Em 1856, em “On liberty”, John Stuart
Mill temia que a Europa entrasse num “estado estacionário” semelhante ao que a
China vivia há séculos. A origem do problema estava no esmagamento do “indivíduo”.
Se na China isso se havia devido ao organizado sistema educacional e político,
na Europa a origem estaria, sobretudo, na “desorganizada” opinião pública, que Mill via como
o domínio de uma multidão de medíocres, que tudo uniformiza. De qualquer
maneira, na China ou na Europa, o resultado seria semelhante: toda a gente
estaria condenada a ler as mesmas coisas, a ouvir as mesmas coisas, a ver as
mesmas coisas, a visitar os mesmos lugares, a ter as esperanças e os medos
direccionados para os mesmos objectos, a dispor dos mesmos direitos e
liberdades e dos mesmos meios para os exprimir.
A excentricidade era uma manifestação da originalidade, da energia, da força, da coragem, do
carácter, do vigor mental e do génio de um povo. Mill via, na sua época, o
abandono da excentricidade como um (mau) sinal da mudança dos tempos.
Se a Europa havia prosperado, isso
devia-se à extraordinária diversidade de caracteres e culturas das nações
europeias, à pluralidade de caminhos escolhidos para o desenvolvimento: indivíduos, classes e nações haviam sempre manifestado abertamente as suas diferenças. Desgraçadamente,
para Mill, esse pluralismo e diversidade davam sinais de estar paulatinamente a
desaparecer. Mas Mill achava que nem tudo estava perdido e que ainda seria possível
evitar o destino da China.
Se Mill voltasse a este mundo, veria com horror a burocracia central de Bruxelas e as políticas comuns da União Europeia. Mill não teria dúvidas: a Europa tinha finalmente chegado ao “estado estacionário”.
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