domingo, 29 de novembro de 2015

Tiago Brandão Rodrigues

Casualmente, ao fim da tarde de ontem, ao passar pelo canal Económico TV, fui surpreendido com a retransmissão de uma entrevista feita em Maio de 2014 a Tiago Brandão Rodrigues (TBR), o actual Ministro da Educação. A curiosidade fez-me voltar ao início e ver a totalidade da entrevista, na altura justificada pela divulgação de um artigo que TBR publicara na revista Nature Medicine sobre uma nova técnica de avaliação da eficácia dos processos de tratamento para cura do cancro que é objecto de investigação na Universidade de Cambridge.


Os nomes da nova equipa que vai liderar o Ministério da Educação nada significam para mim. Daí o meu interesse em ter informação. Considerando os sucessivos Ministros da Educação que fui conhecendo, nada me autoriza a concluir que um bom ministro seja necessariamente alguém profundo conhecedor das diferentes vertentes da educação. Em contrapartida, penso que o mesmo não se aplica aos Secretários de Estado, que devem dominar os dossiers referentes a essas mesmas vertentes.

Pelo que percebi da entrevista, TBR tem algumas características que podem ajudá-lo. É jovem, tem uma experiência de vida variada e muito centrada no trabalho de equipa e na inserção em grupos sociais variados, além de cientista com obra feita é desportista (karateca, cinturão castanho!), e parece ter uma grande disponibilidade para o diálogo. Já nessa altura (Maio de 2014) admitia regressar a Portugal se sentisse que esse regresso seria motivante para ele, na perspectiva de servir o país.

O Ministério da Educação é porventura o mais complicado de gerir. Nuno Crato, afinal, não o implodiu, mas causou-lhe muitos estragos. Eu não sei se TBR vai conseguir ter êxito, mas em princípio fiquei bem impressionado. Ter na 5 de Outubro alguém com uma visão que não esteja muito condicionada pela “ruído” local pode ser muito importante.

Falta-me informação sobre os Secretários de Estado, que são peças relevantes na equipa.

Estejamos atentos.

4 comentários:

  1. TBR é um cientista sem qualquer experiência de cargos executivos ou liderança de organizações e não se lhe conhece uma única ideia sobre política educativa. Espero que corra tudo bem, mas o melhor é preparamo-nos para o desastre.

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    1. É evidente que também tenho dúvidas, mas continuo a pensar que se TBR tiver um bom apoio técnico dos secretários de Estado e de assessorias capazes, pode ser uma boa surpresa. E pior desastre que Nuno Crato será difícil.

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    2. Nunca soubemos o que pensava o novo ministro sobre os exames da 4ª classe. Como entretanto já acabaram com eles, se calhar nunca vamos chegar a saber. Penso que este episódio revela a importância que o sector da educação dá ao ministro. Acaba-se com os exames sem sequer uma pessoa chegar a saber a opinião dele.

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    3. Não creio que o problema da educação seja fundamentalmente um problema técnico - o Ministério está cheio de técnicos - mas antes um problema político. Na minha modesta opinião, o problema é de organização do sistema e de falta de liberdade. Nuno Crato tinha uma visão adequada daquilo que o Ministério deve definir - o que os alunos têm que saber no final de cada ano - e do que não deve definir - o caminho para lá chegar.
      O problema é que isto implica alterações políticas monumentais na organização do sistema e uma enorme capacidade política para enfrentar a ira dos Mários Nogueiras. Fazer isso sob resgate financeiro é coisa para considerar o internamento compulsivo.

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