quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A seriedade

"Entre a espada e a parede, ou entre Bruxelas e a esquerda: assim está o Governo, que em altura de entregar à Comissão Europeia o esboço do Orçamento do Estado se vê obrigado a equilibrar as medidas acordadas com BE e PCP e as metas europeias. O documento, que será aprovado esta quinta-feira em Conselho de Ministros, deve seguir para Bruxelas ainda esta semana, mas continua a prever uma meta do défice de 2,8%."

Fonte: Expresso, 21/1/2016

As contas criativas pré-Troika estão de volta, desta vez pela mão de Mário Centeno. Não há seriedade; há mentiras em série. Vão enviar para Bruxelas um esboço de orçamento onde se prevê o iminente crescimento brutal da economia portuguesa para reduzir o défice orçamental. Isto quando o IGCP ainda recentemente apresentou umas contas que dão um défice completamente diferente.

Como dizia o meu professor de Métodos Econométricos: com dados adequados, podemos concluir tudo o que quisermos. Se não gostamos da conclusão, mudamos os pressupostos e ela fica diferente. Esperemos que a malta de Bruxelas não se deixe enrolar desta vez.

4 comentários:

  1. "Isto quando o IGCP ainda recentemente apresentou umas contas que dão um défice completamente diferente.". No seu último post sobre isto fiz um link para o observador que dizia preto no branco (no caso azul) que as preojecções do IGCP baseavam-se nas projecções de défice do governo. O que a Rita via no IGCP de défice de 5,X era mil milhões de euros que corresponde a 2,8% do défice português. Bem, eu não quis dizer isto no post anterior, porque me parecia absurdo que uma doutorada que tem como trabalho fazer "risarch analisis" confundir as duas coisas, mas pelos vistos leu mal...

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    1. Caro Abel, obrigada pelo seu interesse me me corrigir. No entanto, devo clarificar-lhe uns pormenores: eu cometer um erro é natural porque sou humana, mas note que o problema é que as projecções de crescimento do governo são demasiado optimistas e é isso que põe em causa os números.

      Quanto aos pressupostos que o IGCP usou, eu não sei bem de que data são, logo não posso dizer que os pressupostos do esboço orçamental correspondam aos pressupostos que o governo forneceu ao IGCP, ou seja, não é claro na minha cabeça que eu tenha cometido um erro, pois parece-me que os resultados são diferentes.

      Agradecia-lhe que não reduzisse a minha carreira aos erros que você acha que eu cometo quando observa muito pouco do meu trabalho. E depois fica-lhe mal: é falta de carácter da sua parte e isso, meu caro, é muito mais difícil de corrigir. Não há "risarch analisis" que lhe valha.

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  2. Cara Rita,

    Desde já o meu pedido de desculpas se incomodei a Ex.ma. Senhora Doutora.

    Só para esclarecer, eu disse que me parecia absurdo que cometesse um erro destes e portanto concluí que "leu mal". Ou seja concluí que uma pessoa que tem a profissão que tem, tem que, obviamente, ter mérito no que faz e seria absurdo concluir que faz erros destes. Portanto concluí que "leu mal"... ...já agora aqui está o link para o seu post: http://destrezadasduvidas.blogspot.pt/2016/01/revisao.html#more e aqui está o link para o observador: http://observador.pt/2016/01/11/igcp-defice-orcamental-2016-equivale-52-mil-milhoes-euros/ . Repare que o défice que na figura do IGCP diz 5,2 mm de euros corresponde a (tirado do observador): "O Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) anunciou... um défice de 2,8%, o equivalente a 5,2 mil milhões de euros." (Sem o Banif).


    PS: Quanto ao ""risarch analisis" muito obrigada por ter chamado a atenção para o meu erro, pois estou a ver se melhor o inglês escrito. E estas chamadas de atenção ajudam, sobretudo quando são colocadas da forma simpática e agradável como o fez. Os meus sinceros obrigados.

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    1. Exmo. Sr. Abel Lisboa, como queira. (Era esse o propósito do seu comentário, não era? O facto de o não ter tratado por Exmo. Sr.? Pois é, já não estou habituada ao excesso de formalismo português. Peço imensa desculpa pelo incómodo a V. Exa.)

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