sexta-feira, 31 de julho de 2015

O Estado não tem mãos

Em Portugal, apesar dos progressos, continuamos a ter um “Estado patrimonial” muito forte, para usar a famosa expressão de Max Weber. Ou seja, as elites políticas vêem o Estado como uma forma de enriquecimento pessoal. A esquerda radical, com razão, não se tem cansado de denunciar a corrupção, a promiscuidade de interesses públicos e privados, etc.. Mas essa mesma esquerda, se pudesse, nacionalizava tudo. Supostamente, dessa forma, os ganhos seriam equitativamente distribuídos pelos trabalhadores e consumidores, em vez de ficarem nas mãos dos capitalistas exploradores.
Se confundir o Estado com o governo é um erro, tratá-los como entidades completamente distintas é também um absurdo. É neste segundo tipo de erro que a esquerda cai.
A esquerda gostaria que as empresas (pelo menos, as “estratégicas”) estivessem nas mãos do Estado. O problema é que o Estado não tem mãos, quem tem mãos são os indivíduos. A esquerda fala como se o governo pudesse ser incompetente ou corrupto, mas o Estado, vá-se lá saber porquê, estivesse naturalmente investido de nobreza e dignidade e pairasse sempre acima das fraquezas e dos vícios humanos. Infelizmente, o Estado não é nada disso. O Estado são pessoas, muitas vezes escolhidas e nomeadas pelo tal governo “incompetente e corrupto”.

3 comentários:

  1. Uma coisa que me dá a ideia é que por norma a direita gosta do governo (isto é, de "líderes", de "decisores", de "grandes homens", e até de manuais de História centrados na história política) mas não gosta do estado, e a esquerda gosta do estado mas não gosta do governo (mesmo o que os marxistas chamam "abolição do Estado" parece-me sobretudo "abolição do governo", com um Estado a funcionar em piloto automático).

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  2. http://www.economia-livre.blogspot.pt/2013/03/letat-sont-ils.html

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