sábado, 23 de julho de 2016

Pode ser mais rápido e fácil do que se pensa

Kurt Lewin nasceu em Mogilno, na província prussiana de Posen (fica na actual Polónia). Morreu em 1947, em Newton, Massachussetts. Doutorou-se na Universidade Berlim. Foi um professor muito popular em Berlim, em especial junto do sector feminino, segundo rezam as crónicas. Os seus primeiros interesses diziam respeito à memória e à percepção e, por extensão, à psicologia da criança. Admirava Galileu e tentou pensar a psicologia em termos de física, adoptando as noções de campo de forças, sistemas de tensão, fontes de energia, etc. Em meados dos anos 30, com a ascensão do nazismo, este cientista judeu alemão fugiu para os EUA.
Lewin fez parte do grupo de centenas de cientistas e investigadores alemães que a partir dos anos 40 transformaram as universidades americanas, fazendo delas as melhores do mundo. Provavelmente, nunca um pequeno país (a Alemanha) havia tido uma influência cultural e científica desta dimensão sobre um país tão grande – os EUA, nunca é demais relembrá-lo, têm o dobro da área da Europa, se excluirmos destas contas a Turquia e a Rússia. Bem, talvez se possa comparar este fenómeno à influência cultural dos gregos sobre os romanos, mas deixemos isso para quem percebe mais do assunto.
Curiosamente, Lewin teve dificuldades em entrar na universidade de Cornell. Percebeu que, nessa altura, já vingava a máxima que regula a vida académica americana, to publish or to perish, publicar ou perecer. Começou a publicar os seus trabalhos e lá conseguiu colocação na Universidade do Iowa. Entretanto atraiu alguns dos seus antigos alunos e muitos outros estudantes brilhantes.
Lewin seguia a máxima: “Nada é mais prático do que uma boa teoria”. Na realidade, nunca se tornou um teórico de referência, mas lançou as bases de muitos desenvolvimentos teóricos que viriam a seguir. Nos anos 40, interessou-se pela investigação dos grupos, cunhando essa área como “dinâmica de grupo”.  Por exemplo, acho particularmente interessantes os seus estudos (e da sua equipa) sobre a liderança em grupos de escuteiros. Aplicando a observação participante, começou por comparar a liderança autoritária à democrática. Mais tarde, introduziu a liderança laxista (laissez-faire).
Conclusões? A liderança democrática era a que proporcionava maior satisfação e motivação aos membros do grupo. Todavia, a autoritária era a que levava a maior produção, apesar dos escuteiros se tornarem mais agressivos, inquietos, sem iniciativa, desconfiados e propensos a criar bodes expiatórios para todas as falhas e fracassos que surgiam. A liderança laxista era a que produzia piores resultados, tanto em termos de satisfação e motivação como de produção.
Outro dado curioso é a transição de um sistema para outro. Do laxista para o autoritário, os escuteiros ficavam assustados e perturbados. Mais interessante: a transição da liderança autoritária para a democrática (que era bem-vinda) demorava muito mais tempo a estabilizar que a inversa. Lewin explicou porquê: “a autocracia é imposta ao indivíduo, mas a democracia tem de ser por ele aprendida”.
Moral da história? Pode ser mais fácil e rápido passar de uma democracia para uma autocracia do que o inverso. Eu sei, eu sei, é apenas uma investigação sobre um grupo específico (escuteiros), mas vale sempre a pena relembrar estes estudos aos que nasceram ontem.

31 comentários:

  1. Isto pode parecer uma picuinhice, mas discordo de, no contexto das teorias de liderança de Lewin, traduzir "laisssez-faire" para "laxista" (ou para "deixa-andar", como já ouvi) - pode ser uma tradução literalmente correta, mas penso que "laxista" ou "deixa-andar" têm uma conotação pejorativa em português que acho que "laissez-faire" não tem necessariamente.

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  2. Muito bom.
    Eternal vigilance, já dizia o outro.

