quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A esquerda e a direita de Deus

Na semana passada, umas declarações sexistas e de mau-gosto de Pedro Arroja ao Porto Canal sobre as deputadas do Bloco de Esquerda geraram grande indignação. Vale a pena ver a entrevista completa. Para Arroja, Portugal tem duas características principais que explicam o pântano em que vivemos: temos uma cultura feminina e somos católicos. Que as mulheres são o inferno, é um facto indisputável. Desde Eva que o sabemos. A questão do catolicismo é mais interessante. Segundo Pedro Arroja importámos o liberalismo dos países anglo-saxónicos e o socialismo da Europa do Norte. Mas depois borrifámos água-benta e adaptámo-los à nossa cultura católica. A ideia pareceu-me disparatada, mas depois concluí que Arroja tem razão. Quer à esquerda quer à direita.

(Continua aqui)

Actualização: Alexandre Homem Cristo responde ao meu artigo no Observador, na parte que tem a ver com a Educação. Não há muito que lhe possa responder, a não ser agradecer.. Ele dá dados objectivos que contrariam a minha asserção relativamente à educação.

5 comentários:

  1. Muito bom, caro LAC!! Interessante e cheio de bom humor!!

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  2. Os mitos desfazem-se com números:

    http://oinsurgente.org/2015/11/18/la-c-e-a-alegada-conspiracao-nos-contratos-de-associacao/

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  3. Boa noite Professor Aguiar-Conraria

    A escrever actualizações destas, passa a integrar, em regime permanente, o grupo (muito restrito) de bloggers sérios e intelectualmente honestos que escrevem na nossa Praça.
    Fica o meu reconhecimento pela sua atitude.

    Cumprimentos

    Amadeu Oliveira

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  4. O artigo é transparente – claro, certo, verdadeiro e elegante dentro do estilo literário adoptado, não mudando com a justaposição de colunas de números alinhados sem fazer uso de conhecimentos básicos de contabilidade analítica e da diferença entre estratégias e orientações estratégicas.

    “Para Arroja, Portugal tem duas características principais que explicam o pântano em que vivemos: temos uma cultura feminina e somos católicos.”

    A aparente imprecisão de alguns dados deste artigo cabe perfeitamente no estilo de CRÓNICA com que desafiou outro economista, com IRONIA, onde este usou o SARCASMO perto do nível de um AZEITEIRO à maneira antiga. É que, como diz Onésimo Teotónio de Almeida, a ironia é mais difícil e também mais eficaz, porque exige DISTANCIAÇÃO, que é o que faltou a Pedro Arroja e parece não escassear em Luís Aguiar-Conraria. [Em datas distantes eu li bastante de Pedro Arroja, porque ele pensava fora da caixa sem receio de enfrentar censores à la “1984”, de Orwell – aqui estão os meus créditos, com a devida consideração, que não é pequena].

    Não sei se Pedro Arroja mudou muito mas, neste vídeo ele centrou-se em banalidades sobre mulheres e religiões acertando, por mero acaso, em alguns pormenores e assim não vale.

    É que, durante os Descobrimentos, a Primeira Guerra Mundial, a Guerra Colonial e as primeiras fases de cada ciclo de emigração a diminuição do número de homens residentes colocou muitas mães em papel de superpai, limitando a formação de uma cultura paterna. Hoje não é assim, pelo menos nas gerações mais jovens.

    Será que Pedro Arroja seria capaz de ler e compreender uma abordagem simples e séria daquele fenómeno, como a que foi escrita por Maria Belo na sua Tese de Doutoramento – “Filhos da Mãe” (2007)? Só posso dizer que, se tem este tipo de conhecimentos, não os usou na referida entrevista, limitando-se a ampliar mitos como os que são propagados pela Psicologia “Folky”.

    Quanto ao catolicismo Pedro Arroja mostrou-se igualmente menos informado que o necessário, mas Ayn Rand pode dar-lhe uma ajuda, através de uma das suas cartas sobre o individualismo, tema que ele muito preza e sobre o qual não está completamente mal preparado.

    E, não menos, tendo-se tocado em correntes políticas na antiguidade convém ter presente que, em algumas civilizações os lugares das “ovelhas” e dos “bodes” estavam tão trocados e que nem “Deus” tinha lugar garantido no meio!

    Os intelectualmente indigentes que se cuidem…

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