quarta-feira, 30 de março de 2016

Trumpada...

Uma rapariga de 15 anos que protestava contra Trump foi apalpada e atingida com gás pimenta por dois apoiantes de Trump no Wisconsin. A polícia anda à procura dos dois agressores.

Trump, Cruz, e Kasich foram a uma "town hall" da CNN falar com Anderson Cooper (o Anderson, que é filho da Gloria Vanderbilt, é sexy, fyi; os outros não dão pica nenhuma -- venha lá o Bloco de Esquerda acusar-me de discriminação sexual). Trump, numa hora, disse "excuse me" 18 vezes. Dá vontade de dizer, "Yes, Mr. Trump, you may be excused and good riddance..."

Os três candidatos Republicanos afirmaram que não iriam apoiar o candidato nomeado na Convenção Republicana, voltando atrás no que tinham afirmado antes.

Sim, o GOP está completamente em frangalhos. Sinto um calorzinho na barriga. Este é o partido que conduziu os EUA à Grande Recessão, depois de iniciar uma guerra por motivos errados. É bem feita! Agora só falta o PS auto-incinerar-se em Portugal para eu duvidar da não-existência de Deus.

19 comentários:

  1. O PS não sei, mas o PSD está a fazer um brilhante percurso nesse sentido!

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  2. Eles não afirmaram que não iriam apoiar o candidato saído da convenção. O que eles fizeram foi recusarem-se a garantir que o apoiarão, ao contrário do que anteriormente tinham dito. Não faria sentido desde já todos dizerem que não dariam o seu apoio ao candidato do partido, pois decerto Ted Cruz e John Kasich apoiarão o outro, caso algum deles seja o nomeado.

    O que se passa é que aqueles dois candidatos não parecem dispostos a apoiar Donald Trump, e quando disseram que apoiariam o candidato do partido não contavam com a forte possiblidade de Trump vir a ser o escolhido (apesar de tudo, essas possibilidades não têm aumentado, talvez antes pelo contrário). Por sua vez, Donald Trump, sentindo que, se for ele o nomeado, não terá o apoio dos seus adversário, decidiu responder na mesma moeda.

    Quanto às origens da Grande Recessão, muito boa gente liga-as à revogação das partes mais significativas do Glass-Steagall Act de 1932, que impediam a mistura de actividades entre banca comercial, banca de investimento e companhias de seguros. Essa revogação teve lugar em 1999, com apoio bi-partidário e foi aprovada pelo Presidente Bill Clinton. Há ainda a considerar, também, os nefastos efeitos do famoso crédito "sub-prime" à habitação, especialmente promovido pela Administração Clinton na sua política de que "todos têm direito a casa própria". Esta política resultou também em pressões sobre os bancos para concederem crédito a pessoas que, na prática, não tinham condições para o pagar. A bolha acabou por rebentar no decurso de uma administração republicana, como poderia ter rebentado durante uma administração democrática. Ambos os partidos são responsáveis pela Grande Recessão.

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    1. O Glass-Steagall Act foi parte da história, mas tudo o resto foi obra do GOP. Para além disso, tens alguma dúvida que o Glass-Steagall Act não seria repelido se os Republicanos estivessem no poder?

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    2. Rita e Alexandre, embora concordando com o que acabaram de dizer parece-me muito redutor. O subprime (que era previsivel bastante tempo antes, aliás) teve essa origem, sim... mas não subestimemos o papel da Fed do Sr. Greenspan na sua criação. Esta história das taxas de juro demasiado baixas durante demasiado tempo tem consequências. Algo que, de resto está a ser feito agora novamente, criando outra parecida com a anterior mas para pior.

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    3. Não sei o que é "tudo o resto".

      Quanto à tua pergunta, isso é um cenário hipotético e de história alternativa. Só faltava agora culpar-se os republicanos por aquilo que eles hipoteticamente teriam feito se ocupassem a Casa Branca. Por essa ordem de ideias, também poderia dizer-se que, no que respeita à Guerra do Iraque, uma Presidente (a) Clinton também a teria lançado, pois até votou a favor dela no Senado. O que sabemos é que um presidente democrático, que tinha o poder de vetar a lei que levou à revogação do Glass-Steagall Act, não o fez. Mas todos sabemos dos "cozy links" entre os Clinton e Wall Street, com "discursos" da Madame Candidate ao pessoal do Goldman Sachs a $ 225.000 dólares a dose. Não sei se consideras isso um facto relevante, ou se vais argumentar que também um hipotético candidato republicano o teria feito se tivesse tido tal possibilidade.