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  3. Extremamente interessante este seu post, José Carlos Alexandre. Não conhecia Kurt Lewin nem nada do que nos oferece mas acho muito, muito interessante o raciocínio e as suas conclusões. Pelo estudo da história, principalmente a dos últimos 200-250 anos, realmente alcança-se a conclusão sobre as virtudes do autoritarismo para o progresso economico das sociedades. Umas conseguem viver em democracia sem que os contras excedam largamente os benefícios e sem definhar, outras nem isso. Não fazia ideia que estas dinâmicas tinham sido alguma vez estudadas com alguma acuidade.

    Aprendi alguma coisa hoje, sem dúvida nenhuma.

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  4. Muito obrigado pelos vossos comentários simpáticos.

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  5. Os economistas da DdD que me corrijam se estou errada, mas penso que o crescimento económico na década de 60 foi estratosférico (a partir de níveis muito baixos, claro, mas mesmo assim).

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    1. Foram de facto bastante elevados. No caso de Portugal, penso que a taxa de média de crescimento anual foi de cerca de 8%, entre início dos anos 60 e início dos anos 70. Espanha registou taxas semelhantes. No resto da Europa, as taxas também foram muito elevadas, na casa dos 5 a 6%.

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    2. Então os regimes autoritários tiveram alguma vantagem, em termos económicos, relativamente aos outros, mas não estratosférica :-)

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    3. Não sendo economista, permita-me a ousadia, José Carlos Alexandre, de dar algumas achegas mais.

      O crescimento começou, embora mais timidamente, no início dos 1950s e tinha a sua origem nalgumas políticas levadas a cabo ainda nos 1940s. Na década de '60 a economia Portuguesa descolou francamente. O mais importante, porém, é que houve efectiva e rápida convergência entre a economia Portuguesa e as economias mais desenvolvidas da Europa. Após a revolução esse processo de convergência foi quebrado, iniciou-se um período de divergência acentuada durante dois anos e depois daí em diante até 1986 foi aos solavancos. O valor de convergência com os mais ricos que a economia Portuguesa tinha em 1974 só voltou a ser atingido em 1990 e mesmo isso graças única e exclusivamente à adesão à CEE e aos rios de dinheiro que começaram a fluir para Portugal mesmo antes da adesão formal. Sem esta bengala provavelmente nem no ano 2000 se teriam atingido os mesmos valores de 1974.

      Tudo isto reflectiu-se na sociedade Portuguesa. O país não era um paraíso, claro que não. Continuava a ser muito mais pobre do que os países ricos do continente. Mas as condições de vida das populações melhoraram a mata-cavalos nessa época. Pela primeira vez os filhos das classes médias tiveram a possibilidade de frequentar o ensino superior. Antes, não havia classes médias, sequer e o seu advento e consolidação é, talvez, o maior legado do Estado Novo. Legado esse que não existiria sem o desenvolvimento económico verificado.

      Há um economista que tem feito vasta investigação sobre o tema, o Dr. Pedro Laíns, cujos papers recomendo vivamente. Há ainda, claro, o incontornavel "História Económica de Portugal" para quem queira desenvolver este tema e desfazer vários dos mitos que subsistem sobre o totalitarismo em Portugal.

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    4. Isabel, Portugal com Cavaco como primeiro-ministro também teve taxas de crescimento de 6, 7 e 8 por cento.

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    5. Nos 3 ou 4 anos a seguir a 1986 e por causa do efeito dos dinheiros Europeus. Depois entrou em velocidade de cruzeiro e mesmo 5% anuais nem ve-los, nunca mais, até hoje.

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  6. Atenção, não sou especialista no assunto, mas sei que há muitos estudos que tentam estabelecer correlações entre o crescimento económico e o tipo de regime político. Vários dos meus colegas de blogue estão de certeza muito mais habilitados do que eu para falar do assunto. Convém, todavia, frisar que não era esse o objectivo do meu texto, nem se devem fazer inferências para a economia de um país a partir de um estudo destes - aliás,até porque a equipa de Lewin encontrou diferenças pouco significativas de produtividade entre a liderança autoritária e a democrática. De qualquer maneira, penso que não há consenso no assunto entre os economistas. Nalguns casos, uma ditadura pode apresentar taxas de crescimento económico mais elevadas, pelo menos no curto prazo - o Estado não têm de se preocupar com as despesas do estado social, com a saúde e educação, pode ter impostos mais baixos, fazer reformas (necessárias) mais rapidamente, etc. Todavia, no longo prazo, as democracias levam a melhor. Sem democracia, é mais difícil haver inovação e criatividade, porque para isso é necessário existir uma cultura de liberdade e tolerância. Afinal de contas, os EUA são a maior potência económica do mundo e são uma democracia desde o início e que, com todos os seus problemas, funciona e cresce.

