quarta-feira, 25 de março de 2015

No sítio certo, à hora certa

Hoje, foi às três da manhã que decidi levantar-me finalmente. Desisti da cama por uns minutos porque já tinha desistido do sono há duas horas. A primeira coisa que fiz foi ir à rua para ir ver o céu. Durante a primavera, a noite é a minha altura preferida do dia. Em Houston, o céu não fica muito escuro; há sempre uma certa luminosidade por causa das luzes da cidade. Quando há nuvens, sinto-me como se fizesse parte de um quadro de Magritte. Não sei se é por isso que não consigo ver estrelas cadentes por aqui.

A última estrela cadente que vi foi em Lisboa, em Setembro do ano passado, e foi por causa de um gato. Eu estava em casa de uma amiga sozinha com o gato dela. Era a minha última noite em Lisboa e tinha chegado a casa tarde. Fui à varanda e o gato acompanhou-me, mas depois não quis voltar para dentro. Passei algum tempo a tentar chamá-lo, até que desisti: fiz um pacto com o gato e não o incomodei mais. Sentei-me na varanda por volta das três da manhã a ouvir música e estava triste por ter de sair de Portugal dentro de algumas horas. De repente, uma estrela cadente atravessou o céu. Não fora o gato malandreco e eu não estaria no sítio certo à hora certa.

Quando me mudei para Houston, no Menil, o Museu de Arte Moderna, estavam em exibição duas exposições sobre o trabalho de René Magritte. O meu quadro preferido é o Les Amants (Os Amantes). Fui várias vezes ao Menil só para o ver e, na última vez, não consegui conter as lágrimas. Não seremos todos nós como os amantes, rodeados por um véu para que ninguém, por mais próximo que esteja, nos veja?

Esta semana é a Semana do Museu. Não se esqueçam de estar no sítio certo, à hora certa...

1 comentário:

  1. Quando falas do céu lembro-me do "Vicente"...
    Estar na hora certa, no sítio certo é uma boa dica e um tema.
    ADOREI!

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