quarta-feira, 29 de junho de 2016

Brexit, incerteza e a entrevista ao Público do Ministro das Finanças

Em ambiente de grande incerteza as variações na política económica devem ser mitigadas, de forma a reduzir os riscos de divergência dos objectivos fixados. A sucessiva revisão das previsões do PIB e do défice orçamental durante a aplicação do PAEF aconselha prudência nas mudanças na política orçamental. No entanto, a necessidade de mostrar aos mercados que o Governo português estava determinado a corrigir o défice das contas públicas (e alguma crença na ‘austeridade expansionista’) levou à adopção do discurso de ‘ir além da troika’ e a medidas demasiado ousadas como o corte dos dois subsídios e a proposta da TSU em 2012 ou os plafonds orçamentais negociados com a troika para 2014. Claro que o contexto era muito diferente do actual e a troika teve muitas responsabilidades na forma como impôs essas medidas. Não fosse a grande capacidade de acomodação aos cortes que os portugueses demonstraram e o programa de ajustamento podia ter falhado por completo.

Dado o desempenho económico dos nossos parceiros comerciais e incerteza decorrente do BREXIT o Ministro das Finanças admite na entrevista de hoje ao Público rever as projecções do PIB para 2016 – fiquei com a impressão que já não acredita na previsão de 1,2%... Não tenho dúvidas de que do ponto de vista técnico, no actual contexto, as medidas para o segundo semestre que vão significar mais despesa (reposição dos salários) e menos receita (descida do IVA da restauração) deveriam ser mitigadas. E acredito que seja também essa a opinião do Ministro das Finanças. Mas, obviamente, não há condições políticas para que seja dessa forma. E quando não há condições políticas para fazer as mudanças que têm de ser feitas, porque o contexto mudou, não há também grande futuro para os políticos. 

29 comentários:

  1. O que me incomoda na atitude dos responsáveis portugueses é esta ideia que estes choques eram completamente imprevisíveis: era imprevisível que a economia angolana iria deteriorar; era imprevisível que iria haver consequências do referendo do Brexit, etc. (Até tivemos sorte a crise da Grécia ter sido adiada, senão também seria outra machadada no previsto.) Era óbvio que as previsões do PS, antes e imediatamente após formar governo, não eram viáveis porque nem sequer tinham representatividade histórica. Falta saber se mentiram deliberadamente porque sabiam que podiam usar desenvolvimentos internacionais para explicar a divergência entre o real e o previsto. Nesse aspecto, eu acho que sim, porque ninguém minimamente competente faz previsões sem analisar o risco inerente às mesmas.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Rita, there is method in their madness. Se o objetivo é abrandar a austeridade, e se a austeridade para hoje é função das previsões para a economia amanhã, é natural que o governo apresente previsões otimistas. Sinceramente, no quadro europeu, não há outra escolha.

      Eliminar
    2. Não há método nenhum, quando o PS arma um chinfrim para chegar ao poder e assusta os agentes económicos. O crescimento de uma economia é baseado acima de tudo na confiança e eles destruiram grande parte da confiança que já existia.

      Confundes desejo de estar no poder com desejo de abrandar a austeridade. Este governo foi muito mais célere a aumentar impostos do que a introduzir medidas expansionistas. Tu e eu sabemos que a economia tem estabilizadores automáticos: se eles tivessem criado condições para a economia crescer, as receitas de impostos aumentaríam como consequência desse crescimento.

      Eliminar
    3. Num contexto de excesso de capacidade não utilizada (e de sangria de capital humano), parece-me que a única saída é uma expansão orçamental, ou o abrandamento da austeridade. Que outro caminho vias para a economia nacional?

      Eliminar
    4. Onde é que está a expansão orçamental? Esta semana os hospitais públicos anunciaram que irão atrasar o pagamento a fornecedores. Mesmo os funcionários públicos, quando lhes repuseram os salários, sofreram um aumento dos impostos da ADSE e aumentaram as retenções fiscais, logo o rendimento disponível acabou por diminuir a curto prazo. Terão direito a uma devolução de impostos maior daqui a um ano. Chamas isso de expansão? Uma economia é uma coisa dinâmica. Fazer análise estática no papel não funciona quando há lags de meses e anos.

      Eliminar
    5. Das duas uma: ou defendemos a expansão (ou redução da contração), ou não. Se acharmos que é preciso uma expansão, não há outra solução (além da de sair da UE) que não a de testar os limites de Bruxelas.

