quinta-feira, 17 de março de 2016

O pior melhor

O Rui Peres Jorge, no Jornal de Negócios, diz que o actual orçamento do governo foi avaliado por 17 economistas e obteve uma classificação de 46%, o que nos leva a concluir que este é o melhor orçamento desde 2010, pois obteve a classificação mais alta.

Well, fuck me running backwards on a rainy day! Como é que se pode comparar este ano, que se segue a 2015, um ano em que a economia portuguesa teve uma boa performance, o PIB teve o crescimento mais alto desde 2010 (1,5% vs. 1,9%), logo há expectativas de que o país já saiu da crise e a economia está em funcionamento normal, com anos em que a economia realmente entrou em colapso, o que tornava muito difícil prever o seu comportamento, e tirar esta conclusão? Isto é o mesmo que dar um antibiótico a um fulano que tem uma constipação e a outro que tem uma pneumonia e dizer que o antibiótico é muito mais eficaz no doente que tem uma constipação. Idiots R Us, parece...

7 comentários:

  1. Rita, o que está a ser comparado é a qualidade do orçamento em 8 dimensões, incluindo rigor, a transparência e a responsabilidade orçamental (da noticia citada). O que está a ser comparado não é a previsão de crescimento ou algo assim, é a qualidade do documento mesmo.

    Sinceramente, deve ser dito que 46% é ainda negativa, mas não me custa a crer que este orçamento seja mais rigoroso e transparente que os do governo anterior. Lembre-se que existiram orçamentos suplementares em todos os anos...

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    1. Não compreendo--os orçamentos anteriores, sob a supervisão da Troika são menos transparentes do que o actual? E o actual está constantemente a ser revisto? E alguém garante que o actual não terá orçamentos suplementares?

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    2. Rita, não me admira, até pela elevada "negociação" que este orçamento teve. Ao existir mais olhos sobre o mesmo e envolvimento, parece-me natural que o número de erros seja menor. Mas é uma consequência do processo de elaboração e não do conteúdo do mesmo.

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    3. Carlos, continuo a não perceber. Ainda esta semana houve notícias de alterações feitas ao orçamento a propósito do custo dos livros escolares, se não estou em erro. Suponho que quando os economistas avaliaram o orçamento, essas modificações ainda não eram conhecidas, ou seja, que transparência existia quando estava prestes a ser modificado? Não percebo como é que se pode dizer que haja menos erros -- a errata é enorme. Até há uma errata da errata. Não percebo a conclusão do jornalista, não tem absolutamente lógica nenhuma.

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  2. Acredito que seja mesmo assim.
    Se o rigor é uma das coisas medidas, cada orçamento será sempre obrigatoriamente melhor que todos os anteriores.

    É que os anteriores já têm desvios em relação ao que se veio a passar, alguns até tiveram orçamentos rectificativos, enquanto que o actual não.

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  3. Eu acho a qualidade, rigor do jornalismo feito em Portugal miserável, é mentalidade "rebanho" sem qualquer capacidade crítica.

    Mas quando temos um governo de esquerda, pior ainda. Aliás, estamos em 2016, e basta ver a postura dos jornalistas (há raras excepções claro), quando temos um governo de direita vs esquerda. Aqui se vê a isenção.

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  4. Por outro lado, a minha avozinha - pessoa sábia - sempre me avisou: "Alexandre, nunca confies em menos de 18 economistas!"

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