sexta-feira, 18 de março de 2016

pura e simplesmente terrorismo



Onze minutos de brutalidade e de incitação à violência. Só consegui ver metade.
O Donald Trump não vai ser presidente, mas este vídeo mostra os danos enormes que já causou, e que são dificilmente reparáveis. A violência está nos corações e na rua, as pessoas sentem-se cada vez mais livres e justificadas para fazerem um discurso racista, xenófobo e/ou islamofóbico no espaço público. E para passarem das palavras à acção.

Na Alemanha foram registados, no ano passado, mais de 800 ataques contra refugiados (ataques a casas, graffiti xenófobo, violência corporal, manifestações, etc.). Em 2014 tinham sido 198, em 2013 foram 55 e em 2012 apenas 24. É certo que a partir de determinado momento a Polícia e a população começaram a estar muito mais atentas a esta realidade, o que explica em parte o aumento dos casos registados, mas mesmo contando com números mais altos e não registados em anos anteriores, é óbvio que a Alemanha se debate com um problema gravíssimo e crescente de violência contra estes estrangeiros.

Ontem o sistema jurídico deu um sinal claro de como pretende proteger o país desta onda de ódio. Como noticia o Spiegel online: oito e sete anos para os dois homens que, a 28 de Agosto do ano passado, fizeram um cocktail molotov e o atiraram para dentro de um apartamento onde vivia uma família de refugiados, quatro anos e meio para a mulher que os conduziu ao local. O tribunal deu por provado que se tratou de um ataque "de fundo ideológico, melhor dizendo: ódio racista e xenófobo nazi", e que os três não tinham qualquer dúvida de que nesse ataque podiam morrer pessoas. Só por acaso é que a criança de quatro anos, para cujo quarto eles atiraram o explosivo, não morreu. Nessa noite estava a dormir no quarto da mãe.
O juiz Wolfgang Rosenbusch, conhecido por ser muito directo, afirmou que os dois autores do ataque se inspiravam desde há muito na ideologia nazi, difamando com base na etnia, cor de pele e religião, e aprovando o extermínio em massa conduzido por Hitler. O tribunal vê aqui um claro compromisso com a loucura racial nazi, patente nos factos - que falam por si.  
Para o Spiegel online, a assertividade do juiz não é tanto um aviso para os extremistas de Direita que queiram eventualmente fazer ataques semelhantes, mas um sinal para as pessoas que procuram abrigo na Alemanha. Como é o caso da família vítima deste ataque: uma viúva do Zimbabwe, que fugiu com os três filhos pequenos ao terror do Mugabe, depois de terem assassinado o seu marido. "Tudo aquilo de que vinha a fugir, encontrou de novo aqui", diz o juiz Rosenbusch.

A mulher que conduziu os dois atacantes ao local do crime, que tem 24 anos e cria sozinha dois filhos (e se gaba de ter ensinado o de dois anos a dizer "Sieg Heil"), também foi muito criticada pelo juiz: "a senhora concluiu a Realschule, não é propriamente idiota. Sabe perfeitamente o que acontece quando se atira uma garrafa cheia de gasolina para dentro de uma casa."
Também ela fora movida por ódio racial, como revela um chat do WhatsApp. Nessa noite, a mãe pergunta-lhe: "Que é que vocês fizeram? Molotovezinho no centro de refugiados. Na na na", e a filha responde "Portámo-nos todos muito bem. Fizemos ó-ó. Mas não faz mal nenhum."
Quatro anos e meio de prisão, quatro meses mais do que pedia a acusação.

Nem o advogado de defesa de um dos réus foi poupado. O seu esforço de esbater o extremismo de direita do seu cliente, "se pusermos numa panela de sopa todos os indícios que atiçam a suspeita de xenofobia, e mexermos, o que obtemos no fim será mesmo nacional-socialismo?", foi liminarmente rejeitado pelo juiz. "O que vemos nessa sopa é a careta monstruosa do nazismo", respondeu o juiz. E acrescentou, virado para os réus: "O que os senhores fizeram é, nada mais, nada menos, o que a SA fez a 9 de Novembro de 1938". Nesse dia, grupos organizados de atacantes deitaram fogo a casas de judeus, marcando o início oficial do maior genocídio da História. "É nesse grupo que os senhores entram. O que fizeram é pura e simplesmente terrorismo."

Quando procurava na net os números exactos de ataques a refugiados, encontrei numa das notícias um comentário com os lamentos desculpantes do costume:

"Estas coisas acontecem com cada vez maior frequência como resultado da política de boas-vindas, que uma grande parte da população alemã não quer aceitar. Os protestos são ignorados, menosprezados, ou arrumados na gaveta da extrema-direita. Por meio de mentiras, o número de opositores a esta política de refugiados é permanentemente reduzido a uma dimensão infinitamente inferior à realidade. As manifestações não resultam, as petições também não, e os nossos tribunais têm cada vez maior tendência a ver ódio racial em tudo. A única solução que nos resta é aumentar o volume e a clareza.
Não é legítimo incendiar centros de refugiados mas, quando isso acontece, os políticos, e em especial a Angela Merkel, não estão inocentes. A Pegida, a AfD e todas as organizações que protestam contra a actual política têm se ser levadas a sério, porque são parte do povo alemão.
Neste momento, os alemães parecem um animal encurralado e cheio de medo. Em tal situação, qualquer ser vivo se torna, mais tarde ou mais cedo, violento e disposto a atacar."


Ontem, um tribunal alemão deu a este tipo de queixas uma resposta clara: há uma fronteira a partir da qual o que se diz e o que se faz é considerado terrorismo, e os seus autores são chamados à responsabilidade. Quatro anos e meio por conduzir os atacantes ao local do crime, por exemplo.


36 comentários:

  1. Olá Helena! :-)

    Antes de mais um pedido de desculpas pelo alongado deste comentário que me obriga a dividi-lo por dois dado a caixa de comentários não aceitar comentários tão grandes.

    Post isto, adiante para o que venho a dizer. Há muitos anos que acompanho estas questões das migrações e da convivência entre culturas diferentes. Desde o final dos 1990s que os sinais de que iria dar asneira estão aí e, claro, com o tempo foram evoluíndo, avolumdando-se e ganhando massa crítica. Já nessa altura e várias vezes desde então escrevi que as migrações em excesso iriam causar problemas, entre os quais crescimento de partidos xenófobos ou mesmo de índole nacional-socialista, deportações em massa (o que França está a fazer com a retirada de nacionalidade e a Noruega com a ameaça de encerramento total das fronteiras a refugiados vai até mais longe do que eu supunha possivel) e, por fim, reacção popular que já se nota e o episódio que nos conta é apenas mais um entre muitissimos que têm acontecido pela Europa fora e penso que ainda a procissão vai no adro. Tudo isso irá generalizar-se se não se atalhar rapidamente o assunto. Podemos condenar as populações por reagir? Legalmente sim, sem qualquer dúvida. Mas moralmente será assim tão incompreensivel que aconteça e porque é que acontece? Não, não é incompreensivel e os porquês são óbvios. Eram previsiveis dado serem a reacção humana normal e ancestral. Porém, quem há 10-15 anos alertasse para onde isto iria levar era rotulado, no mínimo de xenófobo. A história agora da invasão de refugiados foi a gota de água. Até mesmo há seis meses quando Viktor Orbán mandou fazer a vedação para impedir a passagem de refugiados para a Húngria o que não faltaram foram vozes a insultá-lo. Seis meses passados é a própria UE que está a advogar a exacta mesma coisa não ao nível dum país mas sim de todo o bloco Schengen como forma de proteger as suas fronteiras exteriores.