      O "modelo" do anterior governo resultou numa sangria de 500 mil trabalhadores e a bancarrota de milhares de empresas. Isso é capacidade produtiva destruída, muita dela provavelmente para sempre. Esse não é o meu modelo, com lags ou sem lags.

      Eliminar
    6. "sangria de 500 mil trabalhadores e a bancarrota de milhares de empresas", o sistema financeiro em cacos e os monopólios de serviços a proporcionar rendas garantidas, ad eternum, a estrangeiros. Com o petróleo à borla. O anterior governo, saído da hipocrisia de 21 de Março de 2011, causou estragos irreparáveis. Não há cálculos nem medidas capazes de devolver o nosso destino. Nem com uma varinha mágica isto lá vai.

      Eliminar
    7. Mas este governo deu prioridade a expandir os impostos indirectos. Aliás, a expansão de gastos é paga com a expansão de impostos indirectos, mas os impostos indirectos atingem a economia imediatamente, enquanto que os gastos não. Dados os lags, o efeito líquido é contracção.

      Eliminar
    8. Atingem a economia se o preço do petróleo subir. Assim, tem o efeito benéfico de não facilitar a excessiva dependência do petróleo barato.

      Eliminar
    9. Eu, que não sou economista e lme limito a ler economistas, não tenho a mais pequena dúvida de que, no máximo, tentaram "deslocar" a austeridade:

      https://desviocolossal.wordpress.com/2016/05/18/o-plano-falhou/

      Aliás lembro-me de há uns anos ler um artigo muito interessante Michale Pettis que nunca mais encontrei (calhando, porque é de outro qualquer, quem sabe...) em que, falando de crises financeiras, dizia que a única discussão era quem é que pagava a factura.

      Pessoalmente, é-me relativamente indiferente saber se mentiram deliberadamente ou não porque qualquer das hipóteses causa arrepios.

      Eliminar
  2. Luís, responda-me, por favor, a duas perguntinhas:

    1) Conhece algum processo de ajuste económico bem sucedido que, no curto prazo, não tenha tido aumento do desemprego, falências e contracção económica?

    2) Dada a situação de Portugal, quem é que espera que continue a financiar a república? Ou a ideia do Luís é fazer como o Maduro e empenhar o ouro?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. 1) se o nível de "aumento do desemprego e falências" e emigração for da dimensão do que se assistiu, acompanhado de um aumento da dívida absolutamente gigantesco e incapacitante, a minha questão é: qual é mesmo a sua definição de ajuste económico bem sucedido?

      2) O "modelo" económico do anterior governo (e talvez do atual, não o estou a disputar) não torna mais provável pagar a dívida, pelo contrário.

      Eliminar
    2. 1) Luís, a pergunta não era essa. Posso porém dizer-lhe que a "dimensão" nem foi muito grande quando comparada com vários outros ajustamentos pelo mundo fora desde a Segunda Guerra, começando no de Espanha em 1958 e acabando no agora recente da Lituania, passando por vários outros. A pergunta original mantém-se, em todo o caso.

      2) A pergunta, de todo em todo, não era essa. Não se referia a "pagar a dívida" mas sim a quem é que continuaria a financiar a república.

      Eliminar
    3. 1) A pergunta era essa. O que se passou não foi um processo de ajustamento, se, por processo de ajustamento, entendermos um processo que reduzisse a dívida externa. Em todo o caso, e a pergunta é honesta, gostaria de saber se, nos países que elencou, houve uma saída do país de cerca de 10% da população ativa em quatro anos (e seguramente bem mais de 10% da população ativa qualificada).

      2) O "modelo" económico anterior (e atual, novamente, não o estou a disputar) não torna mais provável vir a conseguir pagar a dívida externa, pública e privada. Logo, a questão vira-se para si: quem é que, neste contexto, quer emprestar a Portugal? Só quem tiver objectivos que vão para além de serem pagos de volta...

