Nós percebemos a mensagem, senhora Ministra. Mas nada de significante mudou entre ontem e hoje. Se não havia vontade para ter sexo ontem, o que é que exactamente nos dá vontade para ter sexo hoje? É um bocado como dizia o Einstein: a mentalidade que causou os problemas não pode ser a mentalidade que os resolve. E nós ainda não vimos em como é que a mentalidade da governação do país mudou. Ainda andamos numa de impostos, subsídios, e cursos de formação. Note-se que essas políticas estão correlacionadas com um declínio da natalidade. Já se sabe que correlação não implica causalidade, mas não deixa de ser curioso, não é?
No entanto, há que lhe gabar o timing, pois com a Primavera a chegar, os pássaros todos irão andar a cantar para acasalar, que é como quem diz andam a perguntar uns aos outros quem é que quer ir ter sexo--muito sexo!!!--e isso certamente tem alguma influência na vontade de os humanos fazerem o mesmo--é o poder da sugestão.
Também há que ter em atenção uma particularidade muito importante de Portugal e faria bem que os governantes do país deixassem de se comportar como avestruzes e reparassem realmente como as coisas estão. As crianças portuguesas estão completamente desencantadas com Portugal. Na minha última viagem, conversei com os filhos dos meus amigos, e os mais velhos, que tinham 13, 16 e 17 anos foram peremptórios: já tinham desistido de Portugal, já estavam a fazer planos para sair. Se as crianças que já existem querem sair, porque é que o governo quer que os portugueses produzam mais crianças? Será que temos um acordo com a Alemanha para exportar jovens qualificados a custo zero para os alemães? Ou será que sermos insultados pelos alemães rotinamente faz parte do plano de pagamento? É que "amor com amor se paga e com desdém se paga também". E quem diz amor, diz sexo...
Mas passo a relatar as minhas conversas com os jovens portugueses, pois normalmente pensa-se que os jovens são imaturos, não sabem nada da vida, etc. Isso não é verdade, há jovens extremamente sábios e eles apercebem-se de muito mais coisas do que nós pensamos. As mais velhas, duas raparigas, boas alunas, de famílias com uma vida confortável e que se interessam por medicina e neurologia, já estavam a planear a saída e ainda nem sequer tinham completado o ensino secundário. O rapaz, o mais jovem, perguntou-me se era fácil sair de Portugal. Também era de uma família com boa qualidade de vida e já tinha a ideia de sair a enraizar-se. Eu respondi a ele com estatística--já se sabe do que gasta a casa na minha cabeça--, disse-lhe que o avô dele, a tia, e o pai tinham passado tempo no estrangeiro a trabalhar e a estudar, logo a probabilidade de ele sair era muito alta. Mas eu não lhe disse tudo o que eu pensava, não lhe disse que a probabilidade de ele regressar seria muito baixa.
Fiquei profundamente triste por ver pessoas tão jovens que já tinham desistido de Portugal. Assim como fico profundamente triste por ver a forma como Portugal é desgovernado.
* Para quem não sabe latim, nem lê Shakespeare, investiguem "Et tu, Brute!"
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