    No seu post deixa um extracto duma notícia que encontrou e da qual cito a frase "A Pegida, a AfD e todas as organizações que protestam contra a actual política têm se ser levadas a sério, porque são parte do povo alemão.". Isto não é desculpante. É pragmático e real. Sim, os integrantes destes movimentos são parte do povo alemão. Não são marcianos, não são cães, não são pedras da calçada. São eleitores com identico direito de voto como todos os outros. Isto dá-lhes o direito de atacar fisicamente os imigrantes e refugiados? Não, claro que não. Mas há que ter em conta que esta gente existe e, o que é pior, cada vez são mais. E se não se atalha a questão então aí é que se calhar chegaremos à noite de 9 para 10 de Novembro de 1938. Dizer-se apenas que as SA atacaram os comércios e casa judaicos bem como os judeus fisicamente é contar apenas metade da história. A outra metade é que essas acções tiveram apoio maioritário da população urbana Alemã da altura. Se não se atalhar o problema (e já é tarde mas antes agora que mais tarde ainda) pode realmente haver a cópia a papel químico da Noite de Cristal. Substancial apoio popular incluído e aí a autoridade do Estado nada poderá fazer.

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    1. Zuricher,
      parece-me que vivemos em continentes diferentes. Eu vivo na Europa dos valores humanitários - e o Zuricher?
      Por partes:
      1. Os “perigos da emigração”: o problema foi ter pensado que as coisas se resolviam por si. Não resolvem. É preciso fazer um esforço sério para integrar essas pessoas, é preciso impedir a todo o custo que se amontoem em guetos de gente pobre e sem perspectivas. Normalmente, o problema de fundo não é serem estrangeiros ou muçulmanos, é serem pobres, sem acesso à educação, sem perspectivas de encontrarem um lugarzinho ao sol nesta sociedade. Quando abriu as fronteiras, a Angela Merkel avisou que estávamos perante um desígnio nacional que duraria muitos anos.

      2. “Mas moralmente será assim tão incompreensivel que aconteça e porque é que acontece? Não, não é incompreensivel e os porquês são óbvios. Eram previsiveis dado serem a reacção humana normal e ancestral.” – Reacção humana normal e ancestral de quem, já agora? Acha normal que um país se recuse a ajudar pessoas que fogem a uma guerra terrível, com um ditador que usa armas químicas contra o seu próprio povo, de um lado, e fundamentalistas islâmicos, do outro? Acha normal?! Nem todos são assim, e dou-lhe um exemplo da própria Síria: durante o genocídio de 1915, muitos arménios encontraram refúgio em Alepo. Em meia dúzia de anos, quase 13% da população dessa cidade síria e árabe passou a ser constituída por refugiados cristãos arménios. Na fronteira com a Turquia, os árabes sírios foram extraordinários a ajudar os refugiados cristãos. Pouco depois, quando os franceses saíram da Cilícia, o peso da população arménia em Alepo subiu para 25%. Por ali foram ficando em boa paz com os árabes sírios. Quando a guerra civil rebentou, viviam em Alepo cerca de 60.000 cristãos arménios. A cidade foi destruída e grande parte da população teve de fugir para salvar a sua vida.
      E agora o Zuricher vem-me dizer que essa gente é um perigo para nós, e que é preciso fechar as fronteiras europeias a estes desgraçados em fuga?! Porquê? Porque quer fechar a fronteira indiscriminadamente a muçulmanos e cristãos, homens, mulheres, crianças, doentes? E porque é que recusa a estes árabes muçulmanos aquilo que, há cem anos, os pais e avós deles souberam dar aos cristãos?

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    3. 3. A “invasão dos refugiados”: a Síria tem (tinha) 21 milhões de habitantes. A UE tem 508 milhões. Mesmo que todos os sírios se mudassem para a UE, só seriam 4% da população. Que espécie de cobardolas somos nós, estes quinhentos milhões que nós somos, que ficamos cheios de medo por terem entrado dois milhões de refugiados? Dois para quinhentos, e o Zuricher subscreve a teoria da "invasão de refugiados”?! Deve estar a brincar. Dois refugiados para quinhentos europeus, e diz-me que os europeus estão a morrer de medo e que é o fim do mundo?! Ganhem juízo, ganhem vergonha!

      4. O muro que a Europa está a erguer para evitar a entrada de emigrantes é a coisa mais vergonhosa e mais imoral que podia ter feito. É inaceitável do ponto de vista dos princípios que diz serem os seus, é inaceitável do ponto de vista histórico (quantos europeus não fugiram a fomes e guerras e foram acolhidos noutros continentes? isto é só receber, sem retribuir quando são outros a precisar? Uma outra questão ligada à História: quantas dessas guerras e quanta dessa pobreza de que as pessoas fogem não foi provocada pela hábil, egoísta e cínica defesa dos nossos interesses ao longo dos séculos? podemos em boa consciência virar as costas a problemas que também foram provocados por nós?) e é inaceitável do ponto de vista dos tratados internacionais que assinámos. Estamos a andar para trás com o turbo ligado a toda a potência para, repito, impedir a entrada de pessoas em terrível estado de necessidade e que nem sequer chegam a 1 % da nossa população.

      5. Há dez anos, como hoje, as palavras xenofobia, racismo, islamofobia têm toda a razão de ser e merecem ser aplicadas.

      6. A alusão à Pegida e à AfD na mesma frase não vem na notícia do Spiegel, vem num comentário que traduzi.
      Aqui: http://www.epochtimes.de/politik/deutschland/anschlaege-auf-fluechtlingsunterkuenfte-gehen-zu-weihnachten-weiter-a1294288.html
      Quanto a essas pessoas que protestam contra a entrada de refugiados serem parte do povo alemão: os criminosos também são parte do povo alemão. Os sociopatas também são parte do povo alemão. Os neonazis também são parte do povo alemão. Até há terroristas islâmicos que são parte do povo alemão - “arianos”, como aqui se dizia na desgraçada primeira metade do séc. XX. Ser parte do povo alemão não é um cheque em branco para nada. Há leis e há valores, iguais para todos, para serem respeitados por todos.

      7. Aonde foi buscar a informação de que os ataques organizados pelo regime nazi a 9 de Novembro de 1938 tiveram o apoio da maioria da população alemã? A que propósito fala em repetir hoje essa cena? Acaso a Alemanha está subjugada a um regime totalitário e monstruoso? Acaso está sequer a caminho disso? Muito me conta.
      O que aconteceu há cem anos foi que um partido extremista e muito perigoso resolveu identificar os judeus como bode expiatório de modo a canalizar o ódio de alemães descontentes com uma série de problemas daquele tempo. A identificação de um inimigo “externo” foi uma parte importantíssima da estratégia de tomada de poder. Hoje em dia está-se a fazer o mesmo com os refugiados/árabes/muçulmanos. Os partidos de extrema-direita e nacionalistas estão a usar a mesmíssima estratégia para atingir o poder, e estão a ter sucesso. E o Zuricher, consciente ou inconscientemente, vai com eles. Leia com atenção o que escreveu. Se fosse há 90 anos, estava-me a dizer que os judeus são um perigo, e que é preciso fazer alguma coisa, e que é preciso ouvir as vozes desse novo partido que é constituído por pessoas tão alemãs como as outras.