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    1. Caro José Carlos, no Portugal do Estado Novo não havia Estado Social? Não apenas havia desde 1933 (previsto constitucionalmente, até!) como foi aprofundando ao longo das décadas exactamente como em todo o lado. Havia saúde e os grandes hospitais Portugueses foram construídos durante essa época e até, isto já em 1973, iniciou-se o que seria mais tarde o SNS. Em 1974 foi para a gaveta e voltou a sair dela em 1979. No que toca a educação, a abrangência escolar durante o Estado Novo não teve paralelo em qualquer período anterior. Dado o ponto de partida foi um dos grandes feitos do Estado Novo, aliás. Tanto a instrução primária como mesmo o ensino universitário que, na década de '60, chegava já a um importante número de jovens e vinha aumentando paulatinamente.

      Onde não tenho muito por onde argumentar (manifestamente não tenho dados) é nas questões de inovação e criatividade. Não consigo mesmo fazer uma comparação.

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    2. pelo menos na criatividade artística o George Steiner diz que a democracia não é o melhor dos sistemas, ele acha que as grandes obras-primas da humanidade surgiram em épocas não democráticas.

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    3. O meu marido citava imensas vezes, com uma grande gargalhada, esta frase do Orson Wells (thenl God fo Google, que já não me lembrava do autor):
      ‘…in Italy, for thirty years under the Borgias, they had warfare, terror, murder and bloodshed, but they produced Michelangelo, Leonardo da Vinci and the Renaissance. In Switzerland, they had brotherly love, they had five hundred years of democracy and peace—and what did that produce? The cuckoo clock’.

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    4. penso que é mais ou menos esse o argumento do Steiner, um homem completamente insuspeito de simpatias por regimes autoritários.

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    5. Idem o Orson Wells e o meu marido :-)

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    6. E é ainda pior para os suíços do que isso - o relógio de cuco é da floresta negra (o contributo suíço foi a caixa de música que vem acoplada).

      Um dos personagens de Aldous Huxley no Admirável Mundo Novo também diz algo parecido - "não é possivel criar grande arte com estabilidade social".

      Há tempos li uma entrevista do João Pereira Coutinho em que este dizia que até podia gostar mais de arte do que de política, mas escrevia sobretudo sobre política porque só se pode ter arte depois de se tratar da política, e terminava "quem não concorde, digam-me qual o escritor sudanês que estão a ler"; eu pensei algo como "realmente sudanês não conheço nenhum, mas o colombiano Gabriel Garcia Marquês, o peruano Mário Vargas Llosa e outros de países em que os problemas políticos ainda estão ou estavam por resolver até são famosos".

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    7. Eu em tempos andei a tentar comparar inovação no sentido económico (medido por um índoce da Bloomberg) com democracia - deu uma correlação positiva, mas não lá muito forte e com muitas exceções.

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    8. 1) Eu diria, de igual modo, que é preciso uma inquietação, um desconforto, uma falha qualquer a colmatar para ter uma pessoa ter a "necessidade" de se dedicar à arte (há muito tempo que acho que essa "necessidade" é uma condição sine qua non da verdadeira arte).

      2) Quanto ao sudanês... Isso é um comentário extremamente etnocêntrico. As culturas essencialmente orais não têm literatura, naturalmente. Logo, não têm arte?

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  7. E creio que, desde as cidades estado italianas do Renascimento à Grã-Bretanha da Revolução Industrial, passando pelas Províncias Unidas holandesas, a potência económica de cada época histórica têm sido regimes, se não democráticos, pelo menos de poder partilhado, com algo similar a parlamentos. Claro que pode sempre se discutir qual a relação causa efeito.

