quarta-feira, 15 de junho de 2016

Upon arriving at work

17 comentários:

  1. Absolutamente! Até porque na imprensa inglesa dizia-se que Portugal tinha o talento, mas quem tinha o espírito eram os islandeses. E os gajos até sabem o que é a bancarrota e tudo!

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    1. Os ingleses detestam o Ronaldo. Daí estarem do lado do inimigo. O que é inaceitável, atendendo à mais antiga aliança militar do mundo.

      E, quanto à bancarrota, a abordagem deles foi a do Bloco de Esquerda ;)

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  2. Por alguma razão existe a expressão "amigos de Peniche".

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  3. Luís:
    O 1.º milho é dos pardais, costuma dizer-se.
    E se não for, contraponha-lhes estes números bem fresquinhos.
    Pouco convenientes nos tempos que correm, até mesmo aqui no Destreza.
    Há muita gente que prefere esquecer estes e realçar outros: quando devia considerar os dois, mas dar mais gás aos bons do que aos maus.
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    Portugal tem o segundo maior crescimento em cadeia da zona euro e da União Europeia na produção industrial, revelam os dados do Eurostat.
    «Parmi les États membres pour lesquels les données sont disponibles, les plus fortes hausses de la production industrielle ont été enregistrées en Irlande (+6,7%), au Portugal (+6,4%), en Estonie (+5,9%) ainsi qu'en Hongrie (+5,4%), et les baisses les plus marquées en Croatie (-2,8%), en Lituanie (-2,7%) et en Lettonie (-2,0%).»
    (Eurostat 14.06.2016)
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    Sem mais comentários da minha parte… para não estragar a boa disposição de algumas pessoas (aves agoirentas, chamar-lhe-ão uns… abutres à espera da presa morta, chamar-lhe-ão outros, onde me incluo).

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    1. Manuel, se há coisa que faço é envangelizá-los a Portugal. Para dar uma ideia grosseira da coisa, tenho colegas que, às sextas feiras, trazem para o escritório pastéis de nata de um mercado local; tenho um colega que agora só serve, em casa, Duas Quintas ou Quinta da Ravasqueira; desde que cheguei, cerca de 30 colegas foram a Lisboa (não digo que tenham sido todos por causa de mim, obviamente, mas alguns foram, e a todos envio um email detalhado com o que devem ver); tenho um colega que vem de comboio a ler Fernando Pessoa, e vai ler os Maias; tenho colegas que, depois de os ter levado nos meus anos a um restaurante português, agora fazem lá as sua próprias festas.

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    2. Ah Luís, eu também levo o pessoal todo ao restaurante pseudo-português aqui do burgo. E como não há pasteis de nata, eu costumava fazer bolos de chá com receitas portuguesas para levar para o trabalho. Agora já não faço porque a empresa onde estou não tem muita gente.

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    3. Aqui há um "Little Portugal" que de little já tem pouco. É um bairro com cerca de duas centenas de milhares de portugueses, a maioria sem grandes qualificações, que vivem numa comunidade extremamente fechada. Há uns bons 20 ou 30 restaurantes nessa área, todos extremamente típicos e tradicionais. Naquele a que vou mais, os empregados nem sequer falam inglês. É espetacular. Servem uma bela posta mirandesa, que enche o prato, por pouco mais de 10 libras. A malta que levei ao meu aniversário ficou absoltuamente maravilhada.

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    4. Luís e Rita, permitam-me uma pergunta totalmente off-topic. Penso que a Helena poderá colaborar também no esclarecimento a esta minha questão. A pergunta é realmente sincera dado as vossas descrições serem totalmente opostas à minha realidade pessoal bem como da grande maioria daqueles que conheço e saíram de Portugal. Advém duma curiosidade minha sobre experiências e modos de vida totalmente opostos ao meu e dos que me rodeiam.