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    4. «Eu vivo na Europa dos valores humanitários»

      Isso não passa de propaganda europeísta. A "Europa do valores humanitários", daquilo a que na América se chama "bleeding-heart liberals", foi a mesma que pariu Adolf Hitler, Francisco Franco e Josef Vissarianovich Dzhugashvili, já para não falar de Robespierre e do Terror, ambos movidos por valores humanitários.

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    5. Helena, há duas formas de responder à sua amavel resposta, uma curta e outra mais longa. Irei usar as duas até porque a curta, por concisa, remata a longa.

      A curta:

      1 - Mas que engraçado, a Europa só agora é que descobriu que há refugiados? Provavelmente os Somalis que estão em Dadaab, o maior campo de refugiados do mundo, não são gente. Tal como, certamente, os restantes mais de 50 milhões de refugiados que há em todo o mundo não o serão. Mas agora com os Sírios a Europa subitamente descobriu que existem refugiados no mundo. Ele há coisas...

      2 - A matemática da quantidade de refugiados versus a população total da Europa: funciona bem em termos matemáticos, na realidade não. E na realidade não funciona porque as pessoas, os cidadãos, não aceitam. E a partir do momento em que os cidadãos não aceitam, continuar a forçar a barra contra a vontade dos cidadãos é borrifar o fogo com gasolina e estimular cada vez mais o crescimento tanto da AfD (o que não é propriamente mau) mas em particular do PEGIDA e movimentos similares, o que é péssimo. Será que só se vai parar para pensar quando um destes movimentos chegar ao governo nalgum país? Tenho para mim que seria melhor ir travando antes para evitar males maiores.


      Agora a resposta longa na qual irei usar a numeração por pontos da sua resposta por comodidade.

      Primeiro a questão dos valores. Valores, princípios, etc, etc, dizem-me pouco. Sou essencialmente pragmático e racional. Tenho muito bem a noção de que o bom é inimigo do óptimo e muitas vezes não há mais remédio que ficar apenas com o possivel. Tenho visto pelo mundo fora os resultados de aplicar princípios indiscriminadamente sem atender às especificidades culturais de cada sítio. Não gosto do que vejo. Aliás, a própria Síria é exemplo do que acontece quando se usam princípios ocidentais em problemas noutras culturas.

      1 - É impossivel integra-los quando se tratam como atrasados mentais, quando se criam regras aplicaveis apenas a eles, quando se lhes permite invocar o serem coitadinhos para desculpar todas as tropelias que façam sem lhes fazer cair em cima toda a força da lei, quando se lhes permite manter os seus hábitos que chocam com os nossos hábitos, com o nosso modus vivendi. Por outro lado, o politicamente correcto impede que se force essa integração. Contrariamente, aliás, ao que acontece no Canadá, EUA ou Austrália. Dados os resultados parece-me que na Europa as coisas não correm lá muito bem. A Bélgica, como falei anteriormente, tinha uma política que forçava a imigração e impedia a formação de ghettos. Nomeadamente havia nas cidades Belgas uma regra de quotas que impedia que em cada bairro houvesse mais que uma dada percentagem de estrangeiros e isto era posteriormente mais refinado. Alguém lembrar-se de fazer uma coisa destas hoje em dia seria impensavel. Mas funcionava. Só que como vai contra o politicamente correcto, pois que funcione é irrelevante. Não pode fazer-se. Por fim a questão da pobreza: imigrantes pobres há-os de vários sítios. Há nos países Europeus comunidades com as mais diversas origens e, enfim, na sua generalidade pobres que vêm para a Europa a tentar fazer as suas vidas. Porque é que só com os muçulmanos há estes problemas?

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    6. 1 - É impossivel integra-los quando se tratam como atrasados mentais, quando se criam regras aplicaveis apenas a eles, quando se lhes permite invocar o serem coitadinhos para desculpar todas as tropelias que façam sem lhes fazer cair em cima toda a força da lei, quando se lhes permite manter os seus hábitos que chocam com os nossos hábitos, com o nosso modus vivendi. Por outro lado, o politicamente correcto impede que se force essa integração. Contrariamente, aliás, ao que acontece no Canadá, EUA ou Austrália. Dados os resultados parece-me que na Europa das palavras doces as coisas não correm lá muito bem. A Bélgica, como falei anteriormente, tinha uma política que forçava a imigração e impedia a formação de ghettos. Nomeadamente havia nas cidades Belgas uma regra de quotas que impedia que em cada bairro houvesse mais que uma dada percentagem de estrangeiros e isto era posteriormente mais refinado. Alguém lembrar-se de fazer uma coisa destas hoje em dia seria impensavel. Mas funcionava. Só que como vai contra o politicamente correcto, pois que funcione é irrelevante. Não pode fazer-se. Por fim a questão da pobreza: imigrantes pobres há-os de vários sítios. Há nos países Europeus comunidades com as mais diversas origens e, enfim, na sua generalidade pobres que vêm para a Europa a tentar fazer as suas vidas. Porque é que só com os muçulmanos há estes problemas? Se calhar seria avisado parar para pensar nesta questão.

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    7. «O muro que a Europa está a erguer para evitar a entrada de emigrantes é a coisa mais vergonhosa e mais imoral que podia ter feito. É inaceitável do ponto de vista dos princípios que diz serem os seus, é inaceitável do ponto de vista histórico (quantos europeus não fugiram a fomes e guerras e foram acolhidos noutros continentes?»

      Ainda há uma coisa chamada lei e controlo fronteiriço. E esses europeus todos que foram para outros continentes, nomeadamente o americano, fizeram-no obedecendo às regras locais de imigração. Presumo que já tenha ouvido falar de Ellis Island, por exemplo?

      Também objecto ao discurso que coloca de um lado os bonzinhos, os sensíveis, os defensores dos "valores europeus" e do outro, do lado da maldade e da xenofobia, aqueles que, como o nosso Züricher, defendem mais cuidado, mais cabeça fria, mais realismo e menos demagogia e exibição de bons sentimentos.