    Ainda a respeito do Lewin, tinha a ideia de ele tinha concluído que a liderança autoritária produzia melhores resultados quantitativos, mas que a democrática melhores resultados qualitativos, mas não sei bem o que ele queria dizer com isso (sempre pensei que fosse algo como "produziam menos, mas o que produziam ficava melhor feito", mas se calhar referia-se simplesmente aos escuteiros sentirem-se melhor)

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    1. Lewin era um judeu alemão, refugiado nos EUA, numa época em que a democracia era acusada dos problemas económicos e sociais que assolavam a Alemanha e as sociedades ocidentais. Ou seja, ele até queria demonstrar que as democracias funcionam e têm vantagens sobre os outros regimes. Na verdade, pelo menos do ponto de vista produtivo, não conseguiu mostrar isso no seu trabalho de campo com os escuteiros - embora, repito, as diferenças de produção não fossem muito significativas segundo lewin. E, sim, é mais ou menos isso: a democracia produz melhores resultados qualitativos: os jovens mostravam-se mais satisfeitos, mais descontraídos, arranjavam soluções mais imaginativas e criativas para os problemas. Por exemplo, ele simula uma situação em que o chefe tem de se ausentar por uns minutos. No caso da liderança democrática, os comportamentos dos jovens não se alteram praticamente; no caso da autoritária, havia uma explosão de tensões e gritaria. No caso da liderança laissez-faire (permissiva? laxista?, são possíveis traduções, em que o líder se demite das suas funções de líder) os níveis de produtividade são muito mais baixos do que na liderança autoritária e democrática e os níveis de satisfação também são inferiores. De qualquer maneira, repito, penso que não se devem fazer inferências a partir daqui para eficiência económica de um país. Que eu saiba, este foi o primeiro estudo sobre liderança organizacional.

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  8. Diz-se acima, e assim foi, que "na década de '60 a economia Portuguesa descolou francamente", crescendo à média anual de quase dois dígitos.
    Muita gente defende que a adesão de Portugal à EFTA, em 1960, está na origem desse crescimento e, sem dúvida, tal acontecimento trouxe grandes benefícios para a nossa economia.
    Todavia, em 1961, Portugal iniciou uma guerra com várias frentes, em defesa das suas colónias, guerras que só acabaram depois de 1974.
    E a minha questão é esta: essas guerras tiveram efeito negativo ou positivo na economia portuguesa?
    Esta é uma questão que nunca vi tratada sob este prisma. Não haverá por aí algum académico que quer pegar no tema e responder à questão que coloco?

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    1. Outra questão que me parece relevante é saber de que Portugal se está a falar. Portugal não era do Minho a Timor, passando por Açores e Madeira? Por que raio se diz que Portugal cresceu a taxas muito elevadas nos anos 60, quando isso apenas se refere a uma pequeníssima percentagem?

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    2. Durante a guerra colonial, as despesas com a defesa representavam mais de 40% do OE. Não vejo como é que a guerra possa ter ajudado economicamente, já para não falar nos milhares de jovens, em idade activa portanto, que deixaram de trabalhar e fizeram por isso baixar a produção. Indirectamente, a guerra pode ter tido efeitos positivos. Por exemplo, diminuindo a oferta de trabalho, fez aumentar os salários, e fez com muito mais mulheres entrassem no mercado de trabalho. Este último aspecto, completamente, como é evidente, fora dos planos de Salazar, foi dos factores que mais contribuíram para a emancipação das mulheres em Portugal. Não esquecer que nesse período também emigraram centenas de milhares de portugueses, homens sobretudo, o que, indirectamente, também favoreceu os que ficaram em termos salariais e, mais uma vez, em especial as mulheres.

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    3. Caro Carlos Alexandre, sabendo-se que abrir e tapar buracos também faz aumentar o PIB, aceito que o esforço de guerra também tenha contribuído, embora indirectamente, para aumentar a produção, já que fez aumentar a procura de consumíveis, e muito.
      Concordo que a questão que pus é difícil e que as pistas que lançou - redução do número de jovens no mercado de trabalho, aumento da emigração, entrada de mulheres no mercado de trabalho (em funções com qualificação acima da média) - a par de outras, como a redução de mão-de-obra na agricultura, a migração das populações do interior para o litoral, etc., são variáveis a ter em conta e que tornam uma análise desta natureza mais difícil.
      Aguardemos para ver de alguém capaz se interessa pela assunto.

