terça-feira, 24 de março de 2015

Esqueceram-se de me dizer...

Que eu devia estar calada por ser mulher, de acordo com este artigo. E logo eu que aqui há uns anos mandei um CEO parar de brincar com o telemóvel. Foi assim: estávamos a trabalhar num projecto com uma semana de prazo. A mim cabia a tarefa de tentar encontrar informação para provar não sei o quê para um cliente. Acho que aquilo tinha a ver com um processo de tribunal. Bem, eu não consegui achar nada. Então marcámos a reunião para as 15 horas de sexta-feira e o meu telefone toca às 14h e perguntam-me onde eu estou. Obviamente, que estava no gabinete e não na reunião. Vou para a reunião e é uma coisa gloriosa: uma mesa enorme cheia de homens, muitos deles Vice-Presidentes, o Presidente e o CEO. Deviam estar para aí 15 pessoas. Eles todos chateados por eu estar atrasada, quando eles é que estavam adiantados uma hora.

Sete minutos depois ainda não começou a reunião. Nestas reuniões eu tenho o hábito de calcular o custo da reunião. Começo a imaginar quanto ganha cada um por hora e depois adiciono tudo. Esta reunião era carita... Estava tudo com cara de enterro porque o projecto estava atrasado e tínhamos de o entregar na segunda-feira logo alguém ia trabalhar o fim-de-semana. O nosso CEO estava a olhar para o seu iPhone e a perguntar se mais alguém estava a ter problemas com as notificações push da Bloomberg. E eu digo "Put your phone away and let's start the meeting." E depois de um segundo de puro choque por eu ter dito aquilo, o CEO arruma o telefone e diz a brincar qualquer coisa como "OK, fine." Todos riram nervosamente. E eu respondi a brincar "You pay me to get stuff done!" É a brincar que se dizem as maiores verdades...

Tivemos uma reunião óptima com muito brainstorming, eles faziam perguntas e eu progamava em R e mostrava-lhes as respostas do que os dados suportavam. O projecto foi terminado a tempo e horas. Depois o CEO enviou um email a agradecer a toda a gente e eu respondi a todos que quem tinha mais mérito era o nosso colega, que tinha trabalhado no fim-de-semana para rematar aquilo tudo, e que eu tinha muito prazer e considerava-me muito feliz por poder trabalhar com ele. E vivemos felizes para sempre...

Ninguém se mete entre mim e o meu trabalho!

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