domingo, 22 de novembro de 2015

Uma visão de consenso da crise da dívida europeia?

Um conjunto de economistas conhecidos propôs uma "narrativa consensual" da crise da área do euro. De acordo com a visão de consenso, a crise não deve ser vista como uma crise da dívida pública na sua origem (embora tenha evoluído para aí), mas sim como o resultado de uma "paragem súbita" (sudden stop) do financiamento.

Contudo, parece-me que a visão de consenso que é proposta distingue dois casos. O primeiro caso é o da Irlanda e da Espanha. Estes países tinham orçamentos praticamente equilibrados e dívidas públicas baixas antes da crise, mas assumiram (Irlanda), ou receou-se que assumiriam (Espanha), responsabilidades dos bancos, fazendo disparar a dívida pública para níveis que alarmaram os investidores e originaram a "paragem súbita". O segundo caso é o da Grécia e de Portugal. Neste caso, a dívida pública já estava numa trajectória crescente antes da crise, essa tendência foi agravada pela reacção à crise e foram preocupações acerca dessa trajectória que originaram a "paragem súbita".

4 comentários:

  1. Pode ser que estas análises internacionais ajudem a acabar de vez com as 'análises' nacionais que insistem em desvalorizar o endividamento público como causa do nosso resgate.

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  2. No caso de Espanha e Irlanda, mais do que paragem de crédito, o que aconteceu foram maus investimentos. As Cajas espanholas faziam maus empréstimos porque eram antros de corrupção e má gestão. As poupanças irlandesas eram canalizadas para outros países, como a Islândia, para serem investidas em instrumentos de dívida que emprestavam em subprime aos americanos, por exemplo.

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  3. Muito interessante, não só pela divulgação do estudo mas também pelas ajudas à leitura da heterarquia sugerida pelos autores. [Obrigado, Pedro, Fernando e Rita].

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  4. Parece que o veredicto do consenso dos economistas do VOXEU aponta como culpados os bancos e banqueiros incuindo o BCE e a narrativa dos povos da periferia viverem acima das possibilidades sai claramente derrotada e pasme-se é a dívida pública que sem sombra de dúvidas é absolvida.

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