quarta-feira, 27 de julho de 2016

Há coisas simples

A não imposição de sanções a Portugal é uma vitória inequívoca do atual Governo. Os dados da execução orçamental também. 

Além de uma vitória do atual Governo, são uma rejeição ampla de premissas essenciais do anterior Governo, nomeadamente:
  1. A premissa de que as redução nos salários da função pública e o corte nas pensões são essenciais para atingir as metas orçamentais estabelecidas. 
  2. A premissa de que o cumprimento dos compromissos europeus implica não fazer frente ao sindicato de credores e a Bruxelas. Antes, parece que o cumprimento dos compromissos europeus pode mesmo depender de se fazer frente a Bruxelas.


20 comentários:

  1. A UE quase nunca impõe sanções, logo não se sabe se o caso de Portugal representa um sucesso do governo ou um falhanço da UE. Mesmo se o governo fosse de Direita, não teria havido sanções -- já vimos isso no passado -- e isso é, para mim, um reflexo da ineptidão da UE e não da competência dos governos portugueses.

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    1. A questão não é a se "mesmo se o governo fosse de Direita, não teria havido sanções". A questão é que, sendo um governo de Esquerda, conseguiu-se que não houvesse sanções. No contexto em que a Comissão e a UE se movem nestes dias, sim, é uma vitória política.

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    2. O presidente do Eurogrupo é socialista; o comissário das Finanças, socialista é; a França, "motor-conjunto" da UE, é governada por socialistas; idem, idem a Itália, terceira maior economia da eurozona. Mas isto é tudo decidido por "neoliberais", valendo aos portugueses a súbita aparição de uma insuspeitada padeira de Aljubarrota.

      Bolas, este tipo de raciocínio nem no 31 sa Armada! :-)

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    3. Chamar ao Diesjebloom (está mal escrito) socialista é o mesmo que dizer que Francisco Assis é socialista ou Pedro Passos Coelho social-democrata. Só mesmo no papel

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    4. Francisco Assis não é socialista? Socialistas são só aqueles que, dentro do PS, apoiam a política de alianças de António Costa? Objectivamente, Assis é socialista. O resto é filosofia.

      Do mesmo modo, Jeroen Dijsselbloem, como membro do Partido Trabalhista holandês, é socialista.

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  2. A redução de salários não é imprescindível se estivermos dispostos a aumentar a receita. O governo teve a sorte de poder aproveitar a baixa do preço do petróleo para aí esconder outro enorme aumento de impostos.

    No próximo semestre a despesa vai subir novamente. A receita também?

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    1. É. Este governo está cheio de sorte. Só apanhou um BANIF e uma caixa falidos, para gerir. Tem mesmo tido tudo a favor dele.

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    2. Para a "falência" da Caixa, será que não terão contribuído os empréstimos do anterior governo socialista aos amigalhaços do costume?

      Mas tenho pena dos socialistas: tão bons gestores da coisa pública (nem nunca tiveram de pedir ajuda externa devido à sua gestão da mesma)e cai-lhes tudo em cima, fruto das políticas "neoliberais".

      João Galamba inspirou este post, decerto.

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    3. Este governo está lá porque quer. Até foi informado do Banif antes de ser governo. Quanto à falência da CGD, o PS deve saber melhor do que ninguém, pois a CGD é onde trabalham os boys...

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    4. O que é que o Banif e a CGD têm que ver com o aumento de impostos deste ano?

      O aumento do ISP paga a totalidade da reposição de salários na FP. Acha que num contexto de preços elevados dos combustíveis (e com o PS na oposição) tinha sido fácil vender essa ideia?

      Se sim, porque é que isso nunca foi proposto pelo PS quando estava na oposição ou mesmo durante a campanha? Antes era só repôr e o crescimento dava conta do recado.

      Eu nem estou a dizer que seja uma má opção, mas custa-lhe assim tanto admitir que só foi possível nesta conjuntura?

      E, lamento, mas nada neste orçamento serviu para "pagar" o Banif, a CGD ou o NB. Se houver mais problemas na banca, não se reembolsa o FMI tão cedo quanto possível e a dívida sobe no montante correspondente. Não será o orçamento de um ano que sofrerá com isso, serão necessários largos anos de impostos futuros.

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  3. Quanto às sanções: se para o ano a cena se repetir, vai ser mais difícil culpar o passado.

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  4. Como disse a Rita, se a UE quase nunca impõe sanções e PT e outros paises que raramente cumprem as regras dos défices, como se pode inferir que é uma vitória do governo?! Há coisas que não entendo sinceramente, quando leio estas asneiras deduzo imediatamente: mais um que me tenta manipular/enganar.

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  5. O autor é, simplesmente, economista? Ou é economista socialista (uma contradição de termos, mas adiante)?

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  6. É este pensamento que me aflora ao cérebro também. Dado nunca ter havido sanções para ninguém e havendo mais países em situação de incumprimento não terá sido isto apenas um paripé da Comissão para fazer prova de vida? Penso que isto responde ao ponto 2 do post. Quanto ao ponto 1, bem, os salários ainda não estão integralmente repostos, pois não? Tal como a redução do horário para as 35h também não estava implementada no primeiro semestre, não é? Pressinto que quando sair a Conta Geral do Estado referente ao ano de 2016 haverá bastante menos fogo de artifício e bastante mais desculpas. Alguns bodes expiatórios também, certamente. Aguardemos.

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  7. henrique pereira dos santos28 de julho de 2016 às 10:23

    É que é uma vitória imensa, penso que o post não faz juz ao facto do Governo português não só ter evitado as sanções a Portugal, mas também ter tido ainda energia para impedir as sanções a Espanha.

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    1. Finalmente alguém por estes lados com um sentido de humor como deve ser!

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  8. Para mim é evidente que o autor deste artigo é socialista para ter escrito isto! É que são os únicos que ainda tentam provar que 1+1 dá 3 e não 2! Se houvesse sanções a culpa era do governo anterior! Como não houve, o mérito já é deste governo e não do anterior:)

    Diz-me com quem andas e eu digo-te quem és. Diz-me como pensas, os teus argumentos e eu digo-te quem és:) Continuem a tentar fazer-nos de tolinhos, é que eu adoro!

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  9. Eu sei que isto vai parecer um bocadinho maluquice: Mas e se nem toda a gente tiver que ser de direita ou de esquerda? E se nem toda a gente tiver que ser socialista ou social democrata? Eu sei, é uma teoria uma bocado revolucionária. Mas pensem nisso só um bocadinho, vão ver que não dói assim tanto.

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  10. As duas observações do Luís têm uma forte base factual pelo que, a serem afrontadas, exige-se idêntica base material.

    Ainda assim, as observações de tipo profético acabarão por ter um mínimo de conteúdo útil caso sejam lidas com observância de normas que têm provas dadas. E, de qualquer modo, com a utilidade que sempre têm as expressões da percepção humana, com os seus vieses, nem sempre completamente mal providos.

    Que me desculpem, o problema é que pode ser necessário usar um argumento a favor de menos argumentação. Um famoso governante anterior resolveu este dilema dizendo que, sendo pequeninos, de nada nos valeria pormo-nos em “bicos de pés”.

    Ora o governo actual, em vez dos “bicos de pés” prefere usar um “estrado”, parte do qual é supranacional. Eu não escrevo a que me refiro, porque, sabendo os factos, os quais são públicos, e discretos, honro um princípio que aprendi nas histórias de encantar a que acedi, de ouvido e, mais tarde, quando aprendi a ler: “saber envolve responsabilidade”. Ou, citando um sábio discreto, “toda a estupidez têm origem na falta de responsabilidade”.

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