quarta-feira, 13 de abril de 2016

Viva as férias!

O Bloco de Esquerda quer que os trabalhadores do sector privado tenham direito a 25 dias de férias. E para justificar esta medida, invocam o caso da Alemanha. Vejam lá:
É, portanto, o aumento do período de férias sem quaisquer outras condições. Na apresentação do projecto de lei, o deputado José Soeiro argumentou com dados de estudos internacionais que a eliminação de dias de férias e de feriados “não teve nenhum ganho na produtividade e na criação de emprego” em Portugal. Lembrou que os portugueses trabalham em média mais 500 horas por ano do que os alemães e que parte das nove horas diárias de trabalho não são remuneradas.

Fonte: Público

Depois de ler isto, assalta-me uma dúvida: por que razão justifica o Bloco de Esquerda trabalhar-se menos porque a Alemanha trabalha menos quando, no outro dia, o Bloco defendia que Portugal consumisse domesticamente, em vez de exportar? Não haverá aqui uma contradição analítica? É que os alemães trabalham menos -- e até ganham mais -- porque são muito produtivos e exportam coisas caras; eles não trabalham menos porque produzem para eles próprios.

Não percebo como é que estas pessoas dos partidos não sabem arranjar argumentos que sejam consistentes entre si. Não andaram na escola? Se calhar, tiveram férias a mais e não tinham o hábito de fazer os trabalhos de casa...

3 comentários:

  1. Não acho que um aumento no número de dias de férias no privado levasse a uma redução na produção. Quase estaria tentado a defender o contrário, curiosamente. Poderias argumentar que, nesse caso, porque é que os patrões não dão mais dias de férias, sabendo que iriam conseguir produzir mais? A resposta que te poderia dar é relativamente frágil, mas acredito verdadeiramente nela: os patrões em Portugal tomam várias outras decisões que jogam contra eles mesmos. Há muita ignorância, e um enorme culto do poder.

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    1. Mais do que o número de dias, acho estranho usarem a Alemanha como exemplo. Até recentemente, a Alemanha não tinha salário mínimo e, durante anos, a Alemanha permitia a desempregados ganharem até €450/mês, não sujeitos a impostos, mas também não usufruindo dos benefícios do estado social. Acho que são um bocado ignorantes as pessoas do BE... OK, tenho a certeza!

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  2. Também não deixa de ser curioso a Alemanha servir de exemplo pensava eu que por lá eram todos diabólicos vindo do bloco não era mais coerente apontar o exemplo da Venezuela ou até da Grécia, ah! desculpem estes já não são exemplo para ninguém.

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