quarta-feira, 8 de junho de 2016

Ricardo Quaresma

A escola da minha mais velha fica ao pé de um bairro de ciganos. Como é, infelizmente, normal já ouviu vários comentários negativos sobre ciganos. Um colega até lhe disse que os ciganos roubavam crianças.

Naturalmente, já tive várias conversas com ela em que lhe explico que os ciganos são, simplesmente, pessoas. Neste trabalho de desconstruir preconceitos tenho um aliado precioso: Ricardo Quaresma. Sempre que ele marca pela selecção, é um golo do cigano — felizmente que pelo FCPorto marcou poucos. Tenho pena de não ter visto o jogo de hoje com a miúda. Pelo que percebo do resumo de jogo, a Laura colocá-lo-ia num pedestal ao lado de Ronaldo.

10 comentários:

  1. Infelizmente, sim, não marcou muitos golos pelo FC Porto, mas ele nunca foi um grande goleador. 34 golos em 156 jogos.

    Mas é, sem dúvida, um grande promotor dos ciganos, e acho bem que aproveites este ídolo nessa tua luta anti-preconceito. Já agora, que tal usá-lo também numa campanha contra o preconceito anti- FC Porto? ;-)

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    1. Mesmo quando ele estava no Porto, sempre o apreciei. Diga-se que isto é verdade para muitos benfiquistas. Deve haver alguma empatia especial. Lembro-me de uma vez, no estádio da luz, em que jogou pelo Porto, ter ido dar a sua camisola a uma benfiquista que gritava por ele.

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  2. Infelizmente, o Quaresma jogou nestes tempos negros do futebol industrial, em que os treinadores preferem jogadores altos e espadaúdos em detrimento de talentos criativos e selvagens como o Quaresma. Penso que foi o Henrique Raposo que escreveu que em vez de bailarinos temos agora halterofilistas como jogadores de futebol. O futebol tornou-se uma maçada, as equipas jogam todas da mesma maneira, os treinadores leram todos os mesmos livros, quiseram acabar com o lado artístico e armarem-se em cientistas. Deram cabo do espectáculo. O nosso Mourinho, que tantos idolatram, é o expoente máximo desse tipo de jogo resultadista e sem chama; as equipas deles fazem-me lembrar aquelas máquinas de flippers, em que a bola vem para cima e para baixo, num movimento repetitivo e cansativo.

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    1. Apesar de ser óbvio que o Ronaldo é o melhor jogador desta geração, eu sempre considerei que o mais genial deles todos era o Quaresma. Mas os anos negros do futebol, penso, foram os anos em que a Itália dominava com o seu catenaccio.

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    2. Está a exagerar, José Carlos, e a cometer o sempre crasso erro argumentativo de citar o pobre do Raposo. Eu cresci nos anos 90 a ouvir a história de que o futebol se tinha atletizado em demasia e que por isso tinha passado a ser impossível haver os génios finta-todos tipo Maradona, que teria sido o último do seu género. Depois apareceu em Barcelona um tal Messi e o argumento caiu por terra. É a velha inclinação para idealizar o passado, fantasiando Idades do Ouro que nunca existiram. Mas partilho da sua embirração pelo Mourinho, um treinador insípido que monta equipas chatíssimas e que consegue juntar a este defeito a condição de cretino profissional.
      Já agora, tanto quanto sei o Quaresma é tão cigano como o António Costa é indiano e o Obama é negro: é apenas cigano da parte do pai, que se separou da mãe e nem sequer criou o filho. Portanto, nem sequer terá crescido entre ciganos, mas claro, quando for indisciplinado, vai ser sempre porque é "cigano".

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    3. "cometer o sempre crasso erro argumentativo de citar o pobre do Raposo."

      Um gajo que diz que o cheiro do haxixe se confunde com o dos eucaliptos merece ser muitas vezes citado.

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    4. Eu assino por baixo acerca do Mourinho, seu chatérrimo futebol e seu cretinismo profissional. Se ele não fosse português, era o que quase todos, em Portugal, dele diriam, mas Portugal, ao contrário da lenda, não é um país de cristãos, mas sim de hindús, pois a adoração de vacas sagradas domina a liturgia.

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    5. Luís: O Quaresma está para o Ronaldo como o Garrincha ("a alegria do povo") estava para o Pelé. Concordo com o que dizes acerca do génio do Quaresma: em termos de habilidade pura é, há muito, o melhor jogador português. Mas claro que o futebol não se faz só disso.

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    6. Alexandre, o Mourinho ainda é adorado pelos adeptos do Chelsea. Todos os adeptos de futebol, no norte e no sul, são adoradores de vacas sagradas, não são críticos de futebol

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    7. Sim, Renato, mas Mourinho e Chelsea foi uma relação especial. Foram campeões 50 anos depois (embora estivessem a cair de maduros, pois na época anterior tinham ficado em 2ª lugar e atingido as meias-finais da Liga dos Campeões; possivelmente, o agora famoso Ranieri, também teria acabado por ser campeão no Chelsea). Todos os outros adeptos, em Inglaterra, acham o Mourinho um tipo pessoalmente execrável.

      E o msmo se diga dos adeptos do FC Porto (nos quais me incluo, sem ser hindú): aqui o Mourinho venceu, em anos seguidos, a Taça UEFA e a Liga dos Campeoes, e esta última duvido que nos próximos 50 anos algum clube português volte a ganhá-la (agora até parecia o saudoso Bela Guttman! :-) ).

      Por isso, em termos de Chelsea e FC Porto, a coisa até se percebe. São os outros portugueses que eu não percebo.

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