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    8. 2 - Reacção humana normal e ancestral do ser humano na sua reacção ao diferente que o agride. Os Arménios na Síria não são propriamente estranhos e nem o eram em 1915. A relação amistosa dos Arménios com a Síria perde-se no tempo. Além de que o contexto de 1915 era totalmente diferente do actual. Não havia a crispação no mundo muçulmano que há hoje em dia. Por outro lado, não, não pretendo fechar sumariamente as portas a quem busca protecção. Agora, também jamais me passaria pela cabeça enfiar pela goela das populações nativas algo que elas não estão preparadas para aceitar. Que, de resto, não é mais do que o que fazem EUA, Canadá ou Austrália entre vários outros. Será que são xenófobos? Não, penso que não. O que advogo desde o início é o meio termo. É o ideal? Não. Mas é simplesmente o possivel e o que tem sido feito em todo o lado desde a Segunda Guerra: campos de refugiados. Daqui que deixo uma pergunta: é preferivel haver campos de refugiados com um módico de condições onde os refugiados podem estar até lhes ser possivel voltar para as suas terras ou é preferivel ter as sociedades de vários países Europeus em polvorosa, ter uma certa extrema-direita próxima do nazismo em ascensão, ter ataques violentos a refugiados e ter refugiados a viver em condições atrozes na improvisação de Idomeini? O que é preferivel? Utopizar sobre o óptimo ou aceitar o possivel? Alguns poderiam entrar e ser integrados, claro. Mas sempre de acordo com as necessidades e possibilidades dos países de acolhimento. Uma vez mais, exactamente como fazem EUA, Austrália, Canadá e vários outros. Algo que na Europa é um conceito estranho, é aplicado com sucesso na generalidade do resto do mundo. Uma última nota sobre este ponto em particular. Aplicar o epíteto "brutal ditador" a Assad não pode ser real. A Síria era um dos países mais prósperos do Médio Oriente e, a par com o Iraque de Saddam, os únicos que não tinham tensões religiosas e onde as várias comunidades religiosas conviviam de forma amena. Outro aspecto era a homosexualidade. Pese embora ser ilegal na legislação vigente até ao início da guerra civil, o regime de Assad nunca fez uma perseguição exaustiva e intensiva aos homosexuais como acontece em todos os restantes países da região excpto Israel. Havia algumas prisões (penas irrisórias para o contexto regional), alguns problemas, mas nunca algo intensivo como nos restantes países ou até mesmo na RFA ou Inglaterra até 1969 e 1967 respectivamente. Os indicadores sociais Sírios estavam também em crescendo há décadas. E podia continuar discorrendo até em maior pormenor sobre a Síria dos Assad. Pai e filho. Assad fez erros e disparates? Sim, claro. Eu aponto-lhos. Mas "brutal ditador", essa não. No contexto local e regional, Assad é um ditador, sim, mas não particularmente sanguinário ou agressivo. Mesmo a questão das armas químicas, sim, usou-as. E não o devia ter feito. Foi um erro imperdoavel. Mas rapidamente deixou de as usar e entregou-as aos Russos.

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    9. 3 - Não subscrevo a tese da "invasão de refugiados", aliás, é um tema sobre o qual não subscrevo, a priori, tese nenhuma, sequer. Limito-me tão somente a não pretender o impossivel. A resposta curta responde em larga medida a este ponto mas acrescento uns pózinhos. Sim, quatro por cento da população Europeia. Que se acrescentam aos que já existem e nalguns países são comunidades com dimensões muito vastas. Por outro lado, mesmo sendo apenas quatro por cento, uma avalanche súbita dessa dimensão causa inevitavelmente problemas sociais, demográficos e de saúde pública. É normal que as pessoas se rebelem e reajam. Sendo que esta questão dos refugiados não criou o problema. Foi, sim, a gota de água numa questão que existe há cerca de 15-20 anos e foi evoluíndo lentamente e ao seu ritmo até desembocarmos na questão actual. E, enfim, se não se atalhar continuará a evoluir ao seu ritmo que agora já não é tão lento como antanho. Espero que dentro de uns meses, um par de anos, cinco anos mesmo, não estejamos aqui a lamentar coisas muito mais graves e sérias do que uns ataques esparsos a centros de refugiados. Espero-o sinceramente e é precisamente esse o fundo de tudo o que venho dizendo sobre o tema.

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    10. 4 - Em larga medida está respondido anteriormente mas acrescento algo quanto ao que importa clarificar. É certo que em boa medida os problemas foram causados pelo Ocidente. Muito em particular por aqueles que defendem a tese do "sanguinário ditador" que há que derrubar aconteça o que acontecer. Assim um bocadinho como o que aconteceu na Líbia que podia ter servido de lição ao Ocidente (enfim, como podiam ter servido de lição muitas Líbias antes...) mas não serviu e deu no que deu. Defendo como regra uma política de não intervenção nos assuntos internos dos países e das sociedades salvo num caso particularíssimo: quando as decisões internas dum país podem ter efeitos muito graves sobre a nossa sociedade. Fora isso defendo que cada sociedade deve poder evoluir ao seu ritmo, com os seus valores, os seus conceitos, as suas guerras, os seus diferendos e as suas formas de resolução exactamente como nós Europeus evoluímos ao longo de séculos, sozinhos, por nós, sem ninguém meter o nariz. Só assim podem os locais, os próprios, alcançar a paz. Paz verdadeira porque desejada por todos os contendores e de acordo com os seus conceitos e valores próprios, com soluções adequadas às suas culturas e modos de viver. O Ocidente tem feito erros? Sim, sem dúvida. Esses erros desestruturaram sociedades? Evidentemente que sim. Mas isso é desculpa para, de caminho, dar cabo também das nossas sociedades? Assim, numa de perdido por 10, perdido por 1000? Isso é que não aceito.

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    11. 5 - Não deixa de ser interessante ver que nos últimos 15 anos ou coisa do género tem-se reduzido muito o âmbito ao qual são aplicadas. Hoje em dia a Helena e outros foristas estão aqui a debater esta questão amenamente comigo. Quando há uma dúzia de anos aludia a estes temas eu era, como regra, sumariamente despachado com um "Fascista, xenófobo", quantas vezes seguido duma série de palavrões irreprodutiveis num sítio de bem como este.

      6 - Não disse que ser parte do povo Alemão é um cheque em branco seja para o que for. O que disse é que essa parte do povo Alemão (e do Francês, e do Sueco, e do Dinamarquês e de vários outros) está a aumentar e os partidos que advogam soluções bastante gravosas estão a ganhar terreno. É que há o risco de chegar o momento em que um partido desses consegue alterar as leis. E aí será muito mau para todos. Começando logo pelas minorias e aí acabará a pagar o justo pelo pecador. Precisamente para evitar este extremo é que advogo que estas coisas sejam feitas de forma muito ponderada, com muita calma e sem afrontar irremediavelmente as populações.

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    12. 7 - A todo o conhecimento que tenho da sociedade e história Alemãs desse tempo e sobre a qual há abudante documentação. Claro que os Alemães evitam ao máximo falar sobre esses tempos embora até isso esteja a mudar nos últimos anos dado as gerações actuais já estarem a começar a libertar-se dos complexos de culpa anteriores que as levavam a aceitar todos os enxovalhos relativos a tudo quanto de mau se passou nesse tempo. Repare, Helena, que até 1990 os Alemães aceitaram as culpas por tudo e mais alguma coisa, incluindo pelo que não fizeram como foi o caso de Katyn. Simplesmente não tinham ânimo para repôr a verdade e, de resto, nem ninguém lhes consentia que o fizessem. Na realidade e dado ter atingido uma série de objectivos, Hitler desfrutou de grande apoio popular, apoio esse que durou até cerca de 1941-42. Mais ou menos até a guerra começar a inverter-se, começarem a cair bombas em cidades Alemãs em grande quantidade e as condições de vida dos Alemães começarem a cair abruptamente. Hitler era genuinamente aclamado onde ia e não há, sequer, notícia de qualquer movimento de resistência na Alemanha Nazi com grande expressão ou organização. Havia pequenos grupusculos sem qualquer consequência ou expressão real. A população em geral, essa, estava agradecida a Hitler por ter acabado com o desemprego, ter melhorado enormemente as condições de vida do povo e ter libertado a Alemanha de Versalhes permitindo-lhe sonhar com ser grande outra vez. Só começa tudo a mudar já entrados os 1940s e, mesmo aí, nunca se conseguiu criar um movimento coordenado e uno contra o governo de Hitler. Isto contrariamente ao que aconteceu nos países ocupados onde a resistência organizada e expressiva foi a regra.

      Em todo o caso aludi à Noite de Cristal em resposta à frase "O que os senhores fizeram é, nada mais, nada menos, o que a SA fez a 9 de Novembro de 1938" que escreve no seu post original.