      Tanto no meu caso como no circulo de pessoas relativamente próximas bem como muitos que já foram ficando pelo caminho algures lá atrás, muitos de nós saímos de Portugal. A regra tem sido o gradual corte de laços com o país a ponto de que alguns já não vão a Portugal há alguns anos e um em particular renunciou à nacionalidade Portuguesa. Eu, particularmente, vou ocasionalmente a Portugal porque tenho uma avó velhota mas quando ela morrer dificilmente voltarei a ir a Lisboa. Para quê? Não tenho quaisquer ligações, nunca entrei numa casa de Portugal, nunca entrei numa embaixada Portuguesa, entrei uma vez num consulado e saí de lá a lamentar a triste ideia que tinha tido, enfim, não tenho quaisquer laços com o país. Até na minha família, meu pai vive fora há 25 anos e já practicamente não tem laços com Portugal. E, com esta nuance assim ou assado, tem sido esta a realidade da generalidade daqueles que me são próximos e foram saíndo para vários países. Vai-se aclimatando ao sítio de acolhimento, vai-se adquirindo a nacionalidade, vai-se fazendo a vida, vai-se constituindo família e ao fim de alguns anos Portugal é apenas uma longinqua memória de infância sem grande significado particular. Uns nos EUA, outros no Canadá, outros em Inglaterra, outros aqui, outros ali, mas por via de regra temos todos vindo a perder qualquer ligação a Portugal. A minha pergunta para vós é precisamente o que vos leva a manter uma ligação tão próxima a Portugal? A Rita por várias vezes tem demonstrado esta ligação (até gostas daquela horrorosa loiça kitsch a imitar verduras! ;-)), afecto, tudo isso. O Luís aludiu agora à frequência regular de restaurantes Portugueses e à promoção do país, tudo acções que indiciam a manutenção duma ligação afectiva forte ao país. Há umas semanas a Helena escreveu um post sobre a sua participação num qualquer evento na embaixada Portuguesa. Leio os vossos posts e dou comigo a pensar: porquê? O que leva alguém a viver num país e a manter tão forte ligação ao país de origem? Que vantagens tem? Quais as motivações.

      Por tudo isto faço agora a pergunta. É realmente uma enorme curiosidade que tenho.

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    5. Zuricher, eu amo Portugal. Na minha condição de homem de esquerda, tenho sempre algum cuidado com o tópico do patriotismo, para que nunca se confunda com nacionalismo (que são coisas muito diferentes). Mas, emocionalmente, amo Portugal, e é parte integral da minha identidade enquanto pessoa. Não amar Portugal seria não me amar, em boa medida. Com todos os defeitos e virtudes que temos enquanto comunidade. E é isso que me faz muita confusão naqueles portugueses - que também há, em Londres - que renunciam à sua condição de portugueses, que o escondem, que se embaraçam. Acho que isso é sinal de insegurança pessoal, de não estar de bem consigo próprio. A maturidade é conseguir amar consciente dos defeitos daquilo que se ama. Amo a saudade, a simpatia, a inveja, o ímpeto imediato para a coragem e o fatalismo com que desistimos quando pensamos no assunto, a capacidade de abraçar o erro como sendo tão humano como o sucesso.

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  4. Obrigado, Luís. Entendo a sua resposta, percebo e compreendo-a racionalmente, mas, ao não sentir, não consigo interiorizar. Note, não é não sentir em relação apenas a Portugal. É em relação a qualquer país com o qual tenho ligações fortes, por ventura mais fortes até do que com Portugal. Esse "amor emocional" a que alude e essa comunhão que faz entre ser Português e a sua individualidade são dois aspectos que, de todo, não consigo sentir cá dentro. A sua resposta, porém, ajudou-me a compreender algo mais da questão. Obrigado!

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    1. Zuricher, a culpa é dos americanos. Na verdade, eu não ligava muito a Portugal próprio antes de ter iniciado os procedimentos para me tornar residente nos EUA. Mas para entrar a sério nos EUA tive de pensar muito na minha identidade pessoal e no que significava a cidadania. Nos EUA, há muitas coisas boas e muitas coisas más e as pessoas compreendem que o país está a ser construído, é um projecto ainda, é natural que tenha coisas más, que devem ser melhoradas. Isso contrasta com a ideia dos portugueses, pois em Portugal, as pessoas vêem Portugal como um projecto acabado e cheio de defeitos.

