segunda-feira, 23 de março de 2015

Fez-se luz...

Viram o que a Sra. Merkel disse hoje a propósito do pedido de reparações da Grécia?
“We are aware what kind of cruelty we caused, the kind of tyranny inflicted by National Socialism in Greece and under which many people suffered,” she replied. “This injustice and suffering isn’t appreciated by many in Germany as perhaps it should be.”

Fonte: Bloomberg

Quando é que ela descobriu isto? Depois de anos a cultivar o ódio pelos gregos, vem ela agora dizer que os alemães foram mauzinhos e não apreciam a gravidade da sua maldade como deveriam.

O comportamento da Sra. Merkel parece o quadro do Magritte em que metade é noite, outra metade é dia. Chama-se o Império da Luz...

5 comentários:

  1. Porque é que diz que a Merkel passou anos a cultivar o ódio pelo gregos? Pelo que leio penso que tanto em Portugal como na Grécia é que recorremos a estas diabolizações da Merkel e dos alemães de forma veemente mas não me tenho apercebido que essa atitude seja recíproca. Até tenho a imagem de que tem geralmente reações bastante moderadas perante atitudes bastante agressivas por parte dos países do sul. Admito que possa ter uma perspetiva enviezada pois não leio a imprensa alemã.




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    1. Porque a forma como os alemães têm tratado os outros países demonstra completo desrespeito pela soberania nacional dos mesmos. A Sra. Merkel e o seu governo não deveriam ter o discurso que têm porque não incentiva a cooperação entre os países nem a aproximação dos povos, o que é uma das ideias matrizes da UE. O que Angela Merkel faz é manipular a opinião que os alemães têm da UE para servir os seus interesses políticos nacionais. À Alemanha interessa ter países fracos na UE q.b., pois assim têm uma moeda mais fraca que lhes promove as exportações e têm uma fonte de trabalho qualificado barato.

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    2. Rita,

      "a forma como os alemães têm tratado os outros países demonstra completo desrespeito pela soberania nacional dos mesmos"
      Porquê? O que fizeram os alemães e a Merkel que nos desrespeitasse?

      A minha sensação atual é que nós é que nos desrespeitamos a nós próprios e à nossa soberania com esta passividade. A postura de "bom aluno" e a transposição acritica da legislação europeia e a demissão da nossa parte de fazer valer os nossos interesses na política europeia. O estar à espera que seja a Merkel e os alemães a fazerem esse trabalho por nós parece-me pouco sensato. Contudo como lhe disse anteriormente admito que possa estar mal informado.
      Contudo não acredito que seja uma boa ideia culpar a alemanha pela situação na grécia ou pela nossa situação em Portugal em vez de nos culparmos em primeiro a lugar a nós próprios e ver o que podemos fazer para alterar a situação e termos um futuro melhor. Discordo profundamente desta menorização das decisões dos países do Sul que está subjacente à atitude de olhar para a Alemanha como se ela tivesse a responsabilidade de tomar as decisões que defendessem os interesses dos países do Sul.

      Por exemplo em Portugal temos o exemplo da Autoeuropa um investimento alemão, sustentável, exportador, que cria emprego qualificado e que é responsável por percentagem significativa do nosso PIB. Sinceramente pelo menos por cá não me parece que tenhamos razões de queixa da alemanha. Não acredito que a atitude tenha sido diferente em relação à grécia.


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  2. Soberania nacional? A Alemanha era até há bem pouco tempo um país ocupado, e em parte ainda o é, tinha a sua soberania diminuída e estava até 89 dividida. Toda a soberania perdida pelos países da EU e da zona Euro foi acordada e assinada, não foi imposta ou subtraída. O tipo de discurso político de Merkel difere de facto do que os seus anteriores faziam, até é bastante contido, não pinta portugueses como mercadores de escravos, por exemplo, coisa que no sul não hesitariam a fazer caso fosse ao contrário. Não percebo essa questão de não incentivar à cooperação. E na UE existe alguém que queira realmente cooperar? Ou querem cooperar salvaguardando os seus interesses? Basta assistir a uma reunião do ecofin ou em matérias mais especificas para se ver a guerra que é, uns ganham, outros perdem. Ela não faz mais que qualquer chefe de Estado decente deveria fazer, defender o interesse dos seus eleitores. Os países têm interesses, os Estados têm interesses, logo, zelar por estes é a sua missão, tal como, mal ou bem, os que agora se queixam da UE, tentaram fazer mal e porcamente nos seus países atirando dinheiro em vez de usar o dinheiro com estratégia e visão. Culpar a retórica alemã é apenas circunstancial face ao desleixo a que se devotaram, e este não é apenas prejudicial à Europa e à Alemanha, é também para os seus próprios países. Quando digo que é prejudicial à Alemanha, digo no contexto de líder envergonhado, visto que qualquer alemão, ou emigrante estrangeiro por lá sabe dos complexos que têm na sua afirmação na Europa e em especial na UE. Se a Alemanha quisesse muito aquilo que alguns, na ausência de melhores argumentos, tinha, por exemplo, umas forças armadas à altura, não o tem. O poder económico alemão está acessível, não pode nem deve ser "diminuído" para baixar a bitola, até porque julgo que deveria ser pouco interessante para as restantes economias da UE uma Alemanha fechada sobre si mesma.

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  3. Este post está muito próximo da linha "tens uma ideia política económica da minha, só podes ser má pessoa".

    Pode-se argumentar com verdade, que as instituições europeias não são muito bem respeitadas, mas isso não é propriamente culpa da Alemanha. Sempre foi assim, pior agora porque há mais poderes e estão mais desfasados dos cidadãos, mas neste momento só a Alemanha (não me parece que seja bem assim, mas vamos assumir) manda porque franças, portugais e grécias assim o quiseram. Quem é que quis o marco alemão... desculpem, o euro?

    Vir falar de ódios sobre os gregos da Sra. Merkel, pode ser ignorância minha, mas parece-me uma narrativa fantasiosa para sustentar um confronto mediático.

    Sobre as reparações gregas, entramos por ai e vem um alemão exigir as transferências de dinheiro via UE.

    E, pronto, estando a discussão nestes níveis, lá se vai o sonho europeu (por culpa própria dos europeus ou instituições europeias, diga-se). Acho que sinto-me como os comunistas de leste nos anos 80.

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