domingo, 27 de março de 2016

Lula livre

Amigos, lusófonos, bloguers

Emprestem-me os vossos olhos. Escrevo aqui para elogiar Lula, não para o crucificar. Que o bem que os homens fazem lhes sobrevive e o mal é muitas vezes enterrado com os seus ossos. Que assim seja com Lula. O nobre Boaventura disse-vos que Lula era um herói do povo. Se assim foi, é vigorosa qualidade, e vigorosamente Lula respondeu por isso.

Na imprensa, sob os olhares de Boaventura e do resto, porque Boaventura é um sociólogo imparcial, como todos os outros são imparciais, aqui venho eu escrever da perseguição a Lula. Ele era amigo de Sócrates, fiel e justo com ele. Mas Boaventura diz que ele é um homem do povo, e Boaventura é um professor imparcial.

Pode ter utilizado dinheiro dos cofres públicos para pagar o mensalão. Pareceu aqui Lula ser ambicioso? Não, porque os amigos não ficaram sem nada.

Quando os pobres choraram, Lula deu-lhes um cabaz de comida. Pareceu aqui Lula ser como a Isabel Jonet? Não, porque ele foi metalúrgico e a Jonet só sabe usar talheres.

Mas Boaventura diz que Lula era honesto, e Boaventura é um professor sério. Todos viram como, durante a Quaresma, Dilma três vezes lhe ofereceu um cargo no governo, e três vezes Lula aceitou.

Mas diz Boaventura que Lula era honesto, e claro, ele é um sociólogo honrado. Não escrevo aqui para desaprovar o que escreveu Boaventura, mas apenas para escrever sobre o que sei.

Se estivesse disposto a virar os vossos corações contra Lula, contrariaria Boaventura e toda a esquerda, que, como todos sabem, são pessoas sérias e honradas. Mas não os vou contrariar. Prefiro enganar os leitores, enganar-me a mim, enganar a Oderbrecht, do que contrariar gente tão séria e honrada.

 

(Agradeço as preciosas contribuições de William Shakespeare, Boaventura Sousa Santose Brasília, sem as quais este post não veria a luz do ecrã.)

9 comentários:

  1. Gostei da comparação que fez entre o Lula e a Isabel Jonet e da atitude bipolar dos nossos Boaventuras em relação a isso.

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  2. Se o Nuno Amaral Jerónimo fosse tão honesto como Lula não insinuaria que a corrupção no Brasil é algo que tem mais que ver com o PT do que com qualquer outro partido ou instituição. Na inexistência de avultado património próprio, contrariamente à maioria dos políticos que os rodeiam, dos próprios magistrados que os acusam e dos jornalistas que os incitam, a perseguição mediático-judicial, em Lula e Sócrates, baseada na espúria atribuição de património de terceiros, ofende a inteligência e a boa fé e transforma em homo correiodamanhansensis, homem que lê o Correio da Manhã, homem que inveja, escarnece e mente, todos os que cavalgam essa abominação para expiar frustrações pessoais e fazer política.

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    1. O NG com certeza não ouve as notícias: há escutas de Lula que refutam a sua honestidade. Se o seu melhor contra-argumento a um texto com o qual discorda é atacar pessoalmente o autor, acusando-o de desonestidade quando não tem quaisquer provas para substanciar esse argumento, temo que tenha perdido a razão e a credibilidade.

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    2. Argumento? Mas qual argumento? Vejo apenas um texto de jocosidades alimentadas por um diz que disse. Ninguém está interessado no carácter do autor. Mas se você está interessada em defender o seu fará bem indicar as escutas integrais, todas estão publicadas, onde alguém de boa fé pode duvidar da honestidade da Lula da Silva e achar justificada a campanha contra a sua honra.

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    3. E nós não queremos jocosidades num blogue tão sério, pois não? Nem num país tão respeitável, não é?

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    4. Coitado do NAJ -- e ele até fez um doutoramento sobre humor...

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  3. Gosto imenso e admiro o prof. Boaventura, mas ele é humano e também erra...
    Não concordo com o professor, neste caso.
    Gostei imenso de ler o que escreveste, neste caso, muito subtil.

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  4. Where would we be without the good Professor Fortitude Saints!

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  5. O texto é "estupidamente sábio", como no título de um livro de que é co-autor. Apenas tem um problema. Se se refere a Lula, mostra Sócrates. Se avança sobre Sócrates, carrega Lula. São contrapesos a mais, acabando por "albardar-se o burro à vontade do dono". Na lógica da grande imprensa é mais ou menos inevitável, porque os accionistas não perdoam as oportunidades. "Veritas veritatum". Um de cada vez...

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