O FMI é uma organização internacional e, como tal, não retém todos os impostos que um empregador americano reteria nos EUA. Normalmente, os impostos de Segurança Social e Medicare são de 12,4% mais 2,9%, respectivamente, do salário e são repartidos pelo empregador e pelo empregado, i.e., cada um paga metade. Como o FMI é uma organização que está isenta de impostos, o ponto de contenção era se Geithner era responsável por 12,4% + 2,9% ou por 6,2% + 1,45%. Geithner recebeu toda a informação do FMI acerca das suas responsabilidades fiscais; mas, mesmo assim, nem ele nem os contabilistas que reviram o que ele tinha feito, compreenderam que ele deveria pagar os ditos impostos como se fosse um empregado independente, isto é, paga a sua porção normal mais a porção que seria paga pelo seu empregador. O facto de o FMI estar isento de pagar impostos não reduzia a taxa de imposto dos seus empregados americanos. (Note-se que, nos EUA, mesmo utilizando um contabilista, no que diz respeito a impostos nós temos responsabilidade total perante o estado na eventualidade de erro.)
O papel de Secretário de Tesouraria é o equivalente ao nosso Minstro das Finanças. Muitas pessoas sentiram-se insultadas que um fulano que admite que errou nos impostos vá ter nas suas responsabilidades a agência que colecta os impostos, o Internal Revenue Service. Isto é o equivalente a dizer que Geithner não tinha autoridade moral para ocupar a posição para a qual tinha sido nomeado. Outra reacção comum foi de dizer que se nem o futuro Secretário de Tesouraria compreende o código fiscal dos EUA é porque o mesmo é complicado demais e deveria ser simplificado.
Vocês já sabem que realmente ele foi Secretário de Tesouraria, logo este escândalo não derrubou a sua nomeação. No entanto, o episódio vale por duas coisas:
- O erro foi descoberto antes de ele ocupar o cargo, ou seja, quando ele foi nomeado, ele entregou a papelada toda dele para que fosse feito um background check e para que os podres pudessem ser descobertos e discutidos antes de ele fazer parte do governo. O Congresso teve oportunidade de avaliar o homem, os seus erros, e o mérito das suas justificações antes de decidir aprová-lo.
- A reacção de Geithner: ele admitiu o erro prontamente e pediu desculpa não só por o ter cometido, como por estar a causar distracções ao Congresso americano numa altura em que os EUA atravessavam uma situação extremamente difícil.
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