      Eliminar
  3. Quando se fala em Orçamento de estado, baseado em valores que surgem de uma "previsão" (seja expansão e/ou contracção) há que sobretudo manter-los dentro de numa janela realista. Não passa de um absurdo para mim atirar para o ar, em discussão parlamentar, condições optimistas para agradar o povo. Há indicadores suficientes que a máquina estatal é em muitas áreas demasiado complexa. Se nem se consegue aferir a tempo e a horas buracos financeiros que afundam Países, pergunto-me como querem que se reconheça o mérito ou mesmo capacidade na determinação de uma variável complexa como uma taxa de crescimento. É que sem excepção parece as sondagens do Reino Unido, sempre ao lado (vá-se lá saber porquê) - isto porque já se percebeu que optimista ou não esta vem sempre sendo chutada para canto com justificações sobre o alheio e condições não previstas aquando a determinação da mesma. Sejamos realistas, a austeridade não é boa para quem a sente, mas deviamos eleger politicos menos como clubes de futebol e mais com bom senso. É uma vergonha estar com facturas em atraso a mais de 90 dias não falando em salários ou obras suspensas onde já moram alguns milhões. Expansão orçamental normalmente faz rebentar custuras, abrandamento de austeridade é normalmente precário porque o reflexo psico-social não leva as pessoas a pegar no dinheiro extra e a investir no País. Aliás Portugal para expandir só vindo dinheiro de fora e de exportação já vamos no limite.

    ResponderEliminar
  4. 1) Não, Luís. A pergunta era se conhece algum processo de ajustamento que não tenha sido duríssimo no curto prazo. Em relação ao que diz, um processo que reduzisse a dívida externa em apenas quatro anos seria várias vezes mais duro do que o que foi. Isso equivaleria a manter o serviço da dívida sem qualquer fonte de financiamento externo. Note, Luís, eu discordo de vários aspectos do anterior govrno, nomeadamente de ter sido muito pouco ambicioso nas reformas estruturais, mesmo tendo em conta o clima político e social. Tentaram não ser vistos como maus, ficou a coisa a meio. Mas o caminho não é, de todo, voltar a contrair dívida. Em relação à sua pergunta específica, em Espanha, seinsistir muito posso tentar procurar mas em livro sei que não tenho comigo, embora provavelmente na web consigo encontrar valores exactos. Sei, porém, que ou 1959 ou 1960 foram os anos de maior imigração na história Espanhola. Na Lituânia, caso agora recente, cerca de 20% da população lituana saiu do país.

    2) Bem, a realidade contradi-lo, não? A dívida pública Portuguesa registou um movimento de maior procura e maior valor para o emitente do que o que acontece neste momento. Em 2011 o Estado Português ficou fora dos mercados. Em 2013 ou 2014 conseguiu voltar e em condições muito agradaveis porque havia procura para dívida emitida pela República o que é sinal inequívoco de confiança dos investidores. As condições estão a piorar há alguns meses o que sinaliza a perda de confiança. Que é natural, de resto.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. 1) A sua pergunta só poderá começar a fazer sentido quando definir o que é um processo de ajustamento. Quanto à Lituânia, o que encontrei foi isto "Since independence in 1990 around 825 thousand people or almost one third of the population has left the country.". Portanto, em 25 anos, saiu 33%. Em Portugal, saiu em 5 anos 5% da população. Lituânia é pior, mas não muito pior - e o que é curioso é que, pelo que percebo, é um caso aberrante, um verdadeiro outlier. Curioso, não é? Portugal será um caso de estudo.

      2) Portugal "voltou" aos "mercados" em 2013 e 2014 por causa do BCE. Não teve nada a ver com o governo.

      Eliminar
    2. 1) Qualquer processo destinado a corrigir desequilibrios financeiros dum país. As causas são irrelevantes para aqui dado, seja qual tenha sido a causa, os efeitos no curto prazo terem sido sempre muito maus. No que toca específicamente à Lituânia porquê um outlier? A taxa de desemprego foi de cerca de 3% em 2008 para 15% em 2011. São valores normais quando há processos deste cariz. Em todos aconteceu isto. Por isso mesmo a minha pergunta original foi que processo de ajustamento conhece o Luís em que não tenham acontecido estas coisas?

      2) O programa do BCE continua em vigor. Mas as taxas de juro da dívida PT a 10 anos, que já estiveram em sensivelmente 1,5% estão agora nos 3,qqrcoisa% e em Fevereiro chegaram a passar dos 4%. O programa do BCE continua a existir, logo, não é aí que está a justificação para o agravamento. Não é muito dificil ver o que mudou, pois não? Mais, Espanha e Itália não estão com movimentos semelhantes. Por algum motivo será...

