sábado, 23 de julho de 2016

Alienação

O Alfred e o Chopper foram passar o fim-de-semana a casa do pai, o que me permite fazer passeios a pé mais longos. Hoje de manhã, andei por uma rua que não costumo frequentar: a Braeburn, que tem casas e jardins enormes.

Enquanto passeava, ouvi o Governo Sombra, onde se falava de como andar à caça de Pokemons era uma forma de alienação. Até há uns dias, eu nem sabia o que era o Pokemon Go, tive de pedir explicações aos meus amigos via Facebbok, mas reconheço que também tenho andado meia-alienada, apesar de não jogar a nada. Este passeio foi uma forma de alienação.

Venham daí comigo visitar parte da minha vizinhança...


Esqueceram-se de fazer passeios para as pessoas. Cidades feitas para carros é o pão-nosso-de-cada-dia dos EUA. E a rua está em tão bom estado!



Uma casa "pobre" -- reparem que o tamanho do lote é pequenino. Isto são as traseiras da casa. Esta casa esteve para venda no ano passado por $1,6 milhões e ninguém a comprou. Um dia, por curiosidade, fui a uma "open house". O estilo da casa é muito "italiano", o que já caiu em desuso. Agora, as cozinhas têm de ser claras e luminosas, em vez de rústicas. P



Um "corner lot" que será a futura residência de alguém: uma "custom home".



No canto diagonal à futura residência há uma casa relativamente grande, mas sem muito charme. Faltam-lhe as árvores antigas e um jardim ecléctico.



No canto a sul à futura residência, fica esta que é capaz de ser a minha casa preferida desta rua porque o jardim é muito giro. A casa em si é provavelmente dos anos 60.



Um detalhe do jardim: há filodrendros trepadores espalhados pelo tronco de uma árvore e pelo chão.



Não é glorioso?



Um anole (é um lagartinho) a passear pelas folhas...



Em frente da casa, um canteiro de caladiuns, uma planta que tem uma folhagem que é simplesmente sublime e que se dá muito bem em jardins de sombra -- é difícil encontrar plantas coloridas para jardins de sombra, pois as que florescem normalmente requerem algumas horas de luz.



É esta a rua, a Braeburn. Os lotes são enormes e há muitas casas que não são as originais, ou seja, alguém comprou um ou dois lotes, retirou as casas originais, construídas nos anos 60, e construiu uma casa maior. Nesta rua, a minha coisa preferida são os "live oaks", os carvalhos antigos, tão característicos das zonas mais húmidas do sul dos EUA. Acho uma árvore extremamente escultural.



Uma das casas.



Esta casa, para além das garagens para três carros, tem também estacionamento coberto, uma excelente opção para quem tem filhos. Isto deve ter mais de 700 m2



Gostei do telhado desta casa, muito ao estilo mediterrânico. À frente vê-se parte da "circle drive".



Um detalhe de uma outra casa: há um caminho de calhaus para orientar a água que escoa pelo jardim para a rua, onde é recolhida por uma grade de esgoto.



Finalmente, já numa outra rua, com casas muito mais modestas, passo por esta árvore. Reconhecem que árvore é pelas folhas? Se tiveram bichos da seda, não deverão ter problemas em reconhecer...

14 comentários:

  1. Que vizinhança tão interessante tens.

    Olha, um pormenor sobre o que escreves na legenda da primeira fotografia. Não se esqueceram de fazer passeios. É comum nos EUA o projecto urbano ser feito a pensar unicamente no automovel e ignorando totalmente os peões. Há até uma grande cidade, Los Angeles, que foi pensada, projectada e construída para ser a cidade do automovel, ficando os pões relegados ao espaço indispensavel à sua movimentação normal e os transportes públicos como últimissima prioridade. Entretanto, claro, deu asneira e, desde os finais dos 1990s, inícios dos 2000s a cidade de LA está a reverter muito do que foi feito em décadas anteriores, principalmente no que toca ao transporte público. As restantes fotografias que colocas mostram exactamente o mesmo, de resto. Esse bairro não está, de todo, pensado para ser percorrido a pé.

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    1. Era ironia, homem! Devias ver Oklahoma City. Muitas vezes, a construção do passeio não é exigida pela câmara, mas quem constrói a casa pode fazer se quiser; é lógico que muito pouca gente faz voluntariamente.

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    2. AAHHH!!! Transmitir a ironia por escrito não é fácil e eu não sou a melhor pessoa para perceber facilmente essas coisas, eheheh.

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  2. Usd 1.6 m compra-te um t1 no centro de londres :-)

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    1. Já tens sorte de eu viver em Houston. Não sei se sobreviveria Londres. Parece-me asfalto e cimento a mais...

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    2. Em Londres sai mais barato comprar um yate e ficar a viver no Tamisa.

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    3. Há boas excepções. Mas são incomportáveis, exceto para bilionários.

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    4. Houston foi até à pouco tempo uma cidade muito barata. Nos últimos 10 anos, os preços aumentaram consideravelmente, mas mesmo assim ainda está muito aquém de S. Francisco, Seattle, Nova Iorque. Julgo que tem a "vantagem" de haver muito espaço em redor que costumava ser pântano, mas entretanto foi urbanizado. Apesar de tudo, as circulares em redor de Houston também parecem ser bem planeadas, o que permite a muita gente viver fora da cidade, onde as casas são mais baratas e os impostos de propriedade também.

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    5. Yate não sei, mas a malta com menos posses arrenda e habita barcos no regent's canal.

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    6. O problema de Londres não é tanto a falta de espaço (apesar do green belt), mas sim o facto de os oligarcas russos, e os bilionários coreanos, franceses e americanos apreciarem a política de não se perguntar de onde vem o dinheiro.

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    7. Falei num yate por causa dos 1,6M US$. Com esse valor compra-se um yate substancialmente maior do que um T1, uma coisa realmente segura e com boas condições de navegabilidade, mesmo oceânica, e com a vantagem acrescida de poder navegar por onde quiser.

      Outro tipo de embarcações, pois até com menos de cem mil euros compram-se coisas já muito decentes e que permitem perfeitamente viver a bordo.

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  3. Quanto ao asfalto de Londres, não sei se haverá na Europa alguma cidade com tanta proporção de zonas verdes:

    https://en.wikipedia.org/wiki/Royal_Parks_of_London

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  4. Agora imagina que vias além dessa paisagem, um pokemon a ocupar uns 5% do teu raio de visão!? Mais valia ficar em casa! ;P

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    1. Nunca tive inclinação para esses jogos; a única coisa que me viciava bastante era o tetris, o solitaire, e um outro jogo de cartas, mas tive de parar porque fiquei tão viciada nisso que o meu braço direito ficava com tendinite. Oops!

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