domingo, 15 de fevereiro de 2015

Manuela Ferreira Leite à presidência

Ontem ouvi o Pedro Adão e Silva, do Partido Socialista e usualmente conotado com a corrente socrática, a tentar lançar a candidatura de Ferreira Leite à presidência. Nem é que eu ache a ideia muito má, não é isso, mas caramba. Teria sido útil apoiar a Manuela Ferreira Leite em 2009, quando Sócrates vivia em estado de negação e Ferreira Leite era realista. Agora é tarde, agora também ela vive em estado de negação.

Para quem gosta de rever estas coisas, deixo aqui o debate entre José Sócrates e Ferreira Leite em 2009. Todo o debate é muito instrutivo. Desde a discussão sobre o TGV às autoestradas e às portagens.



No Facebook, uma amiga disse em comentário a este vídeo: 
Foi precisamente nessas eleições que passei a concordar que cada povo tem o Governo que merece. A malta queixa-se que os programas eleitorais não são cumpridos, mas a verdade é que promessas em campanha que não sejam o canto da sereia não colhem votos. Um partido não é muito diferente de um fabricante de detergentes: tem um produto e o seu objectivo é vendê-lo. Os eleitores querem que lhes atirem areia para os olhos? Areia terão. Mas, depois, não se queixem que estão cegos. A Democracia é uma coisa muito bonita e eu gosto muito dela.

3 comentários:

  1. Este vídeo demonstra que é possível usar colar de pérolas e não dizer barbaridades.

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    1. Mas também mostra que não basta usar um colar de pérolas para ser fluente e ter uma imagem que passe bem na televisão.

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  2. Revi uma parte do debate com alguma curiosidade.
    Sócrates não fala só de TGV e portagens, fala também da consolidação orçamental que fez até à crise e das reformas estruturais que fez (duas coisas que é bom lembrar que o Governo em que esteve Manuela Ferreira Leite de 2002 a 2004 não fez).
    Sócrates fala também como pode ser penalizado exactamente pelas reformas que fez e a resistência que criou ao ferir interesses corporativos. Tinha alguma razão. Os resultados eleitorais vieram a demonstrar que apenas perdeu votos para a sua esquerda. É algo que hoje as pessoas gostam de esquecer, que em 2009, a única transferência de voto que acontece é do PS para partidos que defendiam que se tinha ido longe demais na consolidação e nas reformas ( o PSD tem o mesmo resultado de 2005, enquanto o BE e o PCP aumentam e têm um resultado histórico). A mesma coisa acontece em 2011, em que o Governo vai abaixo porque os portugueses não aguentavam mais sacrifícios - hoje parece piada de mau gosto.
    Por ultimo, é interessante continuar a ver hoje as criticas ao que era a posição de Sócrates (e na altura também de Obama e de Merkel) sobre como devia ser a reacção à crise. Na altura (em 2008-09) todos eles consideravam que devia haver uma politica fiscal activa para evitar o aprofundar e o prolongar de uma crise económica (as opções desta podem ser criticadas, se era TGV, salários, apoios ao abate de carros). Só mais tarde (em 2010) há uma viragem na estratégia europeia (que o Governo português acompanha em 2010 e 2011), enquanto nos EUA se mantêm uma linha mais próxima da defendida por Sócrates, Merkel e Obama em 2009.
    A questão que deixo ao meu amigo LAC é se hoje, e sabendo o que foi processo de ajustamento dos EUA e o da Zona Euro, consegue afirmar com a mesma convicção, que o Sócrates de 2009 (e já agora também a Merkel e o Obama) estavam assim tão errados, e que a Merkel de 2010-14 (mais próxima da Manuela Ferreira Leite de 2009) estava certa.É que os resultados da Zona Euro mostram que o conservadorismo fiscal deu resultados muito pouco brilhantes de consolidação, de controle das dívidas públicas e de gerar confiança, ao mesmo tempo que deu um resultado desastroso em termos de aumento da pobreza e da desigualdade, na evolução do emprego e do PIB.
    Vamos todos repetir três vezes MFL tinha toda a razão e o Sócrates, o Obama, e a Merkel (de 2009) estavam totalmente errados.

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