domingo, 15 de março de 2015

Não há perguntas parvas

Mas algumas andam lá perto. Pergunta o Público porque não surgiu em Portugal um partido com o Syriza da Grécia ou o Podemos de Espanha e diz que esta é uma pergunta recorrente. Não percebo isso do ser recorrente, dado que estes partidos são relativamente recentes. E depois a pergunta, por si só, implica que estes partidos trouxeram algo de bom a estes países. O primeiro problema com este pressuposto é que ainda é muito cedo para avaliar a performance destes partidos e o seu impacto na economia destes países; o segundo problema é que a Espanha e a Grécia têm coisas que estão muito piores do que em Portugal. Será que os portugueses prefeririam o desemprego espanhol e a dívida grega ao que têm agora? E as Cajas espanholas não eram umas entidades que funcionavam tão mal ou pior do que o pior dos nossos bancos?

Em Portugal sofre-se gravemente de um problema galináceo: a galinha do vizinho é sempre mais gorda do que a nossa. O tempo que nós devíamos gastar investindo na nossa galinha, é gasto a admirar a galinha do vizinho.

3 comentários:

  1. Cara Rita,

    Não de onde tirou a ideia de que o jornalista ou quem faz a pergunta pressupõe que o Syriza é uma coisa boa. Já a sua observação leva a pensar que a Rita acha que o Syriza é uma coisa má. Mas sendo assim, porque é que encoraja a que se engorde o nosso Syriza (de que o mais próximo candidato é o partido Livre)?

    Cumprimentos,
    Rita

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  2. A interpretação que fez do que eu escrevi está completamente errada. Não sabemos se o Syriza é bom ou mau, ainda não houve tempo suficiente para se ter informação para se fazer uma apreciação. O que eu acho é que perdemos muito tempo a falar de coisas que não tratam da vida nem dão de comer a ninguém.

    Não percebi essa de eu encorajar o "Syriza" português. Claramente, não percebi o seu comentário.

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  3. Exactamente, há muito que penso que o surgimento de Syriza e Podemos surge precisamente porque são os dois países com mais de 20% de desemprego. 15% oficial é muito, mas 25% imagino que seja ainda mais terrível.

    Para além disso, penso que alguma coisa em termos de rede social (não estatal, atenção) manteve isto à tona de água por aqui (não é igual a dizer sem prejuízos grandes). Falo na rede familiar ou similar. Digo isto, porque lembro-me de Pedro Magalhães partilhar no twitter uma interessante imagem que reflectia a presença de 7 bens em famílias considerados referência pela OCDE (tinham coisas como casa, carro, ...). Partindo de pontos diferentes, todos os países dos chamados PIIGS (incluindo Irlanda) tiveram queda média perto de 2 bens por famílias (ex: na Irlanda, em 2008 em média tinham 5,5 desses bens para 4 ou 3,5), enquanto que Portugal era o único que tinha perdido "apenas" meio bem em média.

    Isto já foi há 1 ano (penso), mas o próprio PM disse que não tinha explicação para tal estatística.

    Outras duas hipóteses: 1) é preciso bem mais que uma crise como esta para os portugueses mudarem o espectro partidário; 2) a culpa é da esquerda além do PS que não tem ideias e/ou sabe as comunicar.

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