sexta-feira, 22 de abril de 2016

A de Afronta

"Em primeiro lugar, o PE explicita, pela primeira vez, que existe aquilo a que, no Governo, é chamado de "plano de contingência", mas que só será aplicado em caso de necessidade "extrema".

Ontem, Mário Centeno tornou a dizer que não há qualquer plano B e que não leva quaisquer medidas para mostrar em Bruxelas.

De facto, não leva medidas concretas, afirma que o único plano é o do "compromisso" com as metas e o Pacto, e com "uma execução orçamental rigorosa", repetiu Centeno. Mas leva um manifesto de vontade com um valor à cabeça.

Segundo apurou o JN/Dinheiro Vivo, o tal plano de contingência tem por enquanto uma "dimensão política". Serve para debater com os ministros das Finanças do Eurogrupo, com a Comissão, com os credores, para mostrar e convencer a DBRS (agência de rating), mas em termos práticos ele assenta já e muito no uso das cativações. São as verbas que fazem parte da despesa, mas que só serão libertadas para os serviços se o ministro o entender.

Fonte: Jornal de Notícias

Continuamos o nosso exercício de exploração de termos linguísticos para idiotas. Desta vez, o Dr. Mário Centeno, o nosso ilustre Ministro das Finanças, diz-nos que há um plano de contingência, mas não há plano B. E o tal plano é meramente "político", serve essencialmente para convencer, mas não há intenção de que seja implementado. Haverá uma execução do Orçamento (plano A) rigorosa que fará o tal plano de contingência, que não é plano B, desnecessário. Não é este o governo que disse que não se vergaria a Bruxelas no Orçamento? Depois vergou-se.

Vamos ao que interessa: probabilidade da execução orçamental ser rigorosa = 0%. Será que o plano A dos nossos governantes é o plano da afronta?

4 comentários:

  1. Rita:
    Duas perguntas.
    1.ª - Não percebeu que se trata de um teatro de sombras, em que, tanto o governo como a Comissão Europeia e restantes órgãos, apresentam papeis para entreter o pagode e fingiram uns, que exigem, outros, que cumprem.
    2.ª - Sabe qual foi a previsão percentual do défice e do crescimento entregues pelo governo Passos Coelho/Portas para 2015?
    Se não sabe procure-os: e retire as conclusões.
    E o que fez a UE?
    Assobiou para o ar.
    Espero que retire essas conclusões usando o grau de exigência e de aspereza que usa para com este governo.

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    1. Portugal foi resgatado em 2011, cada ano que se afasta dessa data, as previsões têm a obrigação de ter melhor qualidade porque a economia passa de uma situação em que havia muita incerteza e pânico para comportamentos dos agentes mais alinhados com o normal. Dito isto, há dois testes de qualidade do governo Geringonça: se os erros das previsões que apresenta são inferiores aos erros das previsões do governo PSD/CDS; se, em 2016, o comportamento da economia em crescimento do PIB, dívida pública, défice, e desemprego apresenta melhorias face a 2015. O PS retirou a PàF do governo comprometendo-se a ter melhores resultados do que a PàF, agora tem obrigação de cumprir pois é apenas isso que dá legitimidade à Geringonça.

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    2. Rita:
      Mas para o Governo da Geringonça cumprir tem de se lhe dar tempo para se ver se o caminho proposto conduz aos resultados anunciados/prometidos ou ao seu contrário.
      Mas os detractores do actual governo já sabem antecipadamente que os resultados anunciados/prometidos não sertão atingidos.
      Por isso pedem insistentemente um Plano B.
      A quem?
      Aos mesmos que apelidam de incompetentes por terem apresentado objectivos e caminho errados.
      Ora, esta exigência só mostra inteligência da sua parte.
      Ou talvez mostre a pura luta ideológico-partidária fanática, estúpida e fratricida (na perspectiva do país como um todo).
      Mas que interessa o país para muitas pessoas?
      Antes os de um lado, agora os do outro.
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      P. S. «No documento de estratégia orçamental 2012-16 apresentado pelo governo PSD-CDS em Bruxelas, previa-se um défice orçamental para 2015 de 1% do PIB e um rácio da dívida no PIB de 109,5%.
      Ficámos a saber agora pelo Eurostat que aqueles valores serão respetivamente de 4,4% (incluindo efeito Banif) e de 129%.
      Este otimismo das projeções orçamentais de médio prazo em relação à realidade tem sido uma constante com governos de várias orientações políticas (como documentado pelo Conselho das Finanças Públicas) e em vários países.
      Valerá mesmo a pena apresentar e analisar documentos desta natureza?
      Acho que sim. Mesmo que o Programa de Estabilidade (PE), agora apresentado não seja cumprido no seu detalhe, ele fornece uma orientação clara.
      É aliás sabendo isso que anualmente se atualiza o PE.»
      Paulo Trigo Pereira, «O caminho das reformas e da consolidação orçamental», in Observador.

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  2. Tem toda a razão cara Rita Carreira! Neste momento as previsões do governo já são inferiores às do governo anterior. A cada dia que passa torna-se mais claro que a mudança de governo foi para pior. As mentiras sucessivas, e as meias verdades, como tornado claro no seu artigo, já só enganam quem quer ser enganado.

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