      Os meus amigos americanos acham que eu sou mais americana do que eles e os meus amigos portugueses acham que eu gosto irracionalmente de Portugal. Eu acho que cada lado vê uma parte do que eu sou.

      No entanto, sempre liguei muito às louças, artesanato, culinária, etc. portuguesas e de outros países. Realmente, há pessoas que acham que é kitsch gostar destas coisas, mas gostos não se discutem. Há uma senhora portuguesa, emigrante em Nova Iorque, que me diz que a sua família goza com ela por ela gostar de louça tradicional portuguesa. As fotos que eu posto no Facebook das minhas louças acabam por ser uma validação dos gostos da senhora.

      Tu entras em lojas classe média/média alta nos EUA e encontras loiça tradicional e têxteis portugueses, mas eu sempre gostei destas coisas, até me lembro de ter conversas com a minha mãe sobre isso e eu devia ter para aí 13 anos.

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    2. Obrigado a ti também, Rita. :-)

      Nota, eu não disse que é kitsh gostar dessas coisas. O que eu disse foi que essas loiças couve, essas loiças em particular são kitsch e, para o meu gosto, pavorosas. Mas claramente há quem goste e, de resto, sei que ainda se vendem, sobretudo a turistas. Claro que há loiças e texteis soberbos de fabrico Português. Lençois, por exemplo, nas raras vezes em que precisei nos últimos anos encomendei a uma casa em Portugal dado já não encontrar aquele tecido em lado nenhum e mesmo em Portugal vai sendo cada vez mais dificil porque pouco se fabrica. Tem que comprar-se o pano e encomendar o feitio separadamente porque não há lençois feitos naquele tecido. Toalhas idem, a uma fábrica em Viseu, que tem uma qualidade do outro mundo e a preços muito módicos. De resto tenho várias coisas dessas que fui herdando e uso regularmente. Agora, essas louças que referi, essas da couve em particular é que, enfim... oh boy... que dizer? E disse para me meter contigo, claro. :-)

      Quanto ao resto que dizes, vejo com interesse essa introspecção sobre a identidade pessoal relacionada com a residencia num sítio e posterior aquisição da nacionalidade. Nunca tive quaisquer questões dessas relacionadas a uma nacionalidade, de todo em todo. É mesmo algo que nunca me passou pela cabeça. A minha individualidade passa por muitas outras coisas e não há um aspecto ou característica em particular que me defina. Mas aquelas por onde passa são minhas, interiores, de mim próprio e não dependentes de factos ou eventos externos. Já adquiri nacionalidades ao longo da vida, já andei por vários sítios, nunca pousei em lado nenhum e agora ando em viagem, digamos, uns tempos aqui, outros ali e vou andando. Fico onde me sinto bem e bem tratado e onde os meus interesses são melhor servidos. Nesse particular do que sou ou donde sou numa perspectiva do sentir interior, olha, sinceramente nem eu sei mas também nunca me debrucei sobre o tema. Não é importante. As nacionalidades em si têm para mim um valor meramente instrumental. As que adquiri foram por motivos practicos, porque serviam os meus interesses em cada momento e não há quaisquer emoções associadas a elas nem nada vagamente similar. Gostar ou ter identificação nunca foi, sequer, item na análise para as adquirir.

      É interessante ver como as pessoas são diferentes e funcionam de maneiras diferentes. Neste particular, como disse no post original, fazia-me confusão a forma como tu e o Luís falavam de Portugal e questionava-me sobre as motivações. As vossas respostas, que agradeço, ajudaram-me a entender o fio condutor da coisa.

      Agradecido!

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    3. Eu achei o processo de imigração americano muito humilhante e afectou-me muito ter de passar por ele. Na altura em que pedi a residência permanente, já vivia nos EUA há mais de cinco anos e tinha-me casado com um americano dois anos antes. Nunca tive intenção de me tornar cidadã, nem sequer residente, porque não era minha intenção casar, nem sequer ficar nos EUA.

