domingo, 5 de julho de 2015

Reestruturação da dívida grega, o (muito) que já foi feito

Outro dia, quando explicava a um amigo que a dívida grega (bem como a portuguesa) já tinha sido reestruturada várias vezes, perguntaram-me por que raio o rácio dívida pública/PIB não descia. A minha resposta é simples e está no Público de hoje.

12 comentários:

  1. Claríssimo.
    E, no entanto, não são apenas os gregos e os outros que não querem ler como deviam. Os "mercados", e esse é o problema financeiro maior, também não afinam por outro diapasão.

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  2. Gostei do artigo. Alteraste a foto por alguma razão?

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    1. Não sei qual foi a última foto que viste.
      Há uns tempos, tinha uma foto de camisa azul e de barbas. O João Miguel tavares disse-me que a minha foto era a única ainda mais horrível do que a dele. Então mandei esta. Também não gosto desta, diga-se. Neste último artigo, mandei uma nova foto, mas não devem ter gostado e mantiveram esta.

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  3. Caro Luís, desta feita não captei a sua mensagem. Nem eu, nem outros meus amigos de café, alguns com formação académica adequada.
    Concordo consigo quando diz que, pelo alongamento dos prazos, a dívida pública dos países está, permanentemente, a ser reestruturada; não o entendo quando diz que "o valor efectivo da dívida" cai 25%, apenas pelo diferimento do prazo de pagamento, de 10 para 20 anos.
    Permita-me algumas perguntas: aquela taxa de 3% é anual? Como calcula o “valor” real, face ao valor nominal? Toma em consideração a inflação esperada?
    Desculpe o atrevimento.

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    1. Os 25% são um cálculo para 3% ao ano, sim. De qualquer forma, não me parece que isso seja essencial para o artigo. Para o artigo, o que é relevante é saber que a dívida efectiva é cerca de metade da dívida oficial, e esses cálculos não são meus.
      Respondendo ao cálculo dos 25%, fiz as contas mais simples que era possível fazer.Imagine que chega a um banco e lhes diz: apenas lhes vou pagar 100.000€ daqui a 10 anos. Considerando uma taxa de juro anual de 3% quanto é que vocês me emprestam hoje que equivalha aos 100.000€ que vos vou poder pagar daqui a 10 anos? A resposta será 100.000/(1.03^10).
      Se fizer a mesma pergunta a 20 anos a resposta será 100.000/(1.03^20).
      Calculando (100.000/(1.03^20))/(100.000/(1.03^10)) = 75%. Ou seja, o valor actual da dívida reduziu-se em 25%.

      Portanto, não entrei em consideração com taxas de inflação, não considerei que diferentes maturidades implicam diferentes taxas de juro, não considerei nada dessas hipóteses, que não alterariam a implicação relevante: adiar o pagamento dos 100 traduz-se numa redução do valor actual dessa dívida.

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    2. Obrigado pela explicação.
      Desculpe a insistência, disse que, no seu exemplo, os juros são anuais mas, pelo que entendi, não são pagos ao ano, mas apenas no fim do prazo. Estou certo?

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    3. Não peças desculpa pela insistência. A resposta é sim, neste exemplo concreto, o único pagamento é o pagamento pelo valor nominal no fim do prazo. Corresponderia, portanto, a uma obrigação de cupão zero a 10 anos, cuja maturidade é alargada para 20 anos.

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    4. Não peças desculpa pela insistência. A resposta é sim, neste exemplo concreto, o único pagamento é o pagamento pelo valor nominal no fim do prazo. Corresponderia, portanto, a uma obrigação de cupão zero a 10 anos, cuja maturidade é alargada para 20 anos.

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    5. Cupão zero a 10 anos é um "suponhamos", sem aderência à realidade, parece-me.

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    6. Bem, mais uma vez, não vejo grande relevância Nisso. Para o artigo, o que é relevante são as contas que Paul De Grauwe refere.

      De qualquer forma, com os períodos de carência de juros de que a Grécia beneficia, até é bastante aproximado da realidade. Além disso, não são nenhuma raridade. Existem no mercado. Por exemplo, nos EUA as obrigações de cupão zero têm quase sempre prazos superiores a 10 anos.
      O motivo para usar esse exemplo foi apenas um: as contas são mais fáceis do que com obrigações com cupão.

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  4. Tendo em conta essa restruturação discreta que empurrou a dívida para prazos e períodos de carência longos com juros baixos, não é natural que o principal ponto de enfoque dos credores tenha sido a sustentabilidade do sistema de pensões?

    O mínimo olímpico para os credores considerarem a dívida pagavel parece ser um déficit primário zero sem outras dívidas implícitas de longo prazo.

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  5. Caro Aguiar Conraria, não sei o que será mais difícil. Se reduzir despesa ou fazer reformas estruturais!!!

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