamente correcto, pode-se criticar os católicos, os judeus, o cristianismo, etc., mas o islão não, porque gera ódio. Para rir. Mas tudo bem, enquanto houver gente para matar... É necessário mudar de vda, mas sem cair no caminho do ódio que apenas serve a extrema-esquerda (em Portugal o bloco e o pcp têm feito esse papel) e a extrema-direita.

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    1. Não sei se dar oportunidades a jovens será discurso do politicamente correcto, mas a questão do financiamento é politicamente incorrecta. Há muitos governos que olham para o lado a questão do financiamento, desde os EUA aos países da Europa.

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  3. Rita, o aspecto periférico de Portugal (eu diria mais pequenez) talvez ajude a que não haja problemas com terrorismo. Porém e dado o foco islâmico radical na reconstituição do Al-Andaluz eu diria que a população muçulmana em Portugal representar cerca de 0,5% da população total é um factor muito mais relevante. São demasiado poucos para conseguirem fazer o que quer que seja. A isto acrescentar que do total da população muçulmana residente em Portugal há uma grande parte que são ismaelitas oriundos de Moçambique. Ora, os ismaelitas são até considerados apóstatas por certas correntes do islão, não é?

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    1. Eu acho que num ataque de terrorismo o mais importante é o potencial de causar terror e, convenhamos, causa muito mais terror ver parisienses ensanguentados do que portugueses ou gregos. Têm havido ataques na Turquia, por exemplo, e não há grande solidariedade global, nem sequer cobertura nos media ou ferramentas do Facebook.

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