      Eliminar
    3. 1) Zuricher, a Lituânia, pelo que li, é um caso aberrante de saída desproporcionada de gente do país. Sair um terço da população, ainda que em 25 anos, é aberrante, evidentemente. O facto de Portugal ter uma taxa anual média de emigração próxima destes valores é algo que a mim me assusta, mas já percebi que o meu susto não é consensual. Quanto o resto: o único "ajustamento" da economia portuguesa foi o do empobrecimento generalizado e a perda de capacidade produtiva a longo prazo.

      2) Perguntou-me porque é que ficámos sem acesso aos mercados em 2011 e, depois, o recuperámos. Eu explique que isso não tinha nada a ver com o governo anterior, mas com o BCE. Neste momento, não há nenhum mercado de dívida. É uma ficção. Há um banco central que a compra, e esse banco tem objetivos que, ao contrário de intervenientes num mercado normal, são políticos. Para o bem e para o mal. Num mercado livre, sem BCE, a dívida teria um juro que refletisse o facto óbvio de a dívida ter de ser renegociada a médio prazo. Todas as variações das taxas de juro da dívida têm de ser olhadas, portanto, sob este prisma.

      Eliminar
    4. 1) Luís, a sua indignação não é consensual porque tudo isso é normal em programas deste cariz. Tem acontecido em todos. Dei os exemplos de Espanha e da Lituânia por serem programas totalmente diferentes em épocas diferentes com os mesmos resultados. Mas poderia falar de vários outros. Irlanda, também, outro caso. Todos os programas de ajuste económico levam a empobrecimento e agravamento das condições de vida no presente como forma de preparar o futuro. É e sempre foi assim. O resto decorre daqui. Quanto ao resto, repito, o anterior governo ficou muito aquém do necessário para dar competitividade à economia Portuguesa. E, repare, Luís, aqui falo em larga medida como investidor. Portugal não é um destino decente. Demasiado risco para muito pouco ganho sendo que uma grande parte desse "pouco ganho" é culpa exclusiva do Estado Português. Ainda assim o anterior governo algo fez que o actual está a desfazer. O anterior ficou curto? Sem dúvida que ficou. Mas pelo menos ia no caminho certo. Os números do IDE irão denotar tudo isto, sem a mais pequena dúvida.

      2) Há um mercado de dívida e um banco central que a toma posteriormente. É muito certo que sem o BCE haveria livre price discovery e os juros seriam muito mais elevados. Porém a distorção causada pelo programa de compras do BCE pode ser anulada com benchmarking, tanto relativo ao comportamento da dívida pública Portuguesa como relativo ao diferencial de juros entre os títulos Portugueses e os de Espanha e Itália que têm comportamento e juros diferentes. O BCE está activo para todos. Mas os comportamentos e valores são diferentes.

      Eliminar
  5. Caro Luís Gaspar:
    Às vezes só a ironia nos permite aguentar a realidade.
    Deixe-me fazer este exercício de ironia consigo.
    O Luís é uma pessoa difícil de convencer. Nem a realidade o convence, caramba. Tem de ser um pouco mais humilde. Porque teima em desmentir os factos de sucesso?
    Passemos aos factos bem sucedidos:
    4 orçamentos do governo Passos Coelho – obrigaram a 8 orçamentos rectificativos.
    Metas do PEC para 2012-16: Previa-se um défice orçamental para 2015 de 1% do PIB e um rácio da dívida no PIB de 109,5%.
    Ficámos a saber pelo Eurostat que aqueles valores foram, respetivamente, de 4,4% (incluindo efeito Banif) ou 3,2% (sem o efeito Banif) e de 129%.
    Em maio de 2011, a poucas semanas das penúltimas eleições legislativas, Álvaro Santos Pereira procedeu no blogue Desmitos a uma avaliação do desempenho do anterior governo PS à luz de oito critérios – oito indicadores económicos, analisados em sucessão a fim de proporcionar uma perspectiva abrangente da situação da economia portuguesa.
    1) PIB POTENCIAL
    2) DÍVIDA PÚBLICA
    3) TAXA DE DESEMPREGO
    4) DÍVIDA EXTERNA TOTAL (BRUTA)
    5) DÍVIDA EXTERNA LÍQUIDA
    6) DÉFICE EXTERNO
    7) EMIGRAÇÃO
    8) CONVERGÊNCIA FACE À EUROPA
    Santos Pereira concluiu essa análise ao legado do governo PS afirmando que estávamos perante, «de longe, os piores indicadores económicos desde 1892» e apelando a que os portugueses não esquecessem esses factos no dia das eleições. Poucas semanas depois, tomava posse um novo governo de coligação PSD-CDS, sustentado por uma maioria absoluta parlamentar. O Ministro da Economia desse governo era o próprio Álvaro Santos Pereira, certamente determinado a inverter a catastrófica situação que tão exaustivamente diagnosticara.
    Eis a situação após 4,5 anos de «bom caminho», de correcção da situação catastrófica de 2011 (ver, essencialmente os 8 gráficos, que são bem eloquentes): http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2015/09/o-governo-chumba-se-si-proprio.html
    Verificamos que um ficou em níveis idênticos aos de há quatro anos (taxa de desemprego), um melhorou significativamente (saldo da balança corrente) e seis pioraram consideravelmente (crescimento do PIB potencial, dívida pública, dívida externa bruta, dívida externa líquida, emigração forçada pelas circunstâncias económicas e divergência face à Europa).
    No fundo, o governo melhorou o saldo externo e piorou tudo o resto.
    E nem sequer se entra em conta com os níveis de pobreza, de desigualdade, do salário médio, da cobertura dos apoios sociais ou do emprego total.
    Se o Luís continuar com essa sua habitual arrogância intelectual, arrisca-se a que deixem de ler os seus textos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado pelo reparo ;)

