"Há nos confins da Ibéria um povo que, nem se governa, nem se deixa governar."Querem estas pessoas dizer-me que somos um caso perdido: não éramos civilizados antes, e decerto que não o somos agora, nem o seremos no futuro. Os romanos, esses sim, eram civilizados. Lembram-se de nas aulas de história aprenderem que quem não era romano, era considerado um bárbaro?Caius Julius Caesar (100-44 AC)
Para forçar os bárbaros dos lusitanos a submeter-se aos romanos--os tais civilizados--, os romanos subornaram três dos lusitanos para matar o seu líder, Viriato, em 139 AC. Viriato tinha enviado os três para negociar uma paz com o General Servílio Cipião, que tinha substituído Fábio Máximo Servilliano, o qual Viriato derrotou, numa batalha onde pereceram 3000 Romanos, em 140 AC. Servilliano suplicou pela sua vida a Viriato e este acedeu.
Depois do assassínio de Viriato, os três lusitanos traidores foram a Roma para receber a sua recompensa e os romanos mataram-nos em praça pública porque, sendo civilizados, não pagavam a traidores.
Eu ponho-me a pensar que não quero ser civilizada, mas também não sou traidora; mas bárbara parece-me não só muito bem, como adequado, pois assim posso continuar a dizer barbaridades...
Muito bom. O Henrique Raposo chama a este fatalismo, a narrativa queirosiana e é realmente típico das nossas elites ter este tipo de conversa que arrasa qualquer tipo de conversa inteligente.
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