O Walmart, a TJ Maxx, e a Gap já anunciaram aumentos de salários; a Starbucks antes já tinha anunciado um programa com melhores benefícios para os seus empregados. Os aumentos parecem altos, especialmente os do Walmart, mas quando se pensa que a estagnação do salário real já dura há 30 anos, mesmo aumentos dramáticos não compensam o que que foi perdido. Mas, pelo menos, discute-se salários acima do salário mínimo e tem-se a nocão de que ter um país em que uma fatia cada vez maior dos trabalhadores ganha apenas o salário mínimo é um país condenado ao fraco crescimento económico.
Em Portugal costuma-se discutir muito o salário mínimo como se isso fosse realmente uma vitória para os trabalhadores. Não é e não será. E será um grande insulto para os portugueses, que os políticos neste ano de eleições queiram usar o salário mínimo para ganhar votos. É preciso dizer aos nossos políticos que nós queremos ganhar mais do que o salário mínimo. Ganhar o salário mínimo deve ser uma coisa temporária, que acontece a quem entra no mercado de trabalho e não tem muita experiência, nem qualificações.
Uma empresa que paga o salário mínimo à maioria dos seus empregados não é uma empresa bem gerida. Essa foi mesmo a admissão do Walmart: eles pagavam o salário mínimo e as pessoas não ficavam no emprego, o que aumentava o custo de treinar os empregados e reduzia a produtividade do trabalho. Aumentar o salário dos seus empregados não terá grande efeito nos custos, pois aumentará a retenção de empregados e a duração do emprego, logo reduz o custo de treinar empregados.
Muitas vezes, nem o salário mínimo é pago em Portugal porque há uns empresários que também pensam que descobriram a pólvora:
- Uns dizem que não é preciso pagar bem porque de onde veio um empregado, vêm muitos mais e, muitas vezes, atrasam-se no pagamento dos salários aos empregados porque usam a sua pequena empresa para financiar estilos de vida que estão muito acima do que seria aconselhável. O que estes empresários fazem com os lucros da empresa é com eles, mas atrasar-se no pagamento de salários porque usam as receitas para proveito próprio antes de pagar os salários, já é não é apenas com eles.
- Outros empresários quando contratam dão opção ao trabalhador para não se declarar com as finanças e oferecem um salário. Depois ao fim do mês, não pagam o que prometem, mas como o trabalhador não está colectado é irrelevante. Para além disso, como é difícil arranjar emprego, um empregado sem outras fontes de rendimento não tem quase nenhum margem de manobra ou negociação. Está o empregado sujeito a aturar esta gente que pensa que é importante porque veste um fato ou tem um crocodilo na lapela.
- Outros quando oferecem salários a mulheres oferecem um salário baixo, muito abaixo do salário mínimo; se a mulher diz que é muito pouco, eles informam-na que a expectativa é que ela viva com alguém (um marido, namorado, pais, etc.) que ajuda a pagar as contas. É a mesma porcaria que faziam no McDonald's onde os empregados que ganhavam o salário mínimo telefonavam para a linha de recursos humanos da corporação e eram informados em como conseguir subsídios do governo federal (food stamps).
Mas há uma diferença: a comunicação social americana saltou em cima da McDonald's e a imagem da companhia ficou severamente comprometida e as vendas nos EUA não estão muito famosas. Envergonharam os gerentes e a corporação! E será que há alguém que tenha a delicadeza de informar a Sra. Ministra das Finanças de que os cofres não estão assim tão cheios? Parece que um rato fez uns buracos no sistema Big Brother e aquilo anda um bocadinho roto e há muito dinheiro que nem sequer chega a entrar no cofre...
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