      Se a figura do crime económico existir, o anterior governo é um governo criminoso e de criminosos. Quanto a isso não podem haver dúvidas.

      Eliminar
  6. henrique pereira dos santos29 de junho de 2016 às 18:46

    Não houve saída de 500 mil pessoas (a diminuição da população activa entre 2011 e 2015 é de 230 mil pessoas e se daí retirar a que resulta do envelhecimento é ainda menos), esse é um número fantasioso que se obtém somando maçãs com laranjas nos números da emigração.
    Não é verdade que a emigração seja, percentualmente, mais qualificada do que era, ou seja, a emigração é mais qualificada porque o país está mais qualificado mas o aumento de qualificação da população emigrada é menor que o aumento de qualificação do país, é outra afirmação fantasiosa sem base factual.
    Pretender que passar de um défice externo de 10% ao ano para um excedente de 2% significa o falhanço do programa de ajustamento é uma ideia bizarra

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O que corrigiu o défice externo foi o Euro ter passado de 1.5 para 1.1, o preço do petróleo ter caído mais de metade do seu valor, e o resultado do apoio a investimentos estratégicos com impacto nas exportações, pelo governo de José Sócrates. Àparte as pessoas terem ficado sem dinheiro para trocar de carro, muito pouco se deve ao governo de Passos Coelho.

      Eliminar
    2. Henrique, fundamente, por favor. Segundo a pordata, nos últimos 5 anos saíram de Portugal definitivamente 239 mil pessoas, e "temporariamente" (seja lá o que isso for) 347 mil. Não sei o que tem o envelhecimento a ver com o que quer que seja.

      Eliminar
    3. E por favor diga-me onde encontrou a informação que a média da qualificação dos emigrantes atuais é inferior à média da qualificação do país como um todo.

      Eliminar
    4. NG, o câmbio do EUR contra o USD esteve nos 1,5, episodicamente, em 2008 tendo depois tombado muito rapidamente para 1,2. A zanzar entre 1,10 e 1,15 foi já em 2015. O Trade Balance PT começou a inverter fortemente em 2011 (ou seja, com o EUR nos 1,4 tendo mais ou menos estabilizado em 2013, ou seja, tudo muito anterior ao EUR cair para os valores onde anda a zanzar desde os princípios de 2015.

      Eliminar
    5. henrique pereira dos santos30 de junho de 2016 às 23:32

      A definição de emigração temporária está no INE: por exemplo, se durante quatro anos eu for dois meses por ano apanhar morangos para Espanha, nas suas contas eu sou quatro pessoas.
      Quanto à qualificação da emigração está no relatório do observatório da emigração.

      Eliminar
    6. A divisão entre emigração temporária e permanente parece-me meio absurda. Ninguém me perguntou quanto tempo é que eu ia ficar fora. Mais, tenho muitos - mas mesmo muitos - amigos fora de Portugal há anos, que nunca sequer mudaram a morada por preguiça. Se alguma coisa, os números da emigração (permanente, ou que quiser) estão sub-estimados.

      Não me fazia o favor de me enviar o link para o ponto em que diz que a formação média da emigração dos últimos 5 anos é mais baixa que a média do país?

      Eliminar

Não são permitidos comentários anónimos.