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    4. Sim, Züricher, diz muito bem, e agradeço que tenha trazido isso à liça. A manipulação das taxas de juro, também impante na "Europa", não pode trazer nada de bom.

      E, claro, a actual bolha vai acabar por estourar. Se isso terá lugar numa presidência republicana ou numa democrática só terá importância para o "blame game".

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    5. Zuricher, a Fed podia ter as taxas de juro baixas, mas a enxurrada de dinheiro que entrou nos EUA não ajudou nada. E neste momento, há muitas poupanças a entrar nos EUA outra vez. No entanto, as pessoas que tiveram empréstimos subprime, pagaram taxas de juro bastante altas no início, só que à medida que havia menos pessoas elegíveis para comprar casas, os critérios de selecção foram sendo relaxados. E os modelos de apreciação de risco não tomaram em atenção essa mudança de critérios; pelo contrário, continuaram a presumir que o perfil de risco das pessoas mais pobres se assemelhava ao das mais abastadas...

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    6. Nos EUA e na Europa não valeu a pena terem substituido os departamentos de concessão de crédito por algoritmos. E, para piorar, os macroeconomistas nem deram por isso. E continuam a não dar...

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    7. "tudo o resto foi obra do GOP."

      Disse acima que não sabia o que era "tudo o resto", mas afinal sei: o fim da escravatura nos EUA, e até a aprovação do Civil Rights Act de 1965, durante a Administraçao Johnson, onde os republicanos, embora em minoria em ambas as câmaras do Congresso, garantiram a passagem dessa lei com mais votos GOP que Dems.

      "Ah, coisa e tal, isso era dantes, os Reps agora são terríveis!" Give me a break!

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    8. Nesse caso, meu querido Alexandre, viva o Partido Socialista: sem ele a democracia não existiria em Portugal.

      Estás a extrapolar fora da amostra e já devias saber o que acontece com pressupostos errados: crap in, crap out...

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    9. Ehehe, my dear, esqueci-me dos smilies! Era mais para me meter contigo! :-)

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  3. Trump e Clinton estão cansados. A Hillary já não tem forças para acompanhar Sanders e deixa-o sozinho no palco (anteontem, na CNN). Cruz tem vindo a subir a qualidade da prestação. A sua entrevista de ontem foi boa. Dá um certo alívio ver um candidato de direita reconhecer a grande asneira da intervenção na Líbia ou que a prioridade no conflito Sírio não pode ser afastar Assad do poder; discurso bem mais sensato do que o da própria Hillary. Não fosse não ter conseguido responder a um fazendeiro que afirmou que o agronegócio americano entra em colapso instantêneo caso a política de imigração de qualquer candidato republicano seja aplicada, como é evidente, e teria sido perfeito.

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  4. O problema, NG, é que uma boa parte do eleitorado americano parece estar este ano mais interessado em sound-bites mais ou menos tornitruantes do que em propostas políticas substantivas. Mas Ted Cruz vencerá, muito possivelmente, a primária do Wisconsin no próximo dia 5 - tal como Bernie Sanders, já agora - e a feição da corrida poderá mudar.

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  5. Rita, entrar muito dinheiro nos EUA não foi algo mau em si mesmo. O problema foi a alocação desse dinheiro (e mais o que os bancos US foram buscar à Fed a preços módicos) e está a acontecer exactamente o mesmo problema agora. Quando as taxas de juro estão a niveis baixissimos que alternativa resta aos investidores que buscam um bocadinho de rentabilidade senão ir para investimentos mais arriscados? Pois aí, claro, não há análises de risco que resistam. Os investidores ou começam a amontoar macinhos de notas (passe o figurativo) ou atiram-se para coisas mais arriscadas e na realidade o que não faltou foi gente disposta a investir o seu dinheiro no financiamento de hipotecas de altíssimo risco (e não só dado que na altura não era a única coisa que podia rebentar) e nos produtos derivados que acabaram espalhados por meio mundo. Uma grande parte dos investidores, com taxas de juro aceitaveis, não se meteria nestas coisas. Agora, se nos investimentos seguros não se ganha nada (e até se perde...), o que fazer? Depois dá asneira, claro, como deu, como se via desde um bom tempo antes que ia dar e como agora se vê que irá dar novamente. Com a agravante de que neste momento os valores são muito superiores e há tralha esquisitissima disseminada no portfolio duma série de agentes económicos quando antes mais ou menos se circunscreveu aos bancos e a uma ou outra seguradoras. Estas últimas, aliás, preocupam-me bem mais pelos seus efeitos sociais do que os bancos propriamente.

