quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

O sucessor

Jerónimo de Sousa anda em cogitações. Recandidato-me, não me recandidato, eis a questão. Mas os comunistas podem estar tranquilos. O padre Edgar Silva é o futuro. Ainda se baralha um bocado com as teologias, é certo, mas isso resolve-se. Para já, preenche um requisito fundamental para o cargo de secretário-geral: a cabeleira e o penteado estão de acordo com a linha ortodoxa definida por Cunhal – não terá os problemas de Carvalhas, que nunca conquistou o coração dos comunistas. Além disso, não consegue disfarçar a sua admiração por Kim Jong-un da Coreia do Norte, esse benemérito da bomba H. Edgar está no bom caminho. Não há dúvidas. Deus nos proteja.



13 comentários:

  1. O Padre Edgar marcou definitivamente o meu percurso pessoal de Fé, na procura de um sentido para o meu olhar sobre o mundo e sobre a morte. Não é o facto de não partilhar as suas escolhas partidárias que apaga o clarão interpelante que o contacto com o seu exemplo de vida radical, há 25 anos, em Lisboa, permitiu. Ver tentativas de tratar a sua personalidade com ligeireza anedótica irrita e confrange.

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    1. Não conheço pessoalmente o padre Edgar, acredito que seja um bom homem, com boas intenções. Como figura pública, só o podemos avaliar com base na pequena selecção de factos que nos são dados a conhecer e, goste-se ou não, nessa selecção está a sua incapacidade em condenar inequivocamente o regime da Coreia do Norte. Obviamente, jamais votaria num homem ou num partido que tem uma posição destas sobre um dos regimes mais totalitários à face da terra.

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  2. http://www.dn.pt/portugal/interior/coreia-do-norte-seria-ultimo-pais-a-visitar-por-edgar-silva-4964016.html

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  3. Eu não penso que as sucessões no PCP se decidam conforme a vontade dos secretários-gerais em se recandidatarem ou não. Acho que quem decide da continuidade ou não deles é o "Politburo" ("Comissão Política" no PCP?).

    Seja como for, não sei se o mais provável sucessor será Edgar Silva. Inclino-me mais para Francisco Lopes.

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    1. O que eu sobretudo não sei (mas provavelmente com uma busca no google talvez descobrisse) é se os secretários-gerais do PC têm um mandato fixo (recandidatando-se ou não quando acaba esse mandato) ou se têm um mandato indefinido, que acaba, ou quando o Comité Central os destitui, ou quando os próprios abandonam o cargo; pelo menos o congressos do PCP não me parecem seguir a regularidade habitual (de x em x anos) dos outros partidos.

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    2. Também não sei, provavelmente essas regras são públicas; de qualquer maneira, o PCP continua preso à sua velha cultura de secretismo, aquilo é tudo decidido num olimpo, longe do comum dos mortais.

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  4. Quem decide é a Comissão Política. Quem ratifica o que foi decidido é o Congresso do partido.

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    1. Obrigado, Luís, já aprendi mais um coisa hoje

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    2. Mas não leves isto à letra do ponto de vista formal. Isto é assim de facto.
      E, naturalmente, não há cá candidatos. Pelo menos, não na forma como usualmente a entendemos. Um candidato é alguém que pode ganhar ou perder. Ali a decisão é tomada por consenso.

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    3. É mais ou menos como se elege o papa, e aquilo funcionam em conclave e tudo. Parecem-me impressionantes as semelhanças

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    4. Assistir ao fim de um congresso do PCP, naquele momento em que todos estão em comunhão a cantar a internacional e, depois, o hino do partido é em tudo semelhante a assistir aos crentes na procissão das velas em Fátima.
      As mesmas lágrimas, a mesma aura, a mesma força e, metaforicamente, a mesma crença.

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    5. Sim, é. Nem que fosse equivocada, antes a celebração genuína da partilha de vontades e de curiosidade, num futuro aberto à novidade, do que a anestesia individual, branca e fria, do determinismo presunçoso e fatalista que nos pretende enterrar vivos, ou a mera agremiação de interesses particulares.

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  5. É ironia bem penteada pelo José Carlos, à altura de "Despenteando Parágrafos", "Utopias em Dói Menor", "Quando os Bobos Uivam", "Aventuras de um Nabogador", "Livro-me do Desassossego", "Viagens na Minha Era" e "Português sem Filtro". Diz o seu autor que o sarcasmo sempre foi maioritário em Portugal, contra a ironia, porque esta última exige maior distanciação.

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