quinta-feira, 30 de junho de 2016

The Tragedy of Boris

Macbeth detestava a ideia de regicídio. Sabia que não encontraria nenhuma justificação nos cânones da moral, da filosofia, da religião, que o pudesse alguma vez justificar. No entanto, também sabia que era a única forma de tomar o poder. Depois de consumado o acto, há um solilóquio famoso em que Macbeth, entretantou enlouquecido e esmagado pela dimensão do seu próprio acto, alucina com a imagem da adaga que usou para matar o rei. 

Boris detestava a ideia da saída do Reino Unido da União Europeia. Fôra governador de uma das regiões que mais beneficiou da existência da União. Sabia que não havia nenhuma justificação nos cânones da economia, da moral, da filosofia política, que o pudesse alguma vez justificar. No entanto, também sabia que era a única forma de tomar o poder. Depois de consumado o acto, há um solilóquio que ficará famoso em que Boris, entretanto enlouquecido e esmagado pela dimensão do seu próprio acto, alucina com a possibilidade de ter de governar um país com base em todas as mentiras em que teve de fingir acreditar e desiste do poder. 

3 comentários:

  1. Caro Luís Gaspar:
    Há uma certa similitude nos resultados (e nos propósitos) entre Boris e Cameron.
    Ambos apostaram nesta jogada perigosa por causa da conquista ou da manutenção do poder e perderam.
    «Deus escreveu direito por linhas tortas», como diz o povo.

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    1. De acordo. Foi sempre também o que disse, sobre Cameron. Um político com muito mais olhos que barriga.

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  2. Boris Johnson estava muito marcado pela polémica do Brexit, e a sua figura ficou por isso muito desgastada, para além de que não convenceu nos últimos dias, parecendo muito hesitante. Avança o homem que lhe tirou o tapete, e que dizem ser o "cérebro" do Brexit, Michael Gove.

    O Partido Conservador não vai querer ir para eleições antecipadas logo após a eleição interna. Vai querer que o novo líder tenha tempo para se impor no país. Pode haver uma surpresa no congresso, porque em 2005 o Cameron surgiu do "nada" e ultrapassou os favoritos, devido ao impacto que a sua imagem causou.

    Vamos ver se Stephen Crabb consegue o mesmo efeito, ou se o partido vai mesmo escolher alguém mais batido. Pode ser Gove, ou Liam Fox, porque é escocês, para tentar atrair a Escócia e unir o país.

    Neste cenário, descartava a Teresa May, não por ser mulher, mas porque só tem a experiência a seu favor, além de que dá a impressão que os militantes e deputados do partido querem na sua maioria seguir o plano dos Brexiters, que pretendiam rever e melhorar (para eles) o acordo que Cameron conseguiu no início do ano da UE.

    Vamos ter política dura na cena europeia nos próximos meses. Política sobre a natureza da UE, que os "tories" querem alterar e parecem ter como aliados o Grupo de Visegrado.

    A propósito, alguém sabe qual é a posição de Portugal, perdão da geringonça? Para quem se queixava tanto que Portugal tinha deixado de ter posição europeia com a coligação, vejo Portugal completamente alheado do que se está a passar, e desta vez já nem somos um "bom aluno"...

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