domingo, 22 de fevereiro de 2015

3 semanas em que a Europa se viu grega

Desde o início, considerei que a estratégia do Syriza era arriscadíssima e com tudo para dar errado. Por outro lado, tendo o Syriza ganhado as eleições, desejei que as coisas lhes corressem bem e que conseguissem negociar um programa com menos austeridade e com redução substancial da dívida (fosse qual fosse o eufemismo escolhido).

Deixando de lado os aspectos simbólicos que alguns valorizam muito (como, por exemplo, passar a haver alguém que fale grosso com os alemães) e a que eu não sei dar valor, fica o acordo que foi assinado. 

E esse é tristemente doloroso para as pretensões syrizicas. Conseguiram muito menos do que um governo discreto teria conseguido. E houve coisas que perderam; como parte do dinheiro que tinha ido para a Grécia para apoiar os bancos e que voltou para o BCE.

Ganharam 4 meses para, à mesa das negociações, proporem medidas substitutivas. 

2 comentários:

  1. Caro LA-C,

    Como escrevi noutro lado, sairam todos mal da fotografia. Excepções eventualmente feitas para o presidente do Eurogrupo e o FMI.

    - Os gregos recuaram em quase toda a linha, com victórias morais semânticas, uma pequena victória que, se calhar, acontecia na mesma (redução da meta do superavit primário) e a possibilidade de, como foi escrito por muita gente, escolher a sua austeridade. Veremos o que sai esta Segunda-Feira.

    - Os alemães (ou melhor, Schaüble) tiraram qualquer dúvida a quem achava que vêm a UE como uma parceria entre iguais. A CDU que co-fundou a Comunidade Europeia (do Carvão e Aço) não é a mesma de agora. De realçar a postura de Merkel que, apesar de tudo, evitou chamuscar-se muito.

    - Nós, como tem vindo a ser hábito, fizemos figura de urso ou cão-de-fila. É escolher o animal. Marques Mendes já disse tudo o que devia ser dito.

    - França e Itália reforçaram a sua inutilidade. O episódio Moscovici na Quarta-Feira é humilhante para a França e demonstra a fraqueza externa de Hollande. A Itália, com Renzi, não se conseque impôr de forma nenhuma.

    A UE, no geral, como comunidade de consensos poderá ter ganho alguma coisa (nem que seja a fama de aguentar barcos a meter água à tona). Como construção política entre iguais, perdeu.

    Só mais uma nota: apesar de tudo, prefiro a posição grega (menos as falhas e folclore diplomático que os prejudicou, aliás). Foram eleitos com um programa e foram à luta. Perderam, mas pelo menos foram. Já por cá é mais vergar a espinha ao primeiro franzir do sobrolho.

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  2. http://www.welt.de/wirtschaft/article137695331/Suedeuropa-wollte-Athen-noch-haerter-rannehmen.html

    Espero que não seja verdade...

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