    Alexandre, plenamente de acordo. Agora, há uma parte muito triste nesta história toda. Quem pode proteger-se, pois já se protegeu, tem o seu portfolio a contar com azares, eventualmente já assumiu que há um potencial de perda relevante, enfim, cada caso é um caso. O importante é que quem pode já comprou o guarda-chuva. Mas o resto, a esmagadora maioria das pessoas, não tem como proteger-se e irá ser muito afectada. Ora, isto tão próximo da crise anterior, provavelmente com efeitos económicos mais gravosos e afectando muito mais gente, tem todos os ingredientes para situações muito, muito complicadas em termos sociais, políticos e mesmo militares.

    De há um tempo para cá e quanto mais tempo passa, pior, aquele provérbio Português da cautela e dos caldos de galinha que nunca fizeram mal a doentes ecoa muitissimo na minha cabeça. E quando digo cautela refiro-me não apenas ao que se faz com o dinheiro mas sim a toda a forma como se governa a vida, toda a envolvente, enfim, tudo no geral.

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    1. Não percebi a lógica. A entrada de dinheiro nos EUA dilui o efeito da política monetária. Quanto à alocação de dinheiro, é óbvio que quando a economia está num pico económico, não se deve diminuir os impostos, nem aumentar os gastos públicos, mas ambas políticas fiscais foram executadas. Não faz sentido criticar a política monetária apenas, quando a fiscal era completamente inadequada. Quem foi o Presidente que mandou os americanos às compras?

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    2. Rita, eu não critico a política monetária "apenas". Porém não desdenho, em absoluto, os seus efeitos, mormente neste aspecto específico dados os seus impactos na alocação dos investimentos. Uma política monetária com taxas de juro mais elevadas cria mais oportunidades para investimentos seguros com rentabilidades aceitaveis tirando assim o incentivo a uma parte significativa dos investidores para irem aos investimentos mais arriscados o que diminui o dinheiro disponivel para asneiras e mesmo esse pouco que continua disponivel fica caro, daqui forçando a que as asneiras fiquem forçosamente diminuídas na sua dimensão. É precisamente aqui que vejo a grande relevância da política monetária neste assunto. Sim, é evidente que as bolhas podem ser reduzidas na sua velocidade pela política fiscal mas isso, diz-nos a experiência, nenhum governo faz. Afinal, nenhum governo quer ser acusado de fazer chover na festa da população, não é? E, em todo o caso, se não houver dinheiro barato o problema fica morto pela raiz dado a utilização do dinheiro disponivel ser logo, forçosamente, muito mais criteriosa.

      Há ainda outro aspecto pelo qual ponho grande enfase na política monetária. Os governos, presidentes, enfim, os cargos eleitos em geral, estão sujeitos à pressão eleitoral a que os governadores dos bancos centrais, que não são eleitos mas sim nomeados, não estão. A independencia real duns e doutros é muito diferente e, por este motivo, quando a economia começa a criar bolhas, é muito mais fácil aos governadores dos bancos centrais actuar sobre a política monetária do que aos governos actuar sobre a política fiscal para limitar o crescimento das bolhas em formação.

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    3. Engraçado, eu devo estar a ficar gagá. Ia jurar que tinha o parágrafo de remate neste último comentário mas como agora ao vê-lo publicado não aparece o remate pois só pode querer dizer que ficou na cabeça e não passou para os dedos. Enfim... Escrevo-o agora como adição ao anterior.

      Em todo o caso, Rita, a alocação do dinheiro disponivel é acima de tudo um problema de política monetária e para o qual a política monetária está vocacionada para responder. O uso da política fiscal para resolver problemas de política monetária tem realmente alguns resultados mas, em simultâneo, espartilha desnecessariamente a política fiscal que fica assim com restrições desnecessárias para acudir ao que são os efectivos problemas passiveis de resolução pela via fiscal. Muito particularmente e desde logo neste caso presente, usar a política fiscal para resolver problemas de política monetária não é mais do que exportar o problema dado que o dinheiro continua a existir na mesma quantidade e ao mesmo preço. Simplesmente move-se para outras paragens com políticas fiscais mais amigas do seu uso. Ou "ainda mais" tendo em vista a experiencia dos últimos anos. Em suma; com a colher come-se sopa e com o garfo come-se o bife. Melhor não tentar comer sopa com garfos e bifes com colheres.

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  6. Bem verdade, Züricher. E é pena que ande tudo, mais uma vez, completamente distraído do potencial cataclismo que aí vem. "Hedging my bets", though! ;-)

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