quinta-feira, 2 de julho de 2015

Draghi, pode correr, mas não se pode esconder.

Possivelmente, Mário Draghi salvou o Euro. Teve, no entanto, sempre muito cuidado para não exceder o seu mandato. Por isso, nos seus programas de compra de dívida pública, nunca tratou a dívida portuguesa como a restante dívida europeia, nem tratou a dívida pública grega como tratava a portuguesa. A razão é simples, comprar dívida que tem fortes probabilidade de não ser paga não é fazer política monetária, é fazer política fiscal à escala europeia. Afinal de contas, caso a dívida detida pelo BCE não seja reembolsada, ou seja vendida a preço de saldo no mercado secundário, o prejuízo é suportado pelos contribuintes de todos os países da Zona Euro.

Mas chegará o momento em que Draghi não poderá mais fugir a decisões políticas. Os tratados europeus não prevêem forma de obrigar um país a sair da moeda única. E, na verdade, não há. A única instituição com capacidade para obrigar um país a sair do Euro é mesmo o BCE. Se este fechar o garrote aos bancos gregos, os custos impostos serão tão grandes que a Grécia não terá alternativa que não a de abandonar o Euro.

Ou seja, a mais importante das decisões políticas dos próximos tempos estará nas mão de Mário Draghi, que apenas tem mandato para fazer política monetária.

2 comentários:

  1. Eu acho que ele é muito melhor do que o Trichet e nota-se que ele tem noção da seriedade da situação e dos limites da política monetária. Ele tem alertado os governos que a situação é. acima de tudo, estrutural e requer um política fiscal eficaz. Eu não chegaria ao ponto de dizer que ele salvou o euro, tem apenas comprado tempo. Enquanto não houver um plano de crescimento para a zona euro, estaremos sujeitos a estas crises com a agravante de não haver excedentes orçamentais para se lidar com elas.

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    1. Concordo totalmente contigo quando dizes que o Draghi fez foi comprar tempo.

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