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  9. Luís Aguiar-Conraria, não percebo bem o alcance do seu post. Pretende que o ultramar definhou nessa altura? Da província de Timor não tenho quaisquer referências. As províncias de Angola, Moçambique e Cabo Verde tiveram precisamente na década de '60 o maior impulso de toda a sua história. Bissau é um caso diferente e não tenho quaisquer elementos que me permitam dizer o que quer que seja.

    Os valores referidos referem-se apenas à Metrópole.

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    1. Eu também não compreendi onde é que o Luís Aguiar-Conraria queria chegar.

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  10. Cavalheiros Zuricher e Tiro ao Alvo:
    Estou para perceber a covardia de certas pessoas que se apresentam com estes nick names estapafúrdios.
    Bem, adiante.
    Mas que ingénuos que estes cavalheiros são.
    Não perceberam o que o Luís Aguiar-Conraria quis dizer?
    Ou não vos deu jeito perceberem, pois avariou a vossa narrativa?
    Para a anacrónica justificação nacionalista-patrioteira inspirada no vosso ídolo Botas de Santa Comba, Portugal era do Minho a Timor, para o crescimento da economia era só a chamada metrópole.
    Portanto, argumentação de geometria variável, não é?
    Uma correcção, Portugal, de 1960 a 1973, não cresceu tanto quanto alguns «crânios» da blogosfera levianamente apregoam: isto é, 8%.
    E só cresceu 2 dígitos em 1962 (10,53%), 1971 (10,49%) e 1972 (10,38%). Em 1973 (4,92%) já anunciava os efeitos da crise do petróleo, as «vacas magras» a que Marcelo Caetano se referiu nos últimos discursos.
    Média de 1961 a 1970: 5,81%.
    1971 a 1973: 8,59%.
    Portanto, contenção com o vosso entusiasmo pelo regime do Botas de Santa Comba.


    BBMM

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    1. 1) Conforme expliquei noutro post, a questão dos nicks tem a ver com privacidade acima de tudo. Eu ainda sou do tempo em que na internet só se usavam nicks. Jamais nomes. Isso é da geração facebook e eu sou muito anterior a ela. Por outro lado, se eu pusesse Zé da Adega, pese embora não ser o meu nome verdadeiro, ficaria contente?

      2) Conheço perfeitamente os crescimentos e a economia da época (bem como os dos tempos seguintes o que permite comparar) e, mais do que elencar números, remeti para bibliografia sobre o assunto que, parece-me, é o melhor para as pessoas perceberem o assunto de forma multi-dimensional e contextualizada.

      3) Pretende que se as contas fossem consolidadas o crescimento seria menor do que contando apenas o da metrópole? Desengane-se. É que só a província de Angola faria os valores do crescimento económico (e de vários outros indicadores sendo a balança comercial um a ter em grande conta) do Império disparar, tendo como efeito final, até, dificultar muitissimo as avaliações parcelares.

      4) Vejo o Estado Novo com objectividade e realismo sem quaisquer preconceitos. Teve os seus pontos positivos (a economia um deles sem qualquer dúvida) e teve os seus pontos negativos sendo um destes a visão global de país do Dr. Salazar. O que, aliás, leva a que o desempenho económico seja ainda mais interessante dado ter acontecido apesar desta visão global. O que mostra algo que falta muito hoje em dia: pragmatismo. All in all, sou mais Franquista do que Estado Novista até, embora com uma diferença. O Franquismo teve um papel importantissimo em Espanha, na época em que existiu, no contexto em que existiu, com os motivos pelos quais nasceu e teve o seu ocaso na altura certa tendo Espanha transitado para a democracia sem problemas de maior. Em Espanha o Franquismo pertence ao passado e não estou nada certo de que fosse positivo faze-lo renascer hoje em dia. Portugal, pelo contrário, é outro assunto bem distinto: o que era o Estado Novo, com a sua evolução natural exactamente como evoluiu desde 1926 até 1974, seria identicamente aplicavel no Portugal de hoje em dia tal como o foi antanho.

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    2. Aurélia Santos, o seu "comentário", para mim, não merece resposta.

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