terça-feira, 7 de julho de 2015

Venha o diabo e escolha

É verdade que foram o PASOK e a Nova Democracia que levaram a Grécia ao descalabro. Mas eu pergunto: pela amostra destes últimos seis meses, alguém acredita que o Syriza teria feito melhor se estivesse estado no poder durante esses anos? Alguém acredita que teriam tido uma política fiscal mais responsável? Ou que teriam feito alguma reforma estrutural a sério, a começar pela criação de um Estado moderno?

6 comentários:

  1. Caro JCA,

    Acreditar, não me acredito, mas é irrelevante. Atirar as culpas para cima do Syriza, dando a entender que são os culpados do falhança da Grécia (que estaria em franca recuperação no final do ano passado) são papas e bolos - daquelas para enganar tolos.

    O que se passa na Grécia é o resultado de um falhanço global de todos os intervenientes. Num caso de default - e tirando situações excepcionais - tem tanto culpa quem empresta como quem pede emprestado.

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  2. Mas o inverso também é verdade: os gregos precisam de exportar mais. Como não produzem quase nada, seria importante aumentar as receitas de turismo. Alguém acha que eles vão conseguir atrair turistas e receitas pela forma como a UE tem gerido a crise? Se o plano era virar toda a gente contra a Grécia, mais valia ter perdoado as dívidas todas há cinco anos, deixar de lhes emprestar dinheiro, e mandá-los dar uma volta. Se continuam a enterrar mais dinheiro na Grécia e querem ser pagos, têm de arranjar maneira de os gregos conseguirem cash flow para pagar a dívida, ou seja, o exterior tem de comprar mais produtos gregos.

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    1. Rita, eu parece-me que o primeiro resgate foi feito de uma mistura de boa fé e interesse próprio. Boa fé porque os intervenientes acreditavam piamente que era uma (boa) solução para o problema e interesse próprio porque conseguiam, de forma indirecta, evitar ter de capitalizar e resgatar os seus próprios bancos (é engraçado como os gregos são os malvados mas dos bancos ninguém fala...).

      Só que o plano não correu de feição: o PIB afundou mais que o esperado, as reformas ou não foram implementadas ou não resultaram, os políticos "amigos" foram corridos.. E agora levarm com os radicais.

      Parece-me evidente se, há coisa de ano atrás, quando o então PM da Grécia fez apelos quase-desesperados para "abrandarem" a austeridade, para reverem o plan, a Troika tivesse feito uma avaliação como deveria ser feita da situação e revisto o plano, a situação destes últimos meses não se punha. Foi como o burro do inglês, só que em vez de tirarem palha, "apertaram" com os Gregos - e agora o burro parece que vai morrer de vez.

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    2. Manifestações, greves, absentismo, vandalismo, pequena corrupção também não ajudam nada ao turismo.

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  3. A armadilha da dívida externa tem autores primordiais: os banqueiros.
    Se não houvesse a rede do "moral hazard" que os livra das consequências das suas actividades arriscadas não haveria tanta crise de dívida (dita) soberana.
    Foi o BCE ou o FMI que emprestaram bastante para além da capacidade de reembolso dos tomadores dos empréstimos? Não foram. Por onde andam aqueles que emprestaram e cobraram juros e comissões por isso? Andam por aí depois de terem endossado aos políticos a responsabilidade de os safar.

    Há uns anos atrás, Bern Bernanke afirmava numa entrevista concedida à Time (que o considerou a figura do ano) que o problema maior dos EUA era o "too big to fail". Não o resolveu.

    Repetindo-me, escrevi ontem e hoje dois comentários sobre o assunto. Se a sua curiosidade for tanta pode ler aqui
    http://aliastu.blogspot.pt/2015/07/perdidos-por-dez-perdidos-por-mil.html

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    1. Pois, só que esses, como diria o outro, "já nos safemos" - em 2011!

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