terça-feira, 14 de julho de 2015

Irão ou não?

Os EUA se calhar vão ter um acordo executivo com o Irão para limitar o programa nuclear iraniano. Em troca, aliviar-se-ão as sanções ao Irão. Os Republicanos não gostam; acham que é um péssimo acordo, que o Irão irá violar o acordo, e que Barack Obama subverte a Constituição porque quer um tratado sem submeter o documento aos requerimentos de um tratado.

Vale a pena ver qual a diferença entre um tratado e um acordo na lei americana e que pode ser consultada na página do Departamento de Estado americano. De acordo com a Constituição, um tratado é um acordo internacional que obtém uma maioria de dois terços no Senado. Os acordos que não obedecem a essa maioria, mas que são implementados por força constitucional, são "acordos internacionais" ou comummente designados por "acordos executivos". [Note-se que o Congresso americano é composto por duas câmaras: o Senado, que tem 100 senadores, e a Casa dos Representantes, que tem 435 representantes. Cada estado americano tem dois senadores; o número de representantes por estado depende da população de cada estado, que está dividida por distritos.]

Uma parte integrante deste acordo é a inspecção permanente das instalações nucleares iranianas. Estas inspecções serão não só detalhadas, como muito frequentes. Segundo o que foi dito no programa da Diane Rehm, para o Irão construir uma arma nuclear, i.e. violar o acordo, teria de o fazer no espaço de semanas. Qualquer indicação de violação do acordo traria imediatamente a imposição de novas sanções ao Irão.

Os efeitos mais imediatos deste acordo ser conseguido serão no preço do petróleo. De acordo com Neil Atkinson, citado no blogue do Houston Chronicle dedicado ao petróleo, o Irão pode disponibilizar cerca de 40 milhões de barris de petróleo num curto espaço de tempo, ou seja, o preço do petróleo tem o potencial de baixar. O West Texas Intermediate pode baixar para $50/barril; neste momento está a $52.89.

2 comentários:

  1. Cara Rita,

    Parece-me que o principal impulsionador do acordo nuclear com o Irão é o Daesh (ISIS para quem está um pouco atrasado nos acrónimos). Os EUA (e a Europa) finalmente perceberam que é preferível um regime ditatorial (e o Irão só com bastante má vontade pode ser enquadrado nessa categoria) do que um grupo de fanáticos.

    O Irão é o único país da região que tem capacidade militar e homogeneidade cultural (cerca de 90% da população é xiita) para fazer frente ao Daesh no terreno. Os "aliados tradicionais" do ocidente na região ou não estão interessados (Israel, Turquia), ou estão culturalmente comprometidos (Arábia Saudita), ou têm uma situação geográfico-militar frágil (Jordânia), ou estão em cacos ou pseudo-casos (Iraque, Egipto). E todos eles (com excepção de Israel) têm o problema de serem religiosamente "próximos" da teo-ideologia do Daesh. A alternativa seria apoiar Bashar Al-Assad directamente, o que está fora de questão (e apoiar mais os curdos, por causa do Iraque e da Turquia, também é carta fora do baralho).

    Como diria Bismark (até porque está na moda o junkerismo alemão), é hora de fazer salsichas.

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