sábado, 26 de março de 2016

História gótica

15. Que pressentimento teve a mulher que se levantava cedo para tratar das lides domésticas?
O que seria aquela sensação desagradável? Por que razão tremia quando levantava os olhos para a colina com o seu castelo? O que poderia provocar-lhe calafrios num dia de sol? Como se explica que tremesse? Que entornasse o chá? O que vira o estrangeiro sequioso e aterrado que queria contar a sua história? O que o levava a beber, por que tinha a garganta como cinzas? Quem era? Por que tremia também e entornava também os copos cheios que tentava levar à boca? Contava a sua história porquê? Que introdução aos factos aterradores seria essa história? O que tornava necessário falar do seu pai, da sua mãe, do seu avô, da sua família, antes mesmo que viesse a existir? O que o movia a falar sequer? O que procurava pela região? Encontrou isso que procurava ou não? Era o que viu e ouviu isso que procurava e encontrou? Se fosse, porquê procurar algo assim? Porquê querer encontrá-lo? O que esperaria que acontecesse ao encontrá-lo? O que iria fazer depois? Por que levantou os olhos um pouco abaixo dos céus um aldeão? Por que razão passaram do demo ao castelo as mentes sedentas de explicações dos aldeões? Por que se sentava à parte de quem se cala a ouvir a história do estrangeiro o homem que joga dominó sozinho? Quem era? Por que razão jogava dominó? Sem tirar os olhos das peças com que vai jogando? O que via quando olhava fixamente para as peças do dominó? O que não queria ver quando fixava os olhos nas peças de dominó? O que tinha feito dele um patrono desagradável? Por que razão não falava? O que queria que ninguém percebesse a rapariga que desceu do comboio? E porquê? Por que se escondeu na multidão que enchia a plataforma? Mais uma vez, porquê? Quem era? Que perguntas queria fazer às testemunhas? Que tinham testemunhado estas? Porquê um mundo subterrâneo para elas? Porquê a relutância em testemunhar, sendo testemunhas? Prefeririam nada ter testemunhado? Por que não dormiam, por que se arranhavam? O que lhes drenara a vontade de ver? De ir estrada fora? De conversar com quem se cruzassem? Porquê as bocas lívidas? Porquê uma só palavra? Porquê uma só palavra sem mais explicações? Porquê uma só palavra a tantas perguntas que lhes foram sendo feitas durante tanto tempo? Como podiam todos dizer a mesma palavra? Onde ficava Zselyk? Qual é a floresta que a rodeia? Quantos dias são necessários para atravessá-la? Há lá plantas venenosas? Que animais vivem nela? São perigosos? Quem é o proprietário da mina? Para quem trabalham os mineiros? Quantas horas por dia? Quantos são? O que retiram da mina? Como podia um castelo no alto de uma colina torná-la sinistra? Quem o habitava? O que queremos saber com todas estas perguntas? Porquê?

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