terça-feira, 28 de junho de 2016

Enviado (Pouco) Especial da Destreza ao Euro 2016: Jogo 3

No primeiro jogo a que este vosso enviado pouco especial ao Euro 2016 assistiu, um dos factos mais chocantes - para além do resultado - foi a maneira como, durante a maior parte do jogo, os adeptos islandeses, em clara minoria, abafaram completamente os portugueses.
À primeira vista pensei que fosse ou pela novidade de estarem numa fase final, ou pelos emigrantes portugueses saberem maioritariamente cânticos em francês - por alguma razão "allez allez Portugal allez" é um dos cânticos mais ouvidos no estádio. De uma maneira ou de outra, este facto continuou a parecer-me incrível.

No segundo jogo, o mesmo se passou com os adeptos húngaros, embora neste caso a maior surpresa tenha sido o facto de a massa adepta húngara compor pelo menos metade das bancadas. No caso deste jogo em particular, o facto de já terem o apuramento garantido combinado com o facto de terem passado uma grande parte do jogo a vencer justificava, a meu ver, os adeptos húngaros abafaram os portugueses durante grande parte do jogo.

Eis que chega o jogo 3: Hungria - Bélgica. Durante o fim de semana, pelas ruas e bares de Toulouse, os belgas não só são mais numerosos como ruidosos, fazendo-se ouvir um pouco por toda a parte - todos curiosamente apoiando a Croácia, sabe-se lá porquê. A fila demasiado lenta para a entrada do estádio traz-nos mais do mesmo - adeptos Belgas vestidos a rigor, como diabos, pintados dos pés à cabeça, quase tão ruidosos quanto embriegados.

Mas no estádio tudo muda. Os belgas tentam começar a cantar, mas os húngaros não dão tréguas. Os belgas até podem ser quase tão ruidosos, mas a resistência destes adeptos húngaros não lhes dá hipóteses. Mas eis que, 10 minutos passados, a bélgica marca. Golo, festa imensa dos diabos vermelhos. Os adeptos húngaros olham para o chão. Respiram fundo. Olham uns para os outros. Levantam os braços. E continuam a dominar o estádio por 80 minutos. Mesmo depois do 2-0. E do 3-0. E do 4-0. E depois do apito final.

O vídeo que se segue começa sensivelmente dois minutos depois dos jogadores húngaros se aproximarem dos adeptos para lhes agradecer.




Para quem não teve paciência para ver o vídeo todo, o vídeo dura cerca de dois minutos. Isto implica que por sensivelmente 5 minutos depois de serem eliminados por 4-0 do Euro 2016, os adeptos húngaros aplaudiram os seus jogadores de pé, como heróis.
Depois do vídeo acabar, os jogadores dirigem-se lentamente para os balneários. Mas quando estão perto do túnel, são obrigados a voltar pelos adeptos que continuem com o mesmo vigor, como se celebrassem o apuramento para os quartos de final:


Este vídeo mostra o fim dos adeptos e jogadores entoarem o hino húngaro a uma voz, perante um estádio repleto de belgas completamente mudos, e já sem jogadores belgas por perto.

Embora tenha um grande amigo húngaro, esta nunca foi nação que me despertasse particular simpatia. A partir de Domingo, o caso mudou de figura.

Depois do Euro 2016, nada me resta a dizer, senão: RIA, RIA, HUNGÁRIA!

PS: Houve relatos de desacatos com adeptos húngaros em Marselha. Dos dois jogos que vi da seleção, nada tenho a apontar senão um apoio fantástico. O único factor que pode causar alguma insegurança é eles serem na maior parte dos casos 20 cm mais altos que nós. Mas o mesmo se passa com metade das outras equipas. Além disso, parece um pouco coincidência a mais que (quase?) todos os desacatos relatados durante o Euro se tenham desenrolado em Marselha. Esperemos que esta quinta-feira seja diferente. Este enviado especial vai agora às compras para comprar o equipamento da Islândia antes de se por a caminho de Paris. Até pra semana!



3 comentários:

  1. Donde vieram tantos húngaros? Da Hungria? Da emigração?

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    1. A julgar pelo número de carros húngaros que vi na auto-estrada, vêm maioritariamente da Hungria mesmo.

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  2. A Hungria ha 30 anos que nao estava numa fase final e ha 50 que nao passava de uma fase de grupos. Na Hungria a esperanca e que esta performance seja o inicio do renascer das cinzas do futebol Hungaro. Dai todo este entusiasmo, que se repetiu em Budapeste onde o boulevard principal (Nagy Korut) foi ocupado no final de todos os jogos (incluindo o da Belgica).

    Numa sociedade actualmente tao tensa foi bom ver os Hungaros unidos ainda que isso significasse ter que aceitar que a minha filha (50% Hungara) se inclinasse para o pais da mae...

    Hajra Magyarok!

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