      Concordo com o que diz sobre o que aconteceu no anos '30. Porém nessa altura houve motivos para Hitler ter chegado ao poder. Não chegou lá por causa dum golpe de estado ou pela força. Chegou por meios constitucionais e teve as duas maiores votações desde 1920. Houve motivos para os eleitores Alemães nele terem votado. Ignorar os motivos pelos quais os eleitores hoje em dia, na Alemanha como em vários outros países, votam em partidos com políticas pouco recomendaveis, é repetir exactamente o mesmo erro que levou à ascensão de Adolf Hitler à chancelaria. As pessoas votam em quem promete dar-lhes o que pretendem obter. Por isso o movimento PEGIDA e vários outros partidos estão a crescer como estão a crescer. Não quero que cresçam, de todo. E precisamente por isso é que advogo que os partidos do tradicional arco de poder devem ter muita cautela na sua acção e evitem afrontar demasiado as populações. É que, sentindo-se afrontadas, as populações reagem por si, por um lado, e, em simultâneo reagem com o voto. Exactamente como fizeram em 1932.

      Há 90 anos não lhe estaria a dizer que os judeus são um perigo. Sei separar perfeitamente o que vejo e sinto, o que observo e os dados que me chegam, dos meus próprios anseios, desejos e vontades.

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    13. 1. Não sei de que país está a falar. Na Alemanha, que é a realidade que conheço, ninguém trata os refugiados como atrasados mentais ou coitadinhos a quem tudo é permitido. Vivem em condições terríveis, e muita paciência têm eles para aguentarem tudo isso. Muitas vezes penso que se pusessem as pessoas da minha rua a viver nas mesmas condições, ao fim de menos de uma semana já estávamos todos à batatada.
      Quanto aos guetos: na Alemanha já se fala há muito em evitar grandes concentrações de refugiados num sítio só, e nunca ouvi protestos do lado do politicamente correcto.
      Quanto aos pobres, e a só os muçulmanos darem problemas: está outra vez a brincar, não está? Acha mesmo que os únicos pobres que caem na delinquência e no terrorismo são os muçulmanos? Nunca ouviu falar do fenómeno dos neonazis na região da antiga Alemanha de Leste?


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    14. 2. Se diz que em 1915 a situação era muito diferente, porque havia amizade entre os arménios e os sírios, está a insinuar que todos os muçulmanos que hoje procuram refúgio na Europa são potenciais inimigos. Nem preciso de comentar.
      Sobre o Assad: facto é que as pessoas vêm a fugir dele, porque bombardeia as cidades onde vivem, e porque as mata sem dó nem piedade.
      Quanto à sua proposta recorrente de não enervar a extrema-direita, para não dar em terrorismo: vamos tentar de novo a aApeasement-Politik? Da outra vez não correu lá muito bem.

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    15. 3. "Invasão islâmica" foi a expressão que usou.
      Fala-me em números incomportáveis mas, curiosamente, nas cidades onde há maior concentração de refugiados o peso do Pegida é insignificante. E nos sítios onde há muito menor peso de refugiados o peso do Pegida é muito grande. As pessoas temem o que não conhecem. E nos sítios onde não há refugiados, não os podem conhecer, pelo que podem alimentar livremente os medos incutidos sabe-se lá por que interesses.
      Há turcos a viver em Kreuzberg e Neuköln, em Berlim, há décadas. Os alemães parece darem-se lindamente com esse facto. Os partidos de extrema-direita não têm qualquer relevância nos bairros onde vivem turcos e árabes.

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    16. 4. Quer dizer: depois de estragar, dizemos que já não nos apetece brincar mais, não é?
      E mantenho: não acredito que um par de milhões de refugiados sejam um perigo tão grande para a Europa.

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    17. 5. e 6. Como já disse atrás: não se pode aceitar uma política de appeasement para acalmar os xenófobos.

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    18. Não, Helena? Aquele bizarro cartazinho de boas maneiras como se fossem crianças veio de onde? E a presidente de câmara a dizer que as mulheres é que têm que cuidar-se, de onde? E a tentativa de cover-up das vexações a mulheres, isso em comum também com a Suécia? Não sei se segue o zerohedge. É uma publicação um tanto ou quanto alarmista mas tem as suas coisas boas também e uma das coisas boas que têm feito é um seguimento exaustivo e cronológico de todas estas coisas. Publicam um update de vez em quando indicando sempre as fontes para o que põem. É uma leitura interessante.

      Vivem em condições terriveis. Sem sombra de dúvida. Mas é ou isso ou um campo de refugiados. O que fazer?

      Muçulmanos e neonazis: com os que são cidadãos um país não tem remédio senão atura-los e lidar com eles. De resto, nem sequer me referia a esses mas tão somente às minorias de imigrantes. Chegam à Europa hindus, chineses, africanos e sei lá mais eu o quê. Os problemas na Alemanha, França, Inglaterra e Suécia são de que migrantes? Dos muçulmanos, não é? É aqui que digo que convém refletir sobre o assunto e trata-lo.

      Não insinuei nem expressei que todos os muçulmanos são inimigos mas disse e repito que as sociedades ocidentais não conseguem absorve-los em tão grande quantidade e em tão pouco tempo, mormente nas condições actuais da Europa. E que isso gera reacção por parte da população. Por outro lado os desaguisados que tem havido não ajudam em nada a causa dos refugiados. Por isto disse e repito que a imigração (sejam refugiados, sejam migrantes económicos) deve ser uma coisa feita com muita ponderação e de acordo com a capacidade dos países e sociedades de acolhimento.

      Não percebi ainda muito bem se as pessoas vêem a fugir de Assad ou se vêem a fugir das zonas sob controlo dos rebeldes e que, dentro da Síria, fogem também, quando podem, para as zonas controladas pelo governo Sírio. O que, de resto, é muito mais dificil do que fugir para a Turquia.

      Eu não proponho não enervar os partidos de extrema-direita e nunca disse tal coisa. O que disse várias vezes foi evitar dar motivos aos cidadãos para votarem na extrema-direita xenófoboa e com tintes nacional-socialistas. Porque se os cidadãos tiverem motivos para votar neles, votam como, de resto, vêm votando.

      PEGIDA: o que é facto é que os números de apoiantes e participantes nas manifestações está a aumentar. Porquê? Uns manifestantes têm uns motivos, outros outros. Mas o aumento global do apoio, não apenas na Alemanha mas em vários outros países também, não pode ser negligenciado. Pode ser por medo do diferente, pode ser por efectivas más experiências. Agora, esse apoio em crescendo não pode ser ignorado. Sob pena de as coisas irem mais além.

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    19. 7. Parece-me que se esqueceu de ler algumas páginas da História alemã... Esqueceu-se do incêndio do Reichstag, até hoje não esclarecido, e do golpe de Estado de Hitler, que se aproveitou do incêndio para se auto-atribuir todos os poderes à margem da Democracia? Esqueceu-se do encarceramento de todos os deputados da oposição? Esqueceu-se da imposição de um regime de terror, e dos castigos que caíam sobre quem se atrevesse a dizer alguma coisa (e sobre a sua família)?
      Desculpe, mas tem uma visão muito cor-de-rosa dos primeiros anos do III Reich.

