quarta-feira, 1 de junho de 2016

Estou em pulgas!

A aplicação de uma lei que permite às empresas despedir pessoas que misturem religião com local de trabalho vai ser bastante interessante. Divertir-me-ia imenso ver alguém ser despedido porque, na sua secretária, exibe fotos do seu casamento religioso, ou dos ritos religiosos dos seus filhos, como o baptizado, primeira comunhão, etc. Será que convidar o chefe para o casamento na igreja não será uma ofensa para alguns? Ou falar da cerimónia de casamento religioso durante o horário de trabalho? Ou proferir, em tom de desespero, "Valha-me Deus!"? Ou dizer "Santinho" ou "Deus o ajude" ao ouvir alguém espirrar? Ou dizer "Ah, o seu filho está tão lindo, benz'ó Deus!"

Estou em pulgas para ver isto desenrolar-se na prática...

6 comentários:

  1. Nem precisa de ser religião! Este é a parte interessante (tirada da BBC):

    "
    A ban on wearing headscarves in companies may be admissible if the ban is based on a general company rule which prohibits political, philosophical and religious symbols from being worn visibly in the workplace. Such a ban may be justified if it enables the employer to pursue the legitimate policy of ensuring religious and ideological neutrality," the opinion from the advocate general said.


    Quantos "political, philosophical and religious symbols" consegues imaginar? Eu consigo correr a indumentária toda! Usa fato? É capitalista, não pode. Usa sandálias? Hippie. Mulher de calças? Feminista. "

    E o segundo parágrafo é igualmente lindo.

    "She added: "While an employee cannot 'leave' his sex, skin colour, ethnicity, sexual orientation, age or disability 'at the door' upon entering his employer's premises, he may be expected to moderate the exercise of his religion in the workplace."
    "

    Se usarem burcas (ou coisa do género) conseguem perfeitamente deixar a idade, sexo, cor da pele à entrada... Mais, a orientação sexual é dúbio: se um homem tiver um comportamente percepcionado como efeminado pode ser despedido?

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  2. E se em vez de uma cruz de Cristo for um sistema de coordenadas cartesiano?

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  3. O mais engraçado é que, de certezinha absoluta, uma coisa dessas dá para torcer de acordo com as conveniências de cada um e fechar os olhos a isto ou ao outro consoante as conveniências e preferências de cada empregador.

    Exemplos: empregador bane símbolos religiosos no papel mas, na sua consciência, o que quer dizer que não aceita é parafernália das religiões não cristãs.
    - Oh senhor engenheiro, então eu não posso usar o meu lencinho a cobrir os cabelos e ali a Maria Etelvina usa um crucifixo?
    - Um crucifixo? Mas estás parva, mulher? Onde vês tu um crucifixo? Eu o que vejo no pescoço da Aurora Maria é um colar, muito bonito, até. Qual crucifixo, qual carapuça!

    Outro exemplo:
    - Oh patrão, então eu não posso ter um pin do sindicato no casaco e deixa o Arturinho usar um da FN?
    - Pin da FN? Olha, se queres que te diga é tão pequeno que nem percebo o que é. Como é que dizes que é um pin da FN se nem se percebe o que lá está de tão pequeno que é? A menos, oh Manuel, que andes a chegar-te demasiado ao Arturinho. Oh homem, então tu que és casado e pai de filhos? Nunca pensei uma coisa dessas de ti!

    Poderia continuar.

    Uma nota, em todo o caso. Este meu post não revela qualquer aceitação ou recusa duma coisa deste cariz até porque, para mim, por causa do politicamente correcto, a questão é vista dum modo errado do princípio ao fim, logo, uma lei destas em si mesma não me faz qualquer sentido.

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  4. A propósito de jaculatórias (não é bem isso, mas gosto da palavra), um dia destes assisti a uma cena engraçada:
    3 "indianos" (para simplificar, um deles tinha um cofió na cabeça, os outros 2 não) à porta do Alcoitão, um obviamente lá internado, os outros dois obviamente visitantes, sendo que um deles parecia ser o optimista e extrovertido de serviço; uma rapariga encalhada a tentar passar da cadeira de rodas para o carro com a ajuda dum rapaz mais novo que não percebia nada da poda. Eu ainda considerei a hipótese de parar e começar a dar palpites como quem ajuda um camião numa rua estreita, mas segui em frente e só ouvi o extrovertido de serviço a dizer "Quer ajuda blablabla consegu de certeza blablabla vai conseguir se Deus quiser blablabla". E eu pensei cá para comigo: Inch'Allah...

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  5. "A ban on wearing headscarves in companies may be admissible if the ban is based on a general company rule which prohibits political, philosophical and religious symbols from being worn visibly in the workplace. Such a ban may be justified if it enables the employer to pursue the legitimate policy of ensuring religious and ideological neutrality," the opinion from the advocate general said."

    Parece que o que está a dar é que se pode ser idiota desde que não se seja discriminatoriamente idiota. Como na história daqueles miúdos muçulmanos na Suíça que se recusaram a apertar a mão à professora à entrada e à saída (como é, aparentemente, a norma na Suíça), ao que a escola acedeu desde que também não apertassem a mão aos professores machos.

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