quinta-feira, 12 de março de 2015

A rede

Já se tornaram recorrentes as análises sobre “o que se passa com António Costa”, como escreveu hoje no “Público” João Miguel Tavares. Para desespero dos socialistas, o homem não descola nas sondagens. Pior: já depois dos estilhaços da última trapalhada de Passos Coelho, o PS aparece com 36,1% das intenções de voto, separado apenas 1,1 pontos da coligação PSD e CDS (Jornal de Notícias, ontem) - um empate técnico, portanto. Já se adiantaram várias causas para esta desilusão. Basicamente, dizem-nos que o homem foi obrigado a aterrar devagarinho na realidade e está finalmente a perceber o significado de “não há dinheiro”.

Ninguém fala, todavia, de outro problema. Nas últimas eleições internas do PS, Seguro chamou a atenção para a promiscuidade entre a política e os negócios, insinuando que Costa fazia parte dessa “rede de interesses”. Caiu-lhe meio mundo em cima e Costa mostrou-se muito indignado no último debate com as insinuações do seu camarada.

Na semana passada, numa entrevista à Sábado, afirmou Alfredo Barroso: “É preciso acabar no PS com a promiscuidade entre os dirigentes e os negócios ou advogados de negócios. Costa está comprometido pessoalmente com muitas dessas pessoas, de quem é amigo.

Para quem está à espera de alguma coisa completamente diferente de Costa, pode esperar sentado. Aliás, basta ver quem são as pessoas que o rodeiam para se perceber o que aí vem.

4 comentários:

  1. É possível que exista o problema referido da promiscuidade com interesses, mas duvido que seja essa a razão porque o PS "não descola". Ainda não tinha ouvido ouvir em publico essas alegações, pelo que duvido que estejam (ainda) a influenciar a decisão de voto.

    Quando muito é uma bomba relógio para a campanha, mas já se percebeu que a campanha vai ter muita lama de ambos os lados, pelo que é dificil dizer que essa em acusação em particular vai "colar" (a acusação de estar rodeado dos antigos dirigentes do Socrates, que é em pontos semelhante a essa, parece-me mais destrutiva para a campanha do PS).

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    1. Sim, essa alegada promiscuidade em nada contribuiu para os resultados das sondagens, até porque é um assunto ignorado, e provavelmente não vai ter qualquer influência eleitoral. Só queria dizer que o António José Seguro não estava sozinho nas acusações que fazia sobre a promiscuidade entre a política e os negócios dentro do seu próprio partido e, segundo Barroso, António Costa está bastante envolvido. Isto é apenas um mau sinal, um sinal de que Costa nunca fará rupturas.

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    2. Sinceramente não estou a ver nenhum dos partidos do "centrão" com possibilidades de fazer ruturas na relação com os interesses. Talvez só com uma situação como em Espanha com o Podemos e o Ciudadanos a disputar o lugar ao "centrão" é que os partidos encontrassem força para fazer as mudanças internas necessárias. Como alguém disse só existem 2 regras na politica partidária: 1. Fazer o necessário para ser eleito. 2. Ver regra 1.

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    3. Infelizmente, tem razão. Como alguém disse, não podemos estar à espera que as "meninas" façam uma reforma no bordel.

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