      Finalmente: fala das "populações" como se fosse a grande maioria dos alemães. Mas são uma parcela pequena da sociedade. Nas últimas eleições regionais, ganharam claramente os partidos que se aliaram à política de refugiados da Angela Merkel. Mesmo no Estado onde a AfD conquistou 24% dos votos, houve 76% de votos de pessoas que não concordam com a AfD. Não percebo o seu interesse em esquecer princípios e tratados internacionais, para não falar em valores cristãos, só para acalmar 12% ou 24% do eleitorado. Quando há em cada um desses Estados muitas mais pessoas que se manifestam claramente a favor dos refugiados.

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    20. Helena, referi apenas até Hitler chegar à chancelaria na sequencias das eleições de Novembro de 1932. Sei perfeitamente o que se passou a seguir. Mas nessa altura ele já era chanceler e estava a acaparar quanto poder pôde. Quando, por fim, Hindenburg morreu até a chefia do estado. Mas o relevante é que ele chegou à chancelaria por meios perfeitamente legais e dentro do jogo democrático.

      Em relação ao seu segundo parágrafo, sim, neste momento são uma minoria. Vamos esperar até serem maioria para fazer alguma coisa? E, note, para fazer estragos e criar confusão não é preciso que sejam, sequer, maioria nas eleições.

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    21. Tive que procurar porque sabia que isto me tinha passado pelos olhos recentemente, encontrei:

      https://yougov.co.uk/news/2016/01/12/germans-attitudes-immigration-harden-following-col/

      Eu não desdenho estas coisas tão rapidamente. E, enfim, do Bild pode dizer-se o que se quiser. Mas com o YouGov já convém ter um pouco mais de cuidado na crítica e, em última análise, a sondagem é responsabilidade do YouGov.

      Tenho visto outras coisas do mesmo género e no mesmo sentido ao longo das últimas semanas. Não as desdenho, de todo em todo.

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  2. Pego agora no seu primeiro parágrafo sobre Donald Trump e adiante ligarei as duas coisas. Não sou fã de Donald Trump. Não gosto daquela forma sonora e desbocada de fazer política, não gosto de política a bombo na praça pública, não gosto de ver uma campanha eleitoral transformada num campeonato a ver quem consegue atirar mais lama para cima dos adversários. Mas compreendo perfeitamente o apoio que Trump está a ter e, o que é mais, se fosse cidadão Americano, pese embora não gostar de Trump, talvez considerasse dar-lhe o meu voto ainda que a contra-gosto. Trump incorpora algo que representa uma grande parte da sociedade, a denúncia do politicamente correcto. Grande parte das sociedades ocidentais está farta do politicamente correcto e das suas consequências. Trump dá voz a essa enorme fatia do eleitorado, dá voz a uma maioria que está farta de ser enxovalhada e ver os seus pensamento e liberdade de expressão coartados porque podem ofender esta, aquela ou a outra minorias. Não por acaso sempre as mesmas dado também haver minorias que têm consciência de que o são e que quando se vive em casa alheia há sempre pequenos agravos inevitaveis. E, note, diz-lhe isto alguém que viveu practicamente toda a sua vida adulta fora do seu lugar de nascimento.

    E isto tudo liga-se realmente com o que nos trouxe sobre a Alemanha. A sociedade está a reagir contra a opressão do politicamente correcto. Durante anos ir contra os imigrantes ou o absurdo e utópico multi-culturalismo era suicidio público. A pressão foi subindo. Hoje em dia as sociedades estão a libertar-se da enorme opressão do politicamente correcto. E, claro, como tudo o que rebenta por excesso de pressão, está a rebentar violentamente. É pena que assim seja. Poderia ter-se evitado mas a insana obsessão pelo politicamente correcto impediu as medidas necessárias a pôr cobro ao avolumar dos problemas. E agora? Pois agora o que há é o que está à vista. E se não se tomarem medidas o movimento PEGIDA irá continuar a aumentar alegremente a sua base de apoio. Penso, porém, que os adeptos do politicamente correcto e da utopia só irão acordar quando houver problemas ainda mais graves e mais generalizados, do que aqueles que já se estão a ver na Alemanha e, menos noticiados, na Suécia.

    Por último, uma nota. Pôr o PEGIDA e a AfD a par não faz qualquer sentido. O PEGIDA é um movimento com valores com alguma radicalidade. A AfD é um partido de direita normalíssimo. A política de imigração e acolhimento defendida pela AfD é semelhante e até mais acolhedora do que as políticas actualmente existentes nos grandes blocos receptores de imigrantes: EUA, Canadá e Austrália. Semelhante, aliás, à grande maioria dos países do mundo. Por exemplo, sabe a Helena que os países Europeus são os únicos dos blocos receptores de migrantes e refugiados que não fazem screening médico intensivo aos candidatos a imigrantes ou refugiados? Algo, aliás, que muitos outros países do mundo fazem. Experimente imigrar para algum país das Caraíbas (Bahamas, Dominica, St. Kitts, Turks, etc, etc) e veja os requisitos para imigração legal. Mesmo para imigrantes nas categorias de imigração económica que gastam vários milhões de USD a comprar uma casa há a obrigatoriedade de fazer e passar uma intensa bateria de testes médicos. O mesmo é válido na Austrália, Canada e EUA. Na Europa? Nada disso existe. Quotas e até mesmo sub-quotas por nacionalidades como existem nos EUA? Só falar disso na Europa causa calafrios. A AfD, que eu tenha reparado, nunca falou na primeira e apenas parcialmente na segunda. Essencialmente o que a AfD advoga é o que já é real nos restantes blocos económicos receptores de migrantes, sejam eles económicos ou refugiados: a imigração é função das necessidades dos países de acolhimento e não das necessidades dos candidatos a migrantes dado que se a sociedade de acolhimento não conseguir absorver os migrantes causam-se problemas sociais complexos que depois é muito mais dificil resolver. Por tudo isto comparar a AfD ao PEGIDA é um enorme erro. O PEGIDA anda por outros caminhos bem distintos.

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    1. Pergunto-me porque tem tanto ódio ao politicamente correcto. Custa-me um bocado acreditar que reclama para si a liberdade de afirmar no espaço público que os pretos são todos uns preguiçosos que só têm energia para fazer filhos, e que os chineses são todos uns oportunistas e ladrões, e que os muçulmanos são todos terroristas, e que os portugueses são improdutivos que gastam mais do que o que têm, e que os franceses são arrogantes e orgulhosos, e que os alemães são todos nazis, e que os deficientes mentais mais valia metê-los em câmaras de gás porque só custam dinheiro, e que os judeus e os ciganos só é pena os que não foram apanhados pelo Hitler, e que os maricas deviam levar com um pau no cu até chegar aos beiços, que é o que eles gostam, e que as mulheres são animais de cabelos compridos e ideias curtas, e que os americanos não passam de uns pubertalóides, e que os índios não passam de bêbedos a viver à custa dos impostos alheios, e que os refugiados só vêm para aqui para viver à custa do nosso Estado Social e para violar as nossas mulheres, e que os políticos era corrê-los todos a tiro...

      E acha mesmo que se este tipo de discurso voltar a ser habitual e aceitável no espaço público, o país fica melhor? A sério?

