quarta-feira, 2 de março de 2016

Geografia da alma

Só depois de vir para os EUA é que interiorizei o efeito que a geografia tem sobre mim. Sabia que havia algo em Coimbra que me oprimia, talvez as colinas, talvez a densidade das casas, tantas pessoas em meu redor... Quando fui para Oklahoma, a imensidade do horizonte, o nada dos outros, o tudo de mim conquistaram-me e protegeram-me, e a minha alma sentiu-se em paz. Agora preciso da proximidade da imensidão azul: a proximidade do mar. A minha sobrevivência depende disso.

Tenho sorte por agora estar em Houston, perto do mar e sob um céu nocturno que me cativa. Quando preciso, saio à rua à noite e encontro-me. Entro no Império da Luz de Magritte e encontro-me. E hoje preciso que a noite me tome e guarde até recuperar forças para o dia. Estou no sítio certo, na altura certa.

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