domingo, 13 de março de 2016

A Nondescript Meal

No Reino Unido, o McDonnald's parece ter oferecido a resposta conclusiva ao problema da separação de género na atribuição do brinquedo do happy meal. No restaurante em Londres onde fui, o pacote do happy meal foi-me entregue fechado, com o brinquedo dentro. O brinquedo, por sua vez, vem fechado num saco preto, sem descrição, não havendo possibilidade de ver o que está dentro sem o rasgar primeiro. E assim o empregado do restaurante não pergunta, e o cliente não escolhe, qual o brinquedo que prefere. Perguntei e confirmei que é sempre assim: o próprio empregado não faz a mais pequena ideia de qual o brinquedo que é atribuído ao cliente. Os brinquedos, já agora, são bonequinhos andróginos, praticamente sem rosas ou azuis.



Não é exatamente esse o objetivo deste post, mas esta minha viagem ao McDonnald's fez-me pensar na relação dos ingleses com aquilo que é americano - que merece um post, ou vários, à parte. A última vez que fui a um McDonnald's foi já há uns meses, depois de uma bem regada despedida de um colega do sítio onde trabalho. À saída do pub, e por sugestão minha, eu e um outro colega decidimos ir ao McDonnald's, porque era tarde e não havia mais nada aberto ao pé de onde estávamos. Reparei que o meu colega não tocou praticamente no hamburguer. Perguntei porquê. Ele explicou-me que a única vez em que tinha ido ao McDonnald's tinha sido há 20 anos, em S. Francisco, e que não se lembrava que a comida era tão má. Tudo nesta história é delicioso, menos a comida. O facto de ele ter ido ao McDonnald's nos EUA - como se fosse algo típico, a que só vale a pena ir na localização original -, o facto de não ter lá voltado em vinte anos - porque haveria de fazer isso no seu próprio país, quando há alternativas que, na ótica dele, são tão melhores? -, até ao desprezo educado com que tratou o hamburguer. Há mais parecenças entre os ingleses e os americanos do que aquilo que os primeiros costumam admitir, mas as diferenças são dos traços mais interessantes na cultura deste povo. 

6 comentários:

  1. Lamento nao poder contribuir para esta interessante questao de genero mas acabei de passar por um mcdonald e segui em frente para o Selfish onde me sentei a comer um hamburger de atum. Que ja foi melhor.

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  2. Temos de mostrar este relatório a João Miguel Tavares (jornalista) e a Miguel Sousa Tavares (comentador de futebol falado) :-)

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    1. O MST faz-me muito lembrar aquela citação do G. Marx: "estes são os meus princípios. Se não gostarem, tenho outros". Mas, no caso dele, é ao contrário. "Estes são os meus princípios. Se gostarem, tenho já aqui assim outros contrários".

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  3. Já Churchill dizia que ingleses e americanos são povos irmãos separados por uma língua comum.

    Os americanos, de um modo geral, têm melhor conceito dos ingleses que vice-versa. Curiosamente, no caso Portugal-Brasil acho que ocorre o inverso.

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    1. Os americanos que conheci são naturalmente enviesados, porque conheci-os na Europa (nunca fui aos EUA). Tenho a ideia, no entanto, que os americanos acham os ingleses muito excêntricos, assim patuscos que continuam a achar que mandam e tal. Já os ingleses, pelo menos aqueles com quem me dou, têm uma tendência para desprezar a cultura americana, apesar de a cultura deles ser bastante mais parecida do que parece.

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