Manuel Vilaverde Cabral
não vê aqui como é que Portugal e a Europa podem entrar num novo ciclo de
crescimento económico. Não há “expansões quantitativas” ou planos Juncker que nos
valham.
Vilaverde Cabral aponta
quatro razões estruturais que impedem os amanhãs do crescimento cantarem: «demografia»
(envelhecimento da população, logo uma sociedade menos dinâmica e inovadora); «estado
social» (pensões e despesas de saúde a aumentarem galopantemente);
«ambientalismo» (as políticas dispendiosas da Europa); «mercado de trabalho»
(demasiado regulamentado em comparação com os das economias emergentes). A
estes quatro cavaleiros do apocalipse do crescimento, Vilaverde ainda lhe
acrescenta a tendência para a austeridade da própria sociedade (uma questão
cultural, própria de populações envelhecidas).
Diz Vilaverde que é “isto que ainda não foi entendido
pelos economistas da era keynesiana…”. Talvez, digo eu. Mas não tenho
dúvida nenhuma de que esta situação seria facilmente entendida pelos
economistas clássicos
e neoclássicos do século XIX. Mais: estes senhores consideravam as baixas taxas de
crescimento a situação normal dos países desenvolvidos – aliás, os “clássicos”
Ricardo e Malthus são até conhecidos pelo seu pessimismo. Para estes
economistas, taxas de crescimento económico elevadas não sugerem prosperidade,
estabilidade ou modernidade; são antes vistas como um sinal de transição de
economias atrasadas, sujeitas a transformações aceleradas – à semelhança do que
se passa hoje, por exemplo, na China.
As baixas taxas de
crescimento económico da maioria dos países europeus (incluindo a Alemanha)
verificadas nos últimos anos não nos deviam espantar. É essa a situação normal,
tal como nos explicaram os economistas clássicos e neoclássicos há mais de um
século.
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