      Na minha cabeça não tenho mesmo país; gosto muito de Portugal e dos EUA, mas acho que se estivesse em outros países, também gostaria da mesma forma. As fronteiras fazem-me confusão...

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    4. Rita, humilhante em que aspecto? Estive aí, on and off, durante 5 anos com visto de estudante. Não achei nada de especial no processo...

      Compreendo bem esse "não ter país". É grosso modo o que sinto. Há no meu passado alguns países que me marcaram muito e com os quais me identifiquei em certos momentos mas ficaram atrás e vivo o presente, preparando o futuro. Posso ter carinho por alguns, gostar doutros, não gostar doutros ainda mas sentimentos e ligações fortes, isso com nenhum. Na semana passada estive em Lisboa e, sinceramente, não senti nada de especial. Quando cheguei, pois cheguei, nada de especial. Quando chegou o momento de vir embora, vim, simplesmente. Cheguei e parti de Lisboa como poderia ter chegado e partido de Bandar Seri Begawan.

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  5. Caro Luís:
    A sua resposta das 15:26 encheu-me as medidas.
    Eu nunca vivi fora de Portugal, portanto, penso a relação com o país apenas a partir da vivência interna e, também, com a ajuda da parte racional.
    Mas tenho amigos estrangeiros a quem ofereço, anualmente, e há muitos anos, um disco de música portuguesa (fado, tradicional, etc.) e outros produtos típicos que nos caracterizam, quando os visito vou carregado deles.
    Não gostar do país, para mim, é não gostar, em parte, de mim, porque eu só sou o que sou na relação que construí umbilicalmente com o país, essencialmente do ponto de vista sensorial, mas não só, também dos valores que me influenciaram a personalidade.
    Outra coisa é não nos chatearmos com o rumo das coisas em tantos aspectos, mas se nos limitarmos a criticar não resolvemos nada e só contribuímos para o desânimo e a impotência gerais.
    Certamente que conhece A Casa Portuguesa, um projecto muito válido e interessante da Catarina Portas (irmã do Paulo e do falecido Miguel Portas), que valoriza muitos produtos bons que o país produz há décadas (e que muita gente nem se dá conta), alguns há mais de 100 anos, e os divulga. A sede é no Bairro Alto e tem uma procura enorme. Como uma ideia simples e uma acção determinada faz mais pelo país e pela sua imagem do que certos discursos infamados (muitas vezes hipócritas).
    Na minha modesta opinião, um dos nossos maiores problemas é a falta de participação cívica e a crítica permanente, tantas vezes gratuita, que acaba por ser incoerente. Vemos o país de fora, não ajudamos a construi-lo.
    Desde sempre mas agora ampliado exponencialmente pelas redes sociais, temos um ruído permanente que só gera descrédito e maledicência, imbuído do pior do espírito das claques futeboleiras, transposto para a luta político-partidária.
    Por isso me insurjo às vezes aqui no Destreza contra esse ruído, especialmente contra a desonestidade dos termos em que é feito: esquecendo sempre a parte que dá jeito esquecer, realçando sempre a parte que dá jeito realçar, para não estragar o discurso de cada um sobre a realidade: acabando por esquecer ou deturpar a realidade.
    Às vezes pergunto-me: queixamo-nos de quê?
    Só se for de nós próprios, colectivamente, entenda-se.
    P. S. Permita-lhe que lhe faça uma pequena crítica. Não aprecio muito a «declaração de interesses» do tipo: sou de esquerda ou sou de direita. Vê-se logo a partir do que se diz, da forma como se pensa o mundo, a país, a vida, o que for, e as soluções que cada um tem, ninguém consegue esconder, mesmo que tenha essa ilusão. Acho redundante e contraproducente, põe logo os outros de pré-aviso e a ler o que se diz com outros óculos.
    Para mim, tanto se me dá que as pessoas sejam de esquerda ou sou de direita, pois há gente que vale a pena (e outra gente execrável) num e no outro lado desta trincheira, o que conta mais é o que cada um É e FAZ.

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