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    2. A sua teoria de que as pessoas estão a reagir ao colete de forças do politicamente correcto não é de modo algum confirmada pela minha própria experiência. Vivo há quase 30 anos neste país. Na Alemanha ocidental, ouvi muitas vezes pessoas a dizer-me que eu, como estrangeira, devia estar caladinha e dar-me por muito grata por me terem recebido neste país. Na parte oriental da Alemanha, onde nem sequer havia estrangeiros dos quais as pessoas se pudessem queixar, fui testemunha de racismo e xenofobia desbragados. Que o digam os meus filhos, que na escola primária se habituaram a esconder o facto de serem filhos de uma portuguesa. Que o diga o moçambicano que levou tamanha tareia que foi parar ao hospital, em coma. Que o diga o vietnamita que se recusava a entrar em determinados cafés, por medo de apanhar. Que o diga a directora do centro de refugiados de Weimar, que levou as crianças para uma semana num campo de férias, e no comboio teve de lutar contra um grupo de adolescentes a insultar e a bater nas crianças, só porque tinham a pele um pouco mais escura. Que o diga eu, que quando via neonazis não atravessa no vermelho, para não dar nas vistas como não-alemã. (E menciono apenas de casos de pessoas que conheci pessoalmente)

      A percentagem de estrangeiros na população total era irrisória, mas o “medo” (como lhe chama o Zuricher) dos estrangeiros era enorme. E o politicamente incorrecto estava na ordem do dia.

      Vamos lá a ver: “politicamente correcto” é um exercício de inteligência. É estar atento às palavras que se usam, e procurar informar-se antes de fazer determinadas afirmações generalizantes sobre um grupo. Não tem nada a ver com assobiar para o ar, com partir do princípio que está tudo bem, com fugir aos problemas. Um criminoso é um criminoso é um criminoso. E não é por ter a pele escura, ou ter uma deficiência física, ou ser neonazi que é menos criminoso. Nós não temos de lutar contra o politicamente correcto, temos de lutar para usar as palavras com propriedade e seriedade, e para tratar todas as pessoas de forma igual, para o melhor e o pior, independentemente de pertencerem a uma minoria ou à maioria. A lei é igual para todos.

      Quanto ao Pegida e à AfD: quem os juntou numa frase não fui eu, foi um comentador alemão que também se sentia muito oprimido pelo politicamente correcto. Não penso que a AfD seja um partido de direita normalíssimo. Para já, nem sequer é um partido, é um coiso de redes sociais, que voga em função do tema populista do momento para conseguir base de apoio. Começou pela campanha contra o euro, agora apanhou a onda dos refugiados, e assim vai. Quando o eleitorado descontente, que resolveu dar uma ensinadela aos políticos, perceber o disparate que fez, a AfD desfaz-se como um castelo de areia. Depois, não é normalíssimo de Direita. Um partido que tem dirigentes a propor que se protejam as fronteiras da Europa atirando sobre civis (“e mulheres e crianças também?!”, “não, crianças não”) não é um partido normalíssimo.

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    3. Tentarei não me alongar neste comentário dado que os anteriores foram um desaforo pelo qual me penitencio. Compensarei pela redução neste.

      Não gosto do politicamente correcto essencialmente pelas suas consequencias. No caso da imigração em geral uma das suas expressões é a desculpabilização dos estrangeiros que cometem crimes com a desculpa dos "coitadinhos" e o cover-up que se faz disso como tem sido comum na Alemanha e na Suécia. Outra consequência, essa que aconteceu aí na Alemanha, a presidente de câmara que disse que as mulheres agora é que tinham que cuidar de não provocar os recém-chegados. Isto é, para mim, incompreensivel. Há inúmeros outros casos mas irei aludir apenas a mais um, este num outro âmbito, o do emprego feminino. Em vários empregos (polícias, por exemplo) há critérios de selecção diferentes para candidatos homens e candidatos mulheres. Isto, claro, acontece porque há enorme pressão para admitir mulheres e se os critérios físicos fossem os mesmos muito esporádicas mulheres os superariam. Isto é, para mim, um total absurdo. Os empregos têm aqueles requisitos porque são necessários para o seu desempenho. Pode dizer que o físico das mulheres e dos homens é diferente. Sim, pois é, claro que é. Mas o emprego tem os requisitos que tem. Quem passa os critérios passa, quem não passa, não passa e procura outra actividade. Agora, andar a baixar os critérios apenas para ceder à pressão de admitir mulheres não faz qualquer sentido. E isto foram apenas três exemplos soltos e simplezinhos. Se formos para campos diversos, desde a criminalidade à ciência, o politicamente correcto expressa-se em muitas mais e mais gravosas formas. Não me alongo, porém, para não acabar com um encadeado de comentários.

      Os exemplos que dá são extremos mas, cara Helena, não podemos esquecer uma coisa. Pode realmente proibir-se as pessoas de dizerem o que quer que seja. Mas não se consegue proibi-las de pensar. Há coisas que me parece adequado que constituam realmente crime, nomeadamente quando há incitamento directo ao ódio e à violência, mas fora disso, olhe, cada um que diga o que quiser. Problema seu. Algumas coisas são de mau gosto? Sim, claro que são. Mas, hey, todos somos ofendidos alguma vez na vida como toda a vida fomos e nunca ninguém morreu por causa disso. Uma das coisas que disse tocou-me pessoalmente. Mas se alguém disser em geral, olhe, problema de quem diz.

      Hoje em dia, no ocioso e desocupado Ocidente, protegem-se demasiado as pessoas. No resto do mundo as pessoas têm coisas mais úteis com que ocupar o tempo e o espírito.


      Em relação ao seu segundo comentário, aceito plenamente a sua percepção. É também a minha onde vivo. Mas o que é facto é que os ataques acontecem em cada vez maior número e que as manifestações do PEGIDA têm cada vez mais gente. E não posso dar maior valor à minha percepção do que aos números do que se vai passando, não é?

      Por último, o que conta sobre as diferenças entre as duas Alemanhas no que toca ao tratamento dos estrangeiros. Repare que a Alemanha de Leste esteve fechada durante 45 anos e com muito pouco contacto com estrangeiros. É natural que reajam com maior prevenção e, quando vêm de repente tantos estrangeiros seguidos, reajam até com algum pânico. É algo muito novo para os Alemães de Leste e, em geral, para os países do Leste Europeu. Isto desculpa que andem por aí a deitar fogo a tudo o que mexe e é diferente? Não, claro que não. Mas permite entender e perceber o que está na raiz do assunto podendo-se assim de alguma forma minorar a afronta que essas pessoas sentem. E, claro, uma vez mais, essa gente é Alemã também e votam nas mesmíssimas eleições que os outros portanto não pode ignorar-se o que sentem.

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    4. «Pergunto-me porque tem tanto ódio ao politicamente correcto. Custa-me um bocado acreditar que reclama para si a liberdade de afirmar no espaço público que os pretos são todos uns preguiçosos que só têm energia para fazer filhos, e que os chineses são todos uns oportunistas e ladrões,(...)»

      Então, Helena? Pensei que vivia na "Europa dos valores humanitários". Está a tratar o nosso estimado Züricher de foma muito pouco humanitária. É horrível ver estalar o verniz politicamente correcto.

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  3. Termino este meu comentário com uma frase que ouvi há uns tempos e deveria ser objecto de reflexão: “It Is Time We Take Political Correctness and Throw It In The Garbage”. Pois. Sob pena de coisas muito piores virem a acontecer num futuro muito próximo.

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  4. "A outra metade é que essas acções tiveram apoio maioritário da população urbana Alemã da altura."

    Talvez sim, talvez não - imagino que não houvesse sondagens de opinião pública muito fiáveis na Alemanha de 1938; de qualquer forma, penso que nazis a partidos aparentados nunca tiveram uma maioria absoluta de votos em nenhuma eleição livre na República de Weimar (não estou a contar com a de 1933, já sob uma espécie de lei marcial).

    Quanto ao politicamente correto, tendo a concordar com o que li algures: os críticos do politicamente correto parecem querer puder exprimir opiniões controversas sem que isso gere controvérsia.

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    1. Caro Miguel Madeira, no que toca às eleições legislativas na República de Weimar, em nenhuma nenhum partido, desde 1919 até 1932, teve maioria absoluta. O NSDAP foi o partido mais votado nas eleições de Julho e Novembro de 1932 tendo tido a segunda maior votação atingida por qualquer partido desde 1919. A única excepção foi o SPD logo em 1919 que teve 37,9% nas primeiras eleições. Nas eleições de 1932, em Julho o NSDAP teve 37,27% e em Novembro 33,1%. O segundo partido mais votado, o SPD em ambos casos, a larga distância. Por apoio maioritário, porém, não me referia às eleições mas sim ao forte apoio popular que Hitler teve a partir de 1934-35 por ter resolvido o maior problema que afectava os cidadãos Alemães, o desemprego. Sabemos hoje como o fez mas na altura as suas políticas foram muito populares havendo vasto testemunho tanto escrito como pictórico em fotografias e filmes desse apoio. A par de tudo isto toda aquela retórica de voltar a fazer a Alemanha grande e liberta-la das grilhetas de Versalhes que efectivamente se concretizou com o tempo. Em 1938, sempre com o beneplácito ou assentimento tácito de França e Inglaterra, já tinham acontecido a reunificação com a Austria, a resolução do problema dos Sudetas e a reasserção de soberania plena sobre o a provincia do Reno. Tudo junto galvanizou uma enorme parte da opinião pública Alemã em torno de Hitler. Hoje em dia sabemos o que se passou a seguir mas é perfeitamente normal que em 1938 os Alemães apoiassem fortemente tal personagem.

      A história desse tempo é muito mais complexa do que a bizarra simplificação Alemães mauzões contra todos os restantes bonzinhos, santos e castos. Aliás, a própria Segunda Guerra começou porque a Alemanha a provocou, é certo. Mas não o é menos que muitos outros, começando logo pelos Polacos, a desejavam.

      No que toca ao politicamente correcto, não, o objectivo não é poder exprimir opiniões controversas sem que isso gere controversia. É, tão somente, poder dizer "saco de lixo preto" sem ser insultado por isso ou falar com normalidade, realismo e pragmatismo sobre o multi-culturalismo, sobre as diferenças culturais, sobre a integração de muçulmanos nas sociedades ocidentais e sobre uma série doutros tópicos nos mais variados domínios, desde o papel da mulher na sociedade até ao ambientalismo sem ser insultado por proferir opiniões, muitas delas sustentadas cientificamente. Aliás, hoje em dia dá-se a infelicidade de até vários domínios da ciência coibirem-se de investigar certas coisas ou publicar resultados controversos por medo a ser-se alvo da ira do politicamente correcto. É querer, por exemplo, que não existam bairros como Molenbeek que só agora é que apareceu nas notícias por causa dos atentados de Paris mas é um problema gravíssimo há mais de 10 anos. Aliás, não deixa de ser irónico que isto aconteça num país, a Bélgica, que em tempos idos teve uma política de imigração com pés e cabeça, uma política de imigração que obrigava mesmo à integração dos migrantes dado impedir por lei a formação de ghettos de imigrantes. Foram obrigados a desmantela-la e depois apareceram Molenbeek e outros do género onde, por medo de acusações de racismo e xenofobia, o Estado Belga abdicou de exercer a sua autoridade. A versão recente disso é o silenciamento que está a haver sobre os ataques de refugiados tanto na Alemanha como na Suécia. Em suma, não é querer ser controverso sem gerar controversia. É simplesmente querer poder falar da realidade sem ser obrigado a falar da fantasia.

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  5. Quando saio à rua aqui em Houston, não sinto que haja mais conflito. Muitos americanos mostram-se incrédulos que o Trump tenha conseguido chegar até aqui e há muita gente que votou Trump para o ver causar uma crise no partido Republicano. No entanto, há xenofobismo e racismo. Por exemplo, de vez em quando eu recebo e-mails de uma amiga minha, uma senhora já com mais de 65 anos, religiosa, e muito Republicana, e os email são xenófobos e racistas, e muitas vezes contêm mentiras. Já lhe disse para ela ter cuidado com os emails em cadeia, pois pode apanhar um vírus no computador, mas ela continua a receber aquilo e a enviar. Um dos tópicos recorrentes é o facto de o pai do Obama ser muçulmano e o Obama ser um agente infiltrado dos muçulmanos.

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  6. Mas o pai do Obama não era muçulmano? Acho que isso é um facto estabelecido. E que mal tem? E também é um facto que o Obama teve uma educação muçulmana na Indonésia. E que mal tem?

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    1. Não percebi o teu comentário, Alexandre. Eu não acho mal nenhum. A minha amiga é que acha que isso é prova de que ele é um infiltrado dos muçulmanos para destruir os EUA. As pessoas vêem o que querem ver e muitas não querem mudar de opinião mesmo quando confrontadas com as deficiências lógicas dos seus argumentos.

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    2. Foi esta parte - "Um dos tópicos recorrentes é o facto de o pai do Obama ser muçulmano..." que melevou a fazer esse comentário, Rita. Pensei que achasses que o pai do Obama não era muçulmano. Estou esclarecido.

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  7. A discussão é interessante e pertinente! Sobretudo pelo tom antagónico e quase crispado da coisa!! Há quase dois milénios e meio Aristoteles discorria que o excesso de virtude é um vício, cara Helena! Todavia também reconheceu que a compaixão é, em si, uma virtude, caro Zuricher!! E é precisamente aqui que reside a caricatura pois que, certamente, nem o Zuricher renega a compaixão nem a Helena, creio eu, a pretende subverter por excesso. Ou seja a questão será consensual no campo dos princípios mas controversa na densificação dos mesmos!! A distancia será, talvez, aparente!
    Apesar disso e todavia, ao detalhe, a Helena não tem medo dos números e entende que 3 é menor que 5 e menor que 50. A sua proposta política de receber 20 milhões de Sírios na Europa (onde é que a Helena foi buscar os 500 milhões?) teria a adesão política de, talvez, 3% dos europeus. Lá está, 3 é menor que 5 e menor que 50!! (Já nem falo de propostas que se refiram a Africanos ou Asiáticos, ainda que a 10% daquele número) A história universal ensina não ser prudente que nações deambulem entre nações e que um novo direito das gentes daí nasça!!

    Cara Helena, a quem apresente legítimos receios e fundadas inquietações, não brinde com o lacre de xenófobo primitivo. Se insistir, pode eventualmente conseguir transformar mais de três quartos da população europeia em verdadeiros xenófobos encarniçados.
    Um bem haja a todos

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  8. O único ponto positivo que conheço em Donald Trump, ele não o usa em campanha, possivelmente porque praticou-o por acaso...

    Um dia, há poucos anos numa recepção, foi abordado por um indivíduo que queria vender-lhe produtos financeiros de elevado risco e não menor rentabilidade prometida ao que retorquiu:

    NÃO PRECISO DE AJUDA PARA ESTRAGAR A MINHA FORTUNA. Os eleitores americanos terão aprendido a